Produzir qualquer tipo de arte no Brasil é um exercício de resistência e demanda muito mais do que aprumar e ser bom em seu ofício. Demanda articular, entender todas as pontes, bases, contatos para que ela continue quebrando fronteiras e chegando a mais pessoas. Este exercício é realizado pelo coletivo Amplexos há quase uma década e meia. O sexteto fluminense, natural de Volta Redonda (RJ), após um longo tempo sem lançar materiais inéditos apresenta o EP QUEDA CASA TERRA em Premiere no Hits Perdidos.
Tendo lançado seu álbum homônimo em 2008, a Amplexos disponibilizou outros dois discos; A Música da Alma (2012) e Sendeiro (2015). Eles ainda lançaram collabs com Raissa e Ana Liz e também Lenine, em “Segura” (2021). A resistência levantando a bandeira da cultura em um país onde apoio governamental é a cada dia mais escasso em tempos onde o obscurantismo domina as instituições que deveriam ter esse papel está no DNA dos músicos que se dedicam em diferentes frentes.
Como por exemplo a produção de outros artistas em estúdio (Thiago Elniño, Raí Freitas, Beatbass High Tech), eventos (Amplexos in Jamaica, Amplexos Convida), projetos paralelos (Tolen, pai Guga, Juremeiros) e a arte-educação, com apresentações em escolas e espaços públicos. Estes que de uma forma ou outra ajudam a construir pontes para brasis possíveis.
Queda Casa Terra é o primeiro compilado de canções do grupo fluminense desde 2015. O material reúne 3 canções e pouco mais de 10 minutos de duração trazendo referências de ritmos afrolatinos, rock psicodélico, metais e música brasileira. Eles mesmo assumem que o que crava a identidade do material é justamente mostrar “novos Brasis”, estes muitas vezes ofuscados pela cultura mainstream mas que criam conexões com diversas comunidades ao longo do país de extensão continental.
O registro ainda conta com a participação especial do trio composto Pedro Toledo (saxofone), Guto Souza (trombone) e Gutemberg (trompete), transformando o disquinho em uma obra de uma Big Band à brasileira.
Sobre as composições eles afirmam: “Discorremos sobre idas e vindas de um pensamento às vezes desesperançoso, apocalíptico, profético, e, outras vezes, vibrando a beleza da sobrevivência pós-pandemia e todo o caos social e político em que (ainda) estamos.”
Este fator de consciência político-social permeia a obra que nos relembra sobre nossas raízes, origens, características, pluralidade, conexão com os antepassados, entre outros temas de conexão entre o corpo e a mente. “Queda” traz a essência de buscar o encontro da latinidades às origens com seus batuques, grooves psicodélicos e sopros. Trazendo a ancestralidade em versos que conectam o corpo a matéria, a consciência do coletivo sobre nosso peso no mundo tem como morada seus versos, entre a conexão com a floresta, a resistência e a mente.
“Casa” vai buscar no baião, forró e outros ritmos elementos para equalizar os brasis e mostrar os tesouros resguardados da nossa cultura. Mostrando a alegria do nosso povo, batalhas diárias, poder do coletivo como massa bruta para a transformação e celebrando as pequenas conquistas do dia-a-dia. Tudo isso com natureza imagética, uma das matrizes do EP.
Quem fecha o EP é “Terra” vai explorar através de um ska/dub o potencial do trio de metais em uma canção que assim como os Paralamas do Sucesso vai atrás do 2-Tone, movimento fruto do encontro entre os jamaicanos e os moradores dos subúrbios ingleses, para trazer as pequenas coisa da realidade social de um país onde a desigualdade social nunca deixou de ser a pauta do dia mas que nos últimos anos vê a piora da qualidade de vida para muitos e para outros tantos a volta a problemas como a miséria e a fome. Versos como “aqui o que vale é o outro” equalizam das caixas de som com a mesma aspereza de hinos do reggae.
As gravações foram realizadas em estúdio montado especificamente para o projeto, na casa do Guga (vocalista e guitarrista), em uma área rural de Barra Mansa (RJ), durante um fim de semana de Fevereiro.
As mixagens foram feitas por Martché (tecladista da banda e produtor musical) e a masterização é de Tomas PatagoniaDUB (Chile). A direção de arte, projeto gráfico e fotos é de Ana Costa (@sssopro) e o EP tem produção executiva de Ana Paula Antunes (Polifonia).
Amplexos é composto por Guga (voz, craviola, guitarra), Leandro Vilela (guitarra e vocais), Tolen (percussão), Martché (teclados e vocais), Polito (baixo) e Mestre André (bateria).
This post was published on 3 de junho de 2022 10:26 am
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