Abraskadabra - Foto Por: Fabiano Piasecki
Um dos nomes mais importantes do cenário de Ska Punk brasileiro, o Abraskadabra chega a maioridade e está prestes de lançar seu tão esperado terceiro disco de estúdio, Make yourself at home. Uma das grandes novidades, além do single que apresentamos hoje em Premiere, é que o lançamento está sendo lançado por um dos principais selos especializados em Ska dos Estados Unidos, a Bad Time Records.
A gravadora que tem forte identificação pela cena é a responsável por lançamentos de artistas como We Are The Union, Bad Operation, Joystick, Catbite e Kill Lincoln, banda do próprio Mike Sosinski (fundador do selo). Mantendo vivo o espírito do Ska, a gravadora tem como ideologia trazer para o casting bandas que lutam contra o racismo, o machismo, a homofobia e qualquer tipo de preconceito, resgatando o sentimento de união.
Com o estilo em alta nos principais charts da América do Norte, e grupos como The Interrupters e We Are The Union, alcançando espaços significativos dentro do mainstream, o Ska Punk talvez viva seu melhor momento desde a década de 90, que vocês devem lembrar de nomes como Rancid, The Mighty Mighty Bosstones, Operation Ivy, No Doubt, Reel Big Fish, Sublime entre outros.
“O timing é ótimo. Esse é o melhor momento para se lançar um disco de ska desde o início da banda”, conta Buga
O distanciamento social e a arte como grande força motriz para os que estão em casa superarem os dias mais desafiadores é o norte do trabalho que além de ser disponibilizado nas plataformas de streaming, será lançado em vinil colorido.
“Queremos que o nosso público não apenas se sinta em casa, mas se encontre em casa, e seja novamente bem-vindo, agora à nossa nova casa”, diz o guitarrista e vocalista Eduardo “Du”.
O processo de composição foi todo feito à distância, algo que já era comum pra banda, já que o saxofonista e vocalista Thiago “Trosso” mora em Londres há 6 anos, porém a pandemia transformou a experiência ainda mais já que os integrantes durante o processo permaneceram todos em suas respectivas casas e sem se ver. Algo inédito como comentam em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos.
Rafael “Buga” conta “que o processo do disco é um processo de vida. ‘Make yourself at home’ também tem a ver com o momento que estamos passando. Na hora de ficar em casa, você conta com você mesmo. É sobre aprender a lidar com o seu próprio eu. Ler um livro, compor uma música, se sentir bem com você mesmo”.
No campo das temáticas o disco trará canções de amor (‘Time to love you’), de protesto (‘Set us free’ e ‘Cattle life’), sobre angústias (‘Not going back’) e até mesmo sobre o fim do mundo (‘Bunkers’).
Além disso, as faixas ‘Not going back’, ‘No more me and you’ e ‘Everyone is special’ contam com os teclados de Esteban Flores, produtor, engenheiro de som e integrante da banda americana de ska-punk Matamoska!
O álbum completo será oficialmente lançado no dia 24/09 mas na véspera vale a pena ficar ligado na live especial onde os sete integrantes falarão sobre os bastidores do álbum.
O disco foi mixado e masterizado por Thiago Trosso no Brothers Room Audio Recordings, em Londres.
Já o vinil terá quatro cores e será distribuído nos Estados Unidos, Reino Unido, Japão, e é claro, no Brasil.
A saudade do reencontro e pelos shows que sempre foram um dos pontos mais altos do grupo curitibano revelam um momento difícil para todos os músicos, ainda mais para eles que já puderam dividir os palcos com algumas das mais cultuadas bandas de Ska do planeta.
Em sua bagagem, os paranaenses já puderam dividir o palco com nomes como Reel Big Fish, Less Than Jake, Goldfinger, Mad Caddies e Streetlight Manifesto, tocar nos principais festivais do segmento como Rebellion Fest, Boomtown Fair, Ska by Skawest e até mesmo excursionar pelo Japão, um dos países que tem uma das cenas mais fortes do ritmo que nasceu bem distante dali, na Jamaica, mas que ganhou o globo.
O som do grupo sempre trouxe um equilíbrio e distintas referências que vão de skate punk, ska, skacore, ska punk e até mesmo o pop punk. Com letras em inglês a abertura para o mercado internacional sempre pareceu um caminho natural mas a banda independente soube também construir laços com o cenário nacional tendo realizados shows históricos em locais como o Hangar 110 e o 92 Graus.
“Queremos chegar mais longe com o nosso som e atingir um número cada vez maior de pessoas. Assim como Pinky e Cérebro, queremos dominar o mundo”. Essa mesma ambição está presente na letra da faixa ‘Making a scene’:
“Nós somos independentes, mas dependemos de mais do que nossos sonhos. Passamos metade da vida na estrada, mas ainda temos muito a aprender. Do Brasil ao Japão, vamos continuar lutando”. O mainstream que se cuide.”, conta o saxofonista Trosso sobre os planos com o lançamento do terceiro álbum
“Do We Need a Sign” é o cartão de visitas para o que os fãs podem esperar do grupo curitibano e traz esse espírito de saudade pelo reencontro em um período complicado como o nosso. Ela ressoa também como um abraços nos fãs que estão em casa e que nunca deixaram de ouvir as canções do grupo.
Em sua letra a faixa consegue condensar o sentimento dos sonhos que tiveram que ser adiados, o sofrimento por toda a situação e as inúmeras perdas, o caos universal e o arrependimento coletivo, a perspectiva pelo futuro e a vontade de ter uma chance para fazer as coisas direito.
Com vocais melódicos, que nos remetem a sonoridade do pop punk dos anos 90, a canção traz consigo a receita que fez com que uma geração se apaixonasse pela combinação do Ska com o Hardcore, com direito a linhas de baixo, metais e sing-a-longs.
O espírito da rotina em isolamento também reverbera no videoclipe caseiro para a faixa que se conecta com os fãs em um momento em que estamos começando a sair aos poucos de casa mas que nossa saúde mental não está das melhores.
O vídeo foi dirigido por Thiago Prestes, teve produção da banda em conjunto com Thiago Vilas Boas. A coloração foi realizada por Prestes e Vilas Boas.
Conversamos com a banda curitibana para contar mais sobre a chegada do terceiro disco, Make yourself at home, via Bad Time Records, a redescoberta do Ska por uma nova geração, os shows inesquecíveis, discos que mudaram a vida e até mesmo política. Confira!
Abraskadabra: “Foi muito foda porque a gente tinha uma expectativa muito grande pra 2020, muitos shows marcados, tanto aqui no Brasil como fora e tudo parou de maneira abrupta. E a angustia de não saber quando voltaríamos a tocar deixou tudo mais difícil mas a gente não podia ficar parado, então decidimos cair de cabeça nas composições e arrumar a casa também, organizar tudo no curto-médio prazo.
Acho que isso ajudou bastante pra que o tempo passasse mais rapidamente porque o que a gente mais quer é voltar a meter o pé na estrada pra tocar.
Abraskadabra: “Nesse caso foi um negócio diferente, né? A gente não tava se vendo, não tinha a menor chance de se encontrar, ensaiar, então a única opção foi gravar cada um em casa mesmo. Eu senti muita falta disso, de pegar estrada quase todo final de semana, de conhecer pessoas diferentes, tocar em cidades diferentes.
Fora o impedimento de fazer o que eu gosto a gente tem que viver todo o dia nesse pesadelo, todo dia é uma porrada que te deixa no chão, no momento que a gente mais precisava de liderança, de assistência, tá esse cara aí governando pra galera dele (e olhe lá!), ignorando totalmente o fato de que ele tem que governar pra TODOS.
Então além de lidar com os demônios pessoais, a gente vive no inferno na terra. Isso vai passar, mas a gente não pode esquecer jamais do que aconteceu aqui no Brasil e de todos os que não sobreviveram nesses 2 anos.”
Abraskadabra: “O ska pra quem gosta nunca morreu, né? Tem muitas bandas que nunca pararam de tocar, perdurando durante todos esse anos. Mas é inegável que o estilo está mais em voga nos últimos tempos, eu acho do caralho porque ska é minha vida então eu torço pelo reconhecimento não só do gênero mas também das bandas que seguem quebrando tudo pelo mundo inteiro.
A coisa bacana do ska é que se você é fã, você é fã mesmo, então acho que isso ajuda a existir essa união mundial e também ajudou a gente a visitar outros países. Acho que o futuro promete muitos shows de ska e um reconhecimento maior, assim espero!”
Abraskadabra: “A gente era adolescente no começo dos anos 2000 e por sorte Curitiba era sempre parada pra varias bandas de ska/punk/hardcore. Tinham vários finais de semana que tinha show sexta, sábado e domingo no 92 Graus por exemplo.
Então a gente não só viu muita banda foda como conseguimos tocar com algumas delas também, tiveram alguns shows que me marcaram bastante: D. Sailors (Alemanha), Voodoo Glow Skulls, Less Than Jake, Goldfinger e Reel Big Fish.”
Abraskadabra: “Tenho certeza que varia pra cada um. Eu lembro bastante do nosso penúltimo show antes de parar, com o Violet Soda em Curitiba, galera ferveu! Os shows em São Paulo são sempre muito fodas.
Tiveram shows em lugares que a gente nunca tinha tocado como Maringá e Feliz (RS), que foram muito do caralho também. Os shows fora do país são sempre cheios de histórias, Boston, Fullerton/CA, Denver, Dallas, Tóquio e Londres foram inesquecíveis, dos que eu consigo me lembrar agora (risos).”
Abraskadabra: “Eu acho que quanto mais variedade de estilo em line up de shows melhor, é um ganha-ganha pra todo mundo, pras bandas, pro publico e até pros produtores.
Pra ser bem sincero eu não to muito por dentro desse revival do pop punk, a gente ouviu muito Green Day, Blink 182 e New Found Glory, até hoje escutamos. Mas toda a renovação é importantíssima pra cena, com bandas novas o publico jovem tende a colar em shows e isso contribui pra que as coisas continuem girando. Se isso vai ser suficiente pra voltar a flertar com o mainstream eu não sei mas isso com certeza fortalece o meio.”
Abraskadabra: “Inclusive são dois selos que trampam (sic) muito em conjunto, até lançaram uma coletânea juntos. Eu acho que sim, é uma forma de ter um pouco de esperança em saber que tem gente lutando e falando sobre tudo isso, porque eu sinto que eles (americanos) tem passado por muitas coisas similares ao que temos passado, a gente não poderia ter caído em lugar melhor (BTR).
A gente tem que olhar pra frente, evoluir, esse negócio de retrocesso e querer a volta de certos valores totalmente ultrapassados já encheu o saco moçada, a gente ta em 2021, bora que é pra frente que o mundo anda!
Abraskadabra: “Iron Maiden – Fear of the Dark, quando eu comecei a tocar guitarra; Sublime – Sublime, foi ali que eu acho que o encanto do ska começou pra mim, mesmo que eu não tivesse ideia do que era ska; NOFX – So Long and Thanks for all The Shoes e Rancid – And Out Come The Wolves, dois dos discos que eu mais ouvi na época que começamos a banda; No Fun At All – Out of Bounds, simplesmente muito foda e Rx Bandits – And the Battle Begun, tremendo álbum que eu não gostei de inicio.
Abraskadabra: “A gente adoraria lançar uma porrada de cores diferentes pro vinil mas infelizmente a gente só vai vender o amarelo splashed por aqui, que é lindo por sinal.
O resto das cores vão estar disponíveis via Bad Time Records mas quem sabe a gente não arranja uma segunda prensagem se as coisas andarem bem? Vai ser a primeira vez que a gente vai lançar algo em vinil, então a expectativa e ansiedade pra ouvir a bolacha estão bem altas.
Quem fez a capa (foto) foi o Thiago Vilas Boas, amigão nosso, a gente produziu tudo junto e tiramos a foto no mesmo lugar que gravamos o álbum, ficou do caralho. E a diagramação e lettering foi nosso outro camarada Guli Petry, que matou a pau na tipografia da capa e contra capa.”
Abraskadabra: “Cara, absolutamente todas as citadas e adicionaria também: viajar o mundo inteiro e conseguir viver disso!”
This post was published on 20 de agosto de 2021 10:51 am
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