Diário de Produção: Troá – Geleia (part. JOCA e Glau Tavares)
por Carol Mathias e Manu Terra (Troá)
“Geleia” veio de um ensaio: nós duas começamos a improvisar em cima de um riff que o Gabriel tinha mostrado pra Carol. Subvertemos esse riff, que antes era um samba, e construímos o groove. O esboço do arranjo veio de uma improvisação que a gente nem tava levando muito a sério, mas no meio do caminho percebemos que aquela gastação de onda era muito boa pra ser deixada de lado.
Esse single vem para firmar ainda mais a proposta de duo com Baixo, Bateria e Teclado tocados por 2 mulheres, que nós trazemos. A letra parte da perspectiva de alguém que tá num rolê meio furado, tomando uma bebida naqueles copos de pote de conserva em algum bar supostamente descolado do Rio. É quase uma dedicatória àquelas pessoas que ficam atazanando a sua cabeça, que brotam nos lugares que você tá do jeito mais inconveniente possível, seja um ex, aquela pessoa que acha que é muito íntima de você, ou até alguém que força muito a barra pra puxar o saco mesmo.
Diferente do nosso primeiro álbum Eu Não Morreria Sem Dizer (2019), estamos focadas em desenvolver nossos arranjos com poucos elementos, dando destaque quase absoluto para os três instrumentos principais que vão guiar todas as 9 músicas. Isso também nos aproxima do nosso formato de show mais enxuto, só com nós duas no palco, que pretendemos botar na estrada assim que for possível.
Quando começamos nesse formato, mais para o fim da produção do último álbum, percebemos a potência que existe em criar a expectativa e um certo espanto no público de ver só duas mulheres subindo ao palco com instrumentos que muitas vezes não são os que têm mais destaque no arranjo de uma música.
Entendemos que nossos corpos e instrumentos, tocados e colocados nas nossas músicas da maneira como estamos colocando, rompem a ideia de que, numa banda, a sua serventia é simplesmente ser a base para que outros se destaquem mais. Além de mostrar todo o potencial de mulheres não só como vocalistas e intérpretes, mas também como instrumentistas virtuosas e criativas.
“Geleia” ganhou um clipe que se baseia em uma instalação reflexiva feita de acetato, idealizada pelo Gabriel Castilho (Diretor de Fotografia), planejado pela arquiteta Isabella Terra (mãe da Manu) e construído por Isabella, Carol e Manu juntas.
A ideia foi criar um universo irônico e fora da realidade que pudesse transmitir essa sensação de estar preso em um espaço surrealista, mas com símbolos que remetem a situações corriqueiras em festas com energias estranhas, como ficar preso em uma multidão, ser interrompido no meio de uma conversa ou dançar como se estivesse sozinho no próprio quarto. Já que nós mesmas produzimos os nossos clipes junto com o Gabriel, estamos sempre tentando realizar com o máximo de imaginação e criatividade em cima de orçamentos bastante enxutos, e uma saída que encontramos já para o lançamento deste e do próximo clipe é usar materiais acessíveis para construirmos cenários em locações que sejam mais convenientes para produção. 40 metros de acetato, canos de PVC e durex construíram esse clipe do começo ao fim.
A participação do JOCA vem da nossa admiração distante pelo trabalho dele, que lançou A Salvação É Pelo Risco em 2019, um dos álbuns independentes que a gente mais curtiu no ano. A Glau Tavares veio da sinergia cabulosa que sentimos quando a Carolina foi diretora musical do projeto MANA, e Manuella foi baterista.
Ali construímos um arranjo que misturava beat e bateria, e essa fusão do orgânico com o eletrônico fez a gente pirar. Os dois são extremamente criativos e foi muito fácil nos deixar levar por todas as ideias que eles propuseram, desde ambientações com onomatopeias que o JOCA trouxe, até o reggaeton que a Glau experimentou e que foi impossível deixar de fora.
Gravamos o baixo e a bateria ao mesmo tempo, para trazer pra “Geleia” a estética de um groove ao vivo, onde os instrumentos são interdependentes, mas todos tocam por um mesmo propósito, curtir a vibe da música. A mixagem e a masterização foram feitas pelo Benke Ferraz (Boogarins), que teve muita liberdade e disposição criativa pra acrescentar e replicar elementos do arranjo que deram uma aura que constantemente flerta com a música eletrônica e uma estética de remix, criando repetições e samples com o que já tínhamos gravado.
Vem com a gente <3
This post was published on 17 de março de 2021 4:05 am
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