O músico Cleiton Piras, que assina seus projetos como Cleiton Rolo, é natural de Lençóis Paulista (cerca de 300 KM de São Paulo), conta em sua trajetória com uma vasta bagagem tendo trabalhado em diversas frentes para manter a chama do sonho de viver de música sempre acesa.
Durante a pandemia conseguiu o auxílio através da Lei de Incentivo Aldir Blanc onde conseguiu produzir um documentário bastante poético sobre a sua trajetória e a realidade sobre o que é ser músico no interior do país. A produção audiovisual conta com a direção e roteiro de Caio Mazzilli, mixagem e som por Lucas Dias Baptista e produção assinada por ele mesmo.
Cleiton Rolo: “Então, eu sou envolvido com a música a minha vida inteira praticamente, já trabalhei com marketing digital para artistas, fiz layouts de rede social para a Tulipa Ruiz, para O Terno, Pélico, Siba, uma galera. Eu trabalhei como designer gráfico para o saudoso Puxadinho da Praça, tal. Isso quando morei em São Paulo por um pequeno período. Lá eu trabalhei com meu conterrâneo, o Rafael Castro, que também já produziu e me ajudou muito nos meus discos anteriores que são A Cia. dos Ásperos Tristes de 2011, Aquário de 2012 e o mais recente Episódio Veranil de 2019.
Aqui em Lençóis eu trabalhei em agência de publicidade, fiz jingle, site, comercial de TV. Trampei em revista, site, fui diagramador de um jornal, fui articulista de música bancando jornalista em outro jornal (risos). Tive banda de rock, de country, de sunshine pop.. sempre envolvido com alguma coisa de música, de comunicação, pá.”, conta o músico paulista de 37 anos
Cleiton Rolo: “Bom Rafa, aqui em Lençóis e na região como um todo, músico que produz e compõe, é chamado de “músico autoral” (risos) pois não existe a consciência de que banda, artista ou músico em sua essência é de produção de música.
Aqui o que manda é cover. É um berço de Pearl Jam cover. Isso tanto nos espaços privados quanto públicos. Pra você ter ideia, a condução da Lei Aldir Blanc por aqui foi uma catástrofe. É como se as Secretarias de Cultura nunca tivessem ouvido falar em edital.
Tudo muito genérico, pouco voltado à fomentação e criação, projetos de inclusividade e pluralidade então, nem pensar. O que reina é aquela coisa de barzinho, voz, violão, cristandade, saca? Tanto que aqui em Lençóis estimo que por volta de 40% do investimento da Aldir Blanc voltaram para os cofres públicos, infelizmente.
Então a criação e produção é um problema crônico aqui da região, nunca tem espaço ou apoio. Tiramos leite de pedra o tempo todo. Pra mim, a Secretaria de Cultura daqui e da região tinha que agir tipo uma Secretaria de Saúde. Com um catálogo de quem faz o quê, com respaldo social e financeiro, saca? Assim como a Secretaria de Saúde sabe exatamente quem tem diabetes em cada bairro, a Sec. de Cultura tinha que saber quem é do teatro, quem é do artesanato, do circo, da música e agir em prol deles. A lei Aldir Blanc chegou a cidade e teve muita gente que nem ficou sabendo. É uma luta por espaço e, além disso, por respeito.”, desabafa Cleiton Rolo
“Eu tenho um projeto voltado a compositores e compositoras chamado Som no Coliseu, que antes era uma espécie de micro-festival presencial onde eu botava artistas da cidade e da região para mostrar suas composições na praça. Com muita briga, consegui que a Secretaria de Cultura apoiasse de alguma forma, e depois de uma edição produzida de forma totalmente independente, consegui realizar mais 5 edições com apoio. Mas deu panca. E um apoio irrisório.
Dessa vez fui contemplado pelo Proac LAB e estamos produzindo o mesmo projeto, com a mesma pegada embrionária, porém no formato de programa de TV. Onde damos espaço para compositores e compositoras da região e também batemos um papo com artistas de maior projeção como Lau e Eu, Tulipa Ruiz, Gali Galó, Karina Buhr e outros. Logo vai sair!”, conta o músico animado
“Nossa região é também em sua maioria, coronelista e negacionista, veja você, tem projeto de lei sendo discutido nas câmaras municipais para que se façam testes com medicamentos já comprovadamente ineficazes, (juro!) mas insistem para que se faça testes e recomendam o uso. É duro. Artista por aqui, nem existe. Não tem vez. Compositor, produtor, fotógrafo, cineasta então, nem se fala.
Morar aqui é um exercício diário de aceitação da raiz e da atuação local. Tem muita gente boa sendo esquecida, jovens talentos abandonando o barco da música e da arte porque entende que a cidade não dá respaldo. Tem gente boa das antigas também que vive num contorcionismo danado para ser ouvido. Eu tomei pra mim esse compromisso da criação musical porque eu vi que isso aborrecia muita gente. Minhas letras quase sempre são reclamonas, mas com parcelas de carinho e de amor, que é exatamente o que eu sinto aqui. Sou um descontente assumido. (risos).”, revela Cleiton Rolo
This post was published on 12 de abril de 2021 12:09 pm
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