“EXU (tenho fome)” abre os caminhos para o segundo álbum da carioca
Depois do fim da Ventre, Larissa Conforto iniciou seus trabalhos solos apresentando Gratitrevas (leia entrevista), sob o codinome de ÀIYÉ, no qual pôde realizar turnê por sete países. Agora ela está perto de iniciar um novo capítulo abrindo caminho para o segundo disco do projeto via Balaclava Records.
“Sinto que esse trabalho novo traz um momento em que estou me sincerando em mim mesma, simplificando as palavras, me achegando para mais perto de uma Larissa que talvez tenha ficado escondida atrás da necessidade de ser levada a sério, ou de ser respeitada.
Acho que estou conhecendo uma versão de mim que brinca, que ri mais do que briga, que se vê refletida nas entidades e forças da natureza, não só na grandeza e na beleza, mas na simpleza de só aceitar como as coisas são”, reflete ÀIYÉ.
Durante a apresentação no Balaclava Festival quem esteve presente já pode conferir algumas das novas faixas ao vivo em um show performático, com direito a cenário, performance, figurino e clima ritualístico. Em relação as faixas de Gratitrevas foi possível ver uma emancipação e a vontade de explorar novas possibilidades dentro do seu leque de referências; uma das faixas, por exemplo, “El Diablo”, ela cita até a pop star espanhola Rosalía. Mas esta faixa vocês conhecerão em breve, em quanto isso ela trabalha o primeiro single que leva o nome de “EXU (tenho fome)”.
“Tudo começa e termina em Exú. Não é por acaso que essa música abre os caminhos de uma nova fase da ÀIYÉ. Essa letra e música vieram juntas durante um período intenso de estudos e práticas em torno de Exú (orixá e entidade), durante uma fase bem dura da pandemia.
Ela é inspirada em um Itan que me marcou muito, de Exú orixá. A produção é minimalista e quase não mudamos nada de arranjo nem letra, porque além de ela ter vindo já muito pronta, eu vejo o mistério de Exú como a própria concepção dos entres, do vazio… então na verdade trabalhamos para trazer esses conceitos de forma direta no arranjo”, conta a artista, que produziu a faixa ao lado de Diego Poloni.
Com sintetizadores, ela traz na faixa o ar de mistério, espiritualidade em meio a beats pulsantes, samples quebradiços e mostra a fome reverberando em looping. A experimentação eletrônica também é uma das marcas do single que traz as sobreposições e colagens para o primeiro plano. O mix entre a natureza, o sobrenatural e suas experiências com o silêncio parecem convergir em harmonia.
Composição: Larissa Conforto
Produção musical: Larissa Conforto e Diego Poloni
Mix e master: Diego Poloni
Arte da Capa: Tonto
Foto analógica de capa e fotos de divulgação: Hannah Carvalho
Tenho fome,
diz a boca que tudo come
E tudo devora
Tudo devora
Everything devours
Tudo devolve
Tudo devolve, Exú.
Tudo compreende e aceita
Tudo que existe incorpora
Exú
em sua profunda natureza
Tudo devolve, Exú.
Tudo compõe e aceita
Tudo que existe integra e concebe
Exú (Exú Ê)
Pulso do vazio
Ritmo do silêncio
essência primordial da vida
é de Exu comida.
(Laroyê Exu,
Exu é mojubá
Exu é mojubá
Exu é mojubá)
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