O Supercolisor, de Manaus (AM), após uma série de singles lançados até o momento se aproxima da hora de lançar seu terceiro álbum de estúdio, Viagem ao Fim da Noite, que irá acontecer nos próximos meses. Até o momento já foram apresentados os singles: “Incêndios” (part. Victor Meira / Bratislava), “Um e Meio” (part. Tuyo), “Sempre” (part. Leo Fressato), “Eu Não Te Esqueci” e “Torto”.
O trabalho será o sucessor dos elogiados Paranormal Songs (2012) e Zen Total do Ocidente (2015) que apareceram em listas de Melhores do Ano em seus respectivos anos. A ideia inicial era o disco ter sido lançado ainda no primeiro semestre de 2020 mas por conta desta ano todo singular, ele acabou sendo adiado para 2021.
“Incêndios é a primeira faixa que trazemos ao público, depois de um período intenso pra nós, de internamento e intimidade com o time que fez este novo disco. Não por acaso é também fruto lírico de um momento igualmente intenso do país e do mundo, de chamas reais e metafóricas, de combustão perigosa das relações pessoais e sociais nessas novas – e portanto ainda desconhecidas – formas de se comunicar”, conta o vocalista Ian Fonseca que também é pianista e principal compositor
“Geralmente, as pessoas gostam da gente assinar ou colocar nossa digital, que é a voz, nas nossas participações. É uma característica muito forte da Tuyo. Eu senti que essa foi uma das canções que a gente teve mais liberdade de colocar uma tonelada de voz, é uma música que fala muito sobre o nosso universo, uma reflexão sobre um relacionamento, e é uma das reflexões mais bonitas que eu já ouvi sobre, talvez seja uma das canções que mais se relaciona com o universo da Tuyo.
Foi gostoso de participar, foi leve, foi em casa… Acredito muito que é uma canção que vai ganhar muitos desdobramentos na vida das pessoas e eu tenho muito orgulho de ter colocado voz nessa música”, revela Lio Soares, que divide o vocal com a irmã Lay no trio curitibano.
“Desde a primeira demo piano e voz que o Ian mostrou, ficamos entusiasmados para imortalizá-la em fita. E como na grande tradição da MPB, duetos (Bethânia e Chico, Elis e Tom, Caetano e Gil) sempre foram marcantes e muito cinematográficos, queríamos explorar esse campo com o Leo e sua drag queen Rita Lina. E queríamos destacar esta terceira parceria do disco, desta vez com o Leo, um amigo e colaborador de longa data.
Neste momento social e tecnológico onde todos sofremos com a individualização extrema, a gente entende que parcerias e encontros são mais do que necessários, fundamentais para qualquer gesto criativo”, reflete Jérôme Gras, da Supercolisor, que produziu os dois álbuns de estúdio de Fressato, sendo o último ao lado de Ian.
“‘Eu Não Te Esqueci’ é o primeiro single do disco sem featuring, onde nos reconcentramos sobre a banda. Por isso eu, inclusive, aceitei o desafio de cantar, em diálogo com o Ian. Então não estranhem se notarem um vocal com sotaque francês – não é interferência do rádio”, se diverte Jérôme.
“Também, depois de abordar nos singles anteriores temas mais densos, desta vez queríamos assumir uma poética resolutamente romântica e bem-humorada. Queríamos mostrar essa variedade num arco narrativo que vai do sombrio ao solar, do denso ao aéreo”, completa
O novo single a ser revelado pelo Supercolisor foi “Torto” que chegou nas principais plataformas digitais no dia 23/10.
“Torto é mais uma dessas nossas canções difíceis de legendar, porque a letra é uma sobreposição de cenas como em quadros estáticos, mas quadros que sugerem muito movimento, tanto do corpo quanto da história desses personagens imaginados, que se entrelaçam de forma figurativa e também literal nesse momento do primeiro encontro – quase sempre constrangedor mas muito poderoso.”, conta o vocalista
Por conta da plasticidade da narrativa da canção, a extensão da narrativa foi materializada em um filme-pintura da artista visual argentina Joana Vento. Algo bastante ímpar e especial dentro do álbum planejado para o começo do ano.
“Essa era a nossa ideia com a canção, e por isso a obra da Joana se articulou tão bom com essa estética: as composições com colagens e transparências, que são sua assinatura, têm esse espírito dinâmico e ambíguo, quase sensual, o que traduz em imagens a essência do que estamos expressando na música”, comenta Ian
“Temos um carinho especial por esta canção onde, de um lado, fomos um tanto ambiciosos (na estrutura, na assinatura rítmica, na orquestração) mas também mantivemos um aspecto pop, com melodia e letras capazes de grudar no ouvido.
A cereja deste bolo torto é a sessão de metais com músicos que admiramos muito (e que também tocam com o Hermeto Pascoal!): Sergio Coelho (trombone), Reynaldo Izeppi (trompete e flugelhorn) e Phellyppe Sabo (sax e flauta) trouxeram, com seu virtuosismo, timbres e uma energia orgânica que estamos querendo ouvir mais nas produções modernas”, acrescenta o francês Jérôme Gras, baixista e arranjador do álbum.
“No processo criativo do filme fui criando uma linguagem audiovisual a partir de registros, colagens do meu cotidiano, experiências, poesias, conversando e se concatenando com a sonoridade: seus detalhes, suas texturas, os sentimentos que ela evoca, além da escrita da canção. Sinto o tratamento da fusão da imagem e som como veículos quânticos”, descreve Joana Vento que assina concepção, direção e edição da obra audiovisual
O literal se mistura com a experimentação na produção que ganhou cores, teatralidade e boas doses de abstração, entre elementos e frames saturados que de certa forma brincam com o “Torto” que dá nome ao single. O cruzamento de cenas, entre colagens e experiências, dão todo o calor e tônica da narrativa da obra que agora conta com um universo expandido dividido em telas.
This post was published on 5 de novembro de 2020 1:33 am
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