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Gop Tun Festival 2024 e por que precisamos prestar mais atenção à música eletrônica

Gop Tun Festival 2024 aconteceu no Canindé e celebrou a música eletrônica

No final de semana do dia 20 de abril, aconteceu a terceira edição do Gop Tun Festival sediada no antigo clube social da Portuguesa de Desportos, agora revitalizado e batizado de Live Stage Canindé. A Gop, como é carinhosamente apelidada pelo seu público, trouxe 30 artistas de todo o mundo divididos em quatro palcos em 17 horas de festa.

É interessante perceber que muitas pessoas não enxergam relevância ou não tem intimidade e gosto por música eletrônica, mas ela está mais presente no nosso cotidiano do que a gente imagina. Por exemplo, você vai fazer uma compra em uma loja e tem uma música tocando no fundo, geralmente é alguma vertente de eletrônica que remete ao ambiente fashionista de uma passarela de desfile de moda.

Ou quando você começa a jogar um novo jogo no videogame e a trilha sonora dele é meio robótica e estilizada para ter uma cara tecnológica como os gráficos do jogo, também é música eletrônica.

Agora imagina as divas pops, as bandas psicodélicas e os rappers que fazem tanto sucesso no ouvido da galera por aí… Referências e samples de sonoridades eletrônicas percorrem suas músicas.

Claro que isso se dá aos avanços tecnológicos das últimas décadas, a mudança na expectativa e paciência dos ouvintes de música, disseminação das redes sociais, mas, o reconhecimento da música eletrônica é por grande parte dos movimentos, grupos e artistas que lutam para tirar o gênero da marginalidade fazem anos e conseguindo tirar suas festas de acontecerem apenas em fábricas abandonadas e espaços isolados. Hoje em dia, a maioria dos maiores festivais pelo mundo tem palcos exclusivos para música eletrônica.

Para continuar convencendo que a música eletrônica tem seu valor, o Hits Perdidos foi a terceira edição do Gop Tun Festival, que aconteceu no último sábado em São Paulo.

O Começo da Gop Tun

A festa nasceu dentro de um grupo de Facebook em 2012 que tinha como objetivo juntar pessoas para trocar músicas e resenha de festas. Então, alguns participantes se juntaram e criaram um espaço para que as pesquisas do grupo saíssem apenas do virtual. Inicialmente a ideia era fazer uma festa diurna, algo que na época não era comum.

Agora, doze anos depois, os amigos Caio Taborda, Bruno Protti, Fernando Nascii e Gui Scott celebram a terceira edição do festival Gop Tun com um line up de 30 artistas das mais diversas partes do mundo divididos em quatro palcos que mais pareciam quatro universos diferentes.


Gop Tun Festival. – Foto Por: @cognicaoeletronica

Main Stage

No Main Stage, o palco onde tocaram as maiores atrações da noite, recebeu nomes como a dupla Octave One, uma das mais celebradas do techno e house de Detroit, e que foi a maior atração da noite, Octo Octa & Eris Drew, tocando em back to back, numa pegada old-school house e os próprios donos da festa, Gop Tun DJs.


OCTA X ERIS. – Foto Por: @cognicaoeletronica

Danceteria

Atrás do Main Stage ficou o palco Danceteria que tinha foco em house e disco, ritmos levemente mais calmos e suaves para dançar gostosinho enquanto toma um drink com os amigos que recebeu nomes como o DJ australiano Tornado Wallace, um dos últimos a manter a essência de uma Ibiza que não existe mais, cheio de beats numa velocidade de pôr do sol com muito groove.

Não Existe

Do outro lado do Main Stage ficou uma espécie de tenda chamada Não Existe, nome perfeito para o local onde predominaram experimentações e inovações sonoras. Um dos destaques desse palco, sem dúvidas, foi a holandesa DJ Marcelle que não se preocupa muito com técnica nem com aparência, uma DJ anarquista da cabeça aos pés. Vale ressaltar também a performance do francês Loïc Koutana, aka L’Homme Statue, membro dos projetos Teto Preto e My Girlfriend.


DJ Marcelle no palco Não Existe. – Foto Por: @cognicaoeletronica

Supernova

O palco Supernova, entretanto, me ofereceu a experiência mais legal da noite que foi a apresentação da brasileira Carol Schutzer, a Cashu. Uma das cabeças por trás da Mamba Negra, além de DJ ela é produtora cultural e pesquisadora do mundo da música eletrônica, o que enriqueceu demais seu set.

Durante uma hora, Cashu conseguiu contar uma história detalhada e estruturada sem uma palavra cantada se quer. Acho que o techno tem disso, é uma vertente mais melancólica e profunda e por isso vai mais fundo na musicalidade e na apresentação do set.

O festival seguiu o caminho de toda a trajetória da Gop Tun, que sempre se interessou em revitalizar lugares esquecidos de São Paulo. A festa já reviveu parques temáticos como o Playcenter e clubes sociais dos anos 50 e seu público adora isso, faz parte da experiência do festival. O urbano tem muito contato com a música eletrônica, assim as festas também são formas de ocupar e dar vida à cidade.

O coletivo também presta muita atenção na questão da representatividade, dentre os mais de 30 artistas que tocaram, 18 eram mulheres. Além disso, o espaço do festival é extremamente acolhedor a qualquer um que queira entrar e é muito possível enxergar isso na liberdade da expressão corporal e artística vista no próprio público.


Peroni. – Foto Por: @cognicaoeletronica

This post was published on 30 de abril de 2024 9:00 am

Sofia Tremel

Meu nome é Sofia, mas pode me chamar de Soso. Me dedico a comunicação, escrita e visual, fazem 4 anos e é a uma grande paixão, só não é maior que meu amor pela música, que me acompanha todos os dias e me transformou em quem eu sou.

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