Bratislava recorre à literatura grega no intenso 5° álbum de estúdio

 Bratislava recorre à literatura grega no intenso 5° álbum de estúdio

Bratislava – Foto Por: Lais Lima

Do que seria a vida sem fim de ciclos onde é possível a transformação. Assim como a própria semântica da palavra, esse ato de mudança é fruto de um processo. Ou como a matémática define: função de um espaço em outro. Foi esse processo de reformulação da Bratislava que vem desde Parte do Que Vem (2022) que o grupo paulista vem passando ao longo dos últimos anos.

Além, claro, nas voltas e surpresas que a vida de cada integrante se ressignifica com o passar do tempo. Entre dores e aprendizados eles foram buscar respostas na literatura grega durante o período de composição. Como o vocalista Victor Meira, responsável pelas letras, nos afirma em entrevista exclusiva.

Fato é que o sentimento de vivenciar as nuances da vida humana transparecem ao longo do quinto álbum de estúdio do grupo que já se apresentou até mesmo no grandioso palco do Lollapalooza Brasil que na semana que vem divulga o seu line-up. “Casa em Chamas”, um dos principais singles desta nova fase, traz consigo uma conversa íntima tanto com quem ouve, como também com a própria história da banda. Até por isso, eles revelam que é a mais “Bratislava Raíz”. A finitude e a fraqueza humana também são temas que ganham os holofotes no novo disco que permite se colocar no lugar de desconforto da vulnerabilidade.

A linguagem e a pluralidade ritmica também é um fator a se destacar. Uma hora bebendo do rock progressivo, de grupos como The Mars Volta, outras vezes buscando linhas mais funkeadas, como dos Parcels e Daft Punk, ou até mesmo na bateria mais post-punk e na explosão do At-The Drive In. As frequências realmente importando dentro da narrativa. Tudo isso sem medo, ou vergonha, de soar pop, algo que já aparecia no registro anterior. O peso se contrapondo a delicadas melodias.

“Estamos trazendo vibes de toda a carreira da banda para esse disco. Canções mais carinhosas, outras mais brabas. Letras mais acessíveis e fáceis de se compreender, assim como letras mais enigmáticas e imagéticas também. Enfim, reúne tudo o que a Bratislava já foi e que pode ser. O disco que finalmente leva o nome da banda é o disco com o qual a banda tá confortável em dizer: isso aqui é a gente”, conta Victor Meira


bratislava - album
Capa Design Gráfico: Polar Ltda.

As transformações do quinto álbum da Bratislava

É destas poesias e analogias a situações tão mundanas que a identificação por alguma situação vivida, ou que possa experimentar em algum momento da vida, que a parte lírica da vida pode se transformar dependendo da fase da vida que esse disco cruzar na tua frente.

E quantas vezes já não fizemos isso no contato com a arte, não é mesmo? Um livro que em determinado momento ressoa como uma resposta clara para uma situação mas que anos depois você se vê crítico. Uma música que parece ter um significado que você associa a sua memória afetiva e no fim é muito menos inofensiva do que parecia.

Sinto que essa busca por ambiências e significâncias criam universos significativos quando pararmos para prestar a atenção nesse autointitulado. “Valeu”, por exemplo, tem a parceria de outra nova banda da cena de rock paulista, a Fraterna Trip. O fator troca e de estreitamento de relações como parte do processo de concepção da obra.

Ainda sobre o termo transformação, costumo lembrar de uma fala de Doreen Shaffer, do Skatalities, quando em um papo que parecia ser trivial se transformou em algo que levo comigo sempre que posso como amuleto quando fico preso a pensamentos mais intrusivos sobre o medo pela mudança. Fui pedir uma foto e me veio em mente questionar sobre como ela via a mudança e transformação da música jamaicana ao longo dos anos. Ela simplesmente sorriu e disse “a mudança é algo bom”. E continuou: “enquanto um jovem ver o nosso trabalho e continuar a interpretar ao seu modo, eu vejo que todos ganhamos com isso, e eu acho um barato.”

Na vida somos colocados em provação de tempos em tempos, é importante termos nossos valores e crenças, mas muitas vezes mudanças servem como portais para tudo que precisamos e não sabíamos. Esse disco traz consigo diferentes situações e vivências reinterpretadas daqueles textos gregos mas que no final são apenas histórias orais, assim como boas canções, que tem algo a te fazer reflexionar, tomar como aprendizado e transformar.


Bratislava por Lais Lima 2
BratislavaFoto Por: Lais Lima

Percepções da primeira audição

Durante a audição que aconteceu na Casinha.cc pude conversar com um amigo que teve um bom insight sobre o material. Como a audição foi feita em blocos de canções com Victor introduzindo em pequenas pílulas um pouco sobre o eixo que movia as canções, notamos que se pegarmos o disco e dividirmos em duas partes, feito um vinil com lado A e lado B, temos duas faces. Uma mais densa, espacial e progressiva. E outra mais pop, arrejada e com guitarras mais açúcadas.

Uma outra percepção foi justamente sobre como os anos 2000 tiveram impacto nas curvas e frequências do novo disco. Não como cópia, muito longe disso, mas no plano da inspiração. Algo que também não fica na parte superficial da década já que todos estavam no começo das suas adolescências e vivendo aquilo com muita intensidade. Vejo isso como muito positivo, inclusive, pois ajuda a acessibilidade do disco e a verdade intrínseca de quem o fez.

A intensidade também é uma marca deste material. Desde as memórias da infância (“Cine Delírio”), a explosão (“Nossa Voz”), o luto (“Alma Mágica”) e o distanciamento (“Sabor Fantasma”), por exemplo. Cada uma com uma proposta sonora distinta mas sem perder o densidade (em tempos onde imploramos por coisas menos superficiais).

A sensação que fica ao ouvir o disco é como muitas vezes a vida parece ser um filme em que temos certeza que de estamos no controle mas invariavelmente tudo muda e temos que administrar todas as consequências tanto pelos atos como porque deixou de fazer. Feito um teatro grego, o drama e as reviravoltas, acabam surpreendendo mesmo que numa frequência mais lenta. Às vezes embriagada em riso, às vezes segurando lenços para desafogar as mágoas. Porque a vida vai muito além do entretenimento.

O quinto disco da Bratislava definitivamente te faz pensar. E nada como “Deve Ser Normal” para canalizar todo esse sentimento agregado. “A verdade é um filme de ficção que vira comédia no Brasil / Deve ser normal / Pois é” ou então em “Dizem que a estrada é confusa / mas vou percorrer já que a vida não vai me levar”.

Entrevista: Bratislava

Já no começo do disco temos “Nossa Voz”, que flerta com hardcore e o post-punk, uma levada bem diferente, mais pesada, mas assim como em “Fogo”, deu uma liga bem interessante.

Como tem sido esses testes com a nova formação? Seu background musical é totalmente o oposto disso, tem sido algo que tem curtido experimentar em estúdio? A letra também tem isso de deixar a sua marca na terra, como tem sido esse novo momento?

Victor: “Quem mostra os primeiros esboços de “Nossa Voz” é o Felipe, membro mais recente da banda, que se juntou a nós em 2022 e trouxe muita coisa legal com ele. Quando ele mostrou, bateu certo meio já de cara, a gente sentiu um saborzinho At The Drive In na levada, nos acordes, e puxamos ela pra dentro.

O Zé foi quem teve a ideia de iniciar o som com a guitarra sozinha “chamando” o começo da música, e desde então ela passou a ter esse cheiro de primeira música do disco ou do show, sabe? Além disso, abrir o disco novo com uma composição que não tinha começado nem por mim nem pelo Zé era um jeito de abrir o disco com uma outra visão, com bastante sabor de novidade mesmo.

A letra, como todas as outras letras desse disco, surgiu da minha percepção do que a música já vinha expressando: um sentimento de urgência, desespero, fatalidade. Então a canção vai se construindo assim, e cada passo que dávamos nela estava conectado com o passo anterior.”

Felipe: “Eu estava há alguns anos sem tocar até entrar pra Bratis em 2022, então “Nossa Voz” ter essa força pra ser a faixa um do álbum traz um simbolismo grande de recomeço pra mim. Eu tinha um esqueleto simples de verso, refrão e esse riff principal de guitarra. Lembro de ter composto em meio à pandemia e ficou guardado ali no HD do computador.

Quando resolvemos trazer ideias para a pré-produção do disco, em 2023, apresentei para a banda e todos curtiram bastante. Trabalhamos juntos nela até chegar na versão final. Eu chamava ela de “Osmar” por achar que tinha algo de Omar Rodríguez-López (risos).”

Gustavo: “Pra mim o processo desse disco foi bem diferente do anterior, tanto por questões pessoais de mudanças gigantes de rotina quanto de estética do som. Apesar de gostar e saber tocar músicas com uma veia mais pesada, eu não tinha a vivência de compor e gravar sons mais nessa onda.

No “Parte do Que Vem”, primeiro disco que gravei com a Bratis, as músicas eram muito mais parecidas com o que eu estava acostumado em ouvir e tocar, e temos muitas músicas dentro do disco novo que mostram ainda essa faceta mais leve/dançante. Foi um aprendizado construído no estúdio, passando as músicas, ouvindo e testando, e acredito que o resultado dessa faceta mais “pancada” do disco ficou bem sólida no final.”

Sinto que o disco tem muito de procurar os cacos, entre situações bem pessoais e outras mais no campo do existencialismo, de tentar se encontrar com o “eu de outros tempos”, assim como o ressignificar de relações e recomeços.

Como foi o período de encubação delas e como sente que suas vivências acabaram escoando para a parte poética?

Victor: “Acho que cada um da banda atualmente está vivendo períodos de grandes transformações na vida, realizando grandes rituais de passagem mesmo. Falando por mim, eu tô extremamente carregado dessa energia ao longo de todo o processo criativo desse álbum. Então pode-se dizer que essa é a grande temática do nosso quinto álbum: o fim, a morte, a transformação, a passagem.”

Você sempre procura trazer muitas referências literárias para as analogias que faz ao longo dos discos, seja qual for o projeto, quais sente hoje que reverenciou ou estava imerso quando compôs?

Victor: “Eu estive mergulhado e fissurado em literatura clássica grega e romana durante todo o período em que escrevi as letras, lendo e estudando a Ilíada e a Odisseia de Homero e as Metamorfoses de Ovídio. Eventualmente você vai encontrar menções ou referências a essas literaturas em algumas das músicas.

Por exemplo, há uma passagem nas Metamorfoses que conta de um sujeito que precisa guardar um segredo precioso – algo cujas pessoas não podem saber naquele momento, mas que não pode se perder. Como nosso protagonista não domina a escrita, registrar em um livro não é uma opção. Então o personagem tem a ideia de cavar um buraco e sussurrar o segredo ali, voltando a enterrá-lo logo depois. Assim, o tempo, as intempéries e os ventos vão escolher o momento certo de liberar esse grande segredo para o mundo. Aqui vai um trechinho do capítulo entitulado “Midas e as orelhas de burro”, página 304 na edição da Penguin:

O escravo sussurra a história que não pode contar num buraco que faz na terra, e enterra a história lá. Eventualmente, depois de um tempo, talvez anos, o vento vem, sopra a terra e a história passa a circular por aí.

De certa forma, é o que acontece em “Nossa Voz”. O protagonista percebe que seu mundo vai ser dizimado pela fúria do vulcão e, por isso, se debruça sobre a tarefa de construir um aparato ou tecnologia que permita registrar a voz daquele povo, para que futuras gerações saibam que eles existiram.”

“Cine Delírio” tem um tanto dos receios e medos com o futuro. A própria banda já passou por algumas formações, mas que não cortaram o elo entre vocês, o que é algo muito bonito.

Como sente que essa noção (sobre esses medos e receios) foi amadurecendo e se transformando ao longo dos anos?

Victor: “Cine Delírio conta a história de um sujeito que vai ao cinema ver o filme da própria vida, e se apavora na hora de encarar as partes mais difíceis, as cenas feias, tristes, pesadas. Ver o filme da sua vida passando diante dos seus olhos no leito de morte, ou numa experiência de quase-morte (NDE/EQM), é uma ideia muito comum da nossa cultura. E de certa forma, a humanidade produz algo perto disso agora, com as redes sociais fazendo um registro contínuo das nossas vidas.

A diferença é que nas redes só colocamos os episódios bonitos, os que queremos lembrar. O Cine Delírio não poupa os momentos ruins. É o juízo final, a grande verdade revelada, o exercício de reviver todas as emoções que sentimos na nossa experiência de vida. E no fim, perceber o quão catártica e libertadora foi aquela experiência.”


Bratislava por Lais Lima 02
Bratislava lança seu quinto álbum de estúdio. – Foto Por: Lais Lima

Sinto que nesse trabalho vocês quiseram puxar mais o tema das relações humanas num geral, entre o estender a mão para o amigo, a dor de um amor que já não está mais ali, os novos elos, ou questionar o próprio modo de agir com as situações do dia a dia.

Como foi para vocês contrapor justamente o peso e a responsabilidade dos temas com um instrumental mais imersivo, muitas vezes pegando carona no progressivo, numa batida mais pacificadora, às vezes pop… mas sem perder a seriedade?

Victor: “Teve um caráter de colheita, eu acho, de processos criativos que eu tinha semeado no disco anterior. Parte Do Que Vem (2022) foi um aprendizado incrível, um mergulho muito fundo de autoconhecimento no meu processo de composição e escrita. Mas com a profundidade dessa apneia vem a pressão do abismo, no sentido de ter sido um trabalho muito esquadrinhado, protegido, intencional, desenhado… neurótico.

Afinal, queríamos mudar um pouco de direção, fazer canções mais universais. Nesse novo trabalho eu me deixei guiar muito mais por vontades, desejos, deixei o coração ser bússola. Então é um disco mais diverso em termos de sonoridade e estética. E nas letras, me reconciliei com meu lado mais poético, de escrever versos mais difíceis, mais exigentes, confiar mais na vontade do ouvinte de descobrir essas terras novas, de descascar essa fruta que às vezes tem casca grossa.”

Tem música que ganhou até apelido, “Fantasminha”, mas quais as favoritas de cada um de vocês?

Victor: “‘Casa em Chamas’. Ela foi a última a entrar pro conjunto, a última a ser composta, e surgiu num relâmpago de inspiração desses que surgem uma vez a cada decênio. Perguntei no privado aqui pra cada um dos manos, eis o que cada um trouxe:

: “Cara, sempre muda pra mim, mas acho que a música mais true Bratislava é a “Casa em Chamas”. Gosto da profundidade que ela tem, acho um som mais instigante.”

Felipe: “Não sei. Depende, viu? Acho que “Casa em Chamas”. Se todo mundo falar ela, posso escolher outra.”

Jonas: “A que eu mais gosto de ouvir: “Casa em Chamas”. A que eu mais gosto de tocar: “Te Deixar Pra Trás”.”

Gustavo: “‘Deve Ser Normal’. Sem muitos comentários, só gosto demais dela mesmo!”

Victor: “Sobre o começo da pergunta ali, “Fantasminha” era o nome-protótipo dela, antes de ganhar o nome final. Volta e meia a gente continua chamando elas pelo primeiro nome que tiveram. Eram esses:

Nossa Voz: Osmar
Casa em Chamas: Descoberta
Deixa a Criança Dançar: Gemalvado
Valeu: Antena
Fica Mais Leve: Daft
Cine Delírio: Cobra Atroz
Alma Mágica: Calvário
Sabor Fantasma: Fantasminha
Te Deixar Pra Trás: Oitabraba
Deve Ser Normal: Pastel
Quando Você Chegar: Grospel
AMORTE: Kart

Ficaram de fora canções que não chegaram a ganhar um nome final: 6pormeiaduzia, 7bello, Gilgil, Lumber, Maravilha, Meiobahia, Ministério, Moses, entre mais algumas outras.”

A parte gráfica na Bratislava sempre teve um carinho especial, como foi desenvolver isso dentro deste novo trabalho e o que podemos esperar dos vídeos?

Victor: “A gente tem mesmo um carinho muito grande pela parte visual em cada projeto nosso, e sempre temos uma turma muito talentosa ao nosso redor. Quem assina as capas dos singles, do disco e cartelas dos vídeos é a Polar Ltda, que também assinou a do disco anterior. É uma galera inacreditável de talentosa, somos fãs do trabalho deles e é um privilégio poder trabalhar com eles.

Para os vídeos chamamos a brilhante Lais Lima, que captou cenas e fotografou todas as sessões de gravação e fez também os visualizers que estão vindo para as faixas do disco. O Beto White assina 2 dos visualizers (“Sabor Fantasma” e “Casa em Chamas”), ambos gravados no estúdio Jacarandá, do qual ele é sócio. Beto é um grande amigo nosso, já dirigiu outros clipes da banda (“Terra Do Nunca Mais”, “Fogo”) e já até tocou com a gente – foi o baterista da turnê que fizemos pelo nordeste em 2018. Chamei eles aqui pra contarem um pouco também da perspectiva deles como foi:

Lais: “Eu já era fã da banda e ter o prazer de acompanhar e registrar o processo da gravação do novo disco foi sensacional. O desenvolvimento das peças visuais foi corrido pelo pouco tempo que tínhamos de agenda, mas com a colaboração de todos tudo saiu da melhor forma.

O trabalho foi em equipe, desde o início das ideias das peças até a finalização delas – digo que em equipe pois todos são muito criativos e contribuíram solidamente para que a produção, as gravações e o todo o processo de pós das peças fossem gratificantes. Trabalhar com pessoas tão legais e talentosas faz com que o trabalho em si se torne muito prazeroso.”

Beto: “Quando o Victor me mostrou “SABOR FANTASMA” pela primeira vez, tive a sensação de que uma atmosfera meio “vampiresca” combinaria bem com a canção. E foi por esse caminho que seguimos! Adotamos contraste, silhuetas e cores que evocam a sensação de nostalgia e de mistério, alinhada perfeitamente com o tema da canção.

Optamos por um plano aberto estático intercalado com closes suaves, o que, combinado com a composição minimalista do cenário, reforça a sensação de alienação e contemplação. O que era para ser um simples visualizer, virou um videoclipe, o que foi muito massa!

“CASA EM CHAMAS” foi mais desafiador do que os outros que já fiz com a banda. A ideia era fazer um live action do meme do cachorrinho “this is fine”, como uma fotografia viva. Fomos até meu estúdio e gravamos duas opções de vídeo, sendo uma com chroma-key e outra sem.

A primeira opção se mostrou bem desafiadora! O ambiente era pequeno e os cuidados com a luz no chroma-key são a chave do sucesso para um vídeo como esse. No fim, a composição ficou super legal, e mesmo dentro das adversidades do estúdio, conseguimos um resultado interessante. A partir daí o Jonas, guitarrista da banda mas que também detona no VFX, fez a mágica acontecer! Foi uma experiência diferente do que estou acostumado, onde as preocupações técnicas eram maiores que as artísticas.”

Como é lidar com tantos projetos diferentes ao mesmo tempo (Bratislava, FALHA, Godasadog…) na hora de terminar uma composição e pensar “hmm, essa ficaria perfeita para esse projeto”… . rolam algumas dúvidas? Sei que você tem eras criativas muito intensas e depois uns desafogos, como entende essa dinâmica? Chega a testar com as diferentes pessoas envolvidas?

Victor: “Eu costumo me organizar para que os projetos estejam sempre em fases diferentes do processo. Então quando eu tô compondo para a Falha, tô gravando com a Bratislava e divulgando som novo do Godasadog. Aí quando vou compor pro Godasadog, Falha tá mixando e Bratislava tá soltando single.

Então com isso eu consigo mergulhar no processo criativo singular de cada projeto, respirando o propósito de cada um, um de cada vez. E eu gosto disso, é uma forma de me manter sempre criando, produzindo e divulgando.”

Pra fechar, o quanto de nostalgia sente que esse disco vai bater para quem viveu os anos 2000?

Victor: “(risos) legal essa pergunta. De fato, acho que a gente quis pra esse disco uma sonoridade que batesse muito certo pra nós mesmos. E anos 2000 era ali o ápice da nossa adolescência, época em que a gente ouvia música com a paixão na medida certa, que é ouvir transbordando. É o jeito mais gostoso de se entrelaçar com a música.

As canções desse novo disco ressoam assim na gente. Pode ser que ressoem da mesma forma em quem tem a nossa idade e reconhece os signos sonoros daquela época. Mas também fizemos essas novas canções para quem é adolescente agora e quer abraçar as músicas até cair no chão e se lambuzar de lama e amor com elas. Por que não?

Pra quem quer ser pego pelo som tem surra de guitarra, riffs maneiros, refrões pra cantar junto já depois de ouvir pela primeira vez. Para quem quer pegar o som tem camadas novas a serem descobertas nas letras, cascas de diferentes grossuras entre os significados e sonoridades, coisas que só vão ser descobertas com a repetição. Que daqui a 25 anos esse disco seja objeto nostálgico de quem descobrir ele agora, aos 14 de idade – idade que eu tinha em 2000.”

Felipe: “O disco tem sim essa nostalgia dos anos 2000, mas longe de ser um álbum datado, sabe?

Acho que por conta das nossas referências, podemos chegar nessa ideia de nostalgia dos anos 2000. Quisemos fazer um álbum que tivesse músicas que sempre sentiríamos vontade de ouvir e tocar. Cada um teve o seu processo para chegar nesse lugar. Acho que é um álbum com muita personalidade, trazendo uma boa mistura do que ouvíamos lá atrás e do que estamos conhecendo e curtindo hoje.”



Ficha Técnica:

Produção musical: Hugo Silva e Ian Fonseca
Assistente de gravação: Pedro Camargo
Drum Tec: Rafael Carvalho
Percussões (faixas 2, 3, 5, 8): Josivaldo Morais
Backing vocals guturais em “Nossa Voz”: Iuri Grangeiro
Participação em “Valeu”: Fraterna Trip
Revisão de arranjos de guitarra: Filipe Galadri
Estúdio de gravação: Estúdio Alvorada
Mix: Hugo Silva
Master: Fernando Sanches (El Rocha)
Assessoria de Imprensa: Build-Up Media
Registros visuais, clipes e visualizers: Lais Lima
Clipes “Sabor Fantasma” e “Casa em Chamas”: Beto Whyte
Design Gráfico: Polar Ltda.
Redes Sociais: Studio Araus

O álbum novo da Bratislava é uma produção da Inova Com Cultura e da Abstrato Coletivo, com apoio da Inova Com Valor e realização do Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas – #ProAC2023.

error: O conteúdo está protegido!!