Dirty Grills, duo feminino de garage rock, mostra em EP sua voz de resistência

 Dirty Grills, duo feminino de garage rock, mostra em EP sua voz de resistência

Dirty Grills – Foto Por: Casagrito Produções (Daniely Simões, Cacau Azevedo)

Com referências de punk rock, grunge, stoner, garage e rock’n’roll, o duo Dirty Grills, de Florianópolis (SC), está em atividade desde 2021, prezando pela estética do faça você mesmo. Tendo lançado seu primeiro EP, Faz Teus Corre, Irmão (Dinamite Records). Agora é a vez de apresentar seu sucessor com 5 novas faixas, o autointitulado chega através do selo paulistano Aurora Discos, de Carlos Eduardo Freitas, do Estúdio Aurora.

A formação é composta pela guitarrista de vocalista, Jéssica Gonçalves e Mariel Maciel, na bateria. A nova mostra já chega com o espírito do rock de guerrilha dos anos 90, onde temáticas como empoderamento feminino no rock começaram a ser vistas com mais atenção em um cenário (até hoje) dominado por homens. Até por isso elas nos contam no material de divulgação que o disco reflete sobre a luta diária das mulheres contra padrões tóxicos cada vez mais perpetuados na sociedade.

“O EP fala sobre sobrevivência. E sobre mecanismos de defesa que toda mulher precisa criar para conseguir viver e ser vista nessa sociedade opressora e machista.”, conta Jéssica


Dirty Grills - FOTO PROMO EP 1 CAPA
Dirty GrillsFoto Por: Casagrito Produções (Daniely Simões, Cacau Azevedo)

Dirty Grills Dirty Grills (2024)

Com Premiere nesta sexta-feira (19), o EP teve antes na quarta-feira o lançamento do clipe para “Chernoboy”, assinado pela Casagrito Produções.

O teaser deixa clara a proposta artística de músicas tocadas rápidas em pouco menos de 2 minutos, riffs de guitarra rasgado e verdades apontadas na cara. Espírito garageiro de duos como Deap Vally, mas sem perder o espírito do L7. O material gravado no Estúdio Aurora teve a mixagem e masterização de Júlio Miotto.



Criando um anticlímax para o que virá pela frente, “Se Eu Não Quiser Cantar, Eu Não Canto” abre o material feito vinheta para vídeos de skate, agressividade e força, feito uma música do Unsane. Na sequência temos “Chernoboy” chega rasgando, com bateria intensa e efeitos na voz para colocar o ouvinte na paranoia dos relacionamentos tóxicos.

Com nome que vai direto ao ponto “Gado Nazista, Vai Se Fud*”, é a mais politizada do EP, o que ganha ainda mais camadas visto que a banda é de um dos estados em que o ex-presidente teve mais votos nas duas últimas eleições. Como som de resistência, a faixa tem um lado mais cruel, e visceral, feito Nirvana, em In Utero (1993).

A carga mais emocional, entre raiva e reflexão, transparece em “Gosto de Ter os Pés no Chão Enquanto Não Tem Ninguém Pisando em Cima”, esta com acordes da psicodelia do blues e stoner rock. Do encorajamento, a cura, a faixa expurga os demônios e convida o ouvinte passando por algo semelhante a se libertar.

“Não Tem Vacina Pra Esse Vírus”, também evoca a força interna para superar as adversidades da vida em um geral. Do apoio dos próximos, a vontade de seguir os seus sonhos e objetivos sem perder os seus valores e crenças. É esse o caminho do novo EP do grupo catarinense que mostra como a cura muitas vezes está dentro de nós mesmos e como podemos mudar a nossa própria realidade com atitudes.

Faixa a faixa por Dirty Girlls

Jéssica conta um pouco mais sobre as histórias por trás do EP.

1. “Se Eu Não Quiser Cantar, Eu Não Canto”

“O EP abre com uma música pesada e tribal em que a mensagem “a gente não é obrigada a nada” fica escancarada.”

2. “Chernoboy”

“Essas faixas falam especificamente sobre relacionamentos tóxicos, sejam eles de quaisquer natureza, e o quão necessário é se perceber e romper com a necessidade de aprovação.”

3. “Gado Nazista, Vai Se Fud*”

“Essa coloca tudo na conta do fascismo misógino, homofóbico e racista que a gente tem de lutar contra todos os dias. Essa música foi feita durante o governo do último presidente da república e, apesar de estarmos em outro momento (mas nem tanto), é sempre um prazer gritar “FUCK ALL NAZI SCUM”.

4. “Gosto de Ter os Pés no Chão Enquanto Não Tem Ninguém Pisando em Cima”

“Sabe aquela sensação de que nada que a gente faz é bom o suficiente? Que fazer o que quer que seja vai decepcionar ou machucar alguém? Causar desaprovação? Essa música fala sobre ‘desligar’ esses sentimentos e percepções de reprovação, e fazer aquilo que se quer fazer, se percebendo como um indivíduo que não precisa agradar ninguém, que pode ser livre.”

5. “Não Tem Vacina Pra Esse Vírus”

“Aqui, damos um soco na cara de todas essas coisas que nos deixam doentes e como podemos criar armas. Saiam da frente, que a gente não vai mais ser intimidada. Somos fortes e determinadas, e não estamos nem aí pra ficar tentando nos encaixar em situações ou meios que não nos interessam.”

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