[Premiere] Reverenciando a cultura pop dos anos 90, Sandro brinca com clichês no clipe para “dança”
Jiraya, Jaspion, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Comando Estelar Flashman, Super Campeões, Policial de Aço Jiban, Esquadrão Relâmpago Changeman, Shurato, Sailor Moon, Yu Yu Hakusho – e tantos outros – com certeza marcaram a infância da geração 80/90.
Quem viveu os anos 90 com intensidade pôde desfrutar de polaroids, roupas coloridas – e exdrúxulas – tazos, figurinhas de animes, bichinho virtual, Game Boy, pochetes, ICQ, Beyblades, Sega Mega Drive, Super Nintendo, boybands, Mirc, Kazaa, Napster, eMule, Geloucos, Push Pop, tênis de luzinha, moda fitness, tatuagem de chiclete, Malhação (da época da academia), Keds…
O mundo da moda é cíclico e tudo acaba meio que voltando. Claro sob uma nova perspectiva e com o olhar de uma geração que definitivamente não viveu aqueles tempos onde poucos tinham acesso a internet – e só quem tinha “bala” podia adquirir uma linha de celular.
Para quem viveu bate um sentimento de nostalgia – e um pouco de vergonha alheia também. Pois basta pegar as fotos da época e dar umas boas risadas. Tudo muito saudável, tudo muito bacana.
Alguns artistas tem trazido para seu som tanto o aspecto visual, como por estilos como o shoegaze, a segunda leva do emo e o grunge de volta, e não é tão difícil você encontrar bandas que utilizam da estética das fitinhas VHS em seus vídeos.
Outras tantas resgatam até as fitinhas K7. Não duvidaria o diskman uma hora voltar – se isso continuar neste ritmo. O artista que faremos a PREMIERE do videoclipe hoje foi por outro caminho – mas não inédito, claro – o uso do Chroma Key e suas inúmeras possibilidades nostálgicas.
O artista, e produtor, em questão é o gaúcho Sandro Silveira que já teve passagens por projetos como Frida e Tapete Persa e já colaborou com artistas como Supercombo, Francisco, El Hombre, Far From Alaska, Tagore, Medulla, Ana Gabriela. Além disso ele já trabalhou como técnico de som e de luz, roadie e atualmente assume a gravação/finalização no estúdio paulista Lua Nova.
A grande novidade do músico de Gravataí (RS) é seu primeiro projeto solo, SANDRO, este que ele faz questão de dizer que é um projeto feito de maneira coletiva. Já que a produção musical é conduzida por Manoel Andrade, teve direção artística de Sebastián Piracés-Ugarte (Francisco, El Hombre) e mixagem e masterização de Leo Ramos (Supercombo).
Prestes a lançar o primeiro disco ele nesta sexta-feira (11/05) lança o primeiro single, “Dança”, este que já chega logo acompanhado por um videoclipe.
Fã declarado de grupos como Pavement, Flaming Lips, Nile Rodgers, Biltre e até mesmo o astro pop Bruno Mars, o single brinca com a atmosfera caricata do pop dos anos 90, este que tem voltado como tendência, basta ver o sucesso do Daft Punk com seu Random Access Memories (2013).
“Quando escuto essa música eu me vejo ali, ela me representa, é o Sandro que eu quero que as pessoas conheçam… “‘Dança’ é inspirada nas coisas leves da vida, no que é mais simples, uma música pras pessoas se divertirem” – comenta o músico
Realmente a faixa é bem humorada e não tem como ter tempo ruim ouvindo. Com batida da disco music com groove funkeado ela envolve por seu tom pop feito para reluzir nas pistas de dança. Destaque para o trecho “To mais lascado que vampiro no nascer do sol / mas decidi sair”.
Ele até comenta em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos: “Dança é uma música pra se divertir, com uma levada gostosa, boa pra se soltar. Ela fala sobre estar atento e arriscar, fala de dançar quantas vezes sentir vontade.”
Premiere Videoclipe (11/05/2018)
Já o videoclipe dialoga com todo o universo da moda, cultura pop, tecnologia e entretenimento dos anos 90. De uma maneira divertida e perspicaz em vídeo dirigido por Renan Queiroz.
Não tem como não tirar o olho da tela e não se divertir com cada passagem do videoclipe. Os recortes trazem elementos marcantes da época com o exagero de Chroma Key para criar colagens e sobreposições tão icônicas em clipes de bandas como The White Stripes, Supergrass, The Vines, The Flaming Lips, Sonic Youth e tantas outras.
Também cria personalidades e membros para sua banda imaginária que basicamente é Sandro sendo multiplicado e com poses cômicas. Traz referências que tiram sarro até mesmo com a estética da Vaporwave e Dream Pop.
O VHS, Twin Peaks, realeza ingles (descanse em paz, Diana), os animes e a psicodelia também ganham espaço dentro do curta que conta também com imagens aéreas que remetem a clipes de Hiro Murai, com direito a muitas cores e energia nostálgica.
Em certo momento me lembra até o videoclipe clássico que bombava nas madrugadas da antiga MTV Brasil, Deee-Lite “Groove Is In The Heart“, quem consegue esquecer? E quem lembra do vídeo para “Move Your Feet” do Junior Senior?
“O lance era fazer algo que resumisse o que viria pela frente. A estética é baseada em lembranças de quando eu era criança no começo dos anos 90, as roupas coloridas, nylon, as marcas eram muito evidentes”, explica Sandro.
“A tipografia japonesa vem das séries Jaspion, Jiraya, Jibran e mais um monte de outros heróis que eu assistia na época. Foi também uma imposição do Renan, como única condição para que ele produzisse o clipe”, completa.
Entrevista
[Hits Perdidos] Antes de mais nada gostaria que contasse mais sobre como está sendo a aventura de lançar pela primeira vez um disco solo? Foi um processo diferente?
Sandro: “Sandro é minha terapia, é um trabalho que não é só meu, tem muita gente envolvida, muitos amigos e parceiros. Foi um processo diferente de tudo o que eu tinha feito, quase que todo concebido numa interface de gravação, como a maioria dos novos artistas tem feito.”
[Hits Perdidos] Como tem lidado com a liberdade e nova proposta artística? Digo isso pois é um projeto totalmente diferente de suas bandas anteriores – e até mesmo dos projetos em que já colaborou.
Inclusive você cita influências distintas como Pavement, Nile Rodgers, Flaming Lips e até mesmo o astro pop, Bruno Mars. Como funcionou isso na hora de ir pro “liquidificador”?
[Hits Perdidos] “Dança”, single de estreia, acredito que cativa logo de cara pelo seu tom funk/disco e pela letra repleta de ironia e bom humor, em versos como “Tô mais lascado que vampiro no nascer do sol / mas decidi sair”. Queria que contasse mais sobre a composição – e concepção – da faixa e se ela dará o norte para o registro?
No começo tínhamos uma música muito legal, num clima Toro y Moi, e jogando refrão pra cá, verso pra lá, voz baixa, voz alta e tudo mais acabou se tornando uma clássica canção Pop. Não sei se ela condensa o que vem pela frente, mas no todo ela faz sentido!”
[Hits Perdidos] Cara, que clipe! Vi já algumas vezes e a cada hora reparava num detalhe novo. Desde os escritos em japonês, passando pelas cores, você interpretando diversos “músicos”, recortes de imagens, brincadeiras com o chroma key, figurino, dancinhas aleatórias, até o ar de deboche que Mac Demarco tanto usa ao seu favor.
Como foi o brainstorm e as gravações?
Sandro: “O Clipe de “Dança” é a coisa mais importante que eu já fiz na música!
Até pouco tempo morava com o Renan (diretor do clipe), ele sempre junto acompanhando as músicas, deu a ideia de fazer um clipe, do zero, com referências legais, leve, tirando onda de tudo, de si, da estética. Ele foi um gênio da lâmpada, Renan fez tudo, tudo!!”
[Hits Perdidos] Queria também que contasse mais sobre seu tom nostálgico e sobre as geniais referências dos anos 90 que incorporou ao clipe. Já que citou tanto isso do universo nerd da época das pochetes, roupas esdrúxulas e desenhos animados…queria que contasse mais do que sente falta – e sente que está voltando – da cultura pop da época. Quais desenhos e animes mais gosta? Quais fitinhas K7 cansou de colocar para tocar? E quais filmes ainda curte assistir de novo?
Sandro: “Brincar com isso é muito bom e o Chroma key abriu um portal!
Lembro de ter uma Fita K7, do Rock’n Rio com Information Society, eu ouvi até arrebentar. Assistia a TV Manchete e todos as series Japonesas e isso certamente serviu de subtexto pra muita coisa do clipe.
Não sinto falta de muita coisa, mas acho incrível ver os ciclos se formando e as pessoas
descobrindo coisas que não viveram, incorporando isso naturalmente ao seu dia-a-dia. Pra ser bem sincero, a MTV do canal UHF eu sinto falta.”
Playlist no Spotify
Para fechar pedi para que ele criasse uma playlist que de certa forma represente o universo que estará presente em seu novo trabalho. O resultado com certeza coloca todo mundo para dançar.
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