Ricardo Cesar vai de Ronettes a Velvet Underground em “Just Another Day”

 Ricardo Cesar vai de Ronettes a Velvet Underground em “Just Another Day”

Ricardo Cesar – Foto: Acervo Pessoal

A quarentena tem incentivados artistas a explorarem projetos que em outrora ficariam um pouco de lado e com o cearense Ricardo Cesar não foi diferente. O músico que atua nas bandas Os Intrusivos Astros de Netuno aproveitou para exercitar o lado D.I.Y. durante este período de isolamento.

O debut do Ricardo Cesar foi gravado no melhor esquema one-man-band e com pouquíssimos recursos. Apenas com um celular em mãos e a produção foi feita para soar vintage. Ele tenta em emular em Just Another Day a estética sonora dos anos 60 mas em algumas faixas traz uma produção alinhada com os anos 80, o que de fato torna o disco bastante experimental.

Entre as referências o músico cita as incríveis The Ronettes, veneradas por artistas como New York Dolls, passando pelo icônico Velvet Underground e o lo-fi de grupos como Dirty Beaches.

Fato é que o resultado é nostálgico e faz uma viagem no tempo. São 11 canções e para quem aprecia os discos de outrora é um belo convite para abstrair da tensão do momento.

Ricardo Cesar
Ricardo Cesar – Foto: Acervo Pessoal

Ricardo Cesar Just Another Day (2020)

O acabamento, os chiados e a estética nos tem espasmos de artistas como Jonathan Richman (The Modern Lovers), Velvet Underground, Ramones, Ronettes, The Jesus and Mary Chain, Alex Chilton, Daniel Johnston, e até mesmo em “Confusion” lembrando Billy Idol.



As músicas são curtas, assim como as do Guided By Voices, e muitas vezes até mesmo lineares. Até por isso a sensação de estar aprisionado em um ciclo faz sentido dentro do contexto. O vocal sussurrado, as melodias e os arranjos tem aquela verve pop daqueles tempos. “Just Another Day” e “Velvet Skies”, que até no nome lembra “April Skies”, tem bastante inspiração do The Jesus and Mary Chain.

Em algumas, o recurso da percussão ajuda a trazer a verve nostálgica, em outras, como “You Trip Me Up” tem melodias no melhor estilo Joey Ramone. “Alone”, experimenta um pouco mais com até mesmo backin vocals. “Walk” é a mais lo-fi e o violão reverbera trazendo de forma proposital a sensação de claustrofobia do quarto.

Os sintetizadores, o espírito da discoteca e a bateria eletrônica, aparecem em “Confusion” que tem a cara das baladas oitentistas. Já na parte final o material acaba ficando um pouco cansativo, talvez com 8 faixas a proposta do trabalho fechasse bem, mas isso é reflexo também do consumo em nossos tempos. “The Garden” fecha feito um interlúdio e no melhor estilo Velvet Underground.


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