Joe Silhueta grita pela liberdade em “Sobressaltos”

 Joe Silhueta grita pela liberdade em “Sobressaltos”

Joe Silhueta lança o single “Sobressaltos” – Foto Por: Thaís Mallon

“Sobressaltos” é o segundo single do novo álbum da banda brasiliense

Depois de disponibilizar “Tropicalipse” ainda no ano passado a Joe Silhueta continua a aos poucos divulgar o sucessor de Trilha do Sol (2018). O grupo candango composto por Guilherme Cobelo (voz e violão), Gaivota Naves (voz), Sombrio da Silva (clarinetes e synths), Carlos Beleza (guitarra e voz), Marcelo Moura (baixo), Márlon Tugdual (bateria) e Tarso Jones (teclado), lança hoje o segundo single do registro que teve suas gravações realizadas entre os estúdios Zero Neutro, Casacájá e Cobra Criada.

“Esse disco é um pouco mais solto em termos de conceito em relação ao nosso primeiro álbum. Na verdade ele é solto em vários sentidos, porque além de não ter exatamente um conceito e uma temática, ele também não tem estilo definido, pelo contrário, é uma mistureba danada. Então é um disco mais caótico, que assume o caos inclusive dentro das músicas. Muitas delas acabam sendo várias em uma só.

Em termos de referências este é um disco que incorporou elementos da música brasileira principalmente em termos percussivos e de sotaques, por assim dizer. Em outros momentos rolam uns ecos de uma psicodelia não tão setentista quanto no primeiro álbum.

O que acaba sendo um reflexo das nossas próprias escutas, que são desordenadas e não restritas a isso ou aquilo, mas sempre cheias disso & daquilo. Então vai ter ora uma pitada de baião, ora de jazz, ora de valsa, ora de balada, ora de pop, mas de alguma maneira todos esses ingredientes soando bem Joe Silhueta, que acaba sendo principalmente uma banda de rock.”, adianta Guilherme Cobelo sobre o rumo do novo disco.


Joe Silhueta lança o single Sobressaltos (Thaís Mallon)
Joe Silhueta lança o single “Sobressaltos” – Foto Por: Thaís Mallon

Joe Silhueta “Sobressaltos”

O peso e o delírio se confundem na canção que traz colagens da psicodelia nordestina mas que se permite o adendo do peso e dissonâncias do stoner rock. Com direito a solos de clarineta, sintetizador e guitarra que parece dançar ao som que embora roqueiro em sua essência busca o refúgio na música produzida no oriente. Seus versos buscam pela liberdade em tempos de crise sistêmica e desordem do conceito do senso comum.

“A musicalidade não ocidental de alguma maneira perpassa muito de nossas pesquisas; a riqueza rítmica, harmônica e melódica que essas outras tradições sonoras possuem nos afeta muito. Falando especificamente de “Sobressaltos”, ela é uma música com uma bateria polirritmica que ressoa uma certa africanidade. Algumas melodias têm um quê de oriente médio, a coisa semitonal muito presente, que é uma característica marcante do Ältin Gun e de várias músicas do King Gizzard.

A menção a essas duas bandas tem muito a ver também com o peso dos riffs que é muito evidente principalmente na musicalidade do King Gizzard, onde o elemento stoner é bem frequente. Pensando agora em como “Sobressaltos” se encaixa dentro da narrativa do álbum, acho que em termos poéticos ela acaba sintetizando o lado sombrio do disco, onde a realidade do mundo está constantemente ameaçando a nossa sanidade, sobretudo nestes tempos de crise cosmopolítica. É um grito (de liberdade) no sentido de que pelo grito a gente expressa a consciência do absurdo, torna ele palpável ao mesmo tempo que tenta se elevar acima dele ou rompê-lo ou superá-lo.”, reitera Cobelo, vocalista da Joe Silhueta

A faixa composta por Guilherme Cobelo foi produzida e mixada por Gustavo Halfeld e Jota Dale. Já a masterização é assinada por Bruno Giorgi.



Vocês se resguardaram bastante durante a pandemia. Como está a retomada dos eventos, shows e festivais em Brasília? Tem expectativas de viajarem o país ainda este ano para promover o disco?

Guilherme Cobelo (Joe Silhueta): “A cultura em Brasília sofreu muito com a pandemia. O tanto de casa de show que fechou não é brincadeira. De repente o povo da música se viu numa situação embaraçosa de ter que voltar a tocar repertório cover em bar ou restaurante pra levantar um troco, porque não tinha mais onde fazer um show autoral digno.

Embora os eventos estejam se multiplicando exponencialmente, acaba que ainda é difícil encontrar um lugar que comporte uma banda do nosso porte, por exemplo, que tem 7 integrantes, não cabe em qualquer palco, precisa duma estrutura técnica um pouquinho melhor pra dar conta da avalanche sonora, um espaço com um mínimo de tratamento acústico enfim. Mas é isso, estamos voltando aos poucos a marcar shows e queremos muito colocar o disco novo na estrada.

Tamo começando a esboçar uma turnê de lançamento, primeiro aqui pelas redondezas de DF e GO, mas querendo ir além, revisitar as cidades de MG, SP, RS, RN, PR e PA que passamos durante as turnês do primeiro disco, conhecer outras onde ainda não tocamos, quem sabe RJ, PE, PB, AM… Vejamos o que é possível com essas passagens e gasolina tão caras! Produtores e produtoras: sejam generosos se possível! Porque tá difícil. Mas certamente queremos muito girar com o novo disco: inclusive esse foi o principal motivo para estarmos lançando ele só agora em 2022.”

Ficha Técnica

Gravado nos estúdios Zero Neutro, Casacájá e Cobra Criada
Produção musical: Gustavo Halfeld e Jota Dale
Produção Executiva: Tâmara Habka
Engenheiro de som: Dan Felix
Assistentes: Marcel Papa e Pedro Alex
Mixagem: Gustavo Halfeld e Jota Dale
Masterização: Bruno Giorgi
Composição: Guilherme Cobelo
Vozes: Gaivota Naves, Guilherme Cobelo e Carlos Beleza
Violão: Guilherme Cobelo
Baixo: Marcelo Moura
Guitarra: Carlos Beleza
Synth e clarineta: Sombrio da Silva
Teclado: Tarso Jones
Bateria: Márlon Tugdual
Arte: Uirá Ryker

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