Luedji Luna mergulha nas profundezas em “Um Mar Pra Cada Um”

 Luedji Luna mergulha nas profundezas em “Um Mar Pra Cada Um”

Luedji Luna lança seu quarto álbum, “Um Mar Pra Cada Um”. – Foto Por: Henrique Falsi – Direção Criativa: Lucas Teixeira (@lucasteixeirabarros) e Pedro Moura (@pedromoura)

Após colher os frutos do aclamado Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água (2020) — que ganhou versão deluxe em 2022 e ao vivo em 2025 —, Luedji Luna retorna aos holofotes com seu quarto álbum de estúdio: Um Mar Pra Cada Um. O projeto chega às plataformas digitais nesta segunda-feira, 26 de maio, e aprofunda a proposta artística da cantora baiana com influências de jazz contemporâneo, neo-soul, além de uma forte carga espiritual e emocional.

Novo álbum de Luedji Luna em 2025 é marcado por uma investigação íntima, filosófica e plural sobre temas como carência emocional, amor idealizado, espiritualidade e ancestralidade. O disco conta com 11 faixas inéditas e participações especiais de nomes como Nubya Garcia, Liniker, Takuya Kuroda, Isaiah Shaker, TALI e da poeta Beatriz Nascimento, em uma participação póstuma por meio de inteligência artificial.

“Eu fiz esse disco pra investigar, para além do meu desejo, a minha carência, que gera essa busca incessante. Ele surge para que eu possa curar minha versão do passado que inventava amores, pois era a única maneira de habitar o amor, e para que eu compreenda que eu sou digna de ser amada porque, assim como qualquer ser humano, sou um ser divino.

Nele, eu encontro o amor divino, supremo, como em “A Love Supreme” presente na obra do John Coltrane. É por essa razão também que temos uma presença massiva de sopros neste trabalho.”, confidencia Luedji

O material reúne ao todo 11 faixas e as participações especiais aparecem em “Dentro Ali”, “Harém” e “Salty” e “Baby, Te amo”. A última é inclusive uma publicação póstuma de Beatriz, que recita o próprio poema a partir da utilização de uma IA.

Em faixas como “Gênesis”, que abre o disco, a baiana tem a companhia dos conterrâneos Bira Marques no piano, Bruno Mangabeira no sax, Nei Sacramento na bateria e Ângelo Santiago no contrabaixo. O álbum conta com ficha técnica extensa com direito a arranjos de violinos, violas, violoncelos, sintetizadores, caxixi entre outros.

A espiritualidade e a música como cura também são elementos que ressoam como fundição.

“O sopro que anima a vida, que está presente no início de todas as coisas, na cosmogonia cristã e em tantas outras. A etimologia da palavra ‘espiritualidade’ vem do latim ‘spiritus’, que quer dizer sopro. Ele é o veículo e o amor é a fonte originária; o fundamento de toda criação, de tudo que existe. Por isso, a primeira faixa se intitula ‘Gênesis’ e começa com um sax”, relembra Luedji Luna


Luedji Luna - 2025 - Luedji Luna mergulha nas profundezas em Um Mar Pra Cada Um
Luedji Luna mergulha nas profundezas em Um Mar Pra Cada Um. – Foto Por: Henrique Falci

Luedji Luna Um Mar Pra Cada Um

“Um Mar Pra Cada Um”: espiritualidade, sopros e afeto

A faixa de abertura, “Gênesis”, dá o tom do álbum: instrumental, densa e espiritual. Participam da gravação Ubiratan Marques (BaianaSystem,Orquestra Afrosinfônica), Ângelo Santiago e Nei Sacramento, reforçando a ligação com a musicalidade afro-baiana e jazzística. A escolha do saxofone como instrumento de abertura conecta-se ao conceito de “sopro” como essência da vida — uma metáfora presente em diversas cosmogonias e na própria etimologia da palavra “espiritualidade”.

Na sequência, faixas como “Karma” e “Kyoto” exploram a projeção de desejos, superações e o sentimento de saudade em meio a batidas suaves de jazz e soul. “Kyoto”, em especial, une beats refinados a uma atmosfera de introspecção a milhares de quilômetros de casa.

“Rota” é um dos pontos altos do disco. Com uma orquestra completa (violinos, violas, violoncelos) e piano de Lucas Romero, a faixa remete à obra de Guilherme Arantes com uma abordagem lírica sobre os caminhos que recalculamos ao longo da vida.

Participações especiais e o poder dos sopros

“Dentro Ali”, com a saxofonista britânica Nubya Garcia, traz arranjos delicados e letras sobre sonhos, futuro e memórias. A canção funciona como uma jornada introspectiva guiada por grooves e sopros — elementos centrais em Um Mar Pra Cada Um.

“4hz” marca a transição para a segunda parte do álbum, com reflexões sobre o amor sob a perspectiva de uma mulher negra. Logo em seguida, “Harém” ganha contornos sensuais e intimistas, com participação marcante de Liniker na segunda metade da música.

Afrobeat, bossa nova e funk sensual

A faixa “Gamboa” é uma ode tropical à paixão, misturando afrobeat e bossa nova com arranjos envolventes. Já “Salty” aposta em um funk refinado, com metáforas oceânicas que evocam as paisagens da Bahia. A canção inclui colaborações de alto nível com o saxofonista japonês Takuya Kuroda e TALI.

“Jóia” é uma das mais confessionais do disco. Com citações a “Pérola Negra” (Luiz Melodia) e produção emotiva, é um desabafo sobre afeto e vulnerabilidade. O encerramento se dá com “Baby, Te Amo”, faixa poética que une música e tecnologia com a voz digitalizada da poeta Beatriz Nascimento, criando um epílogo lírico para o álbum.

Por que ouvir Um Mar Pra Cada Um?

  • Combinação sofisticada de neo-soul brasileiro, jazz e afrobeat

  • Letras com profundidade filosófica e poética

  • Participações especiais nacionais e internacionais

  • Produção impecável com arranjos instrumentais ricos

  • Um dos lançamentos musicais mais importantes de 2025

Luedji Luna prova, mais uma vez, que sua arte vai além do som: ela é corpo, pensamento, fé e memória. Um Mar Pra Cada Um não é apenas um álbum — é uma jornada sonora de cura e expansão. Um convite para mergulhar nas águas profundas do amor, da ancestralidade e da própria existência.


Luedji Luna - Um Mar Pra Cada Um - foto por Henrique Falsi
Luedji Luna lança seu quarto álbum, “Um Mar Pra Cada Um”. – Foto Por: Henrique Falsi – Direção Criativa: Lucas Teixeira (@lucasteixeirabarros) e Pedro Moura (@pedromoura)
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