Gustavo Glaser apresenta amplo horizonte em novo EP

 Gustavo Glaser apresenta amplo horizonte em novo EP

O mineiro Gustavo Glaser lança seu novo EP. – Foto Por: Bianca Rodrigues

Mais um expoente da cena indie de Belo Horizonte, Gustavo Glaser trilha um caminho que valoriza a autenticidade e o brilho sincero, sem necessariamente uma promoção ostensiva. Tendo iniciado sua jornada há quase uma década, em 2016, durante uma efervescência do indie rock na capital mineira, que revelou nomes como El Toro Fuerte, Mineiros da Lua, Moons, Glaser assumia guitarras e backing vocals na banda O Cerne.

Desde então, o artista aprofundou seus conhecimentos, trabalhando com outros artistas e se dedicando aos próprios experimentos, culminando agora nos estudos de produção musical na SRH Berlin, onde atualmente reside. Uma expressão dessa trajetória de imersão e crescimento é o EP homônimo onde Gustavo se sente pronto para se apresentar ao mundo de maneira definitiva.

É com essa maturidade e autenticidade que ele lança este trabalho, uma vitrine concisa de seu trabalho multifacetado como artista, músico e produtor. O projeto reúne uma rica tapeçaria de influências, do folk com inspirações de John Lennon, ao rock agitado d’A Enorme Perda de Tempo, psicodelia, clássicos… A diversidade das faixas reflete um processo criativo orgânico e livre de conceitos rígidos, evidenciando um horizonte promissor para o artista mineiro.

Para entender melhor essa estreia e os caminhos de sua produção, convidamos o autor a contar um pouco sobre cada faixa, que você pode conferir exclusivamente no Hits Perdidos.


A capa do EP do Gustavo Glaser é assinada por Nina Machado.
A capa do EP é assinada por Nina Machado.

Faixa-a-faixa por Gustavo Glaser

“De outra vez (estendida)”: Primeiro single dessa etapa. Retrata bem um emaranhado estético-musical que fui deglutindo e explorando ao longo desses anos. Era a faixa que eu tinha mais clareza do que eu queria experimentar e fazer. Achei que pelo emaranhado estético fazia sentido como abertura do disco já que ela tem essa visão musical consolidada. ‘Estendida’ porque, diferente do single, conta com umas piras de fills de bateria que gravei para a opção de edição depois de gravar um take final. A primeira versão que exportei da gravação estava com uns fills e ouvindo eu curti. Então dei uma editada, exagerei essa parte um pouco mais na mix e fiz essa versão pro EP.

A música é de teor romântico, fala sobre o processar términos. Compus ela em 2022 no meio do ano. Momento cheio de mudanças na vida, incertezas (pra variar) e apostas. Essa canção me veio como um sinal bonito e de alento, foi muito importante pro momento que eu vivia.

“E amor ficou”: Essa eu lembro que compus em 2021, início do ano na pandemia, quando tava ouvindo muito o álbum ‘Cosmo’ do Cícero, mas ela carrega outras referências mais antigas também. Num exercício de tentar criar e compor, ela veio através de eu tentar encaixar um violão na linha de bateria eletrônica que fiz. A melodia veio na hora e meio que a letra também. Também romântica e de enredo “lidando com término”. Tem uma atmosfera meio ansiosa, indignada e exacerbada. É meio fatalista antevendo um término, se enxergando numa situação sem solução pra relação. Finalizar a produção dela foi um ótimo aprendizado! Por ela ter dois momentos bem diferentes né, foi bem legal pensar a mix pro momento inicial que vai captando tensão e então pro momento final de extravaso, momento mais energético do EP.

“E AMR FCOU (VINHETA BEAT)”: piração, quis desenvolver e desenrolar o beat que fiz pra compor ‘E amor ficou’ e deu nisso. Busquei explorar uns detalhezinhos de mix pra paisagem sonora com sutis automações de efeitos.

“Reinação”: Compus em 2020, eu acho, muito na pira de Boogarins e da minha banda O Cerne. Tava guardada e empoeirando, até que revirei ela ano passado. Chegou num resultado final só esse ano e com esse feat incrível com o Dinho. Foi muito especial ver que, mesmo sem dar direcionamentos específicos pro que o Dinho devia fazer, o que eu imaginava pra música se concretizou de uma maneira muito natural no processo.

Eu queria ver qual pira ele teria pra ela e quando eu recebi a primeira bounce do que ele fez foi mágico notar isso. E um artista de enorme referência pra mim trabalhar comigo numa música minha me fez feliz demais. A letra é a única que não tem uma narrativa de relação romântica. Ela é meio metafísica onírica, boogarinística. Fala sobre angustias de estarmos numas lógicas pragmáticas e que forçam vícios egoístas aqui no mundo.

“Nós dois (a grande importância)”: Segundo single, música mais cancioneira do EP. Saindo das faixas do meio mais energéticas, mais piradas ou psicodélicas, ela retoma uma delicadeza que já tava presente em ‘De outra vez’. É uma mistura de indie folk com essência “mineiresca” Clube da Esquina. E é a música mais nova do EP, do fim de 2024. Logo que ela chegou, eu tive certeza que queria trabalhar rápido nela e que ela encaixaria no EP.

Fiquei muito realizado, arranjando, gravando e finalizando ela. É de teor romântico fatalista, indaga sobre a incerteza futura, sentimentos do passado e inseguranças que nos confundem. Mas, no fundo, carrega a beleza do amor e da gratidão pelo que foi vivido naquele momento. Diferente do single, no EP ela não termina suspensa e em fade out (que passa talvez uma ideia de algo a mais por vir) mas sim termina com um ar mais grandioso pra finalizar o EP, e dando mais ênfase à ‘grande importância’ que é o foco emocional da história da música.

Ouça o EP:


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