A obscuridade que assola o país se reflete no potente novo álbum do Statues On Fire

 A obscuridade que assola o país se reflete no potente novo álbum do Statues On Fire

Cresci no interior de São Paulo, estava começando a tocar e conhecer bandas nacionais pelo orkut e fotolog. Pode ser que me falhe a memória, mas lembro que em 2004 fui à capital para uma festa de família, e vi o companheiro da minha prima usando uma camiseta de uma dessas bandas que eu acabara de conhecer, o que nos rendeu assunto pelo final de semana todo.

Tal banda era a Nitrominds e, 15 anos depois, me pego aqui escrevendo sobre o subsequente trabalho dos caras – na realidade, a Statues on Fire.

Na estrada desde 2013, formada por ex-membros do Nitrominds e Musica Diablo, em Santo André (SP), a Statues é composta por André Alves (voz e guitarra), Lalo Tonus (baixo), Regis Ferri (guitarra) e Alex Silva (bateria).

Seus primeiros discos, Phoenix (2014) e No Tomorrow (2016), são um prato cheio pra quem é fã de A Wilhelm Scream, Propaghandi e Strike Anywhere. Mas bem, se você conhece a banda, até aqui provavelmente já sabe de tudo isso.


Statues On Fire - Por Fabio_Ponce
Statues On FireFoto Por: Fabio_Ponce

Então vamos fala sobre o Living in Darkness.

O primeiro anúncio desse novo material foi o single Marielle, publicado em março, na marca de um ano do brutal assassinato de Marielle Franco, vereadora carioca.

É quase impossível não correlacionar esse fato ao período obscuro em que estamos vivendo, explicitado no próprio título do disco. Ouvindo agora uma música nova da Charlotte Matou um Cara, cujo refrão diz  “lembrar para não repetir, lembrar para resistir, lembrar para não desistir, lembrar para existir”, reflito o quanto é importante darmos visibilidade ao legado e continuidade às lutas de Marielle, hoje tida como ícone de resistência feminista, negra e periférica.



Apesar desse contexto politizado, até já esperado pra uma banda de punk rock, fui pego de surpresa. E se, talvez, a tal obscuridade não se refira somente à situação (des) governamental que assola o país, mas sim à uma crise pessoal ou conflitos internos?

O refrão de “Time stand still”,o segundo single, lançado em abril, dita um tom reflexivo e autocrítico, que se estende pelo restante do álbum. Sonoramente, Living in Darkness é ainda mais alto, mais rápido e mais técnico que seus antecessores.

Mesmo com toda essa energia dançante, recheada de refrões para cantar junto, existe espaço para melodias mais leves, como a faixa-título e “Letter to you” – minha preferida, até agora, ao lado da nostálgica “Take me all the way”.



Bem, honestamente, não tenho o hábito de ouvir muitas bandas compostas apenas por homens, portanto não tinha ouvido Statues on Fire até escrever esse texto. Mas me surpreendeu e cativou, certamente iria pro show se tocassem por aqui (Brasília / DF).

Inclusive, eles estão se preparando para a quinta turnê européia, desta vez para divulgar o novo trabalho. Já que moro no cerrado brasileiro, me resta ouvir online…

Living in Darkness está disponível nas plataformas de streaming desde a última sexta-feira (10/05); e também em vinil, pelos selos Rookie Records (Alemanha) e Snubbed Records (EUA).



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Instagram@statuesonfire
Site oficial: statuesonfire.com

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