Paira aparece na coluna de Hits Perdidos da Semana com o EP02. - Foto Por: André Iosolini
Dia de estreia no Hits Perdidos! Continuando a saga de apresentar às 10 novas editorias, a Hits Perdidos da Semana trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido na música brasileira sem rótulos. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist mutante!
Nossa seleção editorial com os lançamentos mais instigantes da última quinzena.
Direto das profundezas da música independente para os seus ouvidos. Periodicamente, uma nova edição da playlist com apostas, descobertas e sons que merecem mais atenção. Uma curadoria, calma e como você gosta, com a nossa credibilidade independente. Sem aquela necessidade incessante de alimentar algoritmo. Uma lista humanizada.
Pouco mais de um ano atrás o duo mineiro Paira lançava sua bem recepcionada estreia pelo selo Balaclava Records – e por aqui falamos em primeira mão (leia mais). Misturando ritmos como UK Garage, experimental, Drum & Bass, Indie Rock ainda mais lo-fi e emo, entre guitarras e breakbeats, a continuação foi gravada logo em seguida em meio ao ritmo de turnê.
Entre as principais influências do novo material, segundo Clara Borges e André Pádua estão nomes como Alex G, Porches e do produtor de funk Rensgo (DF). Além de uma ampla base de referências de uma vida toda contemplada por artistas como Cap’n Jazz, Number Girl, Grouper, American Football, Goldie, Squarepusher, Charlie Brown Jr. e Clube da Esquina.
“Esse EP foi quase todo composto no segundo semestre de 2024, em meio a uma barragem de viagens para fazer e assistir shows juntos com a Balaclava, sem contar que estávamos os dois vivendo relacionamentos a distância nesse período”, diz André Pádua
“Começamos a morar juntos pra tocar a Paira pra frente, mas quase não paramos em casa nesse tempo. Acho que o EP02 vem um pouco desse caos repleto de vivências novas e empolgantes”, complementa Clara Borges.
Com 16 minutos de duração, o mix de faixas mais explosivas e mais contemplativas leva o ouvinte a ter uma experiência energizante em seu instrumental. Já as letras têm seus próprios sinais nas entrelinhas e amplificam os conflitos internos entre saudade e esperança. Tudo isso construído de forma não-linear, que pode, desta forma, gerar identificação por quem esteja vivenciando momentos recheados por questionamentos e incertezas. As melodias servindo como uma espécie de cama para anestesiar os sentimentos.
O lançamento do EP02 veio acompanhado com um videoclipe para “Pra Sonhar”, single até então inédito dirigido por Lucas Campos. “Acredito que esta seja a música da discografia da Paira com a letra mais positiva. Fala de nascimento e expansão, do novo. Tentamos retratar isso no clipe buscando as imagens distorcidas da câmera 360 e dos anjinhos como sinais de coisas boas por vir”, complementa Lucas, que gravou o videoclipe utilizando câmera 360 no Parque Ecológico da Pampulha.
Após 7 anos do disco de estreia, o quarteto carioca Contando Bicicletas disponibilizou o single “Não Me Faz Bem”, que abre caminhos para o segundo álbum de estúdio, Aprendi o Truque, que contará com a produção de Patrick Laplan (Gabriel Ventura, Duda Beat) e terá 9 faixas.
“Decidimos lançar logo como primeiro single essa música que traz um som bem diferente do primeiro disco, pra já dar um gostinho do que é o trabalho completo: um passeio por várias estéticas, texturas e moods.
Não vai ter nenhuma outra música que soa exatamente como essa e esse padrão vai sendo mantido, a única constante é a própria mudança. Mas tem uma liga temática e a nossa abordagem é a mesma faixa a faixa.”, explica o vocalista e guitarrista Luiz Felipe.
Segundo os compositores: “A letra de “Não Me Faz Bem” descreve uma sensação de muita frustração e falta de controle, apesar do sofrimento ser revelado como autoinfligido. A angústia das imagens descritas como parte desse conflito interno de desejo, cobrança e culpa vai se acumulando até uma catártica explosão instrumental que fecha a canção.
E angústia e anseio foram parte do processo de trabalho nas novas músicas. Para chegar até o lançamento, a banda passou por muitas dificuldades impostas pelas novas realidades de suas vidas no pós-pandemia, a principal delas sendo a distância. Os obstáculos eram grandes, mas a vontade de criar junto foi maior.”
Suas linhas, e camadas, oníricas contrastam com a frustração e descontrole presentes em seus versos. Feito um joguete da natureza que músicos tantas vezes exploram com destreza. Mesmo sendo composta ainda em 2019, eles jamais imaginarariam que ela pudesse refletir justamente o terrível momento compartilhado pela humanidade nos anos seguintes, o que a deixa marcant marcante e o ciclo do seu lançamento, singular.
De Sorocaba, no interior de São Paulo, a Crise no momento se encaminha para o lançamento do disco de estreia da banda. Intitulado por favor, me perdoe. as más notícias finalmente chegaram sairá ainda neste ano e foi gravado e produzido por Italo Ribeiro, da Lastro Musical. A formação do grupo, que começou como indie-folk e direcionou o som para o rock alternativo dos anos 1990, Cristine Siqueira, Gabriel Pasin, Raphael Resta (guitarra), Caio Lobo (bateria), e mais recentemente teve a entrada de Enzo Mori (teclados e percussão).
Com curvas sinuosas, “Robofoot” tem atmosfera introspectiva e explora ambiências quase psicodélicas, podendo evocar justamente os grupos de rock da virada dos anos 80 para os 90. O teclado um tanto quanto The Doors e a guitarra Legião Urbana deixa tudo ainda mais sombrio. Apesar disso, a letra grita ao se deparar com um fantasma contemporâneo – onde uma geração toda tem medo de ter que trabalhar até morrer.
A respeito da composição eles comentam: “exprime um certo sentimento de quando se decide que chegou o momento exato a se dar um basta para uma situação desgastante, esses sentimentos trazidos por convívios e relações tortuosas capazes de colocar nos ombros um peso árduo e penoso.”
Em atividade desde 2023, o trio composto por Isabella Menin (baixo e voz), Tom Motta (guitarra e voz) e Vinicius Czaplinski (bateria) faz um lançamento que revisita o rock de outros tempos. Apesar de se autointitularem Indie Rock, “Rotina” vai beber mesmo é do rock/blues de artistas como Chuck Berry e ZZ Top. A canção chega com o tempero extra de ter sido escolhida para ser o primeiro lançamento justamente por ser a primeira criação da banda.
“A música surgiu em casa, a partir de um riff e uma melodia inicial que o Tom fez. Ele me mostrou a ideia e começamos a desenvolver a música juntos”, explica a baixista Isabella
“É a nossa primeira composição original e marcou o início da identidade sonora da banda, ainda nos ensaios e nos primeiros shows. A escolha por ela como estreia não é por acaso: costumamos encerrar os shows com “Rotina” e por isso ela acabou se tornando uma das faixas mais marcantes ao vivo, chamamos o público pra cantar com a gente. É um dos nossos momentos favoritos dos shows”, encerra Vinicius, o baterista
Não tem tanto tempo assim que Apeles lançou um disco. ESTASIS (leia mais) é de 2024. Isso sem contar as 60 demos de 2015 a 2022 que disponibilizou em março. Todos os lançamentos saíram pelo selo paulistano Balaclava Records. Gravado no lendário White Noise, recentemente assumido pelo produtor Leonardo Marques, em Los Angeles, o disco foi gravado em abril em uma única tarde. O registro, contém, em sua maioria, músicas já gravadas anteriormente, que agora ganham uma nova roupagem, mas também conta com a inédita “Cru (I Rise in Pieces)”.
A origem do nome Cru veio justamente ao se deparar com tantos equipamentos analógicos clássicos e toda a espontaneidade de gravar tudo em uma tacada sem lapidar tanto. O projeto é acompanhado por um filme em Super 8, captado no mesmo estúdio em apenas uma hora, com direção do premiado cineasta Daniel Barosa, traduzindo em imagem a intensidade e urgência do registro.
“Cru é o retrato mais despido que eu poderia imaginar para a minha carreira como Apeles. Desde 2015, tenho gravado músicas fora das minhas bandas, e sempre foi um processo muito vasto de produção musical, camadas, instrumentação e poesia. Quis trazer um registro que refletisse a essência de como as músicas foram feitas, e essa oportunidade de gravar tudo em uma tarde em Los Angeles com o Leonardo Marques foi perfeita. Fiquei muito feliz com o resultado, que traz a intimidade e a fragilidade das canções em sua forma mais pura.”, Eduardo Praça
“Hoje, ao olhar este vídeo, sou transportado ao passado, mas não parece um passado de quatro ou cinco meses atrás, e sim um lugar distante, quase como um sonho. Ter feito esse disco num relâmpago e totalmente fora do modus operandi do meu último álbum fez tudo parecer como se não tivesse existido, como se tivéssemos sonhado. Sou muito grato aos amigos talentosos que estiveram comigo nesse dia, registrando algo que tenho certeza ficará para sempre na minha história como cantor e autor independente”, pontua o músico.
O cineasta e músico paulistano, atualmente residindo em Florianópolis, Matias Lovro é a persona por trás do projeto TIASLOVRO que lançará em breve o EP Portos do Reino. Após disponibilizar, “Mountain”, que ganhou um videoclipe, foi a vez de conhecermos o single “Torre do Tempo”.
A canção folk construída como base voz e violão conta com arranjo de Caio Nazaro e Teco Costilhes. Já sua letra disserta sobre encontros breves e transformadores, vividos em um lugar simbólico: uma torre onde o tempo ecoa e deixa marcas profundas. A leveza da trilha não é por acaso, ele mesmo cita que o projeto um tanto quanto poético transita entre o movimento e o silêncio, o externo e o interno, o visível e o simbólico.
“Enquanto nas outras composições a letra dita o rumo da canção, sinto que em Torre do Tempo a ambiência sonora é rainha. O violão expressa mais do que as palavras em si. Acho que ela representa muito bem quem eu sou como compositor: meu negócio é contar histórias, criar mundos imaginários arquetípicos e deixar a imaginação do ouvinte completar as lacunas, projetando sua subjetividade.
Sonoramente, o brilho das cordas de “Norwegian Wood”, dos Beatles, me inspirou muito na composição dessa música. Por alguma razão, aquele som de violão e cítara ficava no meu ouvido enquanto eu compunha. Já como conceito e atmosfera, duas grandes referências são “The Shrine”, do Fleet Foxes, e “Tower of Song”, do Leonard Cohen, que tem uma versão linda interpretada pela Martha Wainwright.”, revela.
Ivana Wonder apresentou recentemente o single “Saudades de Mim”. Conhecida pelo projeto de música eletrônica Vermelho Wonder e pelos trabalhos de direção, edição e performance, a artista apresentou sua segunda canção como artista solo com produção de Fabio Pinczowski e o lançamento chega pela Joia Moderna.
A canção chegou junto de um videoclipe dirigido por Lucas Cobucci e Marcelo Jarosz. Seu desespero e lado sombrio, aliados a solidão e ao ecoar dos sintetizadores, ganham a pista e nos surpreendem pela intensidade, sinceridade e a destreza com que interpreta a canção que traz nos detalhes sua aura.
“Essa nova música é um passo importante na construção de um léxico próprio, que une som, imagem e presença. Ela é mais crua, mais direta, mais honesta. Uma ferida aberta, talvez. Mas também revela uma nova faceta do meu trabalho, que é o que quero explorar no álbum: mostrar as diferentes vozes que habitam em mim.”, revela Ivana
A respeito do videoclipe: “É um trabalho que reflete a expansão da minha linguagem artística, onde som, imagem e presença se cruzam de forma mais densa e precisa. A maquiagem, o corpo e a voz se expressam e traduzem afetos, tempos e desejos. Acho que a imagem desse projeto vem justamente reforçar esse lugar mais inteiro, consciente e alinhado com quem eu sou hoje.”
Após a entrada de Gee Rocha, do NX Zero, em 2022, e mais recentemente de Caio Weber (ex-Cefa), a BAD LUV que já contava em sua formação com João Bonafé (baixo), Murilo Amancio (guitarra) e Vitor Peracetta (bateria) com passagens em projetos como Matuê, Di Ferrero, Gloria e Day Linns, lançou seu álbum de estreia “NÓS”.
O território do rock alternativo/metalcore de artistas como Bring Me The Horizon e Bad Omens, além do universo já construído em próprias bandas anteriores, como Gloria e Cefa, ajudam a entender o momento das composições do grupo que apresentou no dia 05/08 um disco com oito faixas. O material que ainda conta com a participação do rapper Luccas Carlos tem uma clara tentativa de fazer um equilíbrio entre o peso e pop.
“Além da primeira pessoa do plural, que eu acho que tem tudo a ver com o disco em vários aspectos, ‘NÓS’ pode ter um significado irônico à primeira vista, o que também faz um certo sentido, já que pode significar o plural de ‘nó’. Essas músicas são os ‘nós’ que nos unem, esse álbum é sobre a nossa conexão, tanto entre os cinco, quanto com a música. Entre aspas, o título significa algo que queremos destacar dentro das nossas histórias, aquilo que julgamos importante hoje em dia”, explica Caio.
Com produção de Lux & Tróia que já estão ao lado da Duda Beat já há um bom tempo, a pernambucana disponibilizou um EP com uma curiosa versão para “Foi Mal” dos Boogarins cantada no melhor estilo karaokê – o que pegou a cena indie completamente de surpresa. O material ainda conta com participações de TZ da Coronel e a rapper AJULIACOSTA.
“Esse EP é sobre sonhos reais, coisas que eu não vivi, mas que ficaram em mim como se tivessem acontecido. Eu sou uma pessoa que, quando sonha, parece que está vivendo de verdade.
Tem gente que sonha com coisas malucas, aleatórias, sonha com Bob Esponja numa onda de refrigerante, mas eu não. Meus sonhos são reais demais. Sou eu andando na rua, sou eu na praia, sou eu encontrando alguém. Acordo com a sensação de que vivi aquilo. Quando falo de sonho real, é sobre isso.”, comenta Duda
Outro destaque no cenário independente aparece em “Nossa Chance”, faixa com o baixo de Alberto Continentino, músico consagrado que já colaborou com nomes da MPB como Caetano Veloso, Nana Caymmi, Beto Guedes e Cássia Eller – e feat com TZ da Coronel, o resultado no campo do instrumental é crocante.
This post was published on 15 de agosto de 2025 9:00 am
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