O que tem na água de Minas Gerais que faz com que essa nova geração consiga dia após dia provar que é um verdadeiro “celeiro” na música independente nacional eu não sei. Mas isto é algo que deve ser registrado não só no Hits Perdidos mas como em papel timbrado.
Os talentos passeiam por vários gêneros musicais do pop, indie, MPB, shoegaze, rock alternativo passando pelo punk e chegando ao stoner/metal. Bons nomes podem se vistos circulando pelo país e com boa aceitação do público.
Alguns exemplos disso são: Sara Não Tem Nome, Paula Perdida, Jonatan Tadeu, Green Morton, Evil Matchers, Kill Moves, Zonbizarro, Miêta, Lively Water, Jota Quércia, Lobos de Callas, Pense, Killer Klowns From Outer Space, Roboto, Carahter, The Dead Pixels, Câmera, ISSO, Young Lights, El Toro Fuerte, Dopaminas, Bertha Lutz, Riviera, Rallye e tantas outras. O coletivo Murro inclusive listou 57 delas que arrebentas nas noites de Belo Horizonte em uma lista no ano passado. E outras nessa lista “MINAS UNDERGROUND” feita pelo Bruno Paraguay no Spotify.
Os motivos são vários para que a cena se mantenha forte e com ótimos nomes. São décadas de décadas revelando artistas e essa cena atual não apenas colhe, como também planta para futuras geração uma mensagem positiva. Como todas outras cenas do país também existem problemas, pelos mais diversos motivos como o fechamento de casas, posturas e atitudes equivocadas. Mas isso é papo para outro post.
Hoje vamos falar sobre uma banda que viaja entre o Stoner Rock/Psych e o grunge, a Lively Water. Formada em 2012 em sua linha de frente eles contam com Fábio Mazzeu (guitarra e backing vocais), Henrique Parizzi (vocais e guitarra), Gustavo Angelis (bateria) e Átila Cedro (baixista). Fábio inclusive é um dos grandes responsáveis pela existência da produtora Deserto Elétrico.
Em 2015 com o lançamento do primeiro disco, Dirtman Rises, o quarteto passou a ganhar mais notoriedade e crescido. De lá para cá tiveram a oportunidade de dividir o palco com nomes internacionais como Truckfighters (Suécia), Radio Moscow (EUA), The Shrine (EUA) e The Flying Eyes (EUA) e excursionar por festivais de todo país chegando a tocar com nomes relevantes da nova safra como Boogarins, Muñoz e Hellbenders.
Pude conhecer o trabalho da banda ainda no ano passado através do Dirtman e a surpresa foi ótima. Tanto que a banda já tocou no programa Dezgovernadoz algumas vezes, este que dá espaço para as bandas independentes de todo país divulgarem seu trabalho.
Após o álbum já se passaram dois anos e claro de muito aprendizado e evolução como conta Fábio:
“Desde o lançamento de ‘Dirtman Rises’ a gente mudou bastante – pra melhor. O show ficou mais coeso, conquistamos mais público, evoluímos como músicos. É bem comum falarem com a gente que a diferença do ao vivo para o CD é brutal, e isso não é um ponto negativo: mostra a evolução natural da banda, e o resultado desse crescimento é o próximo álbum”
Desde o ano passado a banda já prepara as composições e chegou a hora de gravar. Sendo assim eles separaram 7 dias para gravar em um estúdio localizado em Belo Horizonte. Desta vez a banda captará o som com a ajuda de André Leal (Estúdio Jukebox (Volta Redonda – RJ), Stone House On Fire, Carbo, Buzzdriver, Nãda).
“Como no primeiro, nós fizemos toda a produção do disco e vamos explorar uma forma diferente dos padrões para captar as músicas: vamos gravar todas as bases ao vivo, com alguns overdubs de guitarra, solos e vocais. Todo mundo tocando junto é quando a energia aparece de verdade” conta Mazzeu
Para os fãs ficarem a par de como estão sendo as gravações ela será registrada através de fotos e vídeos que serão postados através das redes sociais do grupo mineiro nas próximas semanas.
Para saber mais sobre os preparativos conversamos com o guitarrista Fábio Mazzeu, que além de responder as perguntas com muito bom humor preparou junto com os companheiros de banda uma playlist EXCLUSIVA no Spotify do Hits Perdidos.
[Hits Perdidos] Já se passaram 2 anos do lançamento do Dirtman Rises e eu imagino que muita coisa tenha mudado. Não tem jeito, as bandas geralmente olham para os trabalhos anteriores depois de um tempo sem estar “viciado” na gravação e vê algo ali que possa melhorar ou que mudaria. Como observam isso?
Fábio Mazzeu: “Ah, isso sempre rola, com certeza. Acho que o que a gente mais repara é em como as coisas foram no “feeling”. A produção não foi nem um pouco planejada como está sendo agora. Nós tínhamos as músicas, um estúdio disponível por algumas horas durante a madrugada e a vontade de fazer.
Se você perguntar para cada um de nós, pelo menos umas 5 coisas vão aparecer na nossa lista de mudanças de cada um, mas o “Dirtman Rises” é um registro daquela época e temos muito orgulho do resultado final. Por enquanto, vamos deixá-lo intacto hehe.”
[Hits Perdidos] O que me chamou a atenção no disco quando pude conhecer no ano passado foi justamente essa mistura do Grunge com o Stoner. Que dá uma liga e cria uma identidade forte. Com certeza vocês escutam uma “porrada” de coisas diferentes. O que vocês tem escutado que creem que vai influenciar no novo álbum?
Fábio Mazzeu: “É, acaba que a gente escuta muita coisa diferente mesmo. Atualmente tentamos sair um pouco da nossa zona de conforto e conhecer mais coisas novas, diferentes, pesadas, quebradas. O Átila (baixista) sempre aplica a gente em bandas na linha do Norma Jean, Meshuggah e Dillinger Escape Plan.
Eu andei procurando bandas gringas menos conhecidas de selos de grupos que a gente curte e descobri alguns sons bem interessantes, como o We Hunt Buffalo e Valley of The Sun. O Poroso (vocal) tá sempre atrás de coisas experimentais e novas, Camel Drive e Wakrat merecem atenção.
O Ibia (batera) é o cara dos clássicos (e do RATM) e foi dele que veio o Throttlerod, e vale muito o play. Mesmo assim não dá pra esquecer do que a gente escuta sempre e vai influenciar nosso som pra sempre, como Soundgarden, Alice in Chains, Mastodon, Kyuss e Black Sabbath. Ah, e Miles Davis! (risos)”
[Hits Perdidos] O ato de fazer arte é sempre estar procurando referências e também evoluir como músico. Como enxergam que evoluíram e o que tem aprendido na estrada?
Fábio Mazzeu: “Aquela história de treino é treino e jogo é jogo sempre é válida. É totalmente diferente ensaiar no lugar que você está acostumado e depois ir tocar em um território totalmente novo (e as vezes até hostil hehe).
A gente sente essa evolução nas composições novas, principalmente, mas também no nosso entrosamento no palco e na resposta do público. Melhoramos como músicos mas também como artistas, já que no final das contas você faz um show para as pessoas e não para você.
Essa é uma das coisas que você só aprende na estrada, quando tá tocando em um lugar novo, para uma galera que não conhece tanto o seu trabalho (ou não conhece nada). Acaba que o show tem que ser uma experiência, quem tá lá pra ver tem que voltar pra casa com o sentimento de que viu um puta show, e não uma banda tocando algumas músicas. Ah, e você também aprende a maneirar no consumo de cachaça de uva depois dos shows! Esse é um aprendizado bem importante.”
[Hits Perdidos] No primeiro álbum vocês ficaram responsáveis por toda a produção. Porque dessa vez decidiram optar por trabalhar com o André Leal (Estúdio Jukebox)?
Fábio Mazzeu: “Na verdade a produção continua sendo nossa, mas o André foi uma boa adição ao time. Ele é meu amigo há alguns anos e a gente sempre troca figurinhas sobre gravação, áudio e tudo mais. Para colocar em prática nosso planejamento precisaríamos alugar muitos mics e quando eu comentei com ele, ele falou “pô, aluga os meus que eu vou junto!”, o que foi, claro, uma excelente ideia, já que é um cara experiente e que se dá bem com a gente. No final das contas ele vai cuidar da captação junto comigo e ficar por conta das operações do dia a dia (assim podemos gravar sem ter que nos preocupar com o Pro Tools, cabos ou computadores dando problema haha).”
[Hits Perdidos] A interação com o público é essencial hoje em dia e as redes sociais de certa maneira amplificam tudo isso. Vocês por exemplo nas próximas semanas prometem divulgar uma série de vídeos e fotos para divulgar o processo de gravação. Como observam as inovações na hora de divulgar o “trampo”? Pretendem fazer algo diferente desta vez?
Fábio Mazzeu: “A galera consome conteúdo como nunca hoje em dia. Uma prova disso é o número de mídias sociais que existem por aí e trabalhar isso é muito importante.
Esse foi um dos pontos que a gente queria ter feito melhor no primeiro disco: divulgar, promover, fazer o marketing. Eu e o Henrique (vocal) ainda trabalhamos com marketing e publicidade, o que piora ainda mais não termos criado um bom planejamento antes (risos).
Várias bandas fazem coisas muito legais e a gente tentou aprender o máximo possível com eles, é só dar uma olhada no Mastodon, Far From Alaska e até o Metallica com o “Hardwired…”. É indispensável inovar a comunicação para se conectar ao seu público, movimentar essa audiência e também colocar a banda em evidência.
Para isso achamos importante criar o máximo de conteúdo para mostrar o processo de produção e gravação, como a gente vai fazer tudo, como é o nosso dia a dia, como funciona na prática, para trazer quem acompanha a banda para perto do processo. Então podem esperar muitos vídeos, desde making of’s até drops rápidos e algumas amostras da cara final do álbum. Além disso, vamos lançar esse trabalho de algumas formas diferentes, mas isso ainda é segredo… (risos).”
[Hits Perdidos] A cena de Belo Horizonte é uma das mais prolíferas do país. Como observam isso e que bandas destacariam do cenário?
Fábio Mazzeu: “BH é cheia de banda boa, cara. Tem muita gente fazendo um som legal aqui. Querendo ou não esse é o resultado de anos de trabalho por parte das bandas, das casas e do público, desde os tempos do Sepultura e Diesel.
Infelizmente não existe tanto espaço como gostaríamos, mas casas como A’Autêntica e A’Obra dão 100% de abertura para as bandas e somos todos muito gratos por isso. No fim das contas, a concentração de boas bandas por aqui acaba sendo um processo de “seleção natural”. O corre é trabalhoso e quem sobrevive é a galera que dá sangue (quase literalmente) para fazer a parada acontecer.
Alguns bons exemplos são o Festival Transborda, o Rock Street, o Festival Rock do Deserto e mais recentemente o Festival Independente Vintage 13, movimentos que dão espaço para bandas mostrarem o seu trabalho e traduzem bem o significado de DIY (faça você mesmo). Se você é daqui (ou da região) procure saber mais sobre esses rolês.
A gente gosta de muita banda por aqui, mas com certeza algumas delas se destacam no cenário. Algumas que vem à mente são: Green Morton; King Size Box; Duna, Brisa e Chama; Zonbizarro; KKFOS; Oceania; Carahter; Evil Matchers e Young Lights. Algumas são mais antigas, algumas são mais novas, mas vale conferir o som de todas elas.”
Playlist Exclusiva Lively Water
Na ansiedade pelo novo disco, que ainda não tem nome, pedimos para que eles preparassem uma lista ideal para aquecer para o lançamento. A Playlist criada exclusivamente para o perfil do Hits Perdidos no Spotify conta com 41 sons que inspiraram o novo disco.
Claro que nomes como Sepultura, Mastodon, Soundgarden, Truckfighters e Valley Of The Sun não iriam ficar de fora. A playlist ainda conta com as bandas brasileiras: Stone House On Fire, Duna, Brisa e Chama, Green Morton, King Size Box, The Baggios, Muñoz, Fuzzly, Hellbenders, Necro, Hammerhead Blues e Black Drawing Chalks. Ideal para chapar virando uma garrafa de pinga de uva!
Lively Water
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This post was published on 16 de março de 2017 10:29 pm
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