Geração TrisTherezina e a importância dos coletivos ao redor do país

 Geração TrisTherezina e a importância dos coletivos ao redor do país

A abordagem do post de hoje será um pouco diferente do que os leitores do Hits Perdidos estão acostumados. Falarei sobre um tipo de iniciativa cultural que movimenta milhares de artistas por todo o Brasil e sua importância.
Sim, vamos falar sobre coletivos. Muitos deles passam longe de receberem ajuda através de leis de incentivo como a Lei Rouanet. Enquanto Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Luan Santana e outros artistas já consagrados usufruem do recurso com números expressivos, iniciativas de artistas menores não esbanjam sequer conseguir captar recursos. E a alternativa para manter a chama da cultura acesa acaba se tornando a união da classe.
Não é de hoje que ouvimos falar sobre os coletivos e sua importância. As vezes a união no underground nem vem nesse formato mas através de selos, divulgação, locação de espaço, produção entre outros. Porém esta união fortalece e faz aquele sonho que antes parecia distânte se tornar realidade.
Afinal de contas quem produz cultura no país apesar de todas dificuldades pode ser considerado um herói. Um rebelde. Louco, procurando confusão. Como Dom Orione (Videocassetes) outro dia comentou:

“Sendo sincero: Quem faz rock no Brasil é doido mano. Tocar pra duas pessoas? Gastar grana com estúdio, com passagem. Cara eu sou muito burro (risos). Deveria fazer um sambinha, colocar um solo de guitarra e saca? Ser pop ruim”

Mas talvez seja esse sentimento repleto de amor e fúria que faça com que atores, músicos, artistas plásticos, escritores se unam em prol de fazer algo que para eles seja de verdade. Com uma série de argumentos as vezes um tanto utópicos a chama continua acesa.

Inspirado por outros iniciativas Valciãn Calixto decidiu organizar o coletivo Geração TrisTherezina. A empreitada apesar de recente e ainda em seu início de trabalho mostra que a união, a persistência e o material intelectual humano podem sim colher mais frutos dia após dias. O coletivo é formado por escritores, artistas visuais e músicos.
Geração TrisTherezina - Joniel Santos, João Pedro, Heitor Matos e Valcian
Entre os membros do coletivo TrisTherezina estão: Joniel Santos, João Pedro, Heitor Matos e Valciãn Calixto

[Hits Perdidos] Como surgiu o coletivo Geração TrisTherezina?

Joniel Santos: “A Geração TrisTherezina foi uma iniciativa do Valciãn, inspirado pelo trabalho de outros coletivos. Os integrantes, de certa maneira, já trabalhavam próximos, por se conhecerem, e o Valciãn foi o elo entre essa galera que agora produz com o mesmo objetivo. Mesmo com dificuldade e muitas vezes, falta de incentivo, estamos trabalhando nossa arte.”

[Hits Perdidos] Como vê a cena de Teresina e do estado do Piauí? Visto que apesar do interesse, estas informações muitas vezes demoram para chegar em outras grandes metrópoles do país.

Joniel Santos: “Vejo a cena pequena, claro, em relação a outros estados e principalmente ao sudeste, porém, as bandas com mais sangue no olho, vontade e condições estruturais de nunca parar, conseguem um destaque no cenário local e, com esforço e contatos, fazem turnês bacanas em algumas regiões do país. Mas, definitivamente, insistir na música em Teresina e, ainda com uma banda autoral é um luta constante, onde muitos, muitos mesmo, desistem ainda no início.”

Para entender quem é quem no coletivo:

Ilustração de Joniel Santos
Além dos projetos musicais Joniel Santos lançou pelo coletivo sua HQ, Beeline no fim do ano passado

Joniel Santos: É músico e quadrinista, entre seus trabalhos lançados através do coletivo estão: Flores Radiotivas e Orquestra Bimotor. Ambos projetos foram lançados ao lado de seu irmão Jairon Felipe e deram por suas atividades encerradas. A atual aposta musical de Joniel é seu novo projeto – que tem apenas três meses de existência – Old School Kids.
Agostinho - Divulgacao
O que acontece quando não estamos olhando? é o mais recente livro de Agostinho Torres

Agostinho TorresÉ escritor, através do coletivo já lançou dois livros: Vagabundo Sem Nome (2011) e O Que Acontece Quando Não Estamos Olhando (2016). Apesar de propriamente não pertencer ao coletivo: é um simpatizante dele. Apoia a iniciativa e mantém seus trabalhos em parceria. Ele também é idealizador do site Diretório Literário, voltado para cultura em geral com resenhas, entrevistas etc.
Valciãn Calixto: Além de idealizador do coletivo, é jornalista. Na empreitada literária já publicou o livro Reminiscências do caseiro Genival (2015). Já no campo musical lançou dois trabalhos com a banda Doce de Sal, a demo Recorte (2012) e o EP Quem Cresce em Terê Tem o Sol Como Sina (2014). Este que deu origens ao Axé Punk, que ele irá comentar mais tarde sobre. Misturando poesia e seu estilo próprio, Valciãn lançou Teoria do Abacaxi (2015) e Núcleos de Um Romance Engavetado (2015) registros esses que abriram espaço para sua carreira solo. A pouco tempo, ele lançou Foda! (Abril/2016) podendo ser considerado seu primeiro disco na íntegra a ser lançado pelo coletivo.
Mas quem pensa que para por aí se engana, com influências do hardcore, ska, reggae e funk ao lado de Heitor Matos (vocal), Pablo Vinícius (bateria), Robervan Sousa (guitarras), Valciãn assume o baixo no Cianeto HC. Inclusive o EP Decair (Abril/2016) ganhou vida nos últimos dias.
Divulgacao 24- por Eryka Alcântara
Na entrevista Valciãn Calixto falou sobre como coordena o coletivo

Heitor Matos que aparece em trechos dessa entrevista é vocalista da banda Cianeto HC e idealizador do Zine, Jardim AtômicoÉryka Alcântara segundo Valciãn tem planos de desovar seu livro ainda este ano, ela ainda contribui ajudando na organização dos eventos do TrisTherezina.
Éryka Alcântara - vencedora do I Sarau Virtual realizado pela UFPI
Éryka Alcântara foi vencedora do I Sarau Virtual realizado pela UFPI

O coletivo ainda conta com o fortalecimento de Breno Andrade que você pode conferir o trabalho de fotografia aquiRonnyel Seed que faz as artes e dá uma mão para a Éryka nos eventos e o artista plástico Lucas Martins.
Tela de Lucas Martins
Tela feita por Lucas Martins. Coletivo reúne artistas dos mais variados campos da arte urbana.

[Hits Perdidos] O coletivo tem um viés diferente, pois abrange música, literatura, poesia, artes visuais, produção de documentários, intervenções urbanas dentre outras coisas. Qual a maneira que encontraram para se ajudar?

Valciãn Calixto: “Produzindo de maneira colaborativa, nesse sentido a capa do EP da Cianeto é um desenho feito pelo Joniel, a capa do meu CD solo é uma foto do Breno e no Foda! há músicas em que praticamente o coletivo inteiro aparece participando; o booktrailer produzido para divulgar o livro do Agostinho conta com desenhos feitos também pelo Joniel, isso fora as discussões, conselhos que tomamos um com o outro sobre o melhor a se fazer numa faixa, em show de lançamento, revisar o livro do outro. Penso que dessa forma a gente acaba meio que se sentindo mesmo como parte daquela criação que é do outro e que, de alguma maneira, passa a ser dos outros, nossa também.”

[Hits Perdidos] Quais lançamentos estão nos planos do selo/coletivo? E quais artistas fazem parte?

Valciãn Calixto: “Esse ano já foi lançado em março o Foda!, meu disco solo e em abril Decair, EP de estreia da Cianeto HC. Colaboramos também com o lançamento do livro O Que Acontece Quando Não Estamos Olhando, de Agostinho Torres, lançado esse mês.
Ano passado o Joniel lançou a HQ Beeline na Feira Internacional do Quadrinho (FIQ) em Minas Gerais e eu lancei o livro de poesias Reminiscências do caseiro Genival. Há trabalhos anteriores de todos, de quando não pensávamos em agir e produzir coletivamente.
Estamos agora na torcida para que a Old School Kids, que é a nova banda do Joniel, lance material ainda esse ano. Há a expectativa de a Eryka Alcântara desovar o livro dela também. Quem participa do TrisTherezina é toda a turma das bandas Cianeto, Doce de Sal, Old School Kids, algumas bandas que acabaram ou estão em recesso como Orquestra Bimotor, Cidade Estéril e Dzaia.
Tem ainda o Breno Andrade (dá para conferir o trabalho dele no instagram @piauinatural), Ronnyel Seed, que geralmente faz as artes e ajuda produzindo os eventos junto com a Eryka. E tem o Lucas Martins, artista plástico. O Agostinho não participa do coletivo, ele é como um simpatizante que mantém trabalhos em parceria com a gente, uma espécie de conselheiro também. Ele é ainda o idealizador do site Diretório Literário, voltado para cultura em geral com resenhas, entrevistas etc.”

Screen Shot 2016-04-26 at 6.18.34 PM
Trecho do Fanzine Jardim Atômico

[Hits Perdidos] Qual a importância dos Fanzines em 2016 e como isso tem mobilizado a cena local?

Heitor Matos: “Os fanzines em Teresina tiveram seu auge de circulação e produção na década de 90. Hoje, por conta da internet, muitos fanzines perderam sua materialidade, mas permanecem vivos na clandestinidade do lixo das caixas de e-mail. Claro que ainda sou saudosista e gosto das coisas mais artesanais. Creio que apesar da tecnologia, a cena teresinense ainda prefere o palpável, a bricolagem, o desafio de garimpar em velhas revistas de mainstream. Acredito que são poucos os fanzines que circulam hoje por aqui na mídia física, mas são significativos por mostrarem que a cidade é sedenta por fontes alternativas de informação, além da famigerada rede globo.”

Você pode baixar a versão digital do Zine produzido pelo Heitor, aqui.
Geração TrisTherezina - Livros publicados
Algumas publicações realizadas pelo coletivo TrisTherezina

[Hits Perdidos] Quais livros lançados pelo coletivo?

Valciãn Calixto: Beeline – Joniel Santos (HQ – 2015, Publicação do Autor); Reminiscências do caseiro Genival – Valciãn Calixto (Editora Kazuá, Poesia – 2015); Vagabundo Sem NomeO Que Acontece Quando Não Estamos Olhando – Agostinho Torres (Editora Multifoco – Romance – 2011, Giostri Editora – Contos – 2016, respectivamente). Todos podem ser adquiridos com seus respectivos autores através de suas redes sociais.”

Doce de Sal - Divulgacao
Doce de Sal foi a primeira banda de Valciãn a adotar o rótulo Axé Punk.

[Hits Perdidos] Rótulos são importantes para chamar a atenção. No punk temos sub-gêneros, como Art Punk, o Afro Punk entre outros que você fica um pouco ouriçado quando lê. No caso do coletivo vi tanto em seu trabalho solo como na banda Doce de Sal o mesmo termo, “Axé Punk”. Explique o termo e suas origens.

Valciãn Calixto: “Além dos sub-gêneros que você citou tem o queer, riot grrrl, todos variantes do punk. O que imaginei como/para axé punk foi um imbricamento entre ritmos da axé music e a urgência do rock. O Axé Punk é nada mais que uma violeira tocada em cima de uma bateria rocker ou vice-versa, exatamente o que é a base do axé primitivo: guitarra swingada e marcação de percussão. Dá para notar essa mistura nas músicas “Agarrado à Minha Frustração” e “Marcha-Ranço” do meu disco. O álbum da Xóõ tem uma música chamada “Eu Te Amo”, puro axé punk, só que com uma pegada mais indie.
Claro que eu tenho consciência de que axé music, termo cunhado pelo jornalista Hagamenon Brito, é como uma indústria de exportar música baiana e que os ritmos de fato são o samba-reggae, ijexá, pagode baiano que no caso é a swingueira e mais recentemente a arrochadeira. E é engraçado falarmos do estilo nesses termos, pois ao comemorar 30 anos de axé music em 2016, muito se teorizou sobre uma suposta crise do gênero e indústria.

[Hits Perdidos] O Cianeto HC tem um misto de influências mais na linha hardcore da califórnia do começo dos anos 90 e de Washington (80). Mas também tem uma canção no último trabalho que me remeteu a grupos como o Fishbone. Com uma levada mais ska sem tirar o peso. Como vê a evolução do conjunto do EP de 2014 para o novo?

Heitor Matos: “Dos grandes motivos para a banda amadurecer musicalmente – para o bem e para o mal- deu-se por conta de um verdadeiro tráfico de pessoas, onde muitos baixistas, bateristas e guitarristas deixaram sua marca e contribuição. De 2009 pra cá tivemos cerca de quatro ou cinco formações diferentes. Aprendemos com os erros e aprendemos a tocar melhor no processo (risos).
Atualmente, conseguimos consolidar uma formação com caras sem estrelismo, de mente aberta, avessos aos estereótipos do estilo que escolhemos. O hardcore não precisa ser barulhento todo tempo, não precisa provar que é macho toda hora, não precisa se fechar num clubinho na periferia. Ele tem que ser cosmopolita, em constante estado de metamorfose, aberto para quem deseja “catapultar” sua vida para longe do preconceito e de cartilhas de sentido. Fazer mais do mesmo seria monótono demais. Experimentar seja no ritmo, na letra ou mesmo no que fazemos de nossas vidas é quase que uma necessidade. Quando compreendemos e abrimos os horizontes, melhoramos não só como músicos, mas principalmente como seres humanos.”

Cianeto Banda - formacao atual
Desde 2009, o Cianeto Hc passou por diversas formações diferentes.

[Hits Perdidos] Ainda falando do Cianeto HC, quais grupos do Brasil foram vitais para que o grupo se formasse e quais são as inspirações na hora de escrever?

Heitor Matos: “Bom, ao nível de Brasil, certamente gostamos mais das coisas made in Espírito Santo como Dead Fish e Mukeka di Rato. Gostamos também do punk diferentão e consciente do Cólera, da rebeldia quase doentia do Ratos de Porão, da energia de grupos como Blind Pigs e Surra, além de coisas mais locais como a Obtus HC, banda da nossa terra que recentemente gravou “Ver, Ouvir e Calar”, uma porrada na orelha que já é clássico com pouco mais de dois anos de vida.
Mas para compor, certamente o Mukeka di Rato, com sua ironia politizada, sem partido aparente, foi de grande inspiração para nós, ainda que nossa forma de construção de letras seja mais rebuscada e complexa como as percebidas no Dead Fish. Grupos alternativos como Cascadura também nos ensinaram muito, principalmente como devemos agir num estúdio, simplificando e apurando a intuição em detrimento de uma razão fechada para a música.”

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Trecho do Zine Jardim Atômico com viés politizado

[Hits Perdidos] O viés político está presente em todos os grupos e artistas. Com tanta coisa acontecendo em Brasília, como tem reagido a tudo isso?

Heitor Matos: “Bom, acredito na democracia, no poder do voto e no estado livre de direito. Não posso compactuar com essa eleição indireta e com esse circo armado por corruptos, que riram de nossa cara em nossa frente. Não sou petista, não acredito que houve um movimento de esquerda no Brasil e acho que ser de esquerda vai muito além desses estereótipos horríveis que vemos na televisão e entoados quase como mantras por partidos de pouca expressão.
Além de Músico, sou professor de História e percebo a importância e a dificuldade crescente de apresentar esses conceitos de modo coerente a gerações que estão lendo cada vez menos. Creio ainda que nossa música pode, além disso, ajudar nessa tarefa de alertar as pessoas para o ódio e a intolerância crescentes no seio de nossa república.
Chega de atribuir culpados de maneira seletiva e glorificar heróis que nos fazem torcer por vilões. No fim acho que o Brasil anda tendo a representatividade que merece. Afinal se somos corruptos furando filas, O Que Acontece Quando temos muito dinheiro em nossa frente e Não Estamos Olhando ou cuidando? Há de fato muito que fazer. Quero que meu voto tenha alguma serventia novamente.”

Valcian
Valciãn durante as gravações de seu projeto solo

[Hits Perdidos] Organizar um coletivo não é das tarefas mais fáceis do mundo. Lidar com pessoas tem todo o lance de EGO envolvido, ainda mais no campo das artes em geral. Como faz para lidar com individualismos que uma hora ou outra aparecem?

Valciãn Calixto: “A verdade é que a gente nem tem nada centrado, organizado. Tem um cara chato pegando no pé de todo mundo, falando o tempo todo pra todo mundo produzir, gravar, escrever, lançar, expor que sou eu (risos).
Tem as diferenças e arestas pessoais de cada um como tinha de ser, o que fica muito evidente ouvindo todos os discos já lançados, embora haja algo que já é característica nossa que é a facilidade para misturar ritmos, coisa que fazemos com naturalidade quando compomos e isso devido ao fato de o Piauí ser esse estado de meio, ponte, travessia desde sua formação inicial, quando vinham do sul em direção ao norte, onde era a região do Grão-Pará, com isso não há um ritmo que possamos designar como sendo do nosso estado tal qual o frevo é de Recife ou a lambada no Pará. Aqui tudo é nosso, nossa identidade, mais que em outros lugares é a geleia geral, mistura total mesmo e mesmo lendo as publicações do coletivo, um livro é de conto, outro de poemas, outro é uma HQ.
Mas sobre ego, acho que há boas conotações a respeito de como vemos, lidamos com isso nas músicas “Teoria do Abacaxi” do meu disco, na canção “Decair” do EP da Cianeto e na faixa “Todos os Limites Desta Distorção” da Orquestra Bimotor. Nossos egos estão muito conectados aos nossos sonhos.
Hoje o que acontece é que estamos bem à vontade para produzirmos quando pudermos, pois entendemos que é mesmo muito difícil gravar e publicar em Teresina sem apoio de ninguém além de nós mesmos que fazemos o coletivo e amizades próximas. Por isso, é piegas o que vou falar agora e talvez seja até cedo também, mas é uma felicidade da porra ter feito o que já fizemos, fortalecer também a amizade que temos e cultuamos, sem amizade, sem os egos, sem a ambição de cada um, sem o jeito arisco de encarar outros artistas da cidade e suas produções, não haveria a Geração TrisTherezina.”

Old School Kids - Divulgacao
A Old School Kids, novo projeto de Josiel, se formou a apenas três meses.

[Hits Perdidos] A Flores Radioativas acabou e a Orquestra Bimotor também. O que rolou? Joniel está agora com outro projeto, a Old School Kids. O que esperar? Algo parecido ou outro universo de proposta de som?

Joniel Santos: “A Flores tocou por alguns anos em muitos eventos numa sub-cena do underground da cidade, porque a cena musical em Teresina já é underground para o cenário nacional. Há poucos registros, gravamos pouco, mas a resposta nos shows era sempre positiva. A banda ainda resistiu até o ano passado e eu desmotivado pela desmotivação dos outros (integrantes) resolvi finalmente encerrar a banda de vez.
A Orquestra Bimotor nunca fez show. Era basicamente um projeto meu e do meu irmão Jairon, que foi sempre o baterista da Flores Radioativas, de criar um duo. Registramos as músicas nos intervalos do trabalho com a Flores. A ideia parecia boa, mas faltou tempo para nos dedicarmos. Não seguimos com a Orquestra.
A Old School Kids é um projeto muito recente. Tem três meses de existência. A ideia surgiu quando eu convidei Ramon Rodrigues (baixista, tocou na Flores Radioativas no finalzinho) e o Lerraj Henrique (baterista, ex-Vermez Inúteiz, ex-Cidade Estéril) para ensaiarmos uma pilha de músicas minhas que eu tinha e o resultado foi, depois de uma música que gostamos, criar as outras na mesma linha. Letras em inglês e mais melodiosas, para soar diferente das minhas outras bandas, guitarra mais limpa, arranjos mais simples, mais diretos. Gostamos da ideia, da sonoridade e estamos começando.”

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Os discos lançados pelo coletivo Geração Tristherezina podem ser ouvidos através do Bandcamp Oficial

Para finalizar fiz uma pergunta bastante aberta para que eles respondessem da maneira que melhor entendessem. Afinal de contas, música além sentimento é força de expressão.
[Hits Perdidos] O que cada disco te ensinou?

Heitor Matos: “Cada disco me ensinou a nunca entregar os pontos, por maiores que sejam as dificuldades. Pode parecer demagogia, mas é difícil tocar e sustentar o sonho por tantos anos sem apoio ou incentivo. Até o ano passado, seria impossível sonhar com esse material. Hoje, gravar um disco com 14 faixas é uma possibilidade real.”
Joniel Santos: “No meu percurso com a Flores Radiotivas e Orquestra Bimotor, aprendi na verdade foi a entender, que, é sempre uma luta. E muitas vezes, seus companheiros não compartilham dos mesmos interesses, mas que vale a pena fazer isso, botar a cara, se expressar, fazer o que gosta.”
Valciãn Calixto: “Nada tem sido fácil tampouco impossível!”

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