O Hits Perdidos costuma receber muito material e disso a gente não reclama. Porém muita coisa acaba ficando de fora não porque deixou de agradar nem nada mas por falta de tempo. Vocês estão acostumados com resenhas longas e análises profundas sobre os discos e EP’s que enviam porém na intenção de deixar o Hits um espaço ainda mais democrático resolvemos criar a coluna: Som na Caixa.
A Som na Caixa apresentará 7 bandas a cada edição e a opinião sobre o som sairá na lata. Sem frescura ou receio de dizer o que achou do trabalho em questão. Novo ano, novos formatos e novas colunas aqui no Hits Perdidos. Não será a única novidade mas isso em breve vocês irão descobrir.
O formato será sempre brincando com os dias da semana, assim no final do post você terá uma banda para apreciar por dia. Afinal de contas tem discos que merecem ser ouvidos por mais de uma única vez ou até entrar na sua playlist no Spotify.
Segunda-Feira
Unbelievable ThingsWasted Time EP (Data de lançamento: 21/03)

Na contramão feito uma segunda-feira e com aquele espírito de difícil recomeço de rotina, o Unbelievable Things projeto do músico paranaense Tim Fleming e responsável pelo selo NapNap Records lançou hoje seu segundo EP. Inclusive quando rolou o lançamento do primeiro EP, Tributo a Laura Palmer (2016), conversamos com ele para saber mais sobre o novo lançamento e sobre o selo. A resenha e o papo você confere aqui.
Mas hoje vamos falar sobre Wasted Time EP este que já mostra uma ligeira evolução em relação a o último EP, com letras mais maduras. Por mais que o espírito seja de falar sobre estar cansado e suas inquietudes de seu universo pessoal. O álbum com textura lo-fi dialoga com o cenário do rock triste de artistas como Lupe de Lupe e Jonathan Tadeu, principalmente em “Cansadão”.
“Bad Habbits” ainda mostra um reflexo de seu primeiro EP com uma levada californiana. A curta canção de aproximadamente 1 minuto de duração me lembra muito Jawbreaker no álbum Unfun. Já “Not Coming Back” fala sobre morar fora dos grandes centros, não ser o cool da rodinha de amigos e querer se afastar das pessoas que para ele “não prestam”. Talvez ele dê risada dessa comparação mas me lembrou um pouco o som do Cheshire Cat do Blink 182.


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Terça-Feira
Milocovik – Automatic Complaints (Data de Lançamento: 25/01)

Lançado no dia do aniversário da cidade de São Paulo o Milocovik discorre sobre as angústias que a cidade grande pode nos proporcionar. A banda formada em 2006 conta com seus integrantes todos vindos do interior e São Paulo vocês conhecem, da mesma forma que abraça tem um certo ar de desconfiança com quem chega.
Os conflitos são latentes e intensos durante as faixas que mostram dos pequenos causos do dia-a-dia aos receios com o futuro. Tudo isso de uma maneira um tanto quanto dançante flertando com ritmos como o funk, o indie e o rock de garagem rock sob os embalos dos sintetizadores em canções como em “Fogo Amigo” que conta com a composição de Duda Tsuda.
Se você pira em Dire Straits, viaja pelo Bee Gees, pira em funk e nos apaixonantes anos 80 não tem muito erro, é um acerto na sua playlist. “Julie M’a Dit” consegue captar até fãs do álbum Combat Rock do The Clash. Já “Safe Island” tem um Q de Sting então se você é fã de The Police: dê a devida atenção a essa bela composição.

“Trouble” faz um dance punk para lá de interessante com guitarradas com ares de garage rock, como fã de Wire eu me apaixonei por esse som, de tabela vai agradar fãs da banda filhote do Wire: Franz Ferdinand. Já que o som é TELEVISION na veia!
Clique aqui para ouvir o disco no Spotify!
Gostou do disco? Procure pelas bandas: Japandroids, Der Baum, Telecopters, Mando Diao, The Fratellis, The Adicts (fase New Wave), Whipallas.
Quarta-Feira
Swan Vestas – Swan Vestas (Lançamento: 2016)

O som do Swan Vestas já tinha me chamado a atenção no ano passado com o lançamento do primeiro EP. Tanto que eles entraram na retrospectiva 2016 do Hits Perdidos em uma lista de 100 Hits Perdidos do Indie Nacional. Me chamou a atenção pelo peso do som e a interessante mistura entre Stoner e Proto Punk. O EP conta com apenas 5 músicas, sendo uma delas bônus, o que deixa com um gostinho de quero mais.
As duas faixas que mais gostei foram “Conversations on the Phone” e “If There’s a Hell” ambas inclusive foram captadas no Estúdio Oi Mocker (Fortaleza) este que já teve até Especial no Dezgovernadoz que vai ar todos os dias às 22 horas na Mutante Mecânica (www.mutantemecanica.com).
Aliás conforme pude saber a captação foi feita no modo mais raw possível, naquele esquema de gravação ao vivo, tudo isso para que não houvesse discrepância entre o disco e o ao vivo. Algo bastante prezado por bandas que eles devem amar como o Stooges, Kyuss, Nirvana e tantas outras. A graça do curto EP é justamente essa de misturar referências de Grunge, Proto Punk, Stoner e Hard Rock.
Ouça no Spotify!
Quinta-Feira
VladvostockDestudo (Lançamento: 2016)

Pude conhecer o som da Vladvostock (nome que automaticamente me lembra o Bratislava) ainda no ano passado enquanto preparava um Dezgovernadoz especial ao grupo Real Emo (SDDS ORKUT) e foi uma grata surpresa. O EP Destudo tinha acabado de sair do forno.
O mais curioso é o rótulo que eles criaram para definir seu som, o tal do Morpho Rock. Que para mim me remeteu automaticamente aos Power Rangers. Porém a real é que tem esse nome por conta da inconstância e imprevisibilidade.
O EP revela uma atmosfera flutuante que creio que vá agradar quem curtir algo mais cru como Title Fight com nuances de Yuck em seu segundo disco. Por mais que eu veja muito de Gigante Animal, Polara e do próprio Raça que em “Ela” conta com a participação de Popoto. Destacaria a levada descompromissada de “Céu” que através da leveza trabalha bem as melodias. Uma banda que com certeza tem muita estrada por percorrer mas que em seu primeiro EP dá indícios que em breve teremos coisa boa pela frente. O lançamento saiu pelos selos Banana Records e Cosmoplano Records.
Se gostar procure por: O Nó, Death Cab For Cutie, Rx Bandits, Violent Soho, Tigers Jaw, Ludovic, Gorduratrans.



Sexta-Feira
Orchestra Binária – EP #02 (Lançamento: 21/11/2016)

Muito curioso eu parar para ouvir o EP #02 bem no dia que o OK, Computer (1997) do Radiohead completa 20 anos. Pois é, para muitos saber desse fato vai fazer cair da cadeira. Parece que foi ontem que Thom Yorke colocou o mundo no bolso e fez o som de suas baladas tristes – e música de “computador” – quebrar paradigmas e se tornar um clássico.
Acredito de pés juntos que sem a existência desse disco não existiria Orchestra Binária. A banda da baixada fluminense sabe bem o que está fazendo em seu segundo EP. Flerta com o som do tão carioca Jorge Ben Jor sem esquecer das raízes africanas do mito Fela Kuti. Os filhos de Fela conseguem extrair em camadas um conceito no mínimo interessante de mesclar os sintetizadores a outros ritmos mais roots. É o encontro do poético com o computadorizado.

Pela astúcia e preocupação com os detalhes o EP merece ser ouvido mais de uma vez para que só assim consigamos extrair minimamente o que ele é. Quem assina a produção é Emygdio Costa (Sobre a Máquina / Fábrica / Anganga / Juçara Marçal). O destaque fica para a faixa “Galileu” e para o alucinante e desconstruído trip-hop, “Gira (A Girar)”.


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Sábado 
K. LNG Dee.D Bonjour Galactic (Lançamento: 30/08/2016)

Talvez o selo Lezma Records seja daqueles que mais consiga ter uma das assinaturas mais vibrantes em sua curadoria. Sou fã de várias bandas que tem lançado seus materiais através do selo do sul do país. Destacaria o Supervão, Molodoys, Moldragon, Ex e Siléste que lançaram ótimos trabalhos nos últimos tempos.
A psicodelia em sí é o nicho que une todas estas bandas mas cada uma tem seu grau de mistura com outros ritmos o que deixa tudo mais interessante. Hoje iremos falar sobre o K.LNG DEE.D e sua alta dose de experimentalismo e lisergia. O curioso é que eles ficaram 7 anos apenas fazendo apresentações live antes de uma gravação de estúdio.
Mas quando o fizeram conseguiram um resultado que me impressionou pela diversidade e coerência nas composições. “Wheel” que fecha o EP, Bonjour Galactic, consegue colocar todo mundo para dançar na mesma intensidade do Death From Above 1979 ou do Siouxsie And The Banshees. “Reverie” consegue extrair a desilusão eterna do The Jesus And Mary Chain misturando a ritmos mais dançantes e ao garage rock.
Se gostar procure por:  The Brian Jonestown Massacre, The Birthday Party, The Damned, Joy Division, Bauhaus, The Psychedelic Furs, Kraftwerk.



Domingo
vidro/pelemão nua (Lançamento: 12/01/2017)

Há algum tempo atrás fiquei sabendo do trabalho do goiano Diego Robert que me apareceu com o EP  Mão Nua de seu projeto solo vidro / pele. Com aquela mesma estética DIY de trabalhos de artistas como LVCASU, Moblins, Theuzitz e Vinícius Mendes de fazer suas composições direto do quarto para o mundo resolvi dar a devida atenção para o EP.
Eu curto muito me deparar com trabalhos assim: crús e viscerais. Com uma boa porção de ousadia, experimentação e fugindo de qualquer tipo de apelo comercial. Eu sinto como se o cara estivesse fazendo o que acredita e esperando na janela do seu quarto que alguém dê a devida atenção.
Com apenas 5 canções o EP é super aberto a abraçar diversas sonoridades. Uma hora flerta com o glo-Fi, outra hora shoegaze, outra viaja no trip-hop com elementos que consolidaram não só o post-punk mas como o início da música eletrônica mais minimalista. Eu fico imaginando como um EP desses na mão de um produtor experiente e dando aquela devida polida vira algo sensacional. Daqueles para fechar os olhos e flutuar.


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E desta forma fechamos a semana do Som na Caixa no Hits Perdidos. Gostou das dicas e descobertas? Compartilhe. Quer ter seu som nessa coluna? Entre em contato conosco.

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Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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