Uma bela jornada pela Antártica marca a estreia do Neptunea
Depois de tocar ao lado do BIKE, Antiprisma, Fluhe, Leza e Sara Não Tem Nome…ufa! Rafael Bulleto decidiu se aventurar em um novo voo. Dá até para imaginar o misto de empolgação com o frio na barriga de assinar um projeto em sua totalidade. Ele logo tratou de colocar o nome do projeto solo de Neptunea.
A Origem
A história é um tanto quanto maluca e por isso mesmo resolvemos deixar ele contar. No fim acabamos por sua vez aprendendo mais um pouquinho sobre a sabedoria proveniente dos livros sagrados.
“Eu li um texto chamado Enuma Elish, num livro do Zecharia Sitchin, é um texto babilônio de 5 – 7 mil anos atrás e fala do surgimento do nosso sistema solar.
Segundo esse texto, o planeta Netuno foi o causador do surgimento do planeta terra; e também é o planeta do Enki, o cara responsável pela criação da humanidade segundo os sumérios…no cristianismo é Lúcifer (risos)”, relembra Rafa Bulleto
Como chegou a Neptunea
Se o ponto de partida pareceu um tanto quanto diferente, espere para saber mais sobre o desfecho surreal desta história. O oriente acaba por sua vez se tornando uma grande fonte de conhecimento para retratar o desfecho desta história.
“Aí eu pirei no Netuno e fiquei pensando em batizar a minha banda com um nome em homenagem a esse planeta e esse cara, o Enki.
Vi que existia uma concha chamada Neptunea, que é a concha original dos búzios e ainda foi mais curioso que; segundo os textos sumérios, que o Zecharia Sitchin escreve sobre, o Enki se chamava Ea quando chegou na terra.
E eu pirei que no nome da concha tem NeptunEa, tipo, quase o nome do cara duplicado (risos). Enfim, viagem das grandes, mas foi assim que aconteceu tudo (risos)”, finaliza Bulleto
Cores, imagens e sons
Claro que dar o pontapé inicial nesta epopeia teria que ser com estilo. E porque não um audacioso videoclipe? Pois é, e se eu te falar que ele foi até a geleira para isso, você acreditaria?
Pois é, o moço foi até a longínqua Antártica para explorar os takes de seus densos horizontes. A luz, o espaço, o tempo e seus contornos acabaram por si só se tornando personagens que dialogam com o aventureiro.
O vídeo foi dirigido por Matias Borgström, da Salga Filmes que aproveitou de uma grande oportunidade.
“Ao ouvir pela primeira vez uma incipiente versão da música, a imagem que se formou foi a de uma jornada infinita no deserto. Apesar das diferentes fases da canção, o andar sempre estava presente. Foi então que recebi um convite para velejar até a Antártica.
A bordo conheci o francês Jérémy, que topou vestir uma túnica bereber – vestimenta tradicional do Marrocos – e encarnar o personagem que peregrina eternamente, enquanto as diversas paisagens imprimiam as sensações que buscava.”, conta o diretor
Explosions in the Sky
A beleza das cores frias, seus detalhes acizentados, e o horizonte parecendo que vai engolir a tela acaba por sua vez passando uma noção de enormidade. E isso tem tudo a ver com a estética do projeto.
Para vocês terem uma ideia, a faixa “AUM”, tem como inspirações a frequência essencial do Universo. De forma metafórica, suas origens e transformações abruptas, acabam originando novos ambientes.
É através das camadas que seu som acaba por sua vez ganhando corpo e a cada detalhe de sintetizador, ou efeito na guitarra, ele se transforma. Por meio de abstração, feeling e explosão de grooves.
Dentro do campo de referências, ele cita a literatura, aprendizados com as bandas em que tocou e uma ampla gama de artistas. Como, por exemplo, Brian Jonestown Massacre, Connan Mockasin, Tim Maia, Air, Beck, Dungen e Khruangbin.
Curiosidades
As Vozes
As vozes na canção, por exemplo, dizem “I squeeze them and drink them”. Segundo Bulleto, em alusão ao ato de tomar limão espremido pelas manhãs, como forma de purificação do corpo e da mente. Já o solo de guitarra, último elemento das camadas, é a percepção do caos após a purificação dos sentidos e da mente; abre o jogo o músico.
“Na minha vida pessoal, esse som foi a semente que deu origem ao meu próprio universo. Notei que precisava de mais espaço e tempo para mim.
Todo esse processo de imersão e auto-conhecimento, me ajudou a tirar do papel antigos projetos e a me conectar com novas pessoas, que estavam trabalhando ou vivendo, de alguma forma, o mesmo que eu.”, revela Rafael Bulleto.
A imersão mântrica
Foi um riff insistente que originou “AUM”. E ainda bem que ele deu ouvidos!
“Em pouco tempo, esse riff virou uma canção que fazia todo o sentido para o momento que eu vivia. Tinha muito da minha essência ali, também tinha influências de coisas mais mântricas e atmosféricas, que eu gosto de ouvir para ler ou quando busco me livrar da ansiedade”, relembra.
Ficha Técnica
Roteiro, direção e cinematografia: Matias Borgström
Assistente geral: Samanta Borgström
Elenco: Jérémy Porte
Edição: Ricardo Imakawa e Matias Borgström
Cor: Adonias Dantas (Psycho n’ Look)
VFX: Hyuri Pimentel
Arte gráfica: Paula Monroy
Agradecimento especial: Kotik
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