Após o bem-sucedido Noites Infinitas (2020), WRY lança seu novo disco “Reviver”
O WRY é uma verdadeira entidade do rock nacional e eles até se consideram meio alienígenas por produzirem esse tipo de som por aqui. Viveram muito tempo em Londres, por lá puderam por 7 anos estar perto dos principais ícones contemporâneos do rock alternativo. Foi mantendo a constância e qualidade a cada material que os sorocabanos presenteiam os fãs com seu sétimo álbum de estúdio, Reviver.
Com sonoridade que reverencia estilos como shoegaze e pós-punk, mas não se limitando a isso. Aliás, estamos perto dos 30 anos das comemorações de 30 anos de clássicos de grupos como Lush (Spooky, em fevereiro 2022) e My Bloody Valentine (Loveless alcançou a marca no dia 04/11). Eles aproveitam o momento para lançar um álbum que poderíamos até chamar de um disco de B-Sides, mas que talvez isso não fosse justo. São ao todo 10 canções inéditas na principais plataformas que por um motivo ou outro acabaram não entrando nos discos e EPs da vasta discografia dos paulistas.
Entre os lançamentos até aqui temos os discos Noites Infinitas (2020), National Indie Hits (2010), She Science (2009), Flames in the Head (2005), Heart-Experience (2000) e Direct (1998), além de três EPs e diversos singles.
“Por mais que nos sentimos alienígenas, seja no Brasil como uma banda de rock ou na Inglaterra como uma banda brasileira de rock, sempre tivemos orgulho de nossa música. Ao longo dos anos, lançamos discos e EPs, porém um punhado de canções acabou não dialogando com alguns de nossos próprios momentos ou não tiveram a atenção devida. O objetivo do novo álbum é o resgate, a reciclagem da arte e mostrar o poder atemporal que a música pode ter”, resume Mário Bross
O disco do WRY, Reviver, foi produzido por Mario Bross e gravado no estúdio Deaf Haus, em Sorocaba, por João Antunes e Luciano Marcello. William Leonotti foi assistente de estúdio e gravação. Já a mixagem e masterização são assinadas por João Antunes.
O lado power-pop e solar aparece em “Where I Stand” e talvez seja uma das que mais que contextualize o cenário do país no momento, entre dúvidas, melancolia e esperança, temos um ano decisivo e importantíssimo pela frente para definir o futuro do país – tanto político como econômico após um período de estagnação e marcado pelo avanço da desigualdade. É no voto que vive a esperança de sairmos do marasmo e do buraco que nos enfiamos. A faixa, inclusive, ganhou um videoclipe divertido com direito a bicicletas, pista de aviões como locação e direção de Alex Batista, responsável por trabalhos de Luis Fonsi, NX Zero, Luan Santana, Michel Teló, Fresno, entre outros.
“Only Human” soa como uma grande homenagem ao rock brasileiro, dos Inocentes aos Paralamas do Sucesso, inclusive com um trecho cantarolado do mega hit “Alagados” (1987). O sentimento de estar deslocado em um país onde o rock nunca foi a música pop e o sentimento de resistir parece emendar a balada da esperança por plantar uma semente de rebeldia no horizonte. Feito uma “English Rose” como canta Paul Weller.
Entre os sonhos e a realidade, “E.M.C.” chega com acordes estridentes para falar sobre as batalhas do dia-a-dia em todas as esferas, entre a vida particular e o coletivo. A sensação de ir na contramão de todo ódio e balbúrdia que se instaurou em nossa sociedade. Quebrar as correntes sendo a única forma de não desistir dos seus sonhos durante nossa passagem por este plano terreno.
“Deep into the Shadowns of your Mind” coloca os pedais para trabalhar com direito a guitarras altas e uma nostalgia que nos leva para os tempos da Creation Records – e de todos aqueles hits que adoramos revisitar. Aqui as referências das guitarras do My Bloody Valentine, do baixo de Kim Deal (Pixies) e da percussão precisa do Primal Scream, parecem se encontrar em uma espécie de valsa do submundo.
“Campo Profundo” é moderna e traz linhas minimalistas em seus sintetizadores que aliados as guitarras criam uma parede sonora para entras nas profundezas do espírito. Entre se emancipar de todo o mal e tirar o peso da tristeza que não tem mais espaço ali dentro. Mario já revelou ser fã de M83 e Washed Out em lista para o Hits Perdidos – e isso faz entendermos as referências eletrônicas deste som.
Entramos na segunda parte do registro com a energética, “Girls Never Stop”, que poderia muito bem fazer parte daquela leva de bandas de Brit Pop. Lembram do auge do Blur onde tudo era possível? É esse caminho, semi-punk, semi-pop e guitarrístico com direito a teclados que a faixa percorre. “Farleigh Road” é uma balada acústica com melodias que nos remetem as linhas de Simon Gallup mas tendo uma guitarra de base que flutua feito as ondas psicodélicas de Kevin Parker.
“Speedfreak” traz de novo o lado outsider para os holofotes. A busca incessante pelos sonhos nesta longa jornada que chamamos de vida culminando na sua chegada ao fim. Onde alcançar a liberdade não parece ser algo que sacie mais.
“Unload Your Guns” já chega no apagar das luzes do disco. Eletrificada mas com uma atmosfera que me levou para a zona de conforto dos Simple Minds e também discorrendo sobre o ato de se desprender para seguir em frente.
Quem fecha é “You Trip Me Up” que irá certamente abraçar os fãs de The Jesus and Mary Chain. Em sua introdução até remetendo ao hit “Just Like Honey” que foi posteriormente regravado pelos Pixies. É com essa leveza, e contemplação, que o álbum se despede e nos leva de volta para o futuro. E que ele seja luz!
This post was published on 12 de novembro de 2021 12:01 am
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