Nova MPB: Mahmundi, Tuyo, Pedro Emílio e Jota.pê, Nobat, LOUISE, Mariana Volker e Maria Gadú, Johnny Hooker e Ney Matogrosso e mais!
Mahmundi lança seu novo álbum e é destaque na editoria Nova MPB. – Foto Por: Roma
A Nova MPB trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido na música brasileira. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!
Sobre a Nova MPB
A música brasileira em permanente reinvenção.
“Nova MPB” olha para artistas que transformam a tradição em novidade, misturando gêneros, territórios e experiências pessoais em obras que falam diretamente ao nosso tempo. Aqui cabe desde o samba torto até o folk psicodélico, passando por eletrônica, afrobeats, indie ou funk. Porque MPB é muito mais do que um estilo – e não parou na década de 70.

Nova MPB #10
Rafa Castro “Caminho é se perder” (feat. Paulo Novaes e Lucas Caram)
Para iniciar a divulgação do seu novo disco, Em silêncio o afeto cresce, Rafa Castro apresentou o single “Caminho é se perder”, parceria com Paulo Novaes e Lucas Caram. O músico reflete que a faixa discorre sobre os desvios e incertezas que moldam a vida. Afirma ainda que carrega consigo o espírito do álbum que tem como temática a busca por encontrar sentido na vulnerabilidade, na ausência de certezas, no espaço fértil que nasce do silêncio e da escuta.
Arranjos de piano e cordas, voz calma e reflexiva, que dialoga com o universo de “To Build A Home“, do The Cinematic Orchestra, justamente por discorrer sobre esses meandros e curvas sinuosas que a vida nos apresenta, ganham melodias leves, quase espirituais. Entre chegadas e partidas, se perder para se encontrar, entre as pedras pelo caminho e os feixes de luz que se apresentam na nossa caminhada, Rafa passa uma mensagem positiva para quem muitas vezes precisa de forças para continuar.
O músico revela ainda que será “um disco que convida à pausa, ao afeto e ao mergulho em si, com a maturidade de quem faz da música um território de partilha”.
Vitor Araújo “TOQUE N.6” (Live In Amsterdam)
Em registro refinado, Vitor Araújo teve a oportunidade de colaborar com a Metropole Orkest, orquestra sinfônica de Amsterdã (Holanda). “TOQUE N.6” foi gravada ao vivo e está sendo lançada pelo selo RISCO. A peça, escrita por Araújo, é a colisão de duas forças tectônicas: a percussividade do Nordeste brasileiro e a elasticidade da massa sonora de uma orquestra sinfônica em combustão controlada.
O Toré indígena, o Boi do Maranhão, o Maracatu e o Coco, se fundem a referências da música erudita e de clássicos brasileiros como Tom Jobim, Villa-Lobos, Moacir Santos, Eumir Deodato, ao longo dessa odisseia antropofágica sensorial.
A dinâmica pulsante, repleta de criatividade, entre conectar as referências que o pianista recifense levou na bagagem ao longo da sua jornada até os Países Baixos, e o diluir de fronteiras entre o erudito e o popular, dão um charme a mais para a canção que até mesmo o espírito do carnaval de rua é capaz de abraçar.
Trabalhos Espaciais Manuais Ponto de Curva
Representando a cena de música instrumental porto-alegrense, Trabalhos Espaciais Manuais (TEM) enfim apresenta seu primeiro álbum de estúdio, Ponto de Curva. Produzido por Duda Raupp, o material reúne colaborações com Di Melo e Lívia Nery na faixa “Prazerá”, além de Saskia em “Miragem de Iara pt. 2”.
Bastante inventivo e cruzando fronteiras dos gêneros musicais, seu andamento vai conectando brasis com a potência criativa de um disco que foi sendo desenhado ao longo dos anos. Entre as misturas vemos o groove, o soul e o funk, se emaranhando a ritmos como hip-hop, baião, jongo e afrobeat, de maneira orgânica.
Um disco que convida o ouvinte a adentrar um universo bastante plural, com metais, batidas, melodias e progressões que carregam uma mensagem político-social transgressora mesmo sem a necessidade de utilizar sequer uma palavra. Suas ambiências ganham curvas gerando imagens no horizonte, que parecem carregar consigo a mensagem sobre a necessidade de um país de dimensões continentais, muitas histórias e muita cultura, que ainda precisa realizar o exercício de se conhecer. Essa narrativa bastante afetuosa, generosa e quase transcendental carrega consigo a potência e entrosamento implacável entre os músicos.
ABQNE O Outro Novo Eu na Sala de Estar
A Banda Que Nunca Existiu (ABQNE) tem como proposta no EP realizar uma ópera-rock psicodélica brasileira. A dupla composta por HL (Humberto Lyra) e LP (Luiz Pissutto) interpreta suas próprias canções e inaugura o capítulo zero de um projeto de cinco álbuns.
O trabalho reúne ainda Paulo Zinner (bateria), Edu Gomes (guitarra), Adriano Magoo (piano), baixo e vocais da própria ABQNE, e a participação do assovio de Zeca Baleiro que encerra essa jornada bastante imersiva que passa por três atos. O primeiro representa a imersão interior, o segundo o reconhecimento e a afirmação do eu (quando o novo desperta) e o terceiro é uma caminhada simbólica e tranquila pela “sala de estar” (o reencontro consigo mesmo).
“Vivemos tempos em que tudo é imediato. Essa música é o oposto disso – não foi feita para o algoritmo, foi feita para o humano. Para quem ainda acredita que parar também é um ato de liberdade”, comenta LP.
“É uma ópera-rock com “easter eggs” cheia de sinais escondidos – um mantra, um mapa sonoro para quem se perdeu de si. Cada silêncio revela mais do que qualquer palavra. É um espelho: quando você ouve com calma, é o seu outro eu que responde”, revela HL.
Johnny Hooker e Ney Matogrosso “Viver e Morrer de Amor na América Latina”
Nos últimos dias Johnny Hooker apresentou “Viver e Morrer de Amor na América Latina”, parceria com Ney Matogrosso que apresenta sua nova era e estará presente no álbum homônimo previsto para os próximos meses. Para a nova fase, além das referências da MPB contemporânea, o músico traz consigo elementos latino-americanos como o brega e o bolero.
Esse tom melodramático ganha versos quentes e uma paleta de cores que se complementa com o audiovisual que tem vermelho vivo, feito às veias da América Latina, e os arranjos de cordas leves de um bolero que ganha a companhia do vocal característico de Ney. Entre o tarô da cigana, a malemolência e a conexão com a identidade latina, a faixa traz até mesmo os batuques do nosso tão brasileiro samba-reggae.
“Comecei a escrever essa faixa e quando me dei conta estava escrevendo com Ney em mente. Ela traz uma coisa mística, mas ao mesmo tempo profética sobre as desventuras de ser latino americano, passional e intenso. Não importa o quanto a gente fuja, o amor vai nos alcançar, vai nos suspender no ar e nos arremessar ao chão. É o destino de todos sob este sol inclemente do Hemisfério Sul, viver e morrer de amor”, revelou.
Em relação à concretização da parceria, o músico comenta: “Quando Ney topou gravar essa comigo, eu fiquei muito feliz. Ele foi de uma generosidade e carinho incríveis. Ficou melhor do que no sonho. Mais do que um momento de carreira, é um momento da minha vida que eu jamais esquecerei”.
A faixa também ganhou um videoclipe protagonizado por Débora Nascimento (assista).
“Ser convidada para participar do clipe dessa música tão maravilhosa, dessa arte, com o meu querido Johnny, com o Ney Matogrosso, foi uma alegria e não tinha como dizer não. Ainda mais porque estou personificando uma figura tão importante na minha vida. Uma mulher misteriosa, mulher brasileira, cigana, que evoca os poderes de todo o Axé. Estou inebriada, mas muito feliz. A música vocês vão amar e o clipe é pura qualidade”, comenta a atriz.
Mahmundi Bem Vindos de Volta
Bem-vindos de Volta, novo álbum da MAHMUNDI, conta com oito faixas e uma experimentação que mistura a leveza das suas composições a atmosferas eletrônicas. Synths, efeitos, batidas e texturas, trip hop, rock eletrônico e a amplitude sonora da nova música brasileira fazem parte das curvas sonoras do novo registro da artista.
Contribuem nas faixas os músicos Dyck Friesen (guitarras em “IRREVERSÍVEL”), Sessa (violão em “MAPA MUNDI”) e Iuri Rio Branco (beats e programações em “Mapa Mundi”) e Adieu contribui com guitarras, violões, vozes, baixos, beats e programações.
O material foi produzido em parceria com Adieu, produtor conhecido por trabalhos com Marina Sena e Pabllo Vittar, e reúne colaborações com Rico Dalasam (feat. em “O MUNDO PODE ESPERAR”), além de Castello Branco (“MAPA MUNDI” e “IRREVERSÍVEL”) e Qinho (“O MUNDO PODE ESPERAR”), que assinam composições ao lado da artista. MAHMUNDI também compôs com a escritora Maria Isabel Iorio em “SALIVA FRISSON” e “VOCÊ VAI ME PERGUNTAR QUEM EU SOU”.
“‘Bem-vindos de Volta’ é uma frase que eu amo. É sobre esse lugar para onde a gente retorna por livre e espontânea vontade, porque faz sentido. Estou voltando para esse cenário independente, sendo dona dos meus fonogramas, fazendo meu som. É um encontro comigo mesma, com aquela Mahmundi lá de 2012 que tantos fãs lembram com carinho”, comenta MAHMUNDI.
O amor, a vida em são paulo, o reencontro com a identidade musical, a maturidade da caminhada, o lado solar da vida, fazem parte da jornada ilustrada ao longo do disco que é leve, pop, versátil, acessível e pronto para nos acompanhar em nosso cotidiano.
Mariana Volker e Maria Gadú “Não Quero Te Querer”
Mariana Volker continua em sua odisseia de apresentar aos poucos o álbum delícia delícia programado para 2026. Agora ela chega com “Não Quero Te Querer” feat. com Maria Gadú. A música relata o encontro entre duas pessoas certas em um momento errado, entre a confusão de sentimentos e seus desdobramentos, daqueles que costumamos procurar explicações, muitas vezes sem se pautar pelos fatos. Toda essa intensidade, ganha um canto bastante confessional, elementos rítmicos, entre sussurros e um coração em chamas.
A canção é uma composição assinada por Giuliano Eriston e ganhou camadas leves, entre ambiências, percussões precisamente calculadas e atmosfera folk. Entre as referências do instrumental estão artistas como Kings of Convenience, Marisa Monte e Rodrigo Alarcon.
“Eu ouvi o Giuliano cantando a música em um show e falei: quero gravar essa música! E ele super liberou. Foi amor à primeira ouvida. Achei que tinha tudo a ver comigo, e ele confirmou, falando que harmonia, ideia, melodia eram minha cara. E eu gosto muito que essa música fala sobre esse amor que acontece, essa pessoa certa que chega pra você na hora errada.
O projeto tem essa coisa da paixão avassaladora que arrebata a gente. Eu gosto muito dessa brincadeira, ‘eu te gosto muito, mas não quero te querer’, mas a pessoa já tá querendo. Então, tem essa confusão dos sentimentos. Acho muito interessante e muito gostoso também”, diz Volker.
Tuyo e Branko “Pro Mundo Ouvir”
A Tuyo apresentou recentemente uma parceria com o produtor português Branko, conhecido por integrar a Buraka Som Sistema e projetos com outros artistas como BaianaSystem e M.I.A. “Pro Mundo Ouvir” ganhou um videoclipe (assista) que acabou entrando na nossa lista de Melhores Clipes Independentes de Novembro (confira).
“Basicamente é uma canção de término, de encerramento. O começo e fim de um sentimento”, como explica Lay sobre a narrativa que começa em “Leve”, parceria do trio no single do português previamente lançado.
Os vocais sutis e narrativa que junta os cacos para que seja possível começar novos ciclos, ressoam como um canto de lamúria e descarrego. Entre a firmeza na fala, o nó na garganta e backing vocals que ressoam como portas para abrir novos horizontes. As linhas eletrônicas, cada vez mais intensas, que grupos eletrônicos como 100 gecs exploram, entre texturas intensas e coração partido, carregam consigo a sensação de se libertar de um sentimento incômodo acumulado.
“Quando estávamos com Branko para produzir essa nova música, ele falou sobre como, na época que criamos ‘Leve’, eu estava vivendo um momento de amor. Com isso, fui contando da minha vida para ele, e surgiu ‘Pro Mundo Ouvir‘, que é basicamente uma canção de término, de encerramento.
Ao lado dele, tive a chance de entender e elaborar essa faixa. Juntamos ideias, sons e intenções numa sessão improvisada em casa de um amigo – e o resultado é uma faixa mais intensa, mais dançante e com a mesma química criativa de sempre”, relata Lay Soares
LOUISE “Insônia”
LOUISE, filha do Chico Science, estreou em carreira solo com o single “Insônia” com referências amplas que vão de Erykah Badu a Portishead e abrem portas para seu primeiro EP.
“Fazem parte dessa construção referências musicais da minha infância e também do início dos meus 20 anos, quando comecei a ouvir mais artistas dessa época. Selena, Tricky, Björk e PJ Harvey são nomes que me inspiram”, revela LOUISE que vai beber em estilos como trip-hop e R&B.
A faixa nasceu em parceria com o cantor e produtor Barro e surgiu durante uma sessão em estúdio. Ele criando a base e ela improvisando versos e o refrão. Foi a imagem do rio e do mar separados por quebra-mares, mas que se encontram no horizonte que veio a inspiração. É dessa intensidade, entre se sentir perdida em meio a sentimentos antagônicos, distância e noites mal dormidas, que a dinâmica da canção traduz como fé e angústia podem entrar em curto-circuito.
“Esse é o começo de algo totalmente novo na minha carreira. É o ponto de partida de uma trajetória que pretendo construir com uma base forte e sólida. O single – que antecipa o EP “Notívaga”, previsto para 2026 – fala de uma situação fictícia, mas com pitadas de informações sobre mim. É o começo da minha viagem solo no mundo da música”, comenta a artista.
A respeito do título, dos sentimentos e a atmosfera noturna que a contempla a canção, a artista revela: “Existem milhares de pessoas vivendo a angústia que é estar apaixonado nesse exato momento, mas nem todas conseguem estar perto do seu amor pelo tempo que desejam. Acho que a personagem dessa música tá numa fase meio obsessiva, a ponto de não conseguir dormir de tanto pensar no ser amado. Não tem mensagem, tem um cenário e um sentimento”.
Martin Nossa Memória
Martin apresenta através do selo Rockambole seu primeiro álbum de estúdio, Nossa Memória. Entre a paleta de referências escolhidas para o disco do paulistano estão trabalhos artísticos do final dos anos 70 e começo dos 80 sem abrir mão, claro, da identidade própria e da linguagem e tecnologia dos nossos tempos.
Nomes como João Gilberto, Tom Jobim e Gilberto Gil, além dos contemporâneos, Ana Frango Elétrico, Bruno Berle e Tim Bernardes, aparecem nas influências diretas segundo o músico. O material foi produzido por Victor Kroner e conta com arranjos de violoncelos de Francisca Barreto.
É na leveza, no coração dos arranjos, olhar para o retrovisor das memórias, entre belas melodias e canto sereno que o músico atravessa esse desafio inerente da estreia para falar sobre temas complexos como o amor e suas transformações.
As referências distintas vão aparecendo ao longo da jornada, como no funk e nos grooves, de “Pela Manhã, na modernidade eletrônica presente na música pop, cintilante e confessional, “Te Quero Assim”, na intensidade folk fraternal de “Dois Irmãos”. Assim como na atmosférica que vai beber da bossa nova, “Levar”, no minimalismo de “Um Dia” e em “Consertar” que tem referências fortes da natureza do disco Recomeçar (2017, Tim Bernardes).
“O objetivo era soar autêntico e novo, levantar as músicas com calma e dar a elas o tratamento que mereciam. O fio condutor são as questões íntimas que as músicas trazem, as relações, os medos, as vontades, as esperanças e a nostalgia, um pouco do que se passa na cabeça no cotidiano.
É emocionante e um pouco assustador ao mesmo tempo. A dúvida acompanha o processo quando se está fazendo decisões artísticas sozinho, mas é também onde se encontra a verdade. Essas músicas nasceram sozinhas no meu quarto, cresceram com amigos e agora ganham o mundo. Estou ansioso para tocá-las ao vivo e me conectar com mais pessoas através delas”, conta Martin.
Caio Rocha “O Silêncio”
O alagoano, Caio Rocha, apresenta o single “O Silêncio” com produção de Dinho Zampier. A intensidade dos silêncios, seja aqueles que apenas nos ouvimos, como do estar no meio do mato ouvindo grilos e cigarras no anoitecer, ganham versos e melodias calmas para externar como ele tem o poder de gerar reflexões e, consequentemente, ajudar na tomada de decisões.
As teclas ganham a companhia da leveza da sua voz que se contrapõe com o quanto ele pode ser ensurdecedor dentro da nossa própria cabeça. Da paz, da calmaria ao turbilhão de emoções, a faixa faz reflexões até mesmo sobre como o silêncio pode carregar consigo a inquietude da alma.
“Existe o silêncio bom e o silêncio ruim, em que um pode trazer a paz e a calmaria para uma pessoa e o outro pode amedrontar um indivíduo. Então esse momento da calada da noite me coloca em uma posição de pensar, refletir e debater sobre coisas que me açoitam”, reflete o músico sobre a composição.
Nobat “Antes de Kiev”
O multiartista mineiro Nobat revelou o single “Antes de Kiev” que marca seu retorno após três anos sem novidades. Movimento, sua nova empreitada, é um projeto tridisciplinar ambicioso que se desdobra em álbum, livro e filme previstos para 2026 e 2027.
“O disco, o livro e o filme são como três dimensões de uma mesma emoção. Cada um respira de um jeito, mas todos nascem do mesmo corpo”, explica Nobat.
A faixa foi composta Nobat e o cineasta Tiago Tereza em 2022 e nasceu em meio às notícias que anunciavam a invasão da Ucrânia pelas tropas russas.
“A tensão que antecede uma guerra — o silêncio que precede a primeira explosão — me lembrou a angústia o que eu sentia na véspera do fim da minha relação afetiva. A véspera às vezes é mais tensa que o próprio fim”, comenta sobre o momento.
Referências à música brasileira não faltam. No primeiro verso, “Antes de Kiev / que era aqui”, Nobat faz um jogo de palavras que transforma o distante em próximo, o geopolítico em emocional, brincando com o mesmo efeito produzido pela canção “Haiti”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil (“O Haiti é aqui”). Já em seu encerramento um dos versos de “Um girassol da cor do seu cabelo”, clássico do compositor Lô Borges, aparece e o lançamento vem bem próximo ao momento da partida do músico conterrâneo.
O músico revela que a faixa foi produzida por Brandu em três momentos entre 2023 e 2025. A primeira parte das gravações aconteceu em Belo Horizonte, no estúdio casa12; depois, a canção ganhou corpo no sítio da família de Nobat situado aos pés da Serra da Moeda, em Brumadinho (MG); e a finalização se deu em Vitória (ES), onde o artista vive atualmente, com gravações vocais, mixagem e masterização assinadas por Dan Abranches, no Estúdio Selva.REC.
Repleta de detalhes no instrumental, a canção conta com baixo, synth bass, bateria rufada em referência à marcha militar e o uso de samples, o que deixa ela bastante moderna.
Condensando sentimentos, a faixa vai crescendo aos poucos, e sua poesia repleta de recursos linguísticos, como metáforas, acompanha esse momento. A natureza da sua construção nos colocando dentro daquele cenário aterrorizante apocalíptico. O prenúncio do desabar do mundo e as duras consequências de uma guerra, ganham contornos narrativos e ambiências de uma marcha militar que vai tomando conta de uma cidade onde antes existia vida e abundância. Sua intensidade vai da força do silêncio da poesia ao eclodir das bombas nos preparando para o pior.
Sonoro Devaneio “O Verbo”
O duo formado pela cantora mineira Tiara Magalhães e pelo músico e produtor Amleto Barboni, Sonoro Devaneio, apresenta seu novo single “O Verbo” com referências que passeiam pelo jazz contemporâneo, indie, fusion e influências da música mineira. A faixa conta com a participação espacial do tecladista Felipe Viegas e Humberto Ziegler, na bateria.
Eles revelam que a faixa foi produzida em São Paulo no estúdio de Amleto Barboni usando gravadores e microfones de fita, instrumentos vintage, como uma bateria Rodgers da década de 60 e amplificadores da década de 70. Imerso na ilusão e na densidade de suas camadas, em meio a progressões sonoras, a faixa caminha em direção ao encontro com a sua essência. Entre metáforas e curvas sonoras experimentais, intercaladas com o mix entre os vocais.
Julia Mestre “Maravilhosamente Bem” remix por DJ Mulú
“Maravilhosamente Bem” da carioca Julia Mestre, ganhou um remix envolvente nas mãos do DJ Mulú com aquele clima de festa setentista repleto de grooves e clima de azaração.
“Eu e Mulú já vínhamos trocando há muito tempo. Sou fã da música dele e esse feat já era um desejo antigo. ‘Maravilhosamente Bem’ nasceu com alma de pista, com esse clima ‘sexy’, e foi perfeito ver como o Mulú trouxe exatamente a leitura que eu imaginava um remix que dança entre o frescor e uma nostalgia que eu amo. Estou completamente viciada nessa versão. Escuto andando de bicicleta, malhando… e claro, dançando! Louca para que contagie ainda mais pessoas!”, afirma Julia.
“Quando ouvi ‘Maravilhosamente Bem’ pela primeira vez, já senti que ela brilharia na pista. A ideia do remix foi elevar a temperatura da música, trazendo a energia sedutora da canção para um universo mais dançante, sem perder o caráter nostálgico e inspirado no clima da era de ouro das rádios e discotecas cariocas dos anos 70. O resultado é um ‘Brasil Disco’ embrazado feito sob medida para incendiar o verão e fazer todo mundo dançar”, diz Mulú.
Serafim “Beijos de capote”
O cantor e compositor alagoano Serafim continua a disponibilizar singles que estarão presentes em Aqui pra nós, disco previsto para 2026. Natural de Maceió, o músico revela que a faixa surgiu da parceria com o poeta, pintor e ícone da cultura alagoana Paulo Caldas e que começou a ser rascunhada através de uma poesia enviada pelo artista visual, algo rotineiro na amizade deles. A partir disso, Serafim compôs a melodia encaixando cada frase.
“A parceria representa a junção dos nossos mundos, a música, a poesia e esse amor pelas coisas da nossa terra”, conta Serafim.
A partir daí, o formato voz, violão e sanfona, aliaram-se ao texto e a interpretação do músico que gravou o material no Maná Records sob produção de Thiago Mata e Nayane Ferreira (Os Fugitivos). Sendo a sanfona tocada por Alisson do Acordeon. Nas referências sonoras estão as canções alternativas e psicodélicas da região.
Pedro Emílio e Jota.pê “Aprende Coração”
O cantor e compositor Pedro Emílio lança a faixa “Aprende Coração”, um feat com Jota.pê e encerra o ciclo do ótimo álbum de estreia Enquanto os Distraídos Amam. Com referências dos anos 80, apelidada por eles como balada retrô pop, tem como ponto central um coração que precisa reaprender a amar, entre os meandros, ciladas e confusões inerentes a esse momento.
Alessandra Leão e Liniker “Tatuzinho”
A parceria de Alessandra Leão com Kiko Dinucci ganha uma versão repaginada com produção musical de ChicoCorrea e participação especial de Liniker. A releitura de “Tatuzinho” mergulha no universo do arrocha e do brega. O lançamento dá o pontapé inicial para as comemorações dos 20 anos do seu álbum de estreia.
“Tatuzinho”, faixa lançada em 2006 no álbum Brinquedo de Tambor, foi feita enquanto Alessandra colocava o filho para dormir. Anos depois, a letra escrita por Kiko transformou a melodia em uma canção de amor, chamego e safadeza, revisitada pela artista no EP Pedra de Sal (2014). Lucas Dan participa tocando sanfona e synths.
O convite para essa nova gravação veio de uma coincidência feliz: Liniker compartilhou a faixa nas redes, e o encontro artístico aconteceu. “Era ela que eu estava procurando para cantar junto”, contou Alessandra no material de bastidores.
“Esse é um convite pro baile, pro coxa com coxa. É frequente alguém chegar pra mim e dizer: ‘Então, Alê… sabe aquela tua música? Tô usando.’ Adoro! É isso: usem ‘Tatuzinho’ sem moderação”, revela a artista.