Recentemente, em entrevista a Clemente Magalhães, Guilherme Arantes declarou que sua geração de artistas brasileiros já foi classificada como desimportante. Além dele, estariam nesse grupo Djavan, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e outros. No show Guilherme Arantes In Concert, que aconteceu no dia 23 de setembro em Porto Alegre, havia na plateia muita gente que viveu nessa época e testemunhou esse fato, mas no espetáculo o artista mostrou que sua obra atravessa vários tempos e vários nichos, apresentando alguns hits perdidos – outros nem tanto -, e provando sua relevância na música brasileira.
Com uma pontualidade atípica, Guilherme entrou em cena com um teclado e uma mini-orquestra o acompanhando, e sem nenhuma cerimônia, iniciou o show contando a história da música que viria a seguir, “Amanhã”. De cara, o cantor, compositor e instrumentista paulista mostrou que aquele seria um show-conversa – ou melhor, se tratando do artista, que é um profundo conhecedor e estudioso de música, uma aula-espetáculo.
Com uma garrafa de café ao lado, entre um gole e outro, Guilherme contou causos e curiosidades intercalando com as músicas. Elogiou Maria Bethânia, que interpretou sua canção “Brincar de Viver”, sendo essa a versão definitiva; comentou sobre a culinária da Espanha, onde viveu durante a pandemia – “O pão de lá é criminoso de tão bom”, opina, bem humorado – e contou a interessante história de “Fã Número Um”, uma música construída a partir de trechos de cartas enviadas por seus fãs.
Na vez de “Pedacinhos (Bye Bye So Long)”, Guilherme contou que fez para Vanusa gravar, o que acabou não acontecendo. No palco, a iluminação dinâmica se destacou e na plateia a pouca presença de câmeras de celulares também; todos imersos e atentos no que o artista tem a dizer e a cantar.
Em um momento só voz e piano, Arantes tocou “Nossa Imensidão a Dois” – uma balada que ganhou ainda mais brilho e beleza ao vivo -, presente no seu mais recente disco, A desordem dos templários, contou que foi convidado para compor uma canção para o disco mais recente de Alaíde Costa, uma das damas da MPB, que resultou em “Berceuse”. Ele ainda interpretou lindamente um clássico da cantora, “Onde Está Você”. Para finalizar as novidades, falou que foi chamado para concluir uma música inédita que Taiguara, um de seus ídolos, deixou inacabada. Depois desse momento, a orquestra entrou em ação novamente e Guilherme fez uma dobradinha de sucessos bombástica: “Meu Mundo e Nada Mais” e “Um Dia, Um Adeus”.
Então, o artista nos relembra sua versatilidade ao apresentar alguns de seus hits com uma pegada mais pop, como “O Melhor Vai Começar”, “Coisas do Brasil”, “Cheia de Charme” – momento em que contou que escreveu quando morava no Rio de Janeiro, uma homenagem à mulher carioca – e “Deixa Chover”, um dos momentos em que o público ficou mais animado.
No fim, Guilherme manifestou sua insatisfação com a situação no Brasil no momento, apesar de não ter querido se aprofundar no assunto. Cantou o grande sucesso “Planeta Água” – O artista comentou que ela é a única música no mundo que fala sobre o ciclo da água – e finalizou com “Lindo Balão Azul”, nos trazendo um momentâneo conforto lúdico e nostalgia, repetindo “Cheia de Charme” no bis. E foi assim, apresentando músicas que se tornaram hits na sua voz e nas vozes de outras pessoas e canções que merecem ser mais conhecidas que Guilherme Arantes mostrou nessa noite que, além de sempre ter sido relevante na música brasileira, merece ser conhecido e reverenciado também por gerações mais recentes.
This post was published on 27 de setembro de 2022 11:00 am
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