Neste ano a banda Homens de Melo completa 10 anos de existência. Formada em São José dos Campos (SP), em sua linha de frente eles contam com Luise Martins (contrabaixo), Rafael Pessoto (guitarra), Gabriel Sielawa (voz e guitarra) e Rodrigo Leal (bateria)
Em sua trajetória eles carregam em sua bagagem o EP, Que Há de Vir (2014), muitos shows e conexões. No começo de março chegou a tão esperada hora: o lançamento do primeiro álbum de estúdio.
Posso até imaginar o tamanho da expectativa gerada para este momento porém acredito que a espera tenha valido a pena. Afinal de contas, o registro passa longe de ser despercebido, procura referências e dialoga com o rock alternativo atual. Tendo faixas em português e outras em inglês.
Eles mesmos confirmam que o momento foi bastante propício e feliz para seu lançamento. O segredo: o amadurecimento e busca por novas referências.
“Assim como nosso amadurecimento pessoal era nítido, a forma de se fazer música também mudou intencionalmente; os timbres se tornaram mais pesados, diminuiu-se o número de guitarras, as linhas de baixo desenvolveram efeitos e as baterias foram simplificadas de formas mais marcantes”, explica a banda.
Acredito que acertará em cheio orfãos da banda Ventre que se despediu dos palcos na edição mais recente do Lollapalooza. Dialoga com o som de outros artistas como Mombojó, Nação Zumbi, Warpaint, Curumin, Otto além deles mesmos citarem o esquizofrênico King Krule como influência – o que acredito que dê um punch a mais no som.
O álbum foi gravado e mixado no Estúdio Wasabi por Diego Xavier (BIKE), que também assina a produção junto com a banda. Já a masterização é assinada por Cassio Zambotto. Das 8 faixas, a primeira a ser lançada foi “Odé” através de um lyric video que até estrelou na lista do mês de fevereiro do Hits Perdidos. Este que foi produzido por Nayron Rodrigues.
Vocês estão acostumados com o Hits Perdidos comentando faixa-a-faixa os discos. Porém desta vez o jogo se inverte. Pedimos para que a banda paulista comentasse com suas palavras todo o sentimento – e amor – que eles colocaram no registro. O resultado não poderia ser melhor. Dê o play no Spotify enquanto lê!
“Lá Sei” – Essa é a música mais antiga do álbum. Começa com um samba guitarrado envolto de reflexão e continua com quatro acordes cromáticos em loop. A letra realça a incerteza vivida por todos em tempos de decisões, e o loop, presente quase a música toda, se encaixa no montante de efeitos, causando um certo desconforto e confusão. Com isso esperamos deixar claro que não cabe ao ser humano: o caos é cíclico.
“Cem anos” – Nasceu através de uma clave de salsa que se fertilizou por linhas harmônicas simples e poesias já escritas pelo vocalista, Gabriel. A linha constante do baixo faz o balanço acontecer, é como ver o dançar das algas de acordo com as correntes debaixo da água. Talvez essa calmaria que há debaixo dos rios e do mar tenha servido de inspiração pra essa súplica por amor em tempos de guerra aqui em cima.
“Slow down” – Única música em inglês da banda, que mistura um pouco soul music com a forma brasileira de fazer música gringa. Acabou saindo um rock, levando em conta a distorção na guitarra do Rafa, o timbre mais encorpado da bateria e o efeito usado no baixo. Não houve nenhuma pretensão em específico, ter sido escrita em inglês foi por acaso. Sem dúvidas é uma das nossas preferidas.
“As asas” – Continua com a ideia essencial da banda, que é fazer o ouvinte olhar pra si mesmo para que o redor possa se mudar. De letra minimalista, a intenção é brincar um pouco com a psicodelia imagética. O arranjo da introdução é a síntese de uma brincadeira musical da banda sobre o músico Anderson Paak. Nas linhas vocais conta-se com a participação da musicista Pâmela Oliveira.
“Gente” – Talvez a música mais “pesada” do álbum, tem como intenção lembrar os esquecidos e não deixar se perder a ideia de que qualquer ser humano é digno de respeito. O timbre marcante da guitarra no começo, é proveniente do pedal Holy Stain da Electro-Harmonix, linha que conflita com o resto do power trio por conta dos ritmos atemporais. Mais um rock pra nossa lista.
“Elétrica” – Música com características mais românticas, composta para uma peça de teatro e já pensando no álbum que viria. Procura objetivar a dança e a calmaria que a paixão proporciona. Pra que a música fosse mais relaxante, buscamos menos peso nos timbres e um tempo mais espaçado, boa pra fechar os olhos e sorrir dançando lentinho!
“Ponta de faca” – Primeira música da banda com o power trio; imagética e constante é uma música densa, embora seja uma das mais “pra trás” do álbum. Conta com um pandeiro como elemento percussivo, mas sem tirar a característica das músicas do álbum e a mantendo pesada.
“Odé” – Um ponto ao rei da caça, Oxóssi, que encerra o disco fechando os trabalhos. Essa música tinha uma roupagem completamente diferente do que está gravado no disco, mas com tantas mudanças a banda resolveu mudar a cara do som. No fim até um Korg foi usado pra preencher o espaço sonoro, com ajuda do Diego na criação das linhas. Além de ser a última do disco, foi a última música a ficar pronta.
No dia 04 de abril eles lançaram o videoclipe para a faixa “Lá Sei”. O clipe foi dirigido e editado por Larissa Vescovi e teve como atores Isabela Alcantra, Beca Diniz, Miguel Nador, Yago Carvalho, Mariana Bibanco, Gabriel Sielawa e Tamara Maria Cardoso. Assim como o álbum, o vídeo carrega uma narrativa muito poética através de tons acizentados.
This post was published on 11 de abril de 2018 11:02 am
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