D.Selvagi vai do kraut rock a neo-psicodelia em EP experimental

 D.Selvagi vai do kraut rock a neo-psicodelia em EP experimental

D.Selvagi – Foto Por:

D.Selvagi é Danilo Sevali e em novembro do ano passado ele tomou coragem e disponibilizou seu primeiro EP solo lançado de forma oficial. O músico conhecido à frente da banda Hierofante Púrpura já tinha anteriormente levado a público através de seu bandcamp dois EPs [Bandamono EP (2015); Eu Vi Vários Eus (2017)] porém estes foram gravados ao vivo e não trabalhados de forma oficial.

O processo de descobertas marcou bastante este processo. Do gravar cada instrumento a como pensar em realizar uma apresentação ao vivo como monobanda. Pense bem, não é das tarefas mais fáceis.

O EP traz quatro faixas divididas como O Asco (faixas 1 e 2, o lado A) e O Troco (3 e 4, lado B) e foi gravado e mixado por Sevali e Helena Duarte, e masterizado por Fernando Sanches (Estúdio El Rocha).

O lançamento entrou na nossa lista de 25 Melhores EPs Nacionais de 2019 (Confira a lista completa aqui).


D.Selvagi
D.SelvagiFoto Por: Beatriz Vivanco

O Lançamento Selvagi

O disco será lançado em vinil em show que será realizado nesta sexta-feira (17) na Casa do Mancha. Com referências que vão da neo-psicodelia ao krautrock, o registro mostra uma alma livre, pulsante e querendo explorar diversas facetas. Na noite, Danilo, terá a companhia do Dirty Rats com seu cascudo e divertido garage rock.

Em sua formação D.Selvagi and his onemangang se apresenta tocando guitarra barítono, bumbo, caixa-ximbau, assovia, chupacana e ainda canta (tudo ao mesmo tempo). Um 4×1 que abre a possibilidade de tudo acontecer, até mesmo caixas caírem durante sua execução, o que, claramente, faz parte do espetáculo!

Entrevista Exclusiva: D.Selvagi

Como foi para você o processo de construção e amadurecimento da “monobanda”? Como se viu nesse momento criativo e para você o que diferiu para o bem e para o mal de estar trabalhando com outras pessoas, como é o caso da Hierofante Púrpura.

Digo amadurecer porque você já tem dois EPs anteriores não oficiais antes de cair de cabeça num “pra valer”?

Danilo Sevali: “Foi um processo bem natural, até mesmo orgânico eu diria! Do tipo que foi crescendo / evoluindo de acordo com cada passo dado, cada show realizado ou assistido dentro desse cenário incrível das chamadas monobandas.

Os dois primeiros Eps foram concebidos de uma maneira muito rústica, sem planejamento ou quase no susto, uma par de incerteza e inseguranças na caminhada. Havia também um sentimento de urgência absurdo ali, ambos foram gravados “ao vivo” na fita K7 e soaram brutos como tal.

O D.I.Y.

Era algo como levar o solitário ato de compor a novas e irrestritas proporções, apostando na rebeldia da sinceridade mesmo, na crueza. Existia (e ainda existe) uma mistura engraçada de sensações, que vai de um leve desamparo por estar ali sozinho encarando tudo em cima do palco ou gravando, até uma explosão de liberdade criativa ou dinâmicas de improviso outrora jamais experienciadas tocando com bandas no formato tradicional.

O verdadeiro –se vira nos 30– com peças da bateria tomando vida própria no meio da música, microfones saindo do lugar, galera louca na platéia tentando interagir ou te “ajudar” etc mas tudo isso faz parte do show…se não é assim, não é monobanda (risos).”

Observo uma exploração de timbres e ambiências feito colagens. Tem neo-psicodelia, kraut rock, noise, post-punk e até mesmo algo jazzístico no meio. Explorando dissonâncias, distorções, sátiras e um tom bastante urbano e garageiro.

O que te motivou a soltar a mão? Quais foram as principais referências e como tem observado a maior busca pelo post-punk e experimentalismo dentro do cenário musical?

Danilo Sevali: “É um caldeirão de referências borbulhando mesmo, todas em prol de tornar o lance sempre ou cada vez mais atraente, convidativo / provocativo. A música é meu combustível diário, o que me põe pra cima!

Porque por mais que sejamos originais ao criar uma estética pessoal, algo conceitual nas letras, nos timbres ou nos arranjos, sempre seremos influenciados por coisas que já foram feitas na música ou na arte, no cinema etc. Identificar influências pode ser algo bem positivo, não vejo problema nisso.

As mãos e os pés vão se soltando aos poucos, não acontece da noite pro dia, praticamente um trabalho diário e que pode ser tão exaustivo quanto trabalhar no chão de fábrica (algo que realizei dos meus 15 aos 18 anos até entrar na faculdade Comunicação aqui em Mogi das Cruzes) e mesmo nas atividades mais burocráticas ou banais do nosso cotidiano urbano, me permito encontrar momentos especiais de iluminação ao observar mais, ouvir mais e sigo tentando manter uma prática constante da escrita.

Por vezes dentro do trem cruzando a ZL rumo a São Paulo me deparo com fontes de inspiração mais intensas do que, por exemplo, cenários bucólicos em lugares ermos. É muito mais sobre uma questão de experimentar o momento presente, talvez dai surjam algumas colorações ou cenários que permeiam minhas músicas.”

Artistas como Kiko Dinucci, Tantão e os Fita, King Gizzard & the Lizard Wizard, Rakta, Khruangbin, Cadú Tenório, Ema Stoned, Deaf Kids….entre tantos outros parecem estar buscando uma identidade mais abstrata mas ao mesmo assim tem se destacado. Como observa também esse movimento?

Danilo Sevali: “Observo com muita empolgação e clareza! São todos projetos que admiro e escuto bastante, e que com certeza me influenciam de uma maneira, alguns mais diretamente outros indiretamente. Mas acredito que acima de tudo as bandas tem que interagir, a curiosidade se faz mais do que necessária.

Penso que o rolê só passa a pegar fogo quando as bandas começam assistir os shows umas das outras, nessa troca franca de ideias, servindo de público pra elas próprias.

Boto fé que dessa maneira, o público em geral começa a se tornar mais curioso também, pois como fãs, confiam muito no gosto e nas indicações pessoais das bandas que seguem. Buscando escapar do que foi imposto pelo status-quo ou do pastiche mainstream, assim como também, das famigeradas zonas de conforto e do que foi institucionalizado pela grande mídia.

Nesse momento, esses artistas que partem pra uma proposta mais ousada de abstração eu acredito que ganham destaque…tudo vem com força à tona, são vistos e ouvidos por mais pessoas.”



Como você definiria o planeta Selvagi? Conta para gente também mais sobre essa versão em vinil que vai ser lançada no show da Casa do Mancha no dia 17/01.

Danilo Sevali: “Um planeta psicodélico ainda a ser desvendado, multifacetado, anti-facista, em eterna desconstrução, livre de sofrimento animal, livre de sofrimento humano, anti-machista, caótico e sutil, apaixonado por pasta de amendoim, repleto de fuzz e delays reverberados, sem hierarquia piramidal e com uma taxa alta de sentimental nonsense.

Sobre o show na Casa do Mancha dia 17/01 celebraremos o lançamento do novo EP. Teremos em mãos e pra venda a versão física no formato Cassete (elas foram duplicadas na fábrica da Polysom e chegam nas cores verde-lima, vermelho, pink e amarelo translúcido) o Vinil 7 polegadas (azul translúcido) estamos produzindo com a Vinil Brasil, que recentemente passou por uma mudança de sede, esse processo todo atrasou um pouco a entrega do meu disco, mas logo logo já estará disponível pra quem quiser garanti-lo em sua coleção, tiragem limitadíssima de 300 cópias.”

D.Selvagi + Dirty Rats | Casa do Mancha
Quando: 17/01 – Sexta-feira
Horário: 21h às 00h
Onde: Casa do Mancha
Evento: Confira no Facebook


D.Selvagi
Poster Por: Daniel Pacetta Giometti (aka Ete)

Ouça D.Selvagi no Bandcamp Oficial

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