No fim dos anos 80, e começo dos anos 90, começaram a aparecer nos entediantes subúrbios dos Estados Unidos uma porrada de bandas com o espírito D.I.Y.. Muitas vezes com demos gravadas em uma qualidade um tanto quanto suspeita, mas era algo diferente que estava surgindo.
Olympia, nos arredores de Washington, vivia uma frutífera cena de hardcore bastante relevante mas começaram a aparecer artistas que já caminhavam para o que na época foi chamado de alternative rock. Selos como a K Records, fundada em 1982, apresentaram para o mundo artistas como Modest Mouse, Built to Spill e o tão bem sucedido Beck.
Uma cena muito ativa por si só. Inclusive ele foi criado por Calvin Johnson, líder da lendária, e cultuada banda indie, Beat Happening.
Lembra das fitinhas K7 que por meio de um revival, um tanto quanto sem sentido, estão em alta nos últimos anos? É dessa época que elas tiveram seu apogeu e declínio. O selo foi fundamental para o crescimento não só do formato mas como do independente como mercado.
Toda essa história de certa forma se confunde também com o começo do movimento riot grrrl e a segunda leva do punk americano dos anos 90 (Green Day, Jawbreaker, Rancid, NOFX, Swingin Utters…). Ou seja, entra em cena Kim Deal, com The Amps, Breeders, Bikini Kill, Guided By Voices, Sonic Youth, Pavement, Bratmobile, L7, Fugazi e tantas outras.
Formada em 1991 a Kill Rock Stars, com esse nome todo cheio de pompa, também surgiu entre Olympia e Portland e acabou sendo importante para a difusão de bandas de punk rock e alternativo. Tendo alcançado seu ápice dentro do mercado fonográfico com o lançamento do terceiro disco do Sleater-Kinney, Dig Me Out (1997). E é sobre este contexto que iremos falar da banda de hoje.
A Olympia Tennis Club é uma banda relativamente nova. O power trio de Juiz de Fora (MG) surgiu em meados de 2017. O contexto é bem diferente dos anos 90 mas por outro lado o espírito do faça você mesmo é o mesmo – e parece renascer em cada garagem de tempos em tempos.
O mais legal é que o trio surgiu bem no momento em que elas estavam aprendendo a tocar. Então toda aquela energia inicial de querer sonhar e fazer um som juntas acaba servindo também como combustível. Em sua formação elas contam com Eliza Moller (guitarra e voz), Camila Soares (baixo) e Carime Elmor (bateria).
Uma curiosidade: A vocalista Eliza é a protagonista do clipe da Alles Club.
Um detalhe: ela não sabe tocar trompete, apenas encenou para o vídeo.
Lançado pela Pug Records o primeiro single que conta com três sons passa feito um tiro. Assim como o EP da La Leuca (SC), ele conta com poucas canções mas já deixa uma boa primeira impressão do que está por vir.
O registo foi produzido por Everton Surerus (guitarrista do Filipe Alvim) no CANIL durante 2018. A mixagem e masterização ficaram por conta André Medeiros do BAD ROOM. Quem assina as composições é a vocalista Liz Möller.
Inclusive o disquinho conta com três faixas, sendo duas autorais e “Train From Kansas City”, originalmente lançada pelo The Shangri-las em 1965.
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O single se inicia com “Thick Lipped Grrrl” uma faixa despretensiosa e com aquele espírito que me remete ao primeiro registro do The Breeders (inclusive um dos 50 discos favoritos de Kurt Cobain) e também da icônica Liz Phair, esta última muito esquecida por muitos. Com um riff chiclete que fica na cabeça, e uma letra toda doce, ela consegue colocar “os indies” pra dançar.
Ainda mais lo-fi, e flertando com o punk rock, temos “Greg Oblivion” que tem seus momentos mais cadenciados e outros mais explosivos. Instigante e apaixonada a canção fala sobre desejos e afeto. Se você gosta de “La La Love You” do Pixies e curte riffs mais crus a lá Minuteman e Bikini Kill, esta é para você.
Quem encerra o 7 polegadas, como preferir, é a versão para “Train From Kansas City” do The Shangri-las. Esta banda que é amada não só por elas mas como também por músicos como Sylvain Sylvain, dos New York Dolls, e pelos Ramones.
Se a canção original é doce e calma, a delas soa como se o Bikini Kill ou o L7 pegassem ela para regravar. Dentro do contexto do single sua letra dialoga com estar perdidamente apaixonada e vislumbrando um futuro juntos mesmo tendo pelo caminho um “obstáculo” de uma antiga paixonite. Bom, confira a letra e tire suas próprias conclusões.
O primeiro single do power trio Olympia Tennis Club é despojado, nostálgico, e nos leva direto para a “era de ouro” do rock alternativo americano. Com influências de Bikini Kill, The Beat Happening, The Breeders, The Amps e toda uma geração de riot girls, o registro diverte por sua simplicidade, estética vintage e flerte com o punk rock. O destaque fica justamente para a faixa título, “Thick Lipped Grrrl”.
This post was published on 28 de janeiro de 2019 10:10 am
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Ei ,
Eu vejo o site http://www.hitsperdidos.com e é impressionante. Me pergunto se as opções de publicidade de conteúdo ou banners disponíveis no seu site?
Qual será o preço se gostaríamos de colocar um artigo em seu site?
Nota: O artigo não deve ser qualquer texto como patrocinado ou anunciado ou como esse
Felicidades
anto desouza