No dia 18/09 o Terno Rei disponibilizou o videoclipe para o single “Solidão de Volta”, este que teve a direção e edição do vídeo assinados por Lucas Stegmann. Era o pontapé inicial de um novo ciclo.
Uma canção com acordes solares mas que ao mesmo tempo carrega o peso da solidão e pode ser observada das mais diversas formas. Seja como um encerramento de um ciclo pelo lado mais vazio do copo, como também pelo lado da oportunidade de observar novos caminhos. Afinal de contas no fim tudo é poesia.
Em sua parte sonora logo de cara também já pudemos notar tanto através do single, como em “Luzes de Natal”, que o som da banda passava por uma transformação ainda mais profunda, e o adendo de novos elementos, como no caso dos synths.
Intitulado Violeta, o álbum é realmente avassalador feito o estopim de emoções. Onde há por certas horas tristeza mas que também traz a tona uma grande revolução interna. O ouvinte por sua vez é capaz de sofrer junto através de seus versos cortantes e delicados arranjos.
Em si o álbum que está sendo lançado nesta sexta-feira (01/02) via Balaclava Records é mais pop, dançante mas sem deixar de ser dark. Flutua entre o indie pop, os 80’s, folk rock e o post punk. Diria até que não tem medo de por certas horas até mesmo chegar perto da new wave ou até mesmo de bandas do post-punk paulista como Fellini, Cabine C e Kafka.
Um detalhe do terceiro álbum dos paulistanos é justamente dialogar com as mazelas vividas no dia-a-dia da cidade da garoa. Seus conflitos, seus amores fugazes, seus contornos, rompimentos bruscos, imensidão de acontecimentos e pouco tempo para refletir sobre tudo isso.
As músicas vão alem do formato original guitarra-baixo-bateria consolidado pelos registros anteriores do grupo e neste novo disco incorpora synths, violões, pianos e violinos. Deixando tudo ainda mais plástico e harmonizado.
Violeta foi gravado em Curitiba (PR) no Nico Estúdio e produzido pela dupla Gustavo Schirmer e Amadeu de Zoe. Já sua capa foi confeccionada por Samuel Esteves.
Eles até mesmo contam que no campo das composições “as letras são imagéticas, femininas e têm como pano de fundo a cidade acompanhadas de sentimentos de juventude e confusão.”
Delicado e sem esconder seus sentimentos, esse é o espírito de “Yoko” que abre Violeta. O se sentir inteiro – ao mesmo tempo que confuso – ganha contornos nos pequenos momentos, flertes e trocas do dia-a-dia.
A frase “a simetria é tão sem graça e muita tosca, e quero me jogar nesse azul, no infinito desses braços”, deixa clara essa entrega de corpo e alma neste território tão intangível e idealizado de uma relação.
De certa forma faz uma reflexão sobre os breves relacionamentos modernos que muitas vezes – e na maior parte do tempo – parecem se reduzir a troca de mensagens online.
Quando na verdade, por conta da correria do cotidiano de uma metrópole como São Paulo, deviam ter seus momentos a dois com um peso maior na hora de tirar conclusões precipitadas.
O campo das expectativas e de estar tentando “entrar nos eixos” se faz presente na dramática “Dia Lindo”. Esse descompasso ganha pianos que em pouco menos de dois minutos mostra um pouco desta confusão.
A terceira faixa é justamente o single “Solidão de Volta” que faz uma fusão interessante entre powerpop e post-punk. Assim como o vídeo que traz eles em meio a tons acizentados da cidade, e momentos de descontração, através de seus versos a canção nos mostra como muitas vezes estamos rodeados de pessoas, e até mesmo de amigos, e mesmo assim nos sentimos sozinhos.
Uma das que mais remeteu ao post-punk paulista, dos anos 80, foi justamente a dark e intensa, “93”. Seu ar de mistério, refúgio, reflexões, e pensamentos acabam ganhando contorno em suas melodias.
O que foi um dia uma grande paixão se materializa apenas em memórias – feito um vídeo gravado em V8 sendo rebobinado. O destaque fica para a entrada dos synths em sua parte final.
Os anos 80 enfim ganham cores que reluzem no contraste se transformando em violeta. “Medo” fala sobre a liberdade e o lidar com o desprendimento, observando sob diferentes perspectivas. Destaque fica para o trabalho vocálico entre notas mais agudas e backin vocals milimetricamente calculados.
“Estava Ali” tem um ar mais despojado, simples e flerta com o indie pop que teve seu auge no começo dos anos 00. Suas camadas e sintetizadores conduzem a canção, e o adendo do violão a transforma em uma balada que brinca com a sua própria melodia.
Sensorial é uma palavra que define com perfeição a açucarada e abstrata “Amor-Perfeito”. É sobre sonhar, idealizar, sentir à flor da pele e se entregar ao ritmo da canção. A riqueza de seus arranjos e possibilidades que instiga para que voltemos a dar o play.
São Paulo, uma das principais protagonistas do álbum, não poderia mesmo ficar de fora do disco. Moderna, versátil, confusa, rápida, impiedosa, múltipla, potente e monstruosa.
Todos estes elementos estão presentes em “São Paulo” que também mostra uma energia mais contagiante em seu campo criativo, colocando peso nos sintetizadores, deixando ela de certa forma menos rock e mais eletrônica.
SP também é um pouco destes encontros e desencontros, entre a esquina da Paulista com a Consolação. E por diversas vezes temos a impressão que de estamos acelerando… ao mesmo tempo em que nos sentimos perdidos no meio da multidão.
Mais dançante, acústica e com refrão que fica ecoando na cabeça. É esse o espírito de “Luzes de Natal”, que mostra como os caminhos se cruzam – e se descruzam – ao longo de nossa jornada pessoal. Entre as gangorras de emoções e o amadurecer na selva de pedra.
Densa, dark e feita para um karaokê indie, é como recaí “Roda Gigante”. Acredito que pode até agradar a fãs de Guilherme Arantes por conta da sua estranheza e arranjos mais rebuscados.
Mas é com novos ares que o álbum tinha que se encerrar. “Vento na Cara” que fala sobre as cruzes, dores, dilemas – e poderia até falar sobre como podemos transformar tudo isso em algo positivo. Ela cria toda uma atmosfera para crescer dando até a impressão que um remix eletrônico, se bem explorado, poderia cair bem.
Divaga sobre incertezas, resistência, renovação e se sentir aos pedaços. A progressão de acordes e o peso do baixo, indo em conflito com a batida e seus synths, dão toda uma energia forte para seu fim. Energia dissipada, recomeço prestes se a iniciar.
O terceiro disco do Terno Rei, Violeta, é delicado, emotivo, sensorial e traz um novo ar para a discografia dos paulistanos. Aliás, São Paulo e sua sensação de amor versus ódio, rapidez e amores avassaladores acabam por sua vez gerando uma série de confusões e silenciosas rupturas.
Todas estas presentes no álbum que explora através de elementos como violão, sintetizadores, e até mesmo violinos, outras camadas que nos levam para os anos 80. Tendo um pouco de folk rock, new wave, post-punk paulista e indie pop em seu caldeirão. Elegante, dolorido, pop e acinzentado feito São Paulo, definem bem o registro lançado em parceria com o selo Balaclava Records.
This post was published on 1 de fevereiro de 2019 9:02 am
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