Minor Alps

Selos independentes brasileiros comentam sobre seu papel em nossos tempos (Parte 2)

Selos independentes brasileiros e
seu papel de resistência em nossos tempos.

Os Selos Independentes brasileiros tem bastante importância dentro do ecossistema da música. Eles movimentam e possibilitam conexões. Muitas delas vitais para que os projetos musicais cheguem ainda mais longe. Até por isso surgiu a pauta.

Com diferentes modelos de negócio é comum ter dúvidas.

Com tantos segmentos. Quais as diferentes formas de negócio? Como escolher?
Qual converge com a sua visão de negócio?

Selo seria curadoria? Produção também é papel do selo?
Selo e estratégia de divulgação andam juntos?

Qual seria o papel de um selo independente em 2019?

Para tentar entender estas e outras dúvidas conversamos com os responsáveis de quase de 30 selos independentes brasileiros.

Com diferentes visões de negócio, estratégias e filosofias de trabalho. Alguns mais voltados para nichos, outros por posicionamento ideológicos e que acabam optando por realizar diferentes estratégias. Estas que vão da gravação, passando pela divulgação aos palcos.

Neste Post traremos a segunda parte!

Série: O Mercado da Música

Após o sucesso dos posts orientando as bandas como lidar com a imprensa (Parte 1 | Parte 2) chegamos a conclusão que seria interessante tentar fazer mais posts com dicas sobre o mercado da música.

O primeiro post desta série foi atrás de donos de estúdio e engenheiros de som para contar “causos” e comentar sobre os principais erros na hora de gravar.

Afinal de contas nada como chamar quem lida com isso todos os dias para relatar sobre suas experiências.

Por aqui também já fizemos um Guia ensinando
como fazer para ter seu clipe na TV“.

No segundo post da série sobre o mercado entrevistamos Curadores, Donos de Casas de Show, Produtores Culturais, Programadores e até mesmo Donos de Estúdios, locais que por sua vez também tem sido importantes para a celebração, e manutenção, da música independente.

Selos Independentes Brasileiros



No terceiro post daremos voz aos selos independentes. Com o intuito de auxiliar tanto artistas, como selos. Desmistificar este meio de campo e facilitar a comunicação entre ambos. Fundamentais para que nosso mercado seja a cada dia mais profissional.

Na semana passada foi ao ar a primeira parte com 10 Selos Independentes. Hoje vamos conferir a segunda parte com mais 10!

Selos independentes brasileiros

180 Selo Fonográfico



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Rodrigo ‘Garras’ de Andrade: “Que um selo independente não é uma grande gravadora. Nem mesmo as grandes gravadoras funcionam com algumas lógicas de décadas atrás, que ainda povoam o imaginário de muita gente.

O principal é entender o selo como um colega de trabalho. Mais que isso, o selo vai trabalhar pelo teu trabalho!

Então, o que você pode propor? O quanto você está disposto a fazer pela sua própria carreira? Quanta energia e empenho você irá dedicar? Há consistência artística e criativa?

Nenhum selo tem um mapa da mina e nem uma fórmula do sucesso (mesmo entre os hypados).

Muitas vezes, o selo acaba sendo o parceiro mais constante de uma banda ou artista. Mudam as formações, a equipe de apoio (produtor, assessoria de imprensa, etc) mas o álbum, EP ou single vai permanecer no catálogo do selo.”

Até aonde o selo se envolve?

Rodrigo ‘Garras’ de Andrade: “Depende. Há casos em que há um envolvimento antes mesmo de se começar a compor um álbum. Ainda no desenvolvimento do conceito sobre o passo seguinte na carreira, na obra. Mas isso é mais comum em bandas e artistas com quem já estamos trabalhando há bastante tempo. 

Normalmente, a banda chega com o disco gravado. Na maioria dos casos é a partir daí que o selo entra, ajudando a definir como que aquele trabalho vai chegar ao mundo. E aí nos envolvemos em toda a mecânica do lançamento: quando e como sai, qual vai ser o single de promoção do álbum, o que e como vai ser divulgado…

Divulgação

Hoje o padrão é o digital. E aí a busca é por atenção. O quanto e para quem aquilo é interessante? Muitas vezes a campanha e o trabalho é uma estratégia de divulgação, de assessoria de imprensa, gerenciamento de redes sociais, produção de conteúdo (que pode ir bem além da música). Para novatos, o principal é a construção de um público. Aí o lance é ir para a estrada, fazer shows e apresentar as músicas. Emocionar as pessoas. 

Material Físico

Se houverem exemplares físicos, certamente o selo se envolve bem mais. No caso do Selo180, um dos nossos focos é desenvolver essa materialização do álbum.

Outros selos que fazem isso muito bem é a HBB Records e Assustado Discos. E claro que não é só produzir, fabricar, mas dar vazão a toda tiragem. Nesses casos, enquanto existirem esses CDs, fitas ou discos, o selo está envolvido. 

Muitas vezes, o envolvimento do selo vai além. Segue até os lançamentos seguintes. No caso do Selo180, continuo trabalhando com a maioria das bandas que já lancei.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Rodrigo ‘Garras’ de Andrade: “Tem bandas que acham que vão mandar um MP3 por email e receberão uma resposta dizendo que ganharam uma prensagem em CD ou vinil.

Uma vez vi um depoimento do Rodrigo Lariú, do clássico selo midsummer madness, que resume bem a questão: ninguém está nos mandando mensagens pedindo pelo seu CD.

Não vamos pagar pela fabricação do teu disco!

Muitos — a maioria, eu diria — desconhece completamente a realidade do mundo (e mercado) da música. Pensam com base em esquemas e noções que não existem faz mais de uma década. 

O selo vai trampar a tua carreira junto contigo, mas se você ficar sentado esperando que algo aconteça ninguém vai fazer um milagre. Trampar com música é difícil. É trabalho duro!

Você pretende viver disso? Arregace as mangas porque a concorrência é cada vez maior e a atenção do público pode durar só até a próxima vez que o celular vibrar. 

Há quem grave tudo em casa e tente justificar um material mal acabado com conceitos de banda independente, underground, faça você mesmo, lo-fi e tal. Se não sabe como finalizar ou produzir o trabalho, procure quem sabe. Não se engane e nem tente enganar o público. Faça algo, no mínimo, decente.

Outro erro muito comum é sair procurando todo e qualquer selo. Qual a proposta do selo? Não adianta uma banda de metal enviar material para um selo de reggae.

E também tem a abordagem. Tem quem fica postando o link do soundcloud em todas as publicações do selo. Não é nem um pouco simpático ou eficaz. 

Estude, leia, escute música, pesquise não só sobre o cenário atual, entenda como as coisas se relacionam, descubra como as coisas funcionam e como tudo se desenvolveu até aqui. Isso é muito importante.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Rodrigo ‘Garras’ de Andrade: “Acho os selos fundamentais. Mostra que uma obra pertence a um contexto. Está vinculada a uma cena mais consistente.

Muitas vezes os laços nem são tão óbvios ou estão relacionados a um tipo de som. Aquele ideal que surgiu no início da era do MP3 do “sou independente e faço tudo sozinho” é coisa lá da primeira metade da década passada.

A verdade é que o meio musical está saturado. É uma infinidade de lançamentos toda semana. Parece ter mais gente produzindo do que pessoas dispostas a ouvir. Por conta da curadoria, selos são espécies de guias num universo de possibilidades.

E por isso também é um trabalho do selo comunicar sua proposta e construir o seu público — como se fosse uma banda. Perceber isso nem sempre é óbvio para quem consome música. Como exemplo, acho que o selo Balaclava dá aula nesse quesito.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Rodrigo ‘Garras’ de Andrade: “Agora está saindo em formato digital o quinto álbum do Escambau, Leite de Pedra, que será prensado em vinil no segundo semestre. Eles estão completando 10 anos de carreira e esse álbum está uma pedrada! Muito inspirado. 

Trabalho com Cachorro Grande desde o início do selo. O último álbum, ao vivo, vai ganhar um box limitado em vinil. Tem também a estreia solo do Beto Bruno, que sai logo após o show de despedida da Cachorro Grande.

Esse é um que acompanho desde antes das gravações e, por enquanto, é o meu preferido de 2019. Na sequência vem o terceiro solo do Marcelo Gross também.

O Frank Jorge está em surto criativo, produzindo constantemente e com várias possibilidades de discos diferentes pela frente. Por enquanto, o plano é uma sequência constante de singles. 

E tem mais uma série de coisas. O novo Roudini & Os Impostores está sendo finalizado. A banda Los Marias está com dois EPs praticamente prontos e o disco de estreia deles ficou para o ano que vem.

Os Baby Budas — que eu sou muito fã — também estão em estúdio. Suco Elétrico está preparando um compacto em vinil.  Alguns estreantes que tiveram singles recentes, como Assoalho de Órbita, Os Araújos e Melisse Delavy, já estão com mais material engatilhado.

Relançamentos

Nas reedições históricas, vem um Raul Seixas inédito em vinil e um do Edgard Scandurra, ambos em parceria com a Record Collector Brasil.

Tem mais umas surpresas muito legais. Em parceria com outro selo vamos resgatar um disco engavetado há mais de 20. É quase uma lenda urbana! Só acreditei que existia quando ouvi pela primeira vez. E posso garantir que é um autêntico clássico perdido!

Vai recuperar toda uma mitologia. Se ele tivesse sido lançado em 1997, talvez toda a história de uma cena tivesse sido diferente. Mas ainda não posso dizer o que e nem de quem é. Talvez já tenha até falado demais! 

Enfim, as coisas andam intensas por aqui. Fechei o primeiro semestre de 2019 com mais de 30 lançamentos. É cansativo pra caramba, mas me divirto pra caralho!”

Selos independentes brasileiros

Freak



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Gustavo: “Acredito que o artista precisa ter em mente que cada selo independente possui um modelo de negócio e uma razão de existir distinta e que na maior parte das vezes o selo em si não é uma atividade rentável, em muitos casos ele funciona como uma ferramenta ou peça importante para girar uma máquina.

Modelo de Negócio

No caso da Freak, somos um estúdio de gravação, produtora de som para publicidade e cinema, uma produtora de eventos e projetos culturais e selo independente. Optamos por trabalhar com um casting reduzido e com artistas que além de uma identidade sonora compatível com a nossa curadoria, possuam  também alguma forma de vínculo conosco, seja gravando no nosso estúdio, ou colaborando de alguma forma com nossos eventos.

A empresa existe desde 2010 e o selo desde 2016 e aprendemos neste tempo que neste mercado é muito importante sedimentar boas parcerias pois não se faz nada grande sozinho  e investir tempo e trabalho em quem não investe também em você não vale a pena.

É claro que pode te cair na mão aquele discão que dê muita vontade de lançar apenas pela qualidade do som, mas no caso da Freak isto implica em uma quantidade razoável de compromissos com o artista que deve ser bem avaliada antes da tomada de decisão.

A importância dos recortes
nos Selos Independentes Brasileiros

Portanto recomendo aos artistas que avaliem bem todas as especificidades dos selos que pretendam mandar seus discos, como funcionam e como sua banda poderia se encaixar naquele casting.

Acredito que muitos selos também são claros recortes de cenas locais, músicos de bandas que começaram na mesma época e tocando em mesmos lugares e que juntas articularam uma pequena cena, creio que para adentrar em um selo deste tipo quase sempre é necessário conhecer as pessoas que fazem parte dele.

Precisa frequentar os eventos, conhecer os músicos e articuladores do selo, trocar idéias e experiências para assim criar alguma empatia e relação que quem você pretende que trabalhe para divulgar sua música.

Ou seja, enviar emails de casa pode até dar certo, mas creio ser pouco, é preciso conhecer as pessoas e principalmente frequentar os lugares que quer tocar com sua banda.”

Até aonde o selo se envolve?

Gustavo: “No caso da Freak o selo surgiu quando percebemos que poderíamos contribuir com bandas em início de carreira orientando-as a fazerem um planejamento na hora de colocar seus trabalhos na rua.

Etapas como distribuição digital, assessoria de imprensa, produção de eventos e shows, pode ser um novo mundo para quem está começando. Como já estávamos familiarizados com todo o processo e já havíamos articulado boas parcerias com casas de shows e produtores de outras cidades e estados, resolvemos usar este know-how para os artistas próximos da Freak e que de alguma forma se conectam com nosso trabalho.

Portanto assessoramos o planejamento dos lançamentos dos artistas do selo, também trabalhamos no agenciamento dos seus shows, fazendo o serviço sem exclusividade e os deixando livres para articularem outras parcerias e assim rodarem mais. Cuidamos também da distribuição digital e da produção dos shows e eventos de lançamento dos discos.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Gustavo: “Acredito que seja dos músicos que querem tocar e fazer parte da cena e que não tomam iniciativa de frequentarem os lugares e conhecerem pessoas do meio.

Esperar que um e-mail decole a carreira da sua banda parece pouco provável, apesar de já ter ouvido histórias de bandas que aconteceram desta forma…

Não estou dizendo que não é pra disparar e-mails para os selos, mas sim que apenas isso não basta. Antes de mais nada é preciso pesquisar sobre o selo e entender mais como pode chegar até ele. O mais importante ao meu ver é fazer as conexões com as pessoas, e isso se faz na rua.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Gustavo: “Sob a ótica do mercado da música acredito que o selo é importante pois funciona como incubadora dos artistas em início de carreira, ele pode adiantar o processo natural para o artista adentrar casas de shows, veículos de imprensa e festivais.

Sob a ótica curatorial em um tempo em que os jovens possuem mais referências, são mais qualificados e com maior senso crítico, o mainstream e as grandes empresas estão perdendo credibilidade e atenção destes novos consumidores que buscam por experiências genuínas.

É uma boa conjuntura para um selo crescer e se tornar um formador de opinião no meio musical, é uma empreitada bastante árdua e não existem fórmulas para isso, porém as experiências vividas e aprendizados fazem valer a pena a caminhada.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Gustavo: “Temos programados o lançamento de três discos, o primeiro da cantora e compositora LETO, produzido e gravado na Freak, o qual dedicamos bastante tempo portanto estamos ansiosos para a sua conclusão.

O terceiro disco da Mel Azul, projeto artístico de todos os sócios da empresa, que estava num hiato de três anos sem lançamentos… por mais estranho que possa parecer, o fato de termos estúdio de gravação acabou nos afastando dos estúdios.

Isso por que nestes últimos anos dedicamos maiores esforços e quantidade de trabalho na Freak. Mas estamos voltando com os trabalhos da Mel com esse disco que promete boas surpresas.

O terceiro lançamento do selo Freak será o disco de estreia dos Moblins, um duo que conhecemos há algum tempo e já dividimos palco. Apreciamos muito a identidade artística deles e o disco foi mixado na Freak pelo Nico Paoliello. O lançamento está programado para o início do segundo semestre.”

Selos independentes brasileiros

Monstro Discos



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Leonardo Razuk: “Precisa ter um mínimo de cuidado com o material. Com os vídeos ou arquivos de música (links, que sejam), com o texto de apresentação, com fotos… enfim… cuidado mesmo.

Não precisa ser algo 100%, mas um mínimo de profissionalismo já diferencia. A banda é legal para ele e para os amigos, mas a gente tem outro olhar.

Então, não pode ser o vídeo do show que ele achou legal. Tem de ser algo realmente que mostre o que é a banda no palco e em estúdio. Se não, a banda pode até ser boa, mas o material prejudica e acaba ficando ali sem tanta atenção.”

Até aonde o selo se envolve?

Leonardo Razuk: “No caso da Monstro, a gente faz todo um trabalho que seria de marketing no sentido completo do conceito. Ou seja, a gente dá uma orientação no produto final (capa, gravação, mixagem, masterização).

Mas muitas bandas já chegam com tudo pronto e está lindo já. Fazemos todo o trabalho de distribuição (física e digital), mandamos prensar o disco (CD ou vinil, se for o caso), com condições melhores de preço e pagamento porque temos um poder de barganha melhor com os fornecedores, depois precificamos esse produto para lojistas e em nossos canais de venda.

O Marketing dos selos independentes brasileiros

E ainda fazemos o trabalho de promoção (divulgação), em redes sociais, imprensa, rádios, produzindo shows por aqui e até tentando cavar shows, turnês e participações em festivais de outras cidades.

Claro que para algumas bandas o envolvimento é maior porque eles nos demandam mais. A banda precisa se mexer também. Não pode esperar que o selo faça tudo. O trabalho tem de ser em conjunto, em parceria.

A banda precisa se envolver no processo e nos fazer envolvermos também. Muitas caminham por conta própria e nosso trabalho vira mais um suporte, outras nos demandam mais… e outras ficam esperando que o selo faça tudo e ele só chegue para tocar, o que sempre é um erro.

Aquela velha máxima do Macaco Bong, do premiado disco que lançamos, Artista Igual Pedreiro, continua valendo.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Leonardo Razuk: “Achar que estar no selo já é tudo é o maior erro. Pedra que não rola cria limo. Então, let’s rock and roll! Já as dúvidas são em relação às questões de distribuição digital, pagamentos, distribuição física, onde vai vender, como será… questões de publishing… e a questão de shows.

Toda banda quer tocar. A gente não agencia, mas a gente orienta e dá suporte em shows e turnês e a gente sempre tenta espaços em festivais, já que estamos em contato com todos os produtores.”

Selos Independentes Brasileiros – Monstro Discos

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Leonardo Razuk: “O selo é um aval. É um selo de qualidade mesmo. Não que tudo que a gente lance seja a melhor coisa do planeta, mas é dentro de um conceito e uma estética muito particular nossa. A Monstro tem mais de 20 anos, quase 200 títulos lançados. Quem acompanha nossa história e nossos lançamentos percebe esse conceito em nossos discos e artistas.

Percebe que há uma certa lógica ali… então, para quem acompanha a Monstro, sempre que lançamos alguma coisa, essas pessoas se interessam em conhecer. Nós somos assim também.

Quem inspira

Admiramos muitos selos… Sup Pop, Matador, Rough Trade, Alternative Tentacles, Ipecac, Touch and Go, 4AD… então, sempre que eles lançam algo e a gente fica sabendo, vamos ouvir, vamos conhecer… e na maioria das vezes é motivo de sorriso no rosto! Acreditamos que a marca da Monstro em um disco funciona assim também.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Leonardo Razuk: “Estamos lançando agora o novo disco do Krisiun (em vinil), o trabalho solo do Beto Cupertino (vocalista do Violins), vamos lançar o disco do Odair José em vinil, o disco das Time Bomb Girls, Sheena Ye deve lançar material novo, uma banda de hc melódico aqui de Goiânia chamada Burning Rage… que eu me recordo de momento é isso. 

Tem a Série Ouro, que é aquele projeto de recuperar clássicos do rock independente em edições de luxo em vinil… e estamos sempre procurando bandas novas (ou mesmo velhas) interessadas para renovar e dar fôlego novo ao selo.”

Selos Independentes Brasileiros
Nuzzy Records



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Gabriela Jardim: “Acredito que além do básico, que é enviar materiais de qualidade, é importante a banda pesquisar sobre o selo antes de qualquer coisa. Devem entender o DNA do selo, com quais gêneros trabalham, em quais cidades/estados, etc.

Por exemplo, a Nuzzy Records recebe materiais de bandas ao redor do Brasil, porém um ponto muito importante do nosso DNA é a questão de enaltecer a cena de Santa Catarina e portanto só trabalhamos com bandas catarinenses. Esse desconhecimento mostra que nem estavam tão interessados no selo assim.”

Até aonde o selo se envolve?

Gabriela Jardim: “No Brasil, as “funções” de um selo variam muito, e até num único selo essas funções podem variar de acordo com o artista.

Uma vez que suas necessidades podem ser diferentes. Mas, de modo geral, a Nuzzy atua mais forte na área de comunicação.

Auxiliamos os artistas no relacionamento com a mídia, as redes sociais, e-mail marketing, etc. Além disso, pensamos em estratégias de marketing em conjunto com a banda, para conseguirmos o melhor retorno possível com o lançamento.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Gabriela Jardim: “A Nuzzy tem pouco tempo de existência, mas já percebemos algumas dúvidas que acabam se repetindo. Uma delas sendo a questão financeira, onde as bandas acham que o selo bancará a produção do lançamento.

Infelizmente a maior parte dos selos independentes não tem condições para oferecer isto, auxiliando então de várias outras maneiras, sendo como um “braço direito” da banda.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Gabriela Jardim: “O selo hoje em dia se tornou um espaço onde usuários podem recorrer para encontrar mais artistas com uma sonoridade similar, uma vez que se tornaram uma espécie de curadoria.

Sem dúvida gera-se uma responsabilidade maior pro selo, já que o seu casting afeta muito a percepção das pessoas em relação ao seu DNA.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Gabriela Jardim: “O selo ainda é pequeno, portanto trabalhamos com uma pequena seleção de bandas e artistas. Esse ano temos uma nova integrante em nosso casting de Joinville que vai lançar seu EP de estreia com a gente. Seu som é mais voltado ao pop, mas com traços do trip hop e música alternativa.”

Selos Independentes Brasileiros

Milo
Recs



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Camilo Rodovalho: “O artista precisa entender que não é o selo pelo qual ele distribui o som dele, que conseguirá fazer que a banda dele consiga os retornos que ele pretende ter.

Qualquer artista que pretende ter destaque no mercado, deve ser antes de tudo pela qualidade do som, porque é só assim que ele vai chamar atenção de verdade, e não é o selo que vai conseguir fazer isso pelo artista.”

Até aonde o selo se envolve?

Camilo Rodovalho: “Fazemos distribuição digital, física e produção executiva.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Camilo Rodovalho: “Eu vejo que tem muita gente reclamando dos veículos de comunicação, de produtor, do mercado, e até de outros artistas.

Muitas vezes as críticas são procedentes, mas a banda nunca pode esquecer de antes de tudo fazer a sua parte em relação à produção, divulgação, em relação à qualidade artística do material. Tem muita gente que não é profissional, no meio, cobrando profissionalismo dos outros, e se esquecendo de gerar interesse ao público.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Camilo Rodovalho: “Com esse turbilhão de informações que é a internet, acho que é importante pra conseguir atingir o ouvinte que se interessa pelo estilo musical X ou Y.

Hoje todo mundo tem acesso à música que quiser. Mas uma divulgação coerente com a estética do som, por exemplo, eu vejo que ajuda a banda a chegar no ouvinte que tava esperando pra ouvir esse tipo de som. Entende?

Uma banda de algum estilo pouco escutado atualmente, por exemplo, se tiver sozinha, vai ter muito mais dificuldade de dialogar com o seu público, e de cultivar um público.

Entendo também que o selo é importante pra ajudar cada artista no planejamento dos seus lançamentos. Na ajuda de pra lançar material físico, viabilizar assessoria de imprensa.

Com isso, a aprovação em edital e o surgimento de oportunidades se tornam mais possíveis. Mas acho sempre importante o artista saber que eu não sou booker.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Camilo Rodovalho: “Guerrilha dos Coelhos Mutantes (GO), Diego Mascate e A Banda de Apoio (GO), Caffeine Lullabies (GO), Pó de Ser (GO). Além de Enema Noise (DF), Waldi e Redson (GO/MG) e Hell Oh (RJ).

Selos Independentes Brasileiros

Alcalina Records



O que a artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Chico Leibholz: “O ideal é que x artista conheça o seu material, sua identidade, seu momento e o cenário em que deseja atuar. Algumas referências também ajudam a ter essa noção.

A primeira curadoria vem da banda que escolhe para quem apresentar e quem irá se envolver em seus projetos. 

Frequente as casas onde quer tocar, conheça as bandas, assista aos shows e se mantenha informadx sobre o que acontece em seu universo.”

Até aonde o selo se envolve?

Chico Leibholz: “Somos todos amigos e parceiros. Além de sermos “operários” do selo, nós também tocamos e trabalhamos com a produção das bandas.

Acompanhamos o processo criativo das músicas, tiramos fotos, fazemos vídeos, arte gráfica, merch e planejamos ao lado das bandas os lançamentos.

Além disso, trocamos ideia transparentemente com as bandas e vice-versa pros nossos planos e suas feituras encaixarem no cronograma de todo mundo e aí acontecerem. Ideia é o que não falta!”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Chico Leibholz: “Estamos sempre dispostos a conhecer e conversar com artistas que nos procuram.

O que percebemos até agora em algumas dessas conversas é que existem bandas que ainda têm aquela visão ultrapassada de que um selo vai elevar o artista a um patamar onde ele não precisará mais se preocupar com nada além de compor e se apresentar. Isso não é verdade.

Outra dica é: não lote os inbox das redes sociais de ninguém com milhares de links, fotos, vídeos e arquivos de áudio da sua banda.

Organize seu material, se apresente antes de tudo, faça um release bonito, um press kit bacana e tenha certeza de estar mandando seu material para o e-mail certo destinado àquele assunto.

Inclusive o nosso é demos@alcalinarecords.com.

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Chico Leibholz: “Nossa forma de agir como selo independente se aproxima mais da noção de um coletivo com as bandas. Onde criamos uma gama de atividades comunitárias ampla para viabilizar nossos projetos.

A curadoria se torna importante quando reúne artistas ou obras que se projetam para um mesmo caminho. O catálogo de um selo é um exemplo disso. E no nosso caso, não procuramos sonoridades específicas. Isso permite sensações das mais variadas pra quem está descobrindo o som das bandas.

Hoje “qualquer um” sobe seu próprio som em plataformas digitais. Você encontra lado a lado, na mesma plataforma, na mesma playlist ou matéria sobre música, artistas mainstream e independentes. O trampo de um selo ou de uma curadoria é ajudar o ouvinte a se localizar nessa quantidade imensa de música.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Chico Leibholz: “Temos singles, EPs, discos, clipes e lives de todas as bandas do selo pra lançar esse ano! 

O duo Antiprisma já tem três singles com a gente e agora no final de Agosto chega o disco Hemisférios que vem elétrico e quântico, uma nova era pra eles.

A Leza lançou um disco ano passado (Vice-versa) e não para de tocar desde então, dentro e fora do Brasil. Os caras prometem singles pra daqui a pouco e colando nos shows você já conhece alguns desses sons.

Também em 2018, a Fluhe estreiou com o EP Trip Noise Leve Devaneio Sobre Ansiedade. E agora em 2019 apresenta um disco que logo tá saindo do forno. 

E o Simön, músico uruguaio que mora aqui em São Paulo, traz seu tempero estrangeiro em um disco que tá quase pronto!

Daqui pro final do ano, duas bandas novas também entram para a Alcalina Records ainda nesse semestre. Logo postaremos sobre elas e os lançamentos que vão rolar.”

Selos Independentes Brasileiros

Cavaca Records

Responderam Coletivamente: Cainan Willy e Yasmin Kalaf



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Cavaca Records: “Antes de enviar seu material para qualquer que seja o selo, busque antes ouvir todo o casting disponível na internet. Geralmente no bandcamp (nosso caso) ou site.

Com isso você já consegue entender da melhor forma possível o tipo de som que cada selo curte mais trampar e ter uma noção se sua proposta se encaixa. 

Depois de enviar seu e-mail de apresentação (de preferencia com links, fotos e release) evite flodar caixas de entrada, somos seres humanos também, com outras ocupações.

E não estamos disponíveis para conversar 24h do dia, por mais que a gente adore fazer isso e ouvir as novidades. Não podemos parar pra ouvir tudo o tempo todo, seja mais paciente e compreensivo.”

Até aonde o selo se envolve?

Cavaca Records: “Isso é uma variável. Depende de selo para selo. No caso do Cavaca Records nós buscamos sempre estreitar ao máximo o laço entre trabalho / amizade com todos os artistas.

Acreditamos que isso facilita nossa atuação. Nos conhecendo melhor, podemos criar projetos juntos que façam mais sentido!

Sempre que possível a gente dá uma força com assessoria de impressa. Também com identidade visual e tentamos produzir e/ou auxiliar eventos.

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Cavaca Records: “Em relação dúvidas e equívocos. Antes de se trabalhar junto as maiores questões são em torno de “o que é um selo” e “o que nós fazemos”. 

Depois. Já trabalhando em conjunto com a banda/artista, o que pode acontecer é a expectativa alta demais. O selo tem sim a proposta de auxiliar os artistas.

Mas é preciso entender que não temos todas as respostas. Não conhecemos todos os curadores e muito menos todos os jornalistas.

Somente estar em um selo não quer dizer muita coisa. É necessário o trabalho em conjunto para que aconteça algum resultado massa para os dois lados, não apenas um.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Cavaca Records: “Nós dois não temos banda e começamos o selo justamente por atuar mais nesse âmbito de “bastidores”, sabe?

O processo de curadoria se tornou então a chave para criamos uma identidade do nosso trabalho.

Hoje a gente enxerga o Cavaca Records como uma marca. Por isso buscamos agregar ao casting artistas e bandas que tenham trabalhos consistentes e com possibilidade de crescimento no cenário da música. Assim o trabalho de produzir eventos e interagir com marcas ficará mais assertivo.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Cavaca Records: “Por mais que a gente se esforce pra criar um calendário dos lançamentos, disponibilizar material digital requer cumprir com muitas tarefas e tudo isso acaba atrasando de alguma forma. Todo mundo tem mil coisas a fazer além da música e isso é normal.

Mas pra 2019 temos algumas novidades muito boas já anunciadas. Meu Nome Não é Portugas, projeto solo do Rubens Adati, vai chegar com um disco lindo e cheio de participações muito especiais.

Ainda com o Rubens e mais duas pessoas mega talentosas, Tcheba (Holger) e Sergio Ugeda (Arados) vamos lançar o disco de estreia do Paradas.

Tem ainda o EP do Pessoas Estranhas que já tá quase saindo. Seguindo o flow deve vir algumas novidades ainda do Astralplane, xoxoto, Kanduras e algumas outras novidades que anunciamos mais pra frente, fiquem ligados no nosso instagram!”

Selos Independentes Brasileiros

Efusiva



Sobre a Efusiva

O Selo Efusiva foi criado em 2015 e atualmente é composto por Hanna Halm (historiadora, artista visual e produtora independente. Na Efusiva se ocupa, principalmente, da parte de comunicação visual e redes sociais).

Lety Lopes (produtora, musicista, roqueira e que na Efusiva ocupa o cargo de contato e articulação com as bandas). Soso (gateira, gosta de longas caminhadas pela praia, guitarrista da Belicosa, chega na produção e correrias do selo) e Vita Parente (ariana, produtora e boladona do audiovisual que atualmente na Efusiva, cuida dos registros e confabula pela queda do patriarcado).

O que a artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

VITA: “Acho que a primeira questão é que nós somos um selo feminino e engajado no feminismo interseccional. Muitos homens cis mandam material pra gente e esse não é o nosso enfoque.

As outras questões são um pouco mais conversáveis. Tipo, a maioria das bandas do selo e dos nossos contatos são de bandas de roque alternativo, riot grrrl, indie, essas coisas. Então é mais fácil somar com bandas desse meio, a gente pode ajudar mais mesmo.”

Lety: “Dar uma sacada no site/página do selo é essencial para entender bem a proposta, que vai além da estética da banda mas que está diretamente ligada ao posicionamento político e social e na forma como unimos essas duas coisas, arte e nossa visão de mundo.

Assinar com o selo significa que a banda entendeu que nossa forma de trabalhar é singular e envolve se posicionar. Por isso, antes de fechar qualquer tipo de parceria, o primeiro passo é afinar tudo isso.”

Até aonde o selo se envolve?

VITA: “Isso também é uma coisa muito da negociação com a banda. Inclusive estamos muito num período de reavaliar, recombinar esses combinados com quem já tá no selo. Mas a gente faz desde a gravação até a divulgação, marcar show, fazer vídeo etc.”

Lety: “Por sermos um selo feminista, nossa prioridade sempre vai ser, além de garantir que as expectativas artísticas da banda sejam atingidas, garantir que as bandas transitem em locais seguros, desde os locais que acolhem nossas atividades até a equipe envolvida.

E mesmo que as bandas ou artistas do selo não estejam participando de produções 100% nossas, geralmente a gente se preocupa em manter um diálogo de troca sobre esses assuntos. Pensando sobre ocupar ou boicotar espaços que possuem denúncias e produtores com histórico duvidoso.

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

HANNA: “Um clássico é o contato de bandas inteiramente masculinas que nem pra sacaram nosso ramo nos nossos canais se dão ao trabalho antes de mandar e-mail com proposta de lançamento e etc.

Além disso, percebo que existe uma dúvida geral sobre a funcionalidade de um selo e em muitos casos a banda/artista nos procura sem ter muita noção de como vai ser essa relação de troca onde uma boa comunicação é essencial para que o trabalho seja o melhor possível.

Propostas de parceria com outros selos, produtoras e agências também podem gerar um certo estresse quando a comunicação falha e não se determina o que cada parte vai focar em executar.

Isso pode gerar desde trabalhos replicados e esforços desequilibrados a sensação sobrecarga e descrédito.

Exemplo: Já fizemos uma parceria em que a Efusiva fez toda a parte de assessoria de imprensa mas a partir dos resultados não fomos citadas como um dos selos de lançamento.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Hanna: “Acho que os selos hoje em dia são muito importantes pra agitar a cena, incentivando a produção, articulando redes e valorizando com mais proximidade e sensibilidade os artistas para quem trabalha.”

Lety: “É legal a galera poder acessar um canal onde vai encontrar bandas e artistas que produzem o que cada um gosta de ouvir.

Os selos facilitam esse acesso, quando possuem uma curadoria que mantêm um certo padrão de estilo musical ou estética sonora.

É muito comum um grupo de artistas ou bandas independentes se unir para produzir e fomentar uma cena específica.

Ainda mais para o momento político que estamos vivendo, que não temos incentivo para a produção cultural e que ainda existe uma força como a do próprio Estado que promove uma ideia deturpada de arte como inimiga do “cidadão de bem”, utilizada como massa de manobra política.

Faz-se necessária essa movimentação pra gente conseguir respirar em tempos de precarização e demonização da produção artística.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Lety: “Pata lançou álbum em junho. Tuíra, Trash No Star e Errática ainda no segundo semestre. Talvez ainda apareça alguma parceria massa no meio disso.

O que mais está deixando a gente empolgada é iniciar esse trabalho de gravação, que até um tempo atrás era apenas um sonho. Dessa forma vamos dar um passo à frente de construir uma rede autônoma que vai possibilitar atingir e ajudar mais mulheres.”

Selos Independentes Brasileiros

Howlin Records



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Rita: “Uma das situações mais comuns é o artista disparar o conteúdo dele para os selos sem se informar sobre o cast, ou premissas do selo. Recebemos todo tipo de estilo musical, mesmo sendo um selo com mais foco em rock.

Recebemos mensagens de artistas de estilos e princípios nada a ver com o cast ou selo. Então se eu pudesse dar uma dica seria: entenda o selo antes de enviar seu material, veja se seu nicho musical conversa com a curadoria do selo.”

Até aonde o selo se envolve?

Rita: “O selo atualmente está passando por uma reestruturação onde queremos manter o foco em ações online, distribuição e divulgação do material das bandas.

Também estamos investindo em festivais e formatos de evento que fortaleçam o selo institucionalmente. Então fazemos a distribuição, material essencial de divulgação e temos a nossa rede de pessoas, que na minha opinião é o que a Howlin tem de mais valioso.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Rita: “Um equívoco muito comum é o artista entrar no selo e esperar que ele atue como produtora. Isso pode até acontecer em projetos específicos. Mas não é via de regra.

Algumas bandas acreditam que somos a Warner ou Sony. E daí ficam esperando que o selo se posicione em relação a booking, produção de clipes, patrocínios e editais – mas o cara nunca vai em uma reunião do selo, nunca vai nos shows das bandas dos amigos, não colabora com nada e nem acrescenta.

Então por mais bem relacionado que o selo possa ser, ninguém faz milagre. É importante se virar e não esperar que outros façam seu trabalho por você.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Rita: “Acho que qualquer pessoa que se mantenha na área da cultura com as atuais políticas e perspectivas é alguém corajoso. Não são tempos fáceis. A curadoria dos selos independentes é importante para manter uma cena alternativa viva.

Manter a pluralidade de vozes, principalmente para aqueles que fogem da normatividade do mercado – seja no estilo de vida, ou musicalmente.

Conforme os anos passam, é muito bom ver que tem gente que torce e se interessa pela Howlin. Wue se anima com os lançamentos, com a curadoria. Então por menor que o impacto de um selo alternativo possa ser, ele existe e isso já justifica nosso trabalho.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Rita: 2019 vai ser um ano movimento para nós. Encerramos 2018 com a Letty lançando The Rolling Stones Were Always Wrong. Em março de 2019 tivemos a entrada da HAYZ e o lançamento Não estamos mais em casa.

Nos próximos meses seguem os lançamentos do Loyal Gun, Gommalaka e Vapor.”

Selos Independentes Brasileiros

Ué Discos



O que o artista / banda precisa entender antes de enviar o material para o selo?

Marcus Manzoni: “Eles precisam entender que precisamos saber de onde eles vieram, qual é a história deles e qual o propósito deles. Portanto, um texto de apresentação que conte os porquês da banda é tão importante quanto a música.”

Até aonde o selo se envolve?

Marcus Manzoni: “A Ué Discos é um selo de pequeno porte. Nos envolvemos em desenvolver um contato mais aprimorado do artista com seu público através da sua música. Nosso selo realiza assessoria de imprensa, contatos com rádios e festivais. Bem como distribuição digital, primando sempre pelos anseios da autogestão do artista.”

Quais as dúvidas e equívocos mais comuns que acontecem?

Marcus Manzoni: “O equívoco mais comum é que o artista pensa que a indústria de música hoje, apesar de digital, funciona num piscar de olhos. Não é assim. As coisas ainda precisam de tempo, ainda envolvem burocracia e devem ser trabalhadas com antecedência.

Por exemplo, é comum o artista terminar de produzir uma nova música, nos enviar e pensar que no outro dia já estará em todas as plataformas. Mas não acontece desse jeito.

Principalmente se o artista anseia um lugarzinho em alguma boa playlist. As plataformas trabalham com semanas de antevisão. Em alguns casos é preciso que um lançamento seja previsto com meses de antecedência. Para que se cumpra contato com imprensa, rádios, curadores de playlists, etc.”

Como vê a importância de um selo e curadoria em nossos tempos?

Marcus Manzoni: “Todos os dias abrimos um site ou um aplicativo para curtir um som e nele existem milhões e milhões de músicas, como escolher?

Como saber o que há de novo por aí no vasto mundo da música independente?
Visto que o grande mercado não abarca nosso gosto peculiar?

É preciso encontrar os selos e curadores que falem nossa língua. Que lancem o tipo de som que a gente curte. Que apliquem um filtro nesses milhões e milhões de músicas e nos mostrem coisas estejam mais próximas ao nosso gosto.”

Quais artistas podem adiantar que lançarão material este ano pelo selo?

Marcus Manzoni: “Este ano ainda vai sair mais sons novos da banda argentina El Sonidero & Fanfarria Insurgente. Também um novo EP deles que se chamará Instrucciones Para No Ser Un Objeto e vem com os dois pés na parede do sistema, um pedrada latina. E… ah, ainda terá participações de Mateo da Francisco, El Hombre e Camilo Zicavo da Moral Distraída (do Chile). No momento, é o que posso antecipar.”

Fim da Segunda Parte!

Especial Selos Independentes brasileiros

Ufa! Na primeira parte publicamos testemunhos de 10 selos independentes a respeito do mercado mas a série é longa. Nesta segunda foram mais 10 selos independentes brasileiros!

Ao todo foram quase 30 selos independentes brasileiros entrevistados.

Então siga o Hits Perdidos em nossas redes sociais e não perca nada!

Especial Selos Independentes brasileiros: Parte 1 (Clique Aqui)

Especial Selos Independentes brasileiros: Parte 3 (Clique Aqui)

This post was published on 21 de agosto de 2019 11:07 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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