Nova MPB: Valentim Frateschi, Ana Frango Elétrico, Rubel, Marina Sena, Felipe Cordeiro, Alulu Paranhos e mais!

 Nova MPB: Valentim Frateschi, Ana Frango Elétrico, Rubel, Marina Sena, Felipe Cordeiro, Alulu Paranhos e mais!

Valentim Frateschi lança em Première na coluna Nova MPB o álbum ESTREITO via Seloki Records. – Foto Por: Mole Enterprise

A Nova MPB trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido na música brasileira. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!

Sobre a Nova MPB

A música brasileira em permanente reinvenção.

“Nova MPB” olha para artistas que transformam a tradição em novidade, misturando gêneros, territórios e experiências pessoais em obras que falam diretamente ao nosso tempo. Aqui cabe desde o samba torto até o folk psicodélico, passando por eletrônica, afrobeats, indie ou funk. Porque MPB é muito mais do que um estilo – e não parou na década de 70.


Valentim Frateschi álbum ESTREITO por Mole Enterprise - Nova MPB
Valentim Frateschi lança em Première na coluna Nova MPB o álbum ESTREITO via Seloki Records. – Foto Por: Mole Enterprise

Nova MPB #3

Valentim Frateschi ESTREITO

Um dos músicos mais ativos, e promissores, da nova geração paulistana, Valentim Frateschi, lança pela Seloki Records seu álbum de estreia. ESTREITO reúne nove faixas criadas pelo compositor, produtor e arranjador ao longo dos últimos cinco anos. E talvez seja por isso que o álbum saia do lugar-comum citado em “Meu Contato”, faixa que no disco tem participação de Sophia Chablau.

Há espaço para a MPB, o jazz e a experimentação, o que vem sendo uma marca do coletivo de músicos que orbitam a sua volta, o que acho algo muito alinhado com a forma que consumimos música hoje em dia. A máxima de “faça o som que gostaria de ouvir”, nunca fez tanto sentido como faz para essa geração. E como ávido consumidor de música, só resta aplaudir a audácia.

O músico mesmo afirma que a motivação para o título vem justamente da semântica e metáfora que encapsula não apenas o álbum, mas o momento existencial da trajetória sonora para se chegar ao presente. Por essa razão, o caminho “estreito” surge em seu horizonte como um campo de passagem… necessário e urgente para a transmutação.

Sempre falamos por aqui que discos não escolhem momento de lançamento. A maturação das composições não necessariamente é algo linear, embora o momento de despejar no mundo uma hora tem que chegar. “Pássaro Cinza”, “Corpo Colado”, “Estreito” e “Mau Contato”, por exemplo, vieram desse contexto fragmentado, desde a concepção, a finalização dos arranjos que se transformaram ao longo do tempo (2019 – 2022).

O orgânico e o abstrato

Em tempos de centenas de milhares de estratégias de lançamento, o incontrolável orgânico ainda acontece. “Falando Nisso”, feat com Nina Maia, é a prova disso. Ela foi a primeira a ser gravada e foi lançada ainda em 2023 como single – sem necessariamente ter o contexto do disco, sendo incorporada ao trabalho apenas após um tempo.

É dessas imperfeições e experimentações que o disco faz o que gostamos tanto: se permitir. E você sente ouvindo que se tivesse mais tempo, as soluções poderiam mudar. Essa lógica que coloca o artista x qualquer mandamento do mercado que faz de trabalhos assim tão genuínos. Vinhetas como “flnd”,” novo espaço”, e “Colado”, são resquícios do processo de gravação.

Ao todo são 25 minutos de duração, com colagens sonoras interessantes e passeios por territórios que misturam na timeline mental do ouvinte um misto de nostalgia, desamparo, ansiedade e ânsia pelo futuro. Talvez os males silenciosos que dão a tônica para o mundo moderno. Entre esses caminhos estreitos que temos que passar ao longo do nosso amadurecimento pessoal existem curvas sinuosas, síndromes do impostor e muitos fantasmas. E não é fácil, todos sabemos. As provas aparecem a todo momento e esses estreitos ao longo da vida parecem ficar ainda mais desafiadores. Mas a gente acostuma e tem que dar nossos pulos.

Como inspirações na composição, Valentin cita nomes como Vovô Bebê, Maurício Pereira e Ana Frango Elétrico. Já no campo das referências para a sonoridade a mistura de ritmos e timelines atemporais aparecem: “vejo o disco como um cruzamento entre João Donato, Jards Macalé e Arthur Verocai com Crumb, BADBADNOTGOOD e Yellow Days”.

Rubel e Marina Sena “Carta de Maria”

“Carta de Maria” foi escrita e produzida por Rubel, junto com Gabriel Duarte, diretor musical do último álbum de Marina Sena. A proposta era justamente criar um universo sonoro que dialogasse simultaneamente com o último trabalho de Rubel, Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso? e o último trabalho de Marina, Coisas Naturais. Para isso, trechos de ambos os discos foram sampleados.

O tema dos amantes reflete nas visões de amor dos interlocutores na letra, ele quer estrutura e conforto, ela quer liberdade e aventura. A personagem é uma mulher livre, sagaz, que resiste aos encantos e armadilhas que o conforto pode oferecer, como quem resiste à anestesia da alma.

“Essa música foi feita para eu cantar, eu me identifico com cada detalhe dela, assim que escutei, mandei mensagem para ele falando que eu queria cantar ela. Agora está no mundo”, comenta Marina.

“A música tem suas magias e seus mistérios. Quando escutei a Marina cantando essa música pela primeira vez, em um show que fizemos juntos, senti que a música tinha sido escrita para ela. Todo mundo sentiu isso. A letra ganhou vida na boca dela. E eu fiquei muito feliz com o resultado da produção musical que fiz junto ao Gabriel Duarte – um híbrido do meu universo com o ‘Coisas Naturais’”, completa Rubel em material enviado à imprensa.

É justamente esse conflito entre a calmaria e a tormenta do mar que une os universos dos artistas. No campo instrumental, os arranjos criam imagens para colorir a dicotomia desse romance – entre a cruz e a espada.

Ana Frango Elétrico “Luz Del Fuego”

Para a trilha sonora da série original da Globoplay, Dias Perfeitos, do diretor Raphael Montes, Ana Frango Elétrico regravou uma versão para “Luz del Fuego”, de Rita Lee, com produção da AMABIS, formada pelos irmãos Gui, Mariana e Rica Amabis. A versão ganhou ares de mistério, sinestesia e elementos que criam novas dimensões para a música. O resultado impressiona justamente pela capacidade de transformar quase que completamente as melodias e harmonias da canção original.

Alulu Paranhos Põe Esperança Nisso

A cantora carioca Alulu Paranhos lançou seu álbum de estreia, Põe Esperança nisso, percorrendo ritmos como forró, reggae e MPB, o que lhe rendeu até mesmo elogios por Caetano e Gil. O material, inclusive, foi produzido por Mahmundi. Neste registro ela ainda teve como parcerias de composição artistas como Ava Rocha e Iara Rennó. “Ainda é Verão”, tem parceria com o alagoano Bruno Berle, já “Para Declarar Minha Saudade”, tem parceria com o português Tiago Nacarato.

Em entrevista para o Correio Braziliense, ela comentou mais sobre suas influências: “Como uma boa geração Z, acho que em um dia consigo ouvir mais de seis estilos musicais facilmente, gosto muito de música brasileira em geral!

A galera da Tropicália, com certeza, marca grande parte da minha influência identitária por toda a liberdade junto com Arlindo Cruz, Novos Baianos, Ludmilla, Ivete Sangalo, Pabllo Vittar, Vanessa da Mata, Marisa Monte, Dominguinhos e atualmente Marília Mendonça que tem todo o meu coração. A nova galera da música brasileira, como Liniker, Bruno Berle e Marina Sena me inspiram muito também, estou sempre ouvindo as novas canções e álbuns que são lançados. Essas são minhas referências, mas isso não quer dizer que faço música igual a eles, inclusive sempre fui péssima de imitação.”

O resultado é bastante pop e tropical, um disco fácil de ouvir e absorver.

Tainá e i o u é “Hamlet”

Representando a cena do norte do país, o som da cantora e compositora, Tainá e i o u é, “Hamlet”, chamou bastante a atenção por aqui de maneira bastante positiva justamente por fugir das fórmulas propagadas pelo mercado.

Natural de Manaus (AM), a artista tem como uma das suas referências na música Tom Zé que pôde ter contato com ela durante a produção do álbum, e tanto ela como seu parceiro Guilherme Pestana Vaz receberam elogios do músico como “Grandes esperanças da música”. Segundo o próprio, o vindouro disco, METACOMUNICANÇÃO: “‘É bastante experimental e corajoso.”

Ela adianta que o álbum terá 12 faixas inéditas com participações de artistas como Joana Queiroz, Célia Vaz, Dirceu Leite, Everson Moraes, Aquiles Moraes, Marcelo Callado, maestro Hilo Carriel, entre outros. O disco também contará com a participação especial da ativista e multiartista indígena Mepaeruna Tikuna e nos coros, Chico Mendes Bisneto.

É justamente a existência que ganha versos irônicos na faixa que mistura a obra de Shakespeare, arranjos de cordas e sopro, um toque de drama e a mistura de ritmos. Altamente recomendado para quem gosta do senso de humor presente em Mormaço Queima, de Ana Frango Elétrico.

Marcelo Tofani feat. FBC, Rogério Flausino “Brincadeira”

Uma cozinha bastante mineira! É essa a mistura de Marcelo Tofani, FBC e Rogério Flausino em “Brincadeira. Para promover o single, eles até mesmo brincaram com o podcast PodPah. Pop sem medo, o encontro é daqueles que pareceu nascer para bombar nas plataformas de vídeos… se é que você me entende, justamente pelos versos perfeitos para edits.

Pélico e Ronaldo Bastos “Infinito Blue”

Pélico e Ronaldo Bastos estão prestes de lançar um disco em parceria, A Universa Me Sorriu – Minhas Canções Com Ronaldo Bastos, com lançamento programado para 26/09, e a primeira mostra do material foi o single “Infinito Blue”.

“Eu tinha feito, mas não encontrava uma letra que combinasse. Mandei para o Ronaldo e ele fez uma letra incrível, bem imagética, criando um clima mágico para canção”, revela Pélico que guardou a melodia para esta música por um bom tempo.

Após isso, eles convocaram João Erbetta para gravar o violão de nylon. É justamente essa fusão entre atmosfera, pulsação e letra que deixam tudo bastante visual com cara de trilha sonora de produção audiovisual.

O vindouro álbum foi produzido por Jesus Sanchez e será lançado pelo selo SÓLÓV/YB.

Felipe Cordeiro, Duda Brack, Otto “Vem, Love”

Encontro de potências! É assim que podemos traduzir “Vem, Love”, fruto do encontro entre o paraense Felipe Cordeiro, o recifense Otto e a carioca Duda Brack. O batuque do Amapá entrou como referência e de recheio para sua guitarrada, como ele mesmo comenta: “O batuque é tocado e reverenciado por populações quilombolas do Amapá, do ladinho do meu Pará. É um ritmo afro-amazônico intenso, forte, catártico”.

A produção ficou por conta de Marcos Cuper, a percussão, ficou por conta de Franci Óliver e Aiyra, já a estreia ao vivo ficou para o festival The Town.

Ana Spalter “Café”

A cantora, compositora e multi-instrumentista paulistana, Ana Spalter, abre os caminhos para seu álbum de estreia, Coisas Vêm e Vão, com lançamento previsto para este mês. A faixa chega com produção de Betão Aguiar (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Preta Gil), foi escrita ainda em 2021 e segundo ela conta: “a história de alguém que sofre de saudades, mas segue com sua rotina para não se “distrair” com o amor – a rotina, aqui, como problema e como solução”.

É justamente o descompasso do instrumental que simula como a mente inquieta lida com a ausência, essas pausas e arranjos se somam a potência vocálica e fazem dela por si só um hit perdido. O café, claro, vira metáfora na letra, de uma mente que não consegue parar, nem que por um minuto, como ela mesmo ironiza com astúcia na composição.

Como curiosidade: a composição nasceu de uma experiência pessoal de Spalter, que escolheu dar voz a um protagonista masculino, sendo essa a única relação heterossexual retratada no ainda inédito disco de estreia.

LARA “No Mundo da Lua”

Após o EP, Faíscas, LARA lança seu álbum de estreia, No Mundo da Lua com 11 faixas e produção de Alexandre Fontanetti. O nome do disco veio até mesmo de um universo bastante particular da artista. Sempre diziam que ela vivia “no mundo da lua”, devido à frequência diferente em que parecia viver, alheia às preocupações imediatas presentes na nossa rotina. Ela acabou adorando isso.

Segundo LARA, o álbum é sobre permitir-se imaginar, sonhar sem fronteiras e ver beleza onde outros talvez não procurem. É menos uma fuga da realidade e mais uma forma de reinventá-la. É justamente essa narrativa bastante pessoal, ao mesmo tempo que universal, que poderá unir os que também vivem por outros planos, entre sonhos, amores e destemperos do cotidiano.

“Expus minhas fantasias nas letras, ressaltei meus contrastes nas sonoridades e acolhi as texturas da minha voz. Espero que, ao ouvir esse disco, as pessoas encontrem um lugar onde possam pertencer.”, frisa LARA sobre a obra.

Playlist: Nova MPB

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