Ainda em 2015 conheci através da ferramenta de recomendados do Youtube uma banda ainda com poucas canções – e nenhum disco lançado. Seus sons eram baladas tristes com guitarras que automaticamente passavam uma sensação de nostalgia de romances que não deram certo. Feito um flashback, a sonoridade do Cigarettes After Sex também pega emprestado riffs contemplativos de grupos como o Slowdive, Cocteau Twins, Yo La Tengo e até mesmo Mazzy Star como alguns disseram nos comentários ao se referir ao single “Nothing’s Gonna Hurt You Baby”.
Lembro até que escrevi um texto no fim daquele ano contando sobre a “descoberta”. O primeiro disco veio só em 2017 com direito a primeira passagem pelo Brasil, aliás, a maior parte do repertório dos shows se baseia nele, algumas trilhas de filmes e séries como como Lúcifer, Gypsy, Ecos na Escuridão, Big Little Lies e The Sinner acabaram ajudando a espalhar e apresentar as canções melancólicas dos texanos para um público que geralmente não chegaria sem essa ferramenta de marketing a um grupo com essa sonoridade.
Apesar das melodias serem ótimas para dançar a dois, as letras vão para o caminho oposto. Refletindo sobre términos, relacionamentos tóxicos entre outros dramas românticos contemporâneos. Algo que na primeira vez que pude assistir em show produzido pelo site Monkeybuzz, ainda em dezembro de 2017, notei algo que de certa forma chocou o vocalista e compositor Greg González.
Durante a apresentação ele pode reparar nos isqueiros e celulares com luzes para o alto, e casais se beijando como se fossem músicas de amor, a cada balada executada. Em determinado momento González automaticamente reage com estranhamento dizendo que aquelas eram canções tristes mas logo recua e volta a sua introspecção habitual. Desde então eles retornaram para apresentações no país em 2019 e agora para o Lollapalooza além do Lollaside show (em única apresentação fora do festival realizada na Audio na noite da segunda-feira 27/03).
Formado em El Paso, no Texas (EUA) em 2008, o minimalismo é algo que está incorporado na estética do Cigarettes After Sex que passeia do pelo universo onírico dos filmes e no p/b. Algo que foi exigido até mesmo na transmissão da cobertura da televisão para que quem estivesse em casa tivesse a experiência completa do que eles querem passar como conceito artístico.
Se o show no Lollapalooza ficou eternizado por fechar o Palco Adidas, e acidentalmente, quase se transformado em um improvável “headliner”, por assim dizer, com direito a chuva que contribuiu para a experiência marcante de canções densas, contemplativas e tristes, show de luzes e estética como se estivéssemos rebobinando um filme antigo…na Audio a banda claramente se sentiu mais à vontade – e confortável para ser ela mesma. Poucos minutos antes da apresentação ainda era possível encontrar fãs comprando ingressos na porta da casa de shows, o que fez a casa ficar cheia.
Por volta das 21 horas eles entraram no palco da casa localizada na zona oeste de São Paulo. Por lá o público também comprou a estética com direito roupas pretas e muitos casais estiveram presentes – como não poderia deixar de faltar. Imersivo e minimalista, o show de luzes guia a apresentação. Com a bateria colocada propositalmente na frente no canto esquerdo e baixista do lado direito do público, o tímido vocalista fica recuado para trás – onde costumeiramente fica o baterista. As luzes “nubladas” criam uma atmosfera de distanciamento ainda mais intensa: trazendo o anticlímax se compararmos com a reação do público.
Empolgado com a atitude do público sempre que pode o vocalista e guitarrista, Greg González, passeia pelo palco para mais próximo do público para agradecer a receptividade.
Em entrevista recente para a Rolling Stone Brasil ele até cita sobre a euforia dos brasileiros durante as apresentações. Diz até que parece que estão indo assistir a um show de heavy metal. Fato é que eles são recebidos com bastante calor humano, se contrapondo a frieza da sonoridade e seu lado etéreo. No começo do show eles aproveitam para tocar canções mais novas como “Pistol” e “You’re All I Want”.
Experientes, eles sabem jogar na construção da sequências das canções. Emendando músicas que grudam na cabeça como “Cry”, “Affection” e depois “Nothing’s Gonna Hurt You Baby”, “Sweet” e “Sunsetz” (faixas que já entraram em trilhas sonoras). Antes do BIS ainda tem espaço para “Apocalypse” e seu refrão chiclete: “Your lips, my lips, Apocalypse”.
Após tocarem “Opera House”, quem fecha o show é justamente “Dreaming of You”, canção de 2012 – lançada cinco anos antes do álbum de estreia e uma das que puxam os hits que bombaram no Youtube em outros tempos. Simbólico, nostálgico, reverenciando a própria trajetória.
Eles agradecem ao carinho de São Paulo ao fim do show. O vocalista, o baixista e o roadie no apagar das luzes aproveitam para distribuir palhetas para recompensar quem ficou na grade. Nada mais justo!
This post was published on 28 de março de 2023 1:21 am
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