Em um ano conturbado, emoções e distanciamento social o Festival Periferia Preta reforça seu papel de resistência. Sua 5a edição do festival anual vem acontecendo desde o dia 02/11 de modo online, com lives-ocupações de gastronomia, dança, yoga e contação de histórias infantis.
O evento, que acontece presencialmente na quebrada onde o coletivo está localizado, na Fazenda da Juta, região de Sapopemba, em São Paulo (SP), teve de ser reconfigurado este ano, por conta da quarentena e a impossibilidade de promover atrações em espaço público sujeitas a aglomerações.
Neste final de semana – sexta, sábado e domingo, 27, 28 e 29 de Novembro, respectivamente – a programação musical ganha corpo dentro do evento, escalando artistas da Juta e região e atrações de outras quebradas brasileiras. As transmissões ocorreram de forma gratuita na plataforma oficial do evento (clique aqui).
“Nosso festival nasceu com a necessidade de ecoar o trabalho de artistas periféricos, especialmente do nosso território. Com isso, nossa curadoria baseou-se em mapear os artistas que neste ano apresentaram trabalhos que acreditamos no potencial e que dialoga com os princípios do coletivo.
Trazendo para seus shows inclusive a provocação do que é possível produzir em tempos de pandemia, onde somos as primeiras a sofrer os revezes da falta de investimento financeiro em nossos trabalhos”, conta Thiago Félix introduzindo o evento para quem está conhecendo agora a iniciativa
“Há muitas das nossas ganhando espaço na mídia ou no mercado, mas sabemos o quanto esses espaços ainda são hegemonicamente brancos e juntar essas artistas em um line composto inteiramente por corpos fora da norma e periféricos, é uma celebração do quanto somos plurais e potentes”, aponta o produtor cultural sobre a importância de festivais de resistência com o recorte do Festival Periferia Preta
Uma das conquistas do festival foi um espaço físico que servirá de centro cultural. Ainda não inaugurado oficialmente. O local já está pronto, mas só será aberto dentro de um contexto sanitário futuro e mais favorável em relação ao controle da pandemia da Covid-19 em São Paulo. Uma vitória de todos que batalham por dias melhores para a comunidade e fomento da cultura nas quebradas.
“Impossibilitados pelo cenário pandêmico, nossa decisão de tornar o festival numa versão online veio da necessidade de registrar, através da produção artística do nosso lineup, esse momento histórico em que estamos inseridos. mas também de levantar a discussão do significado do que é casa para cada indivíduo que nesta edição se expressa com seu fazer artístico.
Justamente em um ano que tanto se ouviu a orientação: fique em casa! Mas o que é casa para cada pessoa? Quem tem direito a moradia? E pra quem a casa se torna o ambiente de violência e violações das suas subjetividades e construção enquanto ser humano, o que podemos fazer por elas?
Pra além disso, nosso histórico enquanto agitadoras culturais é disputar território, seja na busca por moradia ou na busca de conquistar um espaço cultural que seja abrigo seguro para corpos pretos, periféricos e/ou TLGBQIA+ explorarem sua criatividade em vida.
Então agora disputamos enquanto coletivo o território da internet, tentando ecoar esses fazeres artísticos em meio ao caos, ecoando as vozes das nossas e compartilhando novos olhares sobre o mundo e principalmente fomentando uma rede econômica para quem está fora dos holofotes quando se pensa em alcance de views e curtidas. Com isso, celebramos nossa existência e potência com esse festival!”, comenta o gestor cultural, produtor e ator Thiago Felix, integrante do núcleo fundador do Periferia Preta
“O Festival Periferia Preta é um respiro cultural pra toda quebrada e pra comunidade preta e LGBTIA+. Enquanto pessoa preta, periférica e trans não binarie, considero uma iniciativa de total importância porque possibilita a interação público-artista e mesmo em formato online, devido a quarentena, permite mantermos o espírito artístico vivo. ‘O que eu sou, eu sou em par. Não chego a lugar nenhum sozinhe.’ É essa coletividade que me dá gás para continuar no corre. Me sinto fortalecide, representade e em casa”, enfatiza cantore e compositore Diane, da ZL
Para conhecer mais sobre as atrações musicais os integrantes do coletivo prepararam playlists oficiais do Festival Periferia Preta nas plataformas digitais. Confira e se prepare para um fim de semana de muita música.
Entre os destaques temos nomes que vem ganhando grande relevância dentro da música contemporânea brasileira de resistência como Ventura Profana, Bixarte e Bia Ferreira se aventure e conheça ainda mais nomes!
Todos os dias a partir das 19:00h
Sexta, 27 de Novembro
Intervenção poética: Sueli Ribeiro e Ariane Oliveira
DJ set: Paulete Lindacelva
Pocket shows: Diane e John Halles
Shows Lives: Bixarte e Bia Ferreira
Sábado, 28 de Novembro
Intervenção poética: Pikeno Kebra e Tari Eshe
DJ set: Thalligeira
Pocket show: Alinega e JahPam
Shows Lives: Ventura Profana e Lei Di Dai
Domingo, 29 de Novembro
Intervenção poética: Lais Borges, Caru e AFRODUN
DJ set: Aline Vargas
Shows Lives: Pituka Santos e Didi Carvalho com participação de Sidnei Ferreira e Marcelo Glick
This post was published on 27 de novembro de 2020 11:06 am
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