Mukeka Di Rato quer a cabeça do homem de bem em “Boiada Suicida”
Após 8 anos de hiato, os capixabas do Mukeka di Rato estão lançando neste dia 05 de agosto o novo álbum Boiada Suicida. O novo disco agora conta com o novo vocalista – e antigo colaborador – Fepaschoal, nome já conhecido no hardcore underground. O cara já colaborou com outros projetos do Mozine (fundador do Mukeka, Merda, Läjä Records) como Merda e o próprio Mukeka di Rato no disco Atletas de Fristo (2011).
O novo disco é o oitavo da carreira do Mukeka e marca seu retorno à DeckDisk, que está realizando o lançamento digital em todas as plataformas. A produção ficou por conta de Rafael Ramos, que também foi responsável pelo disco Carne (2007).
Boiada Suicida é um retrato urgente do Brasil atual, necessário e atemporal. Faz ligação a execução de fascistas na Itália pós-segunda guerra mundial que tanto se faz necessária hoje no Brasil. Mais uma vez.
Entrevista: Mukeka Di Rato
Conversamos com Fepas sobre produção do disco, política e mais.
A banda não lançava um novo registro desde 2014. Por que houve esse hiato de 8 anos?
Fepas, você sempre colaborou com Mozine em diversos projetos, incluindo o próprio Mukeka e agora é um integrante oficial. Como aconteceu esse processo para você e a composição do novo disco?
Fepas: “Eu fiquei próximo do Mozine numa turnê coletiva de músicos capixabas por algumas capitais do Brasil, no projeto Omelete Marginal. A partir dali ele lançou meu primeiro disco, o Comando Guatemala (2011), pela Laja, eu participei da produção do disco Índio Cocaleiro (2011), do Merda. E participei de uma faixa do disco Atletas de Fristo (2011) do Mukeka. O Paulista, guitarrista do Mukeka, sempre deu muita moral pro meu som, aparecia nos meus shows, e eu posso dizer que disso tudo surgiu uma relação de amizade maneira.
O novo disco tem um cover de Chico César. Apesar de inusitado faz sentido. Como aconteceu essa ideia de cover? Vocês tem vontade de trazer outros gêneros para a estética do Mukeka?
A arte do novo disco “Boiada Suicida” faz referência ao registro do fim do fascismo italiano, com a execução de Benito Mussolini. Acredita que no Brasil ainda haverá uma comissão da verdade para punir todos os responsáveis da ditadura?
“Boiada Suicida” além de um disco necessário com certeza continuará ecoando pelos tempos assim como “Brasil” do Ratos de Porão ecoa até hoje. Apesar de ser um disco atemporal, é triste que continuamos repetindo os mesmos ciclos.
A Läjä Records tem um grande papel na revelação de novas bandas e na renovação do hardcore latino, lançando muitos LPs, CDs, dvds e até seu próprio festival. Ainda conta com seus próprios personagens como o Crackinho. Como funciona para um selo independente com uma demanda tão frenética segurar as pontas em tempos de pandemia e crise econômica?
Falando do selo, o Mukeka também contará com novo merch pela Laja? Vai ter Laja Golpes? (risos)
Quais são os próximos planos para o Mukeka e a Laja? O Brasil tem jeito em 2023? Manda um abraço para o Jiboia.
Fepas: “Agora é lançar o Boiada Suicida e fazer alguns shows com repertório novo, que trás boa parte das músicas do disco, e também clássicos antes cantados por Bebê e Sandro.
O Mozine achou um jeito de fazer grana com zoeira, e isso é estilo de vida, né? Quem não gostaria de viver da própria zoeira? Eu espero que a Läjä continue tendo sucesso entre o público jovem, pro meu amigo continuar feliz.
Obs: Jibóia não gosta muito de abraço dos outros não. Ele morde..”