A queda. Cheia de camadas e desventuras, ela é lenta e traz uma porção de prenúncios. Ela não escolhe hora ou maneira de acontecer. De certa forma ela vai te seduzindo lentamente feito o encantamento do movimentar de uma cobra.
Observa e estuda os movimentos de seu oponente. Vai testando e buscando por suas debilidades. Ela é astuta, vai derrubando muros invisíveis aos poucos. Não ataca com um simples bote mortal. Vai analisando, desestabilizando. Te enrolando aos poucos. Sem pressa, ela vai devorando sua capacidade de reagir.
Feito uma medusa: ela te hipnotiza. Aliás não é a toa que o personagem mitológico possuí uma imensidão de cobras entre seus cachos. Ela vai te minando, lentamente, feito uma tortura a moda antiga. Ela quer te ver sofrer e te fazer se sentir aprisionado. Vai te testando e enclausurando através de armadilhas.
Seu oponente começa a se sentir vazio e aos poucos vai perdendo sua capacidade de discernimento. Acuado ele agora se vê pessimista em relação a encontrar a saída do fim do túnel. E a cobra com seu canto sinuoso vai hipnotizando e derrubando sua vítima.
É mais ou menos através desta metáfora que a transição para a queda é narrada no disco que vamos falar hoje. O prenúncio da queda talvez seja o mote do primeiro disco da Carbo. Logo na capa do disco já notamos o personagem principal sendo domado pelos encantos da Medusa. Algo que vai levando ele para outros níveis de depressão nunca antes imaginados.

Carbo lança seu primeiro disco com Premiere no Hits Perdidos. – Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (16.01) está sendo lançado o primeiro álbum dos fluminenses, The In-Between através do selo paulista Dinamite Records. A formação atual do power trio é composta por Leonardo Moore (Vocais / Guitarras), Maria Mergener (Backin Vocals / Baixo) e André Leal (Bateria).
A banda foi formada em 2010 e este disco mostra um pouco da transição deste ciclo que em 2017 completa 7 anos. Muita coisa foi mudando ao longo do tempo, como eles contarão na entrevista que lerão daqui a pouco, inclusive as referências e a sonoridade.
Quando a Carbo iniciou suas atividades, não seria nenhum absurdo rotularmos a banda como Hard Rock, e era mesmo a fonte de inspiração. O baterista André inclusive teve uma passagem pelo grupo no começo da banda e quando retornou viu o som da banda se transformar. Ao longo desse tempo o som passou por uma transição.
Nesse meio tempo teve a saída do baixista Riliann e muitas canções foram se transformando. Hoje em dia podemos dizer que a som da Carbo bebe do Stoner Rock, do rock psicodélico e do grunge. Influências estas que também impulsionam outro projeto que Leo e André fazem parte, a Stone House On Fire que no ano passado lançou seu segundo álbum, Neverending Cycle.
Todo esse combo de acontecimentos fez com esse terreno de transição fosse uma marca latente neste primeiro disco cheio do grupo. Eles mesmos não são muito fãs dos singles e EP’s lançados anteriormente mas creio que também é o processo natural de uma banda, sempre buscar melhorar e encontrar o som que faz sentido no momento atual.
Formação atual da Carbo conta com Maria Margener (baixo), André Leal (bateria) e Leonardo Moore (Guitarra). – Foto: Divulgação.

The In-Between
O álbum foi gravado no Estúdio Jukebox em Volta Redonda/RJ, assim como o divertido clipe de “Mama”. Os singles “Mama” e “Heavy Rain” foram lançados em Dezembro e mostram diferentes energias entre sí.
O próprio vídeo de “Mama” mostra um espírito juvenil, festeiro e decadente. Este que foi gravado a base de muito álcool. Para entrar no clima derradeiro da canção seus integrantes ingeriram quantidades significativas de bebidas de qualidade questionável e ficaram por cerca de 11 horas gravando takes. Segundo os mesmos as ideias para o roteiro etílico vinham vindo na hora e desta forma eles retomavam as gravações.
O mais bacana do processo de gravação foi a interação on real time nas redes sociais. Através da conta oficial do trio, @hereiscarbo, foi possível através da nova ferramenta “Instagram Moments” acompanhar o making of da gravação com diálogos hilários e tombos.
Já “Heavy Rain” possuí o contraponto, uma canção mais séria que ao longo dos seus 6 minutos carrega peso e muito mais seriedade. A faixa lançada como B-Side de “Mama” tem como marca ser a primeira composição da baixista Maria a ser gravada pelo trio.
A letra fala sobre um relacionamento conturbado, abusivo, que mais machuca do que faz bem, mas do qual o protagonista não consegue escapar.

“No contexto do CD, seria o relacionamento entre o nosso personagem (que narra o disco) e a enganadora medusa, que o transporta por uma viagem degradante e psicodélica.” – conta Maria Mergener

Outro fator interessante de ressaltar no disco é que este é dividido em Interlúdios. Cada um mostrando uma transição sofrida pelo personagem. Os tais efeitos da degradação e suas vibes distintas. Feito uma mixtape empoeirada, eles quiseram passar todas estas camadas de uma história não linear e com acontecimentos e passagens um tanto quanto distintas em suas faixas.

“A narrativa meio que surgiu de uma das músicas, a que tinha um aspecto narrativo mais forte, a “Daring Gent or Mindless Fool” (geralmente as letras são mais devaneios ou impressões, mais vagas)… a história dela meio que nos chamou a atenção pra história que a gente vinha contando, dessa transição toda.
E aí vimos que o jeito mais forte pra gente, que tem muito de anos 90 no som e influência, era fazer como registros pessoais (algo como breves relatos num psicólogo ou audio diário) intercalados com o que seriam as músicas de cada vibe como se fazia em fitas.” conta a banda

O tom do disco em sí é pessimista e vai alongando as mágoas através de relatos e acontecimentos juvenis.



The In-Between já se inicia com seu primeiro interlúdio sussurado como se o personagem estivesse sentado em um divã a frente de um terapeuta. Com uma fala em inglês dizendo: “Eu acho que era mais sobre fazer do que falar sobre. Eu senti como se estivesse perdendo a vida.”
O que serve como combustível para a primeira faixa “Electric Heritage”. Esta que é uma canção importante como ponto de partida, que já começa suja como se estivesse se desintegrando e tirando o pó de cima. Como o nome diz, é uma herança do passado.
Os erros fazem com que o personagem principal se sinta preso ao passado. Seus traumas vão o deixando deteriorado e confuso. A sensação de abandono e perdição o fazem se entorpecer pelo que acredita. Tendo seu destino torturoso: traçado.
No aspecto sonoro a canção mostra uma panela que já engloba o Stoner Rock atrelado a sujeira do grunge. Os riffs de guitarra te conduzem em direção do caos e destruição, o baixo é tocado no talo e a bateria quebrada deixa tudo soando ainda mais apavorante.
“Dragonslain” já traz uma levada mais hibilly forasteira para o disco. Aquela panela que mistura o punk ao country balanceado com o metal noventista. É como se estivessemos abrindo a porta do hospício e os condenados estivessem fazendo uma festa regada a whiskey. O anfitrião claro, Lúcifer apenas assistindo o circo pegar fogo.
A saída para o destino cruel vai se tornando a cada faixa mais difícil. Ele se vê preso e sua alma condenada pelos encantos da sedutora medusa. O que lhe resta mesmo é dançar conforme a batida.
“Teenage Lust” como próprio nome já diz leva nosso personagem direto para os delírios de adolescência. As aventuras dessa época, dos 16 anos, são destroçadas num tom nostálgico de tempos que não voltam. As primeiras saídas, bebedeiras, paixões e confusões. O fuzz é calibrado e o tom de aventura e chapação é refletido no peso da faixa que tem introdução na bateria.
Assim chegamos a “The Boogie” a primeira música que consegue mostrar a mistura das influências do rock psicodélico e stoner a todo vapor. O teclado dá uma pegada rebelde atrelado ao solo derradeiro de guitarra em seu minuto final.
O tema da luxúria que já começa na canção anterior ganha uma levada mais xavequeira de chamar para xinxa. É um rock’n’roll que poderia ter sido lançado nos anos 60. O clipe poderia ser inclusive gravado em uma estrada sem fim. Com álcool, um casal e um cadillac fritando no meio do deserto. Bem route 66, feito um clipe se fosse dirigido por Hunter S. Thompson – autor de Medo e Delírio em Las Vegas.
O espírito do escapismo ganha ainda mais tons no segundo interlúdio, “Crossing The Lines”. Em que o personagem diz: “Até aqui cheguei e apenas percebo que eu não posso mais parar. Eu posso fazer essas coisas várias vezes em sequência como se eu precisasse de algo para me manter vivo e seguindo em frente. E para me ajudar a fugir de algo, que eu não sei bem o que é mas tem algo ali e eu preciso fugir.”
Assim chegamos a “Mama” canção que foi reformulada ao longo do tempo como eles contarão. Por acidente de percurso ela se transformou e virou single de trabalho do trio. O clipe como já dissemos mostra delírios do escapismo e um tom um tanto degradante. Ouvindo o álbum ela faz um tanto quanto mais de sentido.
Com o peso de um meteoro e como se uma metralhadora estivesse apontada para sua cabeça a introdução de “Mama” te pega pelo pescoço. Tamanha vitalidade e energia contagiante a canção carrega. A queda é sintetizada em seus versos, a tal da medusa ganha seus primeiros vestígios e assume o espírito maligno que aprisiona o personagem. Este que pede ajuda em vão. Ele se vê sufocado, perdido e num labirinto sem fim.

A próxima canção nos deixa uma diga e dialoga com “Electric Heritage”, “Boderline”. Seria nosso personagem um bordeliner? Essa resposta apenas a Carbo pode nos responder mas seu comportamento explosivo e pessimista poderiam ser respondidos com essa revelação.
Os conflitos do personagem nesse som são expostos, assim como ele é hipnotizado pelos olhos sedutores e poderosos da Medusa. Ele vai se envolvendo e sua loucura vai o levando para outros níveis de desilusão.
Os fãs dos temas místicos e de Queens Of The Stone Age com certeza vão escolher esta canção como uma de suas favoritas, principalmente pelas suas alternâncias vocálicas.
Assim chegamos ao terceiro interlúdio, “Downfall”, este que antecede a queda com os dizeres: “Eventualmente, ela te pega de alguma forma. Você sabe, esta coisa que você tem tentando fugir vai te achar. E talvez torturará você. Você não conseguirá realmente fugir disso.”
E nesse tom de barco prestes a afundar chegamos na densa e melódica “Put a Little Fire”. Ela é de certa forma uma balada do mundo desabando. Com o artifício de um slide de guitarra e sussuros de “Put a Little Fire” a canção ganha todo o drama que esta passagem faz o personagem sofer.
Uma psicodelia que flerta com o country de certa forma para alguns, um desert rock para outros. O que importa é que nosso herói se sente preso envolto nos braços da Medusa.
Assim chegamos em “Heavy Rain” como já explicado anteriormente é sobre um relacionamento abusivo em que faz mais mal do que bem. No contexto do disco, como a compositora da canção Maria conta “seria o relacionamento entre o nosso personagem (que narra o disco) e a enganadora medusa, que o transporta por uma viagem degradante e psicodélica.”

Na sequência termos o quarto interlúdio do disco, “Below”.  Que diz algo como: “No fim, nos abraços isto feito um karma. Destino. Eu tenho quase certeza que vou chamar disso. Pode se tornar algo realmente bom como por exemplo você começar a fazer caridade. Você começar a procurar por outras pessoas. É pode ser uma boa coisa. Ou aceitar isso, e aceitar quem você é. Ou seja algo odioso e mal. O que você vai fazer é continuar mantendo esse ódio e faça o queimar dentro de você. Eventualmente isso pode ser demais.”
Assim o portal para o caos e as trevas é aberto. Trevas estas expostas na melodia de “Time Devour”. A tensão paira no ar e o descontrole se instaura a cada verso. O personagem se vê perdido nas sombras. Ele atingiu o fundo do poço e está feito um trem desgovernado.
Destacaria o duelo tenso entre a fúria da guitarra calibrada e embebedada pelo demônio do fuzz em conjunção com o baixo pegado alá Black Sabbath. É como se o castelo de cartas estivesse desabando e o inferno estivesse corroendo a mente de nosso desiludido personagem. A derrota é iminente e seus sonhos vão sendo sugados pelo buraco negro.
Calibrada e vibrante é assim que chega “Daring Gent Or Mindless Fool” mostrando que o labirinto já não possuí mais saídas. O personagem está tão perdido que sua única saída é aceitar seu destino. Ele foi envolvido pela Medusa e aos poucos foi enlouquecido feito um louco anestesiado pelos altas doses de antidepressivos. Sua alma pede clemência, mas seu corpo não mais o atende.
O último interlúdio, “Slide And Razorblade” possuí uma trilha gravada em um violão de cordas que soa como uma balada carregando a alma do pobre infeliz para as profundezas do inferno.
Ela serve para recalibrar as energias para o final apocalíptico do disco, “The Arsonist”. Esta que já chega cheia de viagens alucinógenas feito uma trilha de filme de terror. O peso vai se adicionando feito uma serra elétrica que mostra o fim da linha para nosso amigo. Totalmente entregue ele aceita seu destino e esse é por sua vez seu maior erro.
Emocionalmente sem forças para resistir, a Medusa ao som de guitarradas lisérgicas que soam como um tubarão: dá o bote e fecha o caixão. Assim deixando nosso personagem queimando no inferno eternamente.

O primeiro álbum cheio da Carbo, The In-Between, mostra através de uma narrativa despojada as aventuras de um personagem que tem sua queda registrada. Este que é persuadido pela Medusa a se entregar lentamente. Ele vai perdendo a cabeça aos poucos embebedado pelo pessimismo e desilusão. Passa sua vida a limpo e aceita sua iminente derrota. Tudo isso sobre um viés um tanto quanto pessimista. Um destaque fica por conta dos interlúdios que por mais que soem para o ouvinte como “apenas firulas” tem uma missão importante em conduzir o ouvinte para tentar desvendar os pedaços do quebra cabeça que faltam.
Na parte musical o álbum viaja pelo campo do rock psicodélico flertando com o stoner rock e com lapsos da vitalidade e transgressão do tão punk, grunge. É interessante ver a sinergia e conexão entre as guitarras que se aventuram por solos e arranjos bem elaborados indo de encontro com linhas de baixo no talo. A bateria por sua vez tem a missão de transmitir todos esses sentimentos de dor, raiva, insegurança e perdição através de suas batidas.
The In-Between além de ser o primeiro disco cheio consolida de vez o som da banda. Mostrando que os 7 anos fizeram com que fossem somados uma porção de aprendizados e fechando um ciclo. Muitas canções são antigas e ganharam novos arranjos sob a atual formação. Irá agradar com certeza dos fãs do rock chapado as viúvas de Kurt Cobain.

[Hits Perdidos] A banda foi formada em 2010 e após uma série de mudanças – incluindo a entrada do baterista na banda – chegou a uma nova fase. Se firmando como uma banda de rock pesado que passeia pelas ondas do stoner.
Como tem sido o entrosamento do trio e a nova perspectiva sobre o trabalho?

Leo: “As várias mudanças foram essenciais nas mudanças de som da banda, a gente acaba por pegar sempre novas influências com um membro novo e até mesmo essa troca ajuda no entrosamento. Ele tem sido muito bom, na real: a gente já se conhece tem tempo e o som fluiu muito fácil desde o início. E vivência né, claro… banda não pode ser só o som… processo de gravação e concepção de álbum, que são “brabeira”, e fazer um clipe à base de vinho barato, por exemplo, são empurrões fortes nesse entrosamento (risos).”

 
[Hits Perdidos] Para aquecer para o lançamento no fim do ano passado vocês lançaram o clipe de “Mama”. E haja bebedeira, com recursos simples vocês transformaram o palco do Estúdio em uma derradeira, honesta e divertida farra entre amigos.
Contem para nós como foram as gravações do clipe.

Leo:  “Bicho… dolorido, tonto e seguido de bastante dor de cabeça (risos).
O clipe rolou de um jeito bem natural, só jogamos a GoPro e mudamos um pouco da sala de estúdio onde gravamos, no Estúdio Jukebox, e demos REC.
Foram 3 horas de gravação, no total. Durante esse tempo, a gente fez 11 takes – a gente começou a beber um pouco antes de gravar, naquele aquecimento saudável, e após cada take a gente mandava um ou dois copos de vinho pra dentro. Aí papeamos bastante, trocamos muita ideia sobre tudo e tivemos várias ideias ali, em cima da hora mesmo.
Ao longo dos takes, as ideias foram ficando piores, junto com nossa coordenação motora, e aí foi aquela coisa ridícula que se viu (recomendamos assistir na metade da velocidade pra poder ver todos os momentos lamentáveis) (risos).”

Maria: “Foram o mais handmade possível. Pegamos equipamentos emprestados dos amigos que podiam emprestar, montamos o cenário em cima da hora e compramos um galão de 4L de Cantina (além de um Velho Barreiro e uma Leonoff que não deu pra consumir). Daí demos play na GoPro e começamos a gravar os takes.
Entre cada take, bebíamos pelo menos uns dois copos de vinho, às vezes mais, às vezes menos, às vezes vira-vira. Lá pro quarto take começaram a surgir as escoriações, porque os três já estavam bem bêbados. No quinto ou sexto take, a câmera caiu no chão por causa da bagunça, o que deu origem ao enquadramento louco e à última cena do clipe. Detalhe: foram dez takes ao todo.”


[Hits Perdidos]
 A épica “Heavy Rain” também foi lançada como teaser com uma postura mais séria e mais calcada nas raízes do estilo. Diria até que mais dramática, contem qual a história por trás da faixa?

Maria: “A “Heavy Rain” foi a primeira música minha que foi gravada pela banda. Como o CD leva muitas músicas do Leo que foram feitas na primeira fase da Carbo, mais hard rock, a “Heavy Rain” é uma das que representam a nova fase, grunge e stoner, que começou quando assumi o baixo e o André voltou às baquetas.
A música saiu como b-side do single “Mama” e fala sobre um relacionamento conturbado, abusivo, que mais machuca do que faz bem, mas do qual o protagonista não consegue escapar. No contexto do CD, seria o relacionamento entre o nosso personagem (que narra o disco) e a enganadora medusa, que o transporta por uma viagem degradante e psicodélica.”


[Hits Perdidos]
 Nesta segunda-feira (16) vocês estão lançando o primeiro disco cheio da Carbo, In-Between. O que crê que une todo o álbum? Queriam passar quais mensagens?

Carbo: “O álbum fala de transição. Ele é como uma mixtape que foi gravada aos poucos, como se durante algum tempo uma pessoa falasse um pouco da sua vibe e jogasse ali um trilha pra aquele momento dela.
É meio que testemunhar uma pessoa ir caindo…do escapismo pra crise e culminando numa queda. É bastante pessimista, no contexto, mas cada música traz um aspecto diferente, e percepções sobre os momentos que no início parecem ser como um diário, e meio desconexas e vão se construindo… não são sempre pessimistas, e passam até por peripécias juvenis, mas vão ganhando sentido real com o passar do tempo, com peso e densidade.”


[Hits Perdidos]
 Algo que observei foi que o disco tem vários interlúdios que de certa forma quebram o ritmo da obra. Qual a intenção deles? Soar como se estivessem gravando uma fitinha old school (Mixtape)? De onde veio essa ideia?

Carbo: “Isso, isso… rola até uma dica na primeira música, “Electric Heritage” (risos). A intenção é registrar, introduzir as vibes mesmo.
A narrativa meio que surgiu de uma das músicas, a que tinha um aspecto narrativo mais forte, a “Daring Gent or Mindless Fool” (geralmente as letras são mais devaneios ou impressões, mais vagas)… a história dela meio que nos chamou a atenção pra história que a gente vinha contando, dessa transição toda.
E aí vimos que o jeito mais forte pra gente, que tem muito de anos 90 no som e influência, era fazer como registros pessoais (algo como breves relatos num psicólogo ou audio diário) intercalados com o que seriam as músicas de cada vibe como se fazia em fitas.”

 
[Hits Perdidos] “Slide And Razorblade” que é uma das quebras do disco conta com a viola cósmica. Seria uma parceria com o Rafael do Nãda?

André: “Na real, o nosso violeiro galático predileto foi inspirador, mas dessa fez a gente mesmo se atreveu a brincar no violão de aço com o slide mesmo. Esse interlúdio é a origem da última música, é a hora de brilhar de um elemento que cerca o álbum todo, o slide. Eu sou fascinado por ele e essa coisa mais cortante e sem notas tão definidas ajuda a traduzir bastante do que acontece ao longo do álbum, a presença dessa coisa pra finalizar em algo mais agressivo e ruidoso.”

 
[Hits Perdidos] Como foi o processo de composição? São músicas totalmente novas ou foram se reformulando ao decorrer do tempo de banda?

André: “Tem bastante música no cd, desde 2011 ou 2012 se não me engano (desde a minha primeira passagem pela banda) e acredito que algumas já existiam desde antes disso ainda, da época em que o Riliann (baixista original) ainda fazia parte da banda e acredito que com exceção de “Mama” todas as músicas mudaram bastante desde que começaram a ser ensaiadas até o resultado final. “Put a Little Fire” e “Electric Heritage” eram músicas beeem diferentes, e tenho versões demo pra provar e soltar “sem querer” na internet qualquer hora. Era bem ruim, mas era bom. Mas era bem ruim.
O processo de composição foi o seguinte: alguém chegava com alguma ideia ou esqueleto de música (riff + letra) e a gente ia trabalhando, montando e remontando até chegar no que a gente achava fechado. Depois de fechado, o Léo voltava e mudava tudo e mexia tudo de novo mesmo com a gente reclamando, e fazia a gente passar raiva e começar o processo meio que do zero de novo. Repetidamente até fechar o disco.”


[Hits Perdidos]
 A psicodelia também faz parte da panela, assim como no outro projeto de vocês, a Stone House On Fire – onde André e Leonardo são membros – como acredita que cada estilo soma no som?

Carbo: “Acho que rolou naturalmente pelas coisas que a gente ouve, mas acaba que entra em partes onde parece um caminho natural, num é muito planejado e acaba que vira parte do som final. Em uma determinada ocasião a culpa é toda de um brigadeiro bastante suspeito.”


[Hits Perdidos]
 Com tantos projetos rolando ao mesmo tempo vocês tem planos de saírem em tour com a Carbo?

Carbo: “Cada um dos membros do trio tem seus próprios projetos paralelos (o André sozinho tem uns 27), o que, obviamente, torna mais difícil conciliar uma agenda. Mas, estamos planejando mini tours, shows de lançamento do CD e parcerias com outras bandas de um jeito que dê pra Carbo rodar bastante tocando nosso rock sujo por aí.”

Playlist Especial de Lançamento The In-Between

Para fechar o post com chave de ouro a Carbo preparou uma playlist feita especialmente para o Spotify oficial do Hits Perdidos. Nela cada integrante escolheu 10 canções (com excessão do Léo que se empolgou e escolheu logo 11) que os influenciaram para dar a vida ao álbum. O desafio fica para vocês tentarem descobrir quais foram as escolhas de cada integrante!




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This post was published on 16 de janeiro de 2017 3:28 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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