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terraplana vislumbra novos voos no disco de estreia “olhar pra trás”

Com os olhos virados para o retrovisor após 6 anos de atividades a banda curitibana lança seu álbum de estreia. O quarteto terraplana disponibiliza nesta quarta-feira (01/03) o disco olhar pra trás através do selo paulista Balaclava Records. Reunindo 8 faixas gravadas no Nico’s Studio no decorrer de 2022, o material foi produzido por Gustavo Schirmer (Terno Rei/Jovem Dionísio) e mixadas e masterizadas por Nico Braganholo (Terno Rei/Jovem Dionísio).

Para chegar ao resultado final foi um longo percurso, de construção de identidade até o momento de entrar em estúdio para gravar. A sensibilidade, as curvas sonoras, abstração e condensação de sentimentos se refletem no resultado final que vai passa por diferentes gêneros musicais além do shoegaze e post-rock dos primeiros dias dos paranaenses.

Com o disco oficialmente lançado eles se preparam para uma mini-turnê que contará com as datas:

9 de março – Bar Alto (São Paulo) – com Fernando Motta e Eliminadorzinho (Ingressos Esgotados)
12 de março – Fabrique (São Paulo) –  abertura para o Deafheaven (Garanta seu ingresso)
17 de março – A Obra (Belo Horizonte) – com Fernando Motta e Eliminadorzinho (Garanta seu ingresso)
18 de março – MOTIM (Rio de Janeiro) – com gorduratrans (Garanta seu ingresso)
19 de março – Canil Recs (Juiz de Fora) – com Purple Chameleon (Garanta seu ingresso)
31 de março – Basement Cultural (Curitiba) – com gorduratrans  (Garanta seu ingresso)


 

Capa do álbum olhar pra tras por Eduarda Hipólito

Entrevista: terraplana

Conversamos com exclusividade com o quarteto terraplana para saber mais detalhes do álbum de estreia olha pra trás.

O surgimento da banda tem tudo a ver com a internet e conexões, da época dos duos de post-rock e de shoegaze, passando pela reunião lá em 2017, EP, amizades com outras bandas. Como é para vocês chegar depois de lapidar por tanto tempo, lembro que a previsão era o disco sair ainda em 2021, finalmente sair? Sentiram que fez diferença passar por todos obstáculos e processos antes de lançar o disco de estreia?

terraplana: “A gente queria o lançamento de um álbum cheio desde o final de 2018, quando já tínhamos feito e tocado algumas novas composições, mas nunca tivemos um prazo realmente definido pro lançamento, nem pra começar a gravar. Aconteceu que gravamos demos e fizemos as composições em casa ou durante os ensaios, mas só conseguimos ir pro estúdio no início de 2022, que foi quando conseguimos investir na gravação do álbum.

Acho que esse período entre o EP e o álbum foi de muito aprendizado e crescimento para todos nós, tanto na vida pessoal de cada um quanto como banda. Aprendemos melhor a gerenciar as coisas, estabelecemos metas e fizemos novas conexões, tanto com o público quanto com outros artistas, bandas e trabalhadores da música no geral. Acredito que o álbum sai no momento certo e com certeza todo esse processo e obstáculos nos fizeram entregar algo mais maduro do que poderíamos oferecer anos atrás.”

O primeiro EP, Exílio, inclusive, vocês optaram por gravar tudo de forma caseira, e agora já foram para estúdio com produtor e mais estrutura. Como veem os ganhos e quais foram os maiores aprendizados do processo?

terraplana: “No primeiro EP a única opção que tínhamos era gravar de forma caseira, mas no fim foi uma oportunidade da banda aprender a experimentar, aprender sobre o processo de gravação, produção e mixagem em um ambiente confortável e familiar, entre nós mesmos, em casa.

Desde aquela época já pensávamos na possibilidade de gravar de forma mais profissional. Curtíamos o trabalho do Schirmer como produtor pelos seus trabalhos com Marrakesh e Farol Cego, duas bandas de Curitiba, e depois também do Terno Rei. O Nico mixou a maioria desses sons, então sabíamos que ia combinar, apesar de ser uma estética diferente.

De qualquer forma, gravar de forma profissional é completamente diferente de gravar em casa. Não fazíamos ideia de como era o processo, aprendemos como trabalhar em conjunto com um produtor, que além de nos mostrar um olhar diferente sobre nossa música, nos ajudou a desapegar de certas ideias e entender o momento de parar. Nesse processo de produção e mixagem, a gente sempre acha que pode melhorar a música ainda mais, mas mais importante do que mexer nelas infinitamente é finalizá-las e seguir em frente com novas composições.

E sobre ganhos, acho que o maior ganho é ver que o resultado final agradou todos nós, fizemos o melhor que conseguimos, entregamos um bom trabalho e todo o tempo e recursos investidos valeram a pena.”

Aliás, o primeiro lançamento é sobre estar sozinho e sobre experiências que achamos não ter como resolver senão somente com nós mesmos, qual o conceito central do disco e quais temas quiseram abordar?

terraplana: “Quando fazemos as músicas não pensamos em um grande conceito por trás do que estamos escrevendo, as letras acabam saindo de acordo com o que estamos passando ou estamos sendo inspirados no momento. De qualquer forma, acho que destrinchamos mais esse tema da solidão, angústia e auto reflexão. As letras são ambíguas, e apesar de estarem escritas mais em terceira pessoa, podem ser entendidas como o indivíduo falando consigo mesmo, numa busca pela individuação.”


terraplanaFoto Por: Eduarda Hipólito

A capa, inclusive, tem uma história toda diferente envolvendo câmera analógica. A ideia desde sempre foi usar ela ou o resultado impressionou tanto que acabaram optando por utilizar? Como foi também para vocês desenvolver a parte gráfica e audiovisual que guia o disco?

terraplana: “Como tínhamos em mente que o disco abordava esse tema central de reflexão e análise de si mesmo, dos relacionamentos interpessoais e das escolhas do passado, uma das ideias de capa era um rosto borrado, anônimo. Já conhecíamos o trabalho da fotógrafa Eduarda Hipólito com filme analógico e achamos que a textura única das fotos analógicas, meio nostálgicas, casava bastante com esse nosso disco, e o resultado nos surpreendeu.

Tivemos várias fotos boas pra escolher e passamos por um longo processo entre escolher as fotos e criar um projeto gráfico que trouxesse uma unidade entre as capas do álbum e dos singles. As escolhas estéticas sempre foram um diálogo muito aberto entre nós quatro para decidir e definir o resultado final, a Ste cuidou da parte gráfica e conceitual do disco e o Vini trabalhou nas edições de todos os nossos vídeos, mas tudo sempre de forma democrática, com todos concordando e dando suas opiniões.”

Entre as referências atuais de vocês, quais sons e bandas acreditam que influenciaram direta ou indiretamente? Tem alguma que irá surpreender os leitores? Aliás, como é para vocês o processo de composição e maturação das canções?

terraplana: “É difícil listar quais artistas influenciam a banda e cada membro especificamente. Creio que esse disco tenha influência direta de bandas e artistas como Viva Belgrado, Whirr, Unwound, My Bloody Valentine, Duster, Diiv, Pinback, Farol Cego, maquinas, Deafheaven, Sprain, Mildred, Steve Reich e Acetone, principalmente na questão do instrumental, mas também em relação às letras em alguns casos específicos. Porém, cada membro tem uma bagagem musical diferente que com certeza enriquece nosso trabalho de diversas formas, transitando entre o MPB, o sertanejo, o rock brasileiro e internacional de diversas vertentes, o hip-hop, o indie, a música eletrônica, enfim, são incontáveis as influências.

Tudo isso resulta em algo que achamos bastante original, como é o caso da música “cais”, que ao mesmo tempo que ela não é nem shoegaze, nem post-rock, nem post-hardcore, ela acaba sendo uma mistura de tudo isso. Temos uma playlist com algumas dessas referências disponível no perfil da banda no Spotify, caso alguém tenha interesse em sacar alguns dos sons mais específicos.

Sobre o processo de composição, a gente geralmente começa com uma harmonia, uma sequência de acordes, e depois disso pensamos meio que na letra e na melodia juntas, e testamos a música e compomos outras partes nos ensaios, ver o que funciona melhor e agrada mais a gente.

Então gravamos uma demo e a partir disso pensamos no que funciona melhor ou não em questão de estrutura e de timbre. Um processo que fez diferença, também, foi o de tocar a música ao vivo e perceber as coisas que funcionavam ou não no palco. As músicas “memórias” e “me esquecer” são totalmente diferentes das ideias iniciais por causa dessa experiência ao vivo.”

Vocês estão prontos para realizar uma mini-turnê de lançamento ao lado de artistas como Fernando Motta, Eliminadorzinho e gorduratrans. Os ingressos para o show no Bar Alto, inclusive, estão esgotados. Quais são as expectativas de vocês?

terraplana: “Espero que não seja uma mini-turnê apenas, e que a tour desse álbum passe por mais cidades que nunca passamos antes, inclusive logo a gente deve divulgar mais datas! A gente se surpreendeu que os ingressos do show no Bar Alto em São Paulo esgotaram tão rápido, estamos ansiosos pra tocar lá pela primeira vez já com a casa cheia! No fim, vamos aproveitar essa tour para promover o álbum e para alcançar novas pessoas que nunca ouviram a gente antes.”

terraplana olhar para trás


 

This post was published on 1 de março de 2023 9:00 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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