Eis que ressurgindo agilmente a nossa coluninha volta em sua segunda edição das Audições da Lôca pra apresentar esses projetos que tem em comum a iniciativa de sonhar e emular um mundo melhor através do som.
Romance, simplicidade, minimalismo, denuncia, poéticas pessoais criadas pra enfrentar a pandemia e o enorme número de óbitos que o Brasil enfrenta ao ter um genocida no poder e, mesmo nos sentindo abandonados, muitas vezes sem perspectiva e esquecidos pelo estado, ainda conseguimos fazer música, experimentar, amar e tentar da melhor possível criar um instante de instiga, suspiros, uma experiência de 3 segundos ou alguns minutos de arrebatamento, surpresas, balanços de cabeça, refrões grudentos sem sentido mas que nos tiram dessa onda maluca que estamos vivemos.
Pra mim, essas canções lembram que mesmo com tanta tempestade, tanta pedra no caminho, ainda há artistas que buscam lidar com suas bagunças de forma magistral, originais e através da criação de suas obras musicais trazem alento, reflexão e diversão.
“Cruzar o Norte-Nordeste com Minas, passando por São Paulo, foi algo que acabou acontecendo no disco. Saulo Duarte, que é paraense – e passou boa parte da vida no Ceará -, é o produtor do álbum e trouxe muitas referências de lá. Fizemos a produção na casa do Victor Bluhm, baterista que é cearense. Rendeu um divertido clima Ceará-Minas na Vila Madalena [bairro paulistano] que acho que repercute no disco”, disse Elzo Banzo.
Tendo nas rádios AM do país sua maior inspiração Enzo Banzo (Porcas Borboletas) apresenta álbum autoral de cancioneiros românticos e belos arranjos que privilegiam a dramática poética dos versos de quem se apaixona por todos os detalhes de alguém e Banzo narra isso muito bem. O álbum nasceu via o selo Matraca Records (YB Music).
Dani Nega é compositora, cantora, rapper e grande atriz paulistana. Mente artística criadora inquieta, integrante do Núcleo Bartholomeu de Depoimentos e ativista da causa negra e LGBTQIA+ antes de ser modinha, a artista vigorosa em suas produções, possui sua genialidade nas palavras e no jeito de construí-las.
A poeta incomoda mexendo em sentidos que muito vem efervescendo a mente da sociedade. A canção e clipe Como Noiz quiser traz a verdade nua sobre o genocídio da população negra no país, sobre a luta pela descolonização dos corpos e a exclusão de direitos da população periférica até mesmo na hora de morrer, dentro de uma sociedade tão violenta e sem perspectiva.
O clipe, que foi lançado no dia 13 de maio (data que marca a abolição da escravatura no Brasil), chegou às plataformas virtuais após exatos oito dias do massacre na comunidade do Jacarezinho – a maior chacina já cometida pela polícia na cidade do Rio de Janeiro e a segunda maior no estado. A operação gerou comoção e revolta por parte da população, mas foi parabenizada com louvor pelo mais alto comando do país.
“Linda, te amo hoje mais ainda”, nesta poética inicia então a nova faixa do produtor musical, cantor e compositor Jaloo lançada essa semana mas que já aparece nas Audições da Lôca. O artista que durante a pandemia fez como muitos brasileiros, usou sua pagina de instagram pra publicar memes críticos, mas em particular memes irônicos e debochados sobre a própria realidade dos artistas independentes do Brasil diante da paralisação dos shows e atividades em consequencia a pandemia.
O clipe da música Linda tem direção do próprio Jaloo, que de forma fabulosa apresenta e conduz seu novo projeto “Os Amantes” mudando o nome de seu canal no Youtube e, aliado ao duo instrumental paraense Strobo mostra uma canção conciliatória, divertida, bailante e criativa, mostrando mais uma vez a versatilidade de Jaloo como compositor e criador nas artes.
Antropop é o pseudônimo de Gustavo Baida, 26 anos, produtor musical, DJ e estudante de antropologia radicado em São Paulo. Com influências que vão da música eletrônica ao indie, propõe incorporar seus conhecimentos e vivências à sua produção musical e artística, mergulhando na experimentação sonora e visual.
O single “Hoffman( L.S.D)” foi lançado celebrando o “Dia da Bicicleta”, data que marca a primeira experiência com LSD. Com ambiência cheia de synths, automações e narrativas em locução, um beat continuo atravessa o som e conduz toda a viagem.
Antropop conta, através de samples de entrevistas, a história da descoberta do ácido lisérgico; substância que marcou profundamente o século XX e que, além do uso recreativo, é alvo de um renovado interesse em diversas áreas de pesquisas. A capa do single também foi concebida e criada pelo artista , uma releitura da clássica blotter-art de LSD.
Koro Koro Music apresenta o terceiro álbum de Arícia Mess. A artista surgiu da cena musical underground do Rio de Janeiro nos anos 90, desde então vem atuando, compondo, viajando, fazendo shows, performances e novos sons.
Seu novo álbum Versos do Mundo foi composto e gravado enquanto viajava entre São Paulo, Rio de Janeiro, Londres e Lisboa. As viagens trouxeram encontros e acasos, ganhos e perdas, sonhos e desilusões, alegrias, novos amigos, novos parceiros e um novo foco em seu caminho criativo, com mais liberdade e profundidade.
Um álbum gostoso de ouvir por causar a impressão de proximidade que a captação e mixagem propõem. Destaque pras faixas Noite de Temporal, Sem Medo do Mar que possui a voz do poeta Waly Salomão na faixa.
Terceira coletânea “Mapa Astral” do selo Tal & Tal Records, o volume que tematiza o elemento “Terra” foi guia para organização, curadoria e composição das faixas. Com diversidade de gêneros musicais, o disco é apresentado num formato de mapa astral, onde cada faixa apresenta seu lugar no mapa, ex: Sol, Ascendente, Lua, etc.
Participam da coletânea: Clarideia & Sã com Ciência , Camis Martinevski, Jagunço, Thays Prado & Tiago Medeiros, Fim da Egotrip, Lou Valentini, Duda Fortura, Panapapá, Anna Perin, Gustavo Pavão e Lígia Lazevi, Still Matah, Aimê El-Bachá, Raffael Petrucci, Luiz Bruno, Luz Gonçalves e Thais Nascimento.
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This post was published on 25 de maio de 2021 12:05 am
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