DPR estreia em grande estilo com show sold out em São Paulo

 DPR estreia em grande estilo com show sold out em São Paulo

Apresentação do coletivo sul-coreano no Brasil foi marcada pelo carisma dos artistas e por contratempos causados pelo público

 A curta passagem de DPR Ian, DPR Live e DPR Cream no Brasil, com um show esgotado no último domingo (16/11) na Audio, em São Paulo, foi marcada por momentos intensos e sinceros de troca entre os artistas e os fãs. “Honestamente, eu também senti algo a mais [nesse show], eu não sei o que foi, mas me deixou muito emocionado. Eu acho que vocês emanam uma energia que me faz sentir algo, bate”, pontuou DPR Ian em seu discurso antes da música final, To Myself. O sentimento ecoou na plateia, é difícil imaginar alguém que estivesse na casa durante o show sem criar impressões fortes – positivas ou negativas.

Quando as luzes acenderam e os artistas se retiraram do palco, os corredores de saída da casa foram tomados por gritos de “DPR, we gang, gang” (emblemática frase da música mencionada anteriormente), burburinhos sobre a performance e comentários impressionados sobre a aparência dos artistas. “Gostoso”, aliás, foi provavelmente a palavra mais dita pela plateia durante a noite. Mas os fãs também tinham mais a dizer, como as reclamações de desorganização e do comportamento de parte de público que empurrou aqueles que estavam próximos à grade e não ajudou os que estavam passando mal. Confira um resumo da noite de estreia do coletivo no país.


Antecipação para o show

Com ingressos esgotados em poucas horas, era possível prever que os fãs aguardavam ansiosamente o show e chegar com antecedência parece ter sido a ideia da maioria. As filas, que começaram ainda nas primeiras horas da manhã, cobriram a rua da casa por metros imensuráveis a olho nu até o momento de abertura dos portões. Víamos fãs se encontrando, webamigos se conhecendo, o vendedor que virou celebridade por gritar “olha o vape do Ian” repetidamente ao anunciar a venda de cigarro eletrônico, influenciadores do nicho de conteúdo sobre cultura pop sul-coreana tirando foto com seguidores e um ar de antecipação geral que não passou até às 20h20, quando os artistas subiram ao palco.

No intervalo de mais de uma hora entre a abertura dos portões gerais – uma hora após a entrada de quem havia adquirido o pacote VIP, com  direito ao Q&A e Meet&Greet de foto coletiva com os artistas – e o início do show, os fãs foram recebidos por uma música ambiente com sons isolados como batidas de coração, motores e buzinas de carro, quebra de ondas, entre outros, enquanto as luzes mudavam de cor no palco repleto de fumaça artificial. Foi quase cômico observar os gritos e celulares que surgiam repetidamente a cada novo elemento sonoro ou alteração na luz durante as horas antes do show. No fim, o ar cinematográfico tornou-se cansativo e os fãs pareciam querer economizar a bateria do celular mais do que capturar qualquer movimentação no palco. Puxaram breves gritos de repúdio ao presidente Jair Bolsonaro e favoráveis ao ex-presidente Lula, mas logo a atenção se dissipou para cantos sobre o grupo.

Quando as luzes apagaram e uma música tocou, finalmente quebrando o som ambiente, a antecipação voltou a subir. Mas logo foi interrompida por quinze minutos de narração dos artistas com reflexões sobre a vida, o amor, etc. Era esperado que um grupo tão audiovisual trouxesse mais elementos em vídeo para a abertura, mas quinze minutos com apenas o som de vozes não prendeu a atenção do público, que logo voltou a conversar por cima do áudio.

DPR em São Paulo
Apresentação do coletivo sul-coreano no Brasil foi marcada pelo carisma dos artistas e por contratempos causados pelo público. – Foto Por: Maria Luísa


DPR CREAM

Com o primeiro e mais curto set da noite, o produtor DPR Cream fez uma apresentação focada na música eletrônica e foi bem recebido pelo público que pulava até mesmo nas faixas que não pareciam ser animadas o suficiente para tal. Inúmeros “Cream eu te amo” também foram puxados pela plateia, mas a sensação é de que eles aguardavam mais o que estava por vir.

DPR Live

O rap melódico e pop de Dabin Hong, somado à simpatia do artista, foi a grande estrela da noite. Com artifícios visuais simples, porém impactantes – como balões infláveis, do gigante astronauta até pequenas boias, e tecidos iluminados flutuantes – o artista mostrou que ter presença e hits sob seu nome são o suficiente para preencher qualquer palco. Poucos dias antes, ele revelou ter passado por complicações de saúde no show que antecedeu a apresentação em São Paulo, mas no palco da Audio pontuou que estava melhor e que esse show o fez relembrar seu propósito.

Entre conversas honestas e mudanças de roupa, também houve espaço para gritos de “Uh, uh, papai chegou”, uma referência dos fãs ao seu post antes do show no Brasil, que continha a legenda “papi’s home 💚”. Ele também teve um bom momento de fanservice, introduzindo a faixa Text Me perguntando se é estranho ele às vezes pensar em namorar uma fã. A plateia majoritariamente composta por mulheres abaixo dos 30 anos respondeu calorosamente que não, mas quem pouco depois recebeu elogios do artista foi um fã chamado Augusto. DPR Live também reconheceu e parabenizou os fãs pelo projeto com luzes coloridas na lanterna dos celulares durante a música “Neon” e em outras de seu set.

Porém, também houve reclamações sobre o palco em diferentes momentos do show, quando os fãs do camarote gritavam “abre a cortina” para a produção retirar os panos pretos que emolduravam o palco e taparam a visão do fundo daqueles que estavam mais à lateral. Enquanto músicas mais recentes como Yellow Cab e Hulla Hoops tiveram a recepção mais calorosa, sucessos como Jam & Butterfly e o hit Jasmine também foram cantadas com empolgação pelo público. O show terminou com sensação de uma apresentação completa e divertida, encerrando com a explosiva “Set It Off”, sua parceria com DPR CLINE e música tema do campeonato MSI 2022 de League of Legends

DPR Ian

Christian Yu foi o destaque performático da noite. Sua apresentação é constantemente pautada junto a elementos visuais: de sua introdução ao palco com asas pretas gigantes em MITO, a dança teatral na ótima Ribbon, o chapéu de cowboy somado ao baixo em Calico até um balão inflável gigante de uma mão que o captura.

Porém, mesmo com os elementos visuais surpreendentes para o porte do show, os gritos mais altos dos fãs foram quando o artista tirou a camisa. A objetificação de artistas é um tema complexo, mas deve estar uma pauta quando vemos o discurso íntimo de DPR Ian sobre sua saúde mental e relação com a bipolaridade ser constantemente interrompido por pessoas o chamando de “gostoso”. Mas essas não foram as únicas interrupções.

Durante o show do DPR Ian, o estado dos fãs que estavam mais próximos à grade estava se tornando pior, principalmente devido ao comportamento de parte do público que empurrava para chegar mais próximo ao palco. Com o sinal dos fãs de que haviam pessoas desmaiando, Ian interrompeu o discurso para chamar atenção dos seguranças. Ele inclusive enviou uma mensagem privada se desculpando para uma fã que fez uma thread no Twitter reclamando sobre a situação. No fim, a performance e simpatia do artista deixou uma impressão maior que os contratempos do show.

O encerramento do show contou com os membros do coletivo DPR para além dos três artistas que se apresentaram, todos animados e carregando bandeiras do Brasil para a plateia que respondia intensamente cantando cada palavra de To Myself. DPR fez uma grande estreia e iluminou um possível caminho para recebermos mais artistas de rap e hip hop sul-coreanos no Brasil. Com a promessa de retorno, o coletivo sul-coreano entregou um show à altura da expectativa dos fãs e provou que tem potencial para voltar para espaços maiores e para mais datas por aqui.

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