Cena de rock goiano ganha documentário, nova coletânea e celebra os 15 anos do Overfuzz
Overfuzz completa 15 anos e lançará primeiro disco em português
O início dos anos 2000 ficou conhecido com a era de ouro do rock goiano e nesta sexta (24) estreia o documentário Goiânia Rock City, dirigido por Théo Farah, com exibição no Cine Ritz, localizado no centro da cidade, com ingressos esgotados.
O longa-metragem de 102 minutos mergulha na cena musical da cidade desde o início dos anos 2000, nele 27 entrevistados ajudam a recriar um período efervescente, abordando o surgimento das bandas mais importantes da época, dos espaços culturais, dos festivais e selos musicais que ajudaram na consolidação da cena rock local. O documentário também aborda a diversificação da música goiana, explorando gêneros desde o metal e hardcore até o hip hop.
“Sempre me incomodou o fato deste período não ter sido abordado de maneira mais completa em nenhuma produção local. Achei que contar esta história seria uma forma de eternizar um momento tão importante para a música goiana e brasileira.”, comenta o diretor que tinha o esboço roteiro para o filme pronto desde 2014
Personagens conhecidos da cena local como Carlos Brandão, além de brigas, aparecem no registro como as eternas discordâncias ideológicas entre o Segundo, da Two Beers Records, e o pessoal da Monstro Discos. Momentos históricos são relembrados ao longo do filme, como o Rock Pelo Niemeyer, movimento encabeçado por Pablo Kossa, e o fatídico dia do rock na Pecuária de Goiânia, evento que reuniu bandas de rock independente para tocar no palco principal da maior festa agropecuária do país.
Um dos palcos mais importante da cena, Centro Cultural Martim Cererê, também está presente, assim como os festivais Vaca Amarela, Goiânia Noise e Bananada, que tem suas raízes no Cererê, primeiro palco de muitas bandas. Integrantes de bandas clássicas como Mechanics, MQN, Black Drawing Chalks, Hellbenders, Girlie Hell e Rollin Chamas, aparecem ao longo do registro.
“Falar de rock numa terra historicamente dominada pelo sertanejo é muito difícil e, até certo, ponto subversivo. O rock nada mais é do que subversão, nadar contra a maré e lutar por um ideal. Então eu creio que o filme Goiânia Rock City já nasceu lá atrás com uma essência roqueira e que tem o papel de espalhar esta atitude rock and roll mundo afora.”, afirma o diretor
Lançamento do documentário coincide com nova coletânea da Monstro Discos
No dia 17/01, inclusive, a Monstro Discos lançou álbum gravado durante o Goiânia Noise. O material reúne performances gravadas ao vivo em um estúdio montado em formato de aquário durante a 28ª Edição do Goiânia Noise Festival.
Realizado em parceria com o Sesc Goiás, o Estúdio Sesc – Goiânia Noise transformou a esplanada do Centro Cultural Oscar Niemeyer em um espaço único durante os três dias do festival. Com paredes de vidro que permitiram uma interação direta entre artistas e público, o estúdio funcionou como um terceiro palco do evento, reunindo 12 bandas goianas para gravar uma música cada. Sob a direção e produção de Gustavo Vazquez, o projeto capturou as performances.
O disco reúne desde novidades a bandas veteranas, como 6º Sentido, União Clandestina, Distorce, Sangra D’Água, AnarkoTrans, Idos de Março, Banana Bipolar, Realife, Nienori, SóTão, Sheena Ye e The Last Shot.
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Overfuzz anuncia novo disco para comemorar seus 15 anos de (re)existência
Com até então dois álbuns de estúdio e alcance nacional em março o grupo goiano lançará seu novo material de inéditas. Formado em 2010, com estilo que mistura indie rock, stoner rock e hard rock, o Overfuzz se aventurará pela primeira vez em lançar um disco em português.
Os goianos, inclusive, estão empolgados para a mudança para o português e as composições são realizadas ativamente pelos três integrantes, o que ajudou a elevar o entrosamento e parceria entre os músicos.
“Queria cantar na nossa língua e passar uma mensagem clara pro nosso público. Também queria que as pessoas conseguissem cantar junto as músicas nos shows”, diz o baterista e vocalista do Overfuzz Victor César
Disco do Overfuzz chegará em março…
O primeiro single a ser revelado chega nesta sexta (24) em Premiere no Hits Perdidos. “Sonho Americano” segundo o power trio, tem referências de artistas como Motörhead, Black Sabbath e Autoramas.
A crítica na letra é ferranha a idolatria da cultura estadunidense e a desvalorização da identidade brasileira, algo que se relaciona diretamente com o momento socio político brasileiro.
“O grande desafio (e que também é a parte mais legal) está em achar sonoridades e melodias que soem bem com as novas propostas, mas sem perder a potência e a agressividade que sempre nos caracterizaram.”, revela Brunno Veiga, guitarrista e vocalista, sobre a nova fase
Com distorção e peso, o punch das referências citadas, e o mergulho no stoner rock e psicodelia, transparecem ao longo dos três minutos e meio de duração da faixa, entre riffs que ficam na cabeça, fuzz e o pulsar das teclas. A letra, inclusive, parece até mesmo uma crítica a bandas como Doctor Pheabes, dos donos de uma polêmica seguradora, mas claro, podendo se estender a outras.