Arroz, feijão e misturas: Fincado em suas origens, Laranja Oliva começa a colher os frutos de seu debut

Hoje vamos falar de uma banda que tem orgulho de suas origens e sempre busca fazer referências a elas. Do estilo, passando pelo campo da sonoridade ao nome: Laranja Oliva.



Para quem não sabe Limeira, cidade localizada a 143 KM da capital paulista, por muitos anos foi conhecida como a capital da Laranja e berço da citricultura nacional, tudo isso a grande produção que predominou na agricultura da região por muitos anos. Ou seja a banda tem seu berço nos pomares da cidade, e com o lançamento de seu primeiro disco no ano passado, agora mais maduro: o conjunto começa a colher os frutos.

Conheci o trabalho do grupo através da banda Cigana – que também é conterrânea e a qual já escrevi sobre por aqui – ao ler uma entrevista na qual indicavam ao leitores como dica o som envolvente da banda Laranja Oliva.

Após tocarem juntos pelas noites da região por seis anos sob outro nome, em 2011 eles decidiram começar o projeto. Laranja Oliva é composto por: Sérgio Moreira Júnior (Vocais), Gui Escafandro (Guitarra), Bruno Bertoni (Baixo), Thiago Val (Teclados) e Victor Bertoni (Bateria). Três anos mais tarde, o sonho foi realizado com lançamento de seu primeiro disco, Arroz, Feijão e Mistura (2014), que foi lançado de forma independente em parceria com o produtor Nícolas Rossi do ATM Studio.



O conjunto não gosta muito de rotular o som que produz mas afirma ter influências dos estilos mais diversos como: Rock, Samba, Jazz, Funk e Groove. Inclusive durante seus shows eles costumam além de mostrar músicas de seu repertório autoral, mesclar com versões de artistas que os inspiram: Criolo, B.Negão, Djavan, Tim Maia, Emicida, Ed Motta, Sandra de Sá, Belchior, Arnaldo Antunes, Forfun entre outros.



“Alguma coisa a gente tem que amar” bebe da fonte da bossa nova que se casa com o funk e groovie na melodia. Uma letra de dor de cotovelo com aquela levada de samba e chorinho. O solo de guitarra no meio da canção eleva o tom da canção e faz ela crescer ganhando peso do rock junto ao teclado no melhor estilo dub. Além de brasilidades podemos observar influências da música latino-americana nesta faixa.



“Blues Acabado” como o próprio nome diz: se trata de um blues. Cheio de groovies e que mostra a influência pesada do gênero. Tem um quê das letras de Arnaldo Antunes e cita até o escritor Augusto dos Anjos. Ao ouvir me remeteu a como se Cazuza se aventurasse a fazer um blues e me faz questionar: se estivesse vivo, faria algo do tipo em 2015?
Algo que não deve ser visto com maus olhos. A guitarra ganha destaque e chora sangue quando a música vai chegando ao fim.

“Cuidado com a maré”, já tem um quê de Ed. Motta, antes de ir para a europa e querer cagar regra. Brincadeiras a parte a música tem um pouco de PMA (Positive Mental Attitude), é dançante na mistura de funk e que resgata mais uma vez o blues/jazz.

Poderia tocar nas rádios voltadas para a música popular brasileira, como por exemplo a alpha fm ou a finada OI FM. Reggae e ritmos caribenhos ganham força do meio para o fim da canção e mostram toda a maleabilidade da transição de estilos que até então parece ser uma facilidade e característica da banda.

“Fim de tarde” é a balada roqueira da banda, com um tom do pop rock a música ganha força quando se casa com a MPB e remete ao estilo do Barão Vermelho. Mas a parte lenta, quando entram os teclados é a parte que merece destaque, onde tanto o instrumental e o vocal ganham força: mostrando assim o talento individual de cada músico.

“Guerra” tem aquele toque das baladas de Cássia Eller ao mesmo tempo que te remetem ao som do Skank. Sim, muitas referências, o que é legal. Afinal, o pop rock brasileiro plantou semente dos anos 80/90 para cá. E os frutos disso podem ser colhidos nos pomares da Laranja Oliva. O baixo é marcante e a guitarra sola conforme a progressão dos versos poéticos da canção.

“Ontem a Noite”, tem swing, tem gingado e pedais que deixam mais pegado o som da guitarra. Já o baixo entra comendo solto no melhor estilo Red Hot Chilli Peppers. Os teclados dão um clima ainda mais alucinógeno e criam a atmosfera de saudade proposta pelos versos. Falando em versos, a banda usa o recurso do mineirês na música usando termos terminados em “in”, para rimar ou não, me remeteram ao Jota Quest.

“Rua dos Injustiçados”, tem um ritmo mais circense em sua progressão e narra a rotina diária de um homem trabalhador comum. O teclado alimenta essa vibe circense e dramatiza ainda mais o ar de rotina cansativa e bitolada. A crítica ao estilo de vida de quem sai para descontar os traumas do dia-a-dia nos finais de semana, regando o tanque de bebida e causando discórdia e fatalidades movido ao ódio.

“Sambafunkdaescadaproalém”, é um samba funkeado com influência de música de raíz brasileira, boêmia e carnavalesca. A intenção da música parece a de cair na rua em algum bloco de carnaval na sexta-feira e só voltar para a vida ordinária depois da ressaca sem fim de uma típica quarta-feira de cinzas.

“Tudo de uma vez (para nina)”, segue o estilo do rock funkeado com transições, o destaque fica pelo refrão que quebra total a pegada da música. O solo ao final da canção te remete ao músico, Santana.

“Vestida para dançar”, tem cara de single, rock mais despojado, teclado cibernético e atmosfera vibrante te remetendo a situação de um rockeiro ao ir a uma gafieira. Algo que o Los Hermanos tratou de fazer em parte de sua carreira, como na canção “Todo Carnaval Tem Seu Fim”.



A partir do disco a banda segue trilhando seu caminho e colhendo os frutos de seu trabalho autoral realizando shows em festivais de destaque como: Virada Cultural Paulista, Grito Rock e Festival R.U.A. Além de shows pelo estado de São Paulo, Rio de Janeiro e no Paraná. Confira abaixo uma versão que a banda fez da canção “Nóiz” do rapper Emicida.



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This post was published on 1 de outubro de 2015 7:47 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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