Queremos! Festival: Emicida, Gilberto Gil e Baco Exu do Blues são ovacionados, Marina Sena justifica o hype

Em um sábado ensolarado e de muito calor no Rio de Janeiro, o Queremos! Festival 2022 aconteceu na Marina da Glória. Com diversas atrações que foram do rap ao pop, o evento levou centenas de pessoas a cantarem e se divertirem com muita música boa durante várias horas seguidas.

Com uma pegada bem sustentável e consciente, o festival não levou isso da boca pra fora. Era possível observar o cuidado com o meio ambiente durante todo o evento.

Dois palcos abrigaram as atrações do dia: O Palco Verde e o Palco Rosa. Ambos com paisagens lindas ao fundo e com artistas talentosos em cima.

Cobertura Queremos! Festival

Tuyo

Com uma programação de mais de 12 horas de música, os responsáveis pela abertura do dia foi a banda Tuyo. O trio, que tocou hits da carreira como “Vidaloca”, “Brincadeira Mais Engraçada do Universo” e “Me Leva”, chamou atenção até de quem não conhecia a banda, fazendo todos balançarem com os braços pra cima, transformando-se em uma só onda e indo em uma mesma vibração, cantando “todo mar que passa ali é diferente”, refrão de “Vitória Vila Velha”, música do mais recente trabalho da banda, Chegamos Sozinhos em Casa.

Fazendo alguns passinhos e pedindo para as pessoas arriscarem alguns pulos, a banda se encaminhava para o fim de seu show, apresentando a canção “Do Lado de Dentro”. Com todos atendendo o pedido, Lio se despediu: “Quero que vocês levem no coração essa satisfação que estão sentindo agora!”, anunciando que a próxima seria a última música.

A última música, “O Jeito é Ir Embora”, foi interrompida no meio por conta do tempo de apresentação esgotado. Mesmo assim, o trio saiu do palco com as pessoas pedindo por mais, mostrando que a Tuyo tem um cantinho reservado em cada coração carioca que estava presente ali. 

Drik Barbosa 

Drik Barbosa deu sequência a tarde que estava apenas começando. Abrindo o show com a canção “Rosas” e outros hits da carreira, a cantora soube equilibrar bem a setlist entre raps, funks e pagodão baiano.

Teve passinho da plateia em “Sonhando” e pessoas chegando cada vez mais perto, contagiadas pelo ritmo. A todo momento, a artista não deixava de interagir com o público, conquistando-o cada vez mais. “Quem souber, canta. Quem não souber, aprende com nós agora!”, disse Drik antes de começar a música “Liberdade”, que contou com uma coreografia sincronizada entre as dançarinas e a cantora, seguida de “Inconsequente”. 

Aliás, uma das coisas mais divertidas e bonitas do show da Drik é a forma como ela abre seu espaço para as dançarinas se expressarem e mostrarem seu talento e outras formas de sentir o ritmo e a música. É sempre incrível presenciar as interações entre a cantora e as meninas.

Depois de apresentar “Tentação”, o show volta para o rap, onde Drik parece prender a atenção das pessoas, vendo-a se garantindo nas rimas e no que tem a dizer. Olhando nos olhos da platéia, a artista prende as pessoas com sua música. Uma coisa foi certa sobre a apresentação de Drik Barbosa: Fosse funk, rap ou pagode, a cantora sempre tinha um sorriso no rosto. E com certeza, deixou todos com um gostinho de “quero mais”.

Luedji Luna

Com uma presença, era impossível não reconhecer que Luedji Luna estava subindo no Palco Rosa no fim daquela tarde. A cantora apresentou “Tirania”, “Chorôrô”, “Erro” e diversos outros hits que animaram o público, finalizando o show com as pessoas dançando junto e levantando as mãos pra cima, no refrão de “Banho de Folhas”.

Majur

Com um grito poderoso, Majur iniciou a apresentação, chamando a atenção de todos, vestida de Omulu, iniciando o show com “Agô”, música de seu mais recente álbum.

Em “Seja o Que Quiser”, apenas em teclado e voz, o público se sentiu tão parte da apresentação, que cantou juntinho com ela. Em “Andarilho”, todos ergueram os celulares com lanternas ligadas, transformando o momento em algo ainda mais bonito, com um time de dançarinos muito bem coreografados.

Marina Sena

Em um show divertido e dançante, Marina Sena apresentou as músicas de seu primeiro álbum lançado De Primeira. Com letras fáceis e refrões chicletes, a artista fez até que não a conhecesse muito bem, cantar junto. Em “Me Toca”, a cantora dançou junto com seu balé e era perceptível que se sentia em casa em cima do palco. Em “Santo”, a platéia cantava mais alto que ela mesma. O que se repetiu várias vezes ao longo do show. Embora esteja com a agenda cheia, confessou: “Não decoro repertório nunca.” Depois de um momento mais calmo, apresentou o hit “Por Supuesto” e “Temporal”.

“Banda dá um trabalho, mas tem som que só sai com banda… é um encontro de várias mentes. Quem tem banda é guerreiro. Imagina um trabalho de escola que dura anos?” , disse ela, antes de apresentar a música da noite, “Pelejei”.

Kamasi Washington

Após tanto rap e pop, Kamasi presenteou o público com um som instrumental recheado de grooves e potência. Era impossível não parar para admirar e sentir cada nota apresentada pelo músico, que hoje é um dos grandes nomes do Jazz. 

Gilberto Gil 

Em um palco apinhado de gente, onde parecia não caber mais pessoas (mas era tipo coração de mãe, que sempre cabe mais um), Gil foi recepcionado como o verdadeiro mestre que é.

A primeira música da noite do ícone da tropicália foi “Tempo Rei” com uma plateia que cantou mais do que o próprio, que acompanhava tudo de cima do palco como um verdadeiro maestro, pronto pra entrar nas partes mais importantes.
Agradecendo a presença do público e falando sobre o dia cheio de atrações, Gil prosseguiu com uma banda afinadíssima e entrosada, com a “A Novidade”, com a plateia acompanhando e fazendo completamente o show junto. 

Acompanhado de um lindo solo de sanfona, o músico seguiu com “Não Chore Mais”, canção antiga porém atual. Emendando com “Is This Love”, de Bob Marley, que fez todo mundo se arrepiar, dançar e cantar junto.

O show seguiu enérgico do início ao fim, contando com outras canções como “Vamos fugir”, “Esperando na Janela”, “O Xote das Meninas”, “Eu Só Quero Um Xodó” e “Andar com Fé”.

Emicida

Antes de começar o show, houve uma homenagem a Elza, que seria atração do festival em 2020, e não ocorreu por conta da pandemia.

Um público ansioso que explodiu ao ver o cantor e se empolgou com o começo de “A Ordem Natural das Coisas”, música que abre o show, cantando alto. Ao agradecer o público por vir, o músico prestou homenagem a Elza, dizendo que iríamos cansar dele, respondido prontamente que não.

Seguindo com “Quem tem um amigo (tem tudo)”, era impossível não ver quem não olhasse para o lado para se declarar para um amigo. Com o público cantando em uníssono o refrão, o cantor disse: “hoje eu vim preparado, vocês não vão me fazer chorar, Rio de Janeiro. “

“Pequenas alegrias da vida adulta” foi a terceira música da noite, com as pessoas cantando e entrando em euforia, dando um show à parte. A noite ainda contou com a participação de Drik Barbosa em “9nha”. Em “Hoje Cedo”, o show ganha um aura diferente, com Michele cantando junto ao rapper.

Em “AmarElo”, no sample de Belchior, a plateia já dava um show por si só, onde Emicida era o coadjuvante e os papéis se inverteram, com o bumbo batendo fundo no coração de cada um. 

O rapper também apresentou “Pantera Negra”, “Ismália” e outras músicas da carreira. 

No fim da música, o cantor fez seu discurso mudando para o caso recente do rapaz morto por policiais numa câmara de gás.
Em uma espécie de minuto de silêncio, prestando sua homenagem, mesmo que sem falar nada.

Finalizando com um coro de “Tudo o que nós tem nós”, de “Principia”, parecia que todos estavam energizados o suficiente para começar uma nova semana, viesse o que viesse. Como bônus, a apresentação terminou com a música “Passarinhos’, que contribuiu para a vibe leve da noite.

Baco Exu do Blues

Ovacionado, Baco iniciou a noite com “Sinto tanta raiva”, em seguida saudando seu público. Sem ajuda, a plateia cantou “Dois Amores”. Algo que se seguiu durante a noite, com público cantando tudo antes do cantor, com letras na ponta da língua.

As backin vocals de Baco são um show à parte, e isso fica explícito em diversos momentos, onde há espaço para que possam mostrar seus talentos, como na faixa “Cigana”. Músicas do primeiro álbum do cantor também fizeram parte da setlist, como “Me Desculpa Jay-Z”, “Girassóis de Van Gogh” e “Te Amo Desgraça”. Do mais recente trabalho do rapper, pudemos ouvir também “Dois Amores”, “Quatro da Manhã em Salvador” e “Sei Partir”.

Em uma troca frenética com o público, o cantor disse:”Quero que vocês saiam daqui curados de tudo que machucou vocês essa semana.” E, ao olhar pra cada rosto ao fim do show, esse era com certeza o sentimento de quem estava ali presente: o de se sentir curado e pronto pra outra.

O restante da noite ficou por conta das apresentações de BK’, FBC & VHOOR e ATOXXÀÀ, que fizeram todos os inimigos do fim dançarem até o dia amanhecer. Agora é aguardar pela edição de 2023 do Queremos! Festival!