[Premiere] Empate filosofa sobre questões existenciais em novo lançamento
Após 5 anos de estrada e muitos aprendizados a banda Empate chega a uma nova fase. No dia de hoje estreia em premiere realizada pelo Hits Perdidos, o single duplo, Conversas quentes para uma cama fria/Erre Agá. O lançamento traz uma série de curiosidades e novidades para o banda paulistana.
Visto que é o primeiro lançamento oficial desde o EP Empate, lançado pelo selo independente pernambucano Transtorninho Records. Aliás é um selo que vale a pena conhecer o casting em geral. É provável que fãs da Empate gostem de maquinas, eliminadorzinho e INFANTE.
O single duplo também marca a volta de Felipe Madureira a música. O novo baterista da banda é uma figura carimbada da cena underground paulista. O músico ganhou reconhecimento tanto por seus trabalhos a frente do lendário grupo emo Fullheart quanto por seu trabalho jornalístico no portal Guitar Talks.
Mais conhecido pelo cenário independente local como Maddu, ele passou nos últimos anos por um drama pessoal grave. Ele sofreu perda da audição por nunca ter protegido de maneira correta seu ouvido. Algo que vale destacar como exemplo para que outros bateras não tenham que passar.
A alegria é perceptível ao conversar com Maddu:
“Pra mim tá sendo uma sensação incrível voltar a tocar após alguns anos parado. Tá parecendo aquele molequinho que ganha a primeira bicicleta do pai” – Felipe Madureira (Empate, Ex-Fullheart).
Para quem não conhece ainda a sonoridade do grupo basta viajar pelo emo dos anos 90 – também conhecida como segunda geração do estilo – de bandas como: Mineral, Hot Water Music, Braid e Get Up Kids. Noto ao ouvir por trás dos melódicos e delicados acordes, referências a grupos como Samiam e Jawbreaker.
A gravação do single duplo foi realizada no ano passado através do Converse Rubber Tracks. Sendo assim sendo gravadas no estúdio oficial do projeto, o Family Mob – de propriedade do Jean Dolabella (Ego Kill Tallent, Ex-Sepultura).
“Confessamos que apesar de oportuno, esse convite para o Converse Rubber Tracks nos pegou de surpresa. Havíamos a pouco mais de um mês nos tornado um quarteto e decidido entrar em pré-produção para o disco novo dessa forma.
Antes mesmo de um ensaio de pré-produção acontecer, recebemos a notícia de que havíamos sido convidados a participar do projeto”, explica Junior em entrevista na época da gravação para o portal Guitar Talks (20/10/2015)
O single foi masterizado no estúdio caseiro de Alex, da banda The Renegades of Punk, em Aracaju (Sergipe). Quem comandou a bateria na gravação das faixas foi Thiago Babalu (Gigante Animal/Ludovic/Guizado).
Sendo assim, ele conta com duas faixas inéditas: “Conversas quentes para uma cama fria” e “R.H.”. A arte da capa do single foi feita por Lucas Cardoso.
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“R.H. (Erre Agá)” já chega dando conta do recado com temas atuais e urgentes. Visto que a canção como Cássio afirma, critica a relação pessoal do mercado de trabalho.
Não é difícil ver como amigos no dia-a-dia vão sendo substituídos por profissionais muitas vezes menos qualificados para fazer a mesma função pelo simples fator de outros se sujeitarem a ganhar menos ou abaixarem a cabeça para decisões de teor questionável.
Basta ver o escândalo da lava jato e a corrupção sistêmica onde quem não topasse entrar no esquema era automaticamente descartado da empresa. A faixa escancara o viés político sobre as grandes corporações e a descrença com as instituições do país.
“R.H. é uma crítica ao corporativismo e ao modo como as pessoas são descartáveis para as empresas”, diz Cássio Silva (vocal/synth).
O single também conta com uma novidade, em ambas faixas a banda conta com a participação especial Fábio Aguiar no trompete. Algo que me remeteu muito a uma banda também emblemática no fim dos anos 90, o Rocket From The Crypt. O jazz entrando na panela do hardcore e dando uma nova cara ao som da banda.
Em “Conversas Quentes para uma Cama Fria” o questionamento existencial ganha ainda mais força. A música trata única e exclusivamente sobre traição e lealdade. Cair e se levantar são lemas fortes na canção que soa como um tapa na cara a todos que ousam ultrapassar a linha da confiança e dignidade do ser humano.
“Conversas quentes para cama fria trata de fidelidade e lealdade”, explica Júnior Matos (guitarra/vocal).
[Hits Perdidos] A banda agora conta com Maddu na bateria. Como sentem as mudanças na sonoridade?
Júnior: Hoje a banda joga com Felipe Maddu na bateria, Júnior (Guitarra/vocal) Vinicius Dexter (Baixo/ vocal), Cassio (Vocal/Synth). Algumas mudanças que já vai dar para notar de cara nesses singles é a sonoridade mais ainda mais crua das guitarras e a inclusão de sopros nas gravações. Como também nos shows. Além das letras abordando temas além das amizades, sexo drogas e rock’n’roll (temática do primeiro EP).
[Hits Perdidos] Quais seriam as referências principais no som da banda e como observam as mudanças “na movimentação do “corre” de 2011 para cá?
Júnior: Não é novidade para ninguém que a banda tem como grandes referência e busca encaixar timbres, métricas e construções em cima do EMO.
Percebemos hoje muito mais selos nacionais, como a Transtorninho e Bichano que lançaram nosso primeiro EP junto com a Cerebros surdo, casas, mídias, grupos em facebook, festas, festivais voltado a esse estilo. E é nesse bolo que entramos e gostamos de surfar.”
[Hits Perdidos] Conte mais sobre as duas faixas lançadas hoje.
Júnior: “Sobre os sons, “R.H. (Erre Agá)” foi escrito assim que eu sai do meu último emprego “Padrão” em um hotel.
A música trata do conflito e tretas de se conseguir um trampo, de se conseguir o trabalhar naquilo que realmente tem paixão. Trata da pressão social, familiar. A música é curta mas retrata o “Basta” nesse corporativismo.
Já Conversas… foi feita na mesma época, porém finalizada em um período maior. Trata única e exclusivamente sobre traição e lealdade. O Título remete a uma conversa de casal, porém o texto final aborda outras passagens da vida onde nos damos com a deslealdade, traições, desconfianças e frustrações com as pessoas.”
A Empate faz show de lançamento do single duplo hoje (02/12) no Baderna em São Paulo.
SERVIÇO:
Gravados através do projeto “Converse Rubber Tracks”, os singles “Conversas quentes para uma cama fria” e “R.H.”, da banda Empate, vão ser lançados em uma noite que vai misturar música e literatura. O Empate existe desde 2012 e é formado por Cássio Silva (vocais/synth), Júnior Matos (guitarra), Vinícius “Dexter” (baixo) e Felipe Maddu (bateria).
O grupo tem na bagagem um EP homônimo (Bichano Records/Transtorninho Records/Cérebro Surdo). Além do pocket show com o quarteto – que vem com nova formação, Felipe Maddu (ex-Fullheart) assume as baquetas – o evento também conta com a presença do escritor Alex Peron, que lança o livro “Poesia Suja”.
A publicação é uma obra marginal, dos porões, quartos escuros, fundos de casas de shows punks e góticos. O livro sai pela Editora Questione, editora independente fruto da parceria entre o Coletivo Pense e a Diários de Viagem.
>> Horário do show: 20h
>> Abertura da casa: 16h
>> Couvert opcional de R$ 10,00 totalmente revertido ao músico
>> Cozinha convidada vegana: a definir
>> Bebidas da casa
>> Exposição: Around The World – Por Bruno Del Rio Photography!
>> Metrô Sumaré em frente, paraciclo na casa, bicicletas de aluguel ao lado e estacionamento na rua de trás.
>> Não tem desculpa!