Com público de 20 mil pessoas, Festival Turá faz renascer o Anfiteatro Por do Sol na sua primeira edição

 Com público de 20 mil pessoas, Festival Turá faz renascer o Anfiteatro Por do Sol na sua primeira edição

Depois de tanta chuva – e põe chuva nisso – tivemos uma trégua e dois belos dias de sol (18 e 19 de novembro) para comparecer ao anfiteatro pôr do sol – um dos lugares mais incríveis de Porto Alegre cheio de histórias pra contar – que, infelizmente, a prefeitura não tem dado o devido valor. Reunindo cerca de 20 mil pessoas, em sua primeira edição na capital gaúcha, o Festival Turá trouxe um fim de semana cheio da pluralidade musical que o nosso país pode apresentar. E não só isso, além das atrações musicais, teve comida vegana, teve bebida, tiveram encontros das mais variadas idades, teve emoção, teve calor e por incrível que pareça o frio também deu as caras.

Primeiro dia  

Primeira atração do dia, Bloco Império da Lã abriu o festejo com o que tem de melhor. Comandada por Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde), o grupo ainda pegou um pouco da garoa que restava no início de tarde. Uma das melhores partes do festival, e que pode ser claramente elogiado, é por ser pontual. Se houve algum atraso não passou de meros 2 minutos.  

A próxima atração, confesso uma das mais aguardadas por mim, foi a paulista Jup do Bairro. Admirável mulher trans, trouxe suas histórias por meio de suas músicas para os fãs e curiosos que ainda estavam chegando ao Festival. Com seus parceiros Dj Evehive e Mulambo, não só mostrou forte aliança como também abriu espaço para que ambos mostrassem seus trabalhos. A diva apresentou canções como a ótima “Transgressão”, “All You Need is Love”, “Pelo Amor de Deize”, sua versão de “Máscara” da Pitty, entre outros.


Jup do Bairro no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Jup do Bairro no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

A próxima atração foi a tão aguardada volta do Papas da Língua. Banda muito conhecida e amada entre os gaúchos, com sua formação original, voltava após quatro anos do seu término. Acho que a maioria das pessoas presentes, pelo menos aqueles que na faixa etária dos 30+ que passaram a adolescência no Sul, sabiam cantar todas as músicas. Apresentaram sua vasta lista de hits como os clássicos “blusinha Branca”, “Vem Pra cá”, “Lua Cheia (Fica Doida)”, entre vários outros que eu poderia citar infinitamente.


Papas da Língua no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Papas da Língua no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Logo após tivemos um dos maiores nomes da música brasileira – Alceu Valença. Além de fazer um grande show, ele também dá show de simpatia. Interagiu com o público, fez graça, e ainda contou que qualquer lugar que vá e esteja chovendo, a chuva sessa. (Será que graça a Alceu tivemos sol naquele fim de semana? De qualquer maneira, obrigada Alceu). Alceu apresentou seu vasto repertório, com o público cantando a plenos pulmões e dançando como se não houvesse amanhã naquele belo fim de tarde. “Flor de Tangerina”, “Como Dois Animais”, e é claro “Morena Tropicana”, e “anunciação” foram algumas das músicas que fizeram parte do show.


Alceu Valença no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Alceu Valença no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Praticamente noite e um dos shows que foi literalmente para os fãs que estavam ali esperando desde cedo. Inclusive com participações muito que especiais de Pitty e Emicida. A Fresno, mais do que querida em Porto Alegre, finalmente realiza seu sonho de tocar no Anfiteatro cheio. Era o último show do ano, encerrando a turnê “Vou Ter que Me Virar”, e nada melhor do que fechar com chave de ouro em “casa”. A Fresno veio com canções de seu último álbum de estúdio, como “Vou Ter que Me Virar”, “Fudeu!!!”, passou por clássicos como “Desde Quando Você se Foi”, “Quebre as Correntes”.


Fresno e Emicida no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Fresno e Emicida no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Uma das partes mais emocionantes foi a participação do Emicida na faixa “Manifesto” – que de acordo com os fãs não é tocada nos shows e muitos ficaram com inveja – e levantou o público que cantou junto com a dupla. E além do Emicida, também tivemos a Pitty levando o público a loucura dividindo o palco com a Fresno e performando uma canção da banda – “Casa Assombrada” – e depois músicas do seu próprio repertório como “Na Sua Estante”, Máscara” e “Me Adora”. 

Agora, o melhor show do primeiro dia de Turá, Emicida chegou pra mostrar o que saber fazer de melhor. Acompanhado de excelente banda, Emicida tocou uma flauta transversal, interage com o público, canta. Inclusive durante o show o mesmo deu um depoimento, muito emocionado, que mais cedo havia comparecido a um concerto em Porto Alegre onde a regente era uma mulher negra. 


Pitty e Emicida no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Pitty e Emicida no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Não existe um ser humano próximo ao palco que não se sinta rendido pelo grande trabalho que ele apresenta e pela energia que passa. Ele apresentou canções como “Quem Tem um Amigo (Tem Tudo)”, “Pantera Negra”, Passarinhos”, “AmarElo”, “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”. E mais uma vez tivemos participação da Pitty, dessa vez na canção “Hoje Cedo”.   

Segundo dia   

Domingo o sol resolveu dar as caras logo cedo e não era um sol qualquer, era quente. Primeira atração do dia, o Bloco da Laje – bem conhecido do nosso carnaval – é um dos mais queridos e tem suas próprias canções como “O Sol É O Rei” e “Deixa Brincar”. Sempre muito alegres e coloridos, abriram com o pé direito o segundo dia de Turá. 

Segundo grupo a se apresentar, os queridos da Francisco, El Hombre colocaram a galera pra dançar. A banda apresentou vários dos seus hits “Calor da Rua”, “Chão Teto Parede”, “Triste, louca ou Má”. No final do show, com direito a roda, Mateo desceu para o meio da galera durante uma das canções. É sem dúvida um dos shows mais divertidos.


Mateo (Francisco, El Hombre) no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Francisco, El Hombre no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

No final da tarde de domingo tivemos Marina Sena. Como vemos já de acordo com seu disco atual, o show é sensual, com boas coreografias, algumas vezes é usada uma gravação de apoio. A mineira interagiu bastante com o público que acompanhou cantando muitas de suas canções como “Me Toca”, “Ombrim”, “Por Supuesto”, “Tudo Pra Amar Você”, “Dano Sarrada”.


Marina Sena no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Marina Sena no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Um show que me surpreendeu e me prendeu foi da Duda Beat. Ela entrou no palco com suas bailarinas, e ela transparece ser uma pessoa que gosta de estar ali. Veio de bota com salto, que não durou muito tempo – em uma certa hora do show a mesma ficou descalça pois não tinha outro calçado e o que usava estava machucando – tomou vinho e brindou a todos. Dançou, cantou diversos hits como “Tangerina”, “Bixinho”, e ainda fez uma surpresa apresentando o single “Saudade de Você” antes do lançamento (o single foi lançado dia 22/11).


Duda Beat no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Duda Beat no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Penúltimo show do dia, Baco Exu do Blues tinha o público na mão, mas parece que não se aproveitou disso. Indo de ponta a ponta no palco, o cantor interagia muito com suas backing vocals – que são excelentes. Apresentou canções como “Me Desculpa Jay Z”, “Te Amo Desgraça”, “Mulheres Grandes”, entre outras. Apesar da grande simpatia, do público cantando alto e acompanhando, algo faltou no show. 


Baco Exu do Blues no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Baco Exu do Blues no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

Pra fechar o segundo dia e também o festival, por incrível que pareça aquele vento frio se fazia presente e Caetano Veloso subiu ao palco onde era aguardado pelo público de diversas idades. Inclusive, na grade, não havia só jovens não. Caetano abriu o show com a canção “You Don’t Know Me”, e dali em diante foi mostrando sua rica e extensa lista de canções – algumas como “Menino Deus”, Odara”, Menino do Rio”. Em “Meu Coco”, para delírio do público, Marina Sena e Duda Beat retornaram ao palco e deram uma palinha ao lado de Caetano.


Caetano Veloso no Festival Turá, edição Porto Alegre - crédito Mila Borges
Caetano Veloso no Festival Turá Edição Porto AlegreFoto Por: Mila Borges

 Visão geral  

Assim que a chuva deu trégua consegui ir até o local. Quem já foi até o anfiteatro sabe que ele tem uma espécie de declínio indo em direção ao palco, facilitando a vida de quem não quer ficar muito perto. Por conta da chuva o local ainda muito úmido era um pouco escorregadio, mas nada que estragasse a experiência. Com muitos bares distribuídos não se viam filas, e se houve eram muito pequenas. Em relação a valores, todos dentro da média de um festival. Vamos ver daqui pra frente como vai ser a questão da água em shows e festivais em 2024. Muitos banheiros disponíveis, filas algumas vezes, nada forma do normal.  

Os pontos negativos, a meu ver, seja o policiamento em torno do local pois só havia alguns policiais na entrada do evento e em pouquíssima quantidade. Sobre o segundo dia, a devolução do cartão em troca de água que não ocorreu devido à falta de água. E também mais lugares com sombra disponibilizada, talvez próximo aos bares – principalmente onde havia as mesas com bancos pois o sol se fazia forte no segundo dia. 

No geral, o festival foi ótimo. Atrações, localização, acomodações, valores. Achei importante a acessibilidade e inclusão. Recursos para pessoas com deficiência física, auditiva, visual ou intelectual tivessem todo suporte.  Foi disponibilizado fone de ouvido para pessoas com o espectro autista, tradução em libras nos telões, e parceria com a Livre de Assédio – plataforma que opera ações preventivas contra todo tipo de discriminação.  

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