Supervão retorna às origens e cai na pistinha indie eletrônica em “Nostalgia”

 Supervão retorna às origens e cai na pistinha indie eletrônica em “Nostalgia”

Supervão apresenta o primeiro single do seu novo disco. – Foto: Divulgação

Nostalgia embala o primeiro single de Amores e Vícios da Geração Nostalgia

Que tempo horrível para se viver. É assim que podemos definir a pandemia e tudo que ela trouxe junto. Para muitos projetos, foi momento de pausa, de diminuir o ritmo, reformular e testar novas coisas. E com a Supervão, duo composto por Mario Arruda e Leonardo Serafini, não foi muito diferente. Lembro até mesmo do show de lançamento de Faz Party (2019) ser realizado poucos meses do lockdown no Centro Cultural São Paulo.

Depois de disponibilizar o disco, com apoio da Natura Musical, eles resolveram aproveitar aquele momento estranho, cheio de frustração de planos, para abraçar o que era possível naquele momento. De lives – e raves virtuais – passando por experimentar produzir materiais um tanto quanto longe da estética indie eletrônica. Tudo isso aconteceu. Teve experimentação de novas frequências, synths e até mesmo se aventuraram fazendo trap. Quem acompanhou o Hits Perdidos, com certeza se deparou com lançamentos dessa fase.

Eles também aproveitaram para colaborar nesse meio tempo com feats com as cantoras Viridiana, Miri Brock e Cuqui (vocalista da banda Musa Híbrida).


Divulgação Supervão Nostalgia 2023
Supervão apresenta o primeiro single do seu novo disco. – Foto: Divulgação

A Volta às Origens Indies

“Mesmo que tenha pensado em terminar, a gente nunca chegou a pensar em recusar convites pra eventos fodas. mas era aquilo, uma junção pra um momento específico. foi indo assim, meio indo meio parando por um tempo. Lembro que o show na Noite dos Museus em Porto Alegre desse ano foi muito foda. nossa galera mais louca chegou, os pós punk, os frito, alguns indies. Deu toda uma nova vibe…tinha uma vez que a gente tava fazendo show, tinha uma galera boa, mas aí o cara ia ver e quase não conhecia ninguém…por um lado amava que tinha novas galeras chegando, pessoas que chegavam através do nosso som ou por caminhos imprevisíveis, mas não entendia bem como que as amizades tavam sumidas….

De repente era pq a gente vinha inventando muita viagem, fazendo sonoridades que nos tiravam do nosso território mais habitual… provavelmente isso também forçava nossa galera a se deslocar tb. por um lado (((((artístico e existencial))))) isso é uma saúde, é fazer com que quem entre em contato com esses sons tenha uma oportunidade de se renovar… mas por outro, isso negava algumas conexões verdadeiras, profundas e de longa data…percebendo isso, a gente foi voltando pro indie. Pelos nossos. Pela nossa história. Pela nossa trajetória e também pra fazer alguma estética mais robusta, que a gente já sabe os caminhos, os tetos, as brisas, as passagens…

Se pá, isso foi só uma despretensão que voltou também. A gente não se sente muito na onda de fazer um som que mude tudo, que nos leve pra um outro modo de ver o mundo. Só estamos querendo fazer os shows que a gente queria ver com guitarra com pique meio sequela de risadera se quiser, de terrorismo se quiser.

Enfim…a volta das abordagens indies e a volta das amizades nos shows fez com que a gente fosse se entendendo de novo…e ao invés de terminar, a gente foi voltando aos poucos.”, comentam eles em blog especial para o novo disco

Supervão “Nostalgia”

Se treino é treino, e jogo é jogo, agora eles se preparam para lançar o novo álbum da Supervão. O primeiro gosto de Amores e Vícios da Geração Nostalgia é justamente “Nostalgia”. O disco tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2024. É, gente, o ano está definitivamente acabando e já estamos sabendo de vários artistas que planejam lançar discos no ano que vem (aguenta coração!).

“Dizer pra vocês que chegou uma hora que nem mesmo a gente acreditava mais… mas o lance é que acabamos gravando um disco novo nesses últimos meses. Processo inicial foi tipo assim….Um dia a gente se juntou pra trocar ideia, tipo pra firmar o fim ou pelo menos um hiato da bandinha…aí já tava se despedindo depois de perceber que não tinha mais nada a ver o que tava fazendo, quando viu abrimos um projetinho no ableton. Só pela nostalgia…era um som que era pra ter entrado no Faz Party e não entrou… uma música que tinha sido remontada em uma vibe indie shoegaze, vibe origens.

Era uma música antiga, que fala assim:
“eu estranhei o seu cabelo
não sabia bem se era você
eu me escondi debaixo da mesa
só esperando você
você falar…”

Seguia ainda falando que o cara tinha dado umas viajada, tinha criado umas lente bizarra pra ver o mundo…a música tava meio ruim ainda, aí aproveitando que a gente já não tinha mais projeto nenhum pra agilizar (a banda tava acabando), decidimo regravar uns lances, só pelo fds dias depois juntamos mais um dia, fizemos outro som e assim foi…. semana a semana, nas quartas, de duas guita e um baixo a gente foi gravando umas ficaram uma merdas mas umas ficaram massa só que a gente nem sabia se eras lançar… um pouco de descrença, um pouco de deprê, um pouco de falta de sol. Aí foi rolando a ideia de que se tem um lance totalmente nada a vê pro mercado da música hoje em dia é lançar um disco de guitarra.

Lance ficou mal visto por anos foi aí que a gente foi pegando uma vontade de mostrar aqueles sons sem pretensão pra outras pessoas…haole a haole foi curtindo. Mas tá, os bicho são amizade né, tavam dando uma força. Enfim, mas agora vamo lançar uma. Chama “Nostalgia” ainda não é aquela primeira, que falamos da letra…aquela ainda vem depois a de agora foi a que criou a vontade de lançar o disco. Vamo vê.”, contaram eles no blog do álbum que quem fizer pre-save das tracks poderá conferir uma série de conteúdos exclusivos

Eles aproveitam o momento para informar que o show de lançamento do single acontece amanhã no Festival Avante, ao lado de artistas como Sophia Chablau, Karina Buhr e Tom Zé, e com participação especial de Miri Brock e Viridiana. Não perde essa estreia Porto Alegre!

Essa energia cyberpunk sem nenhuma pretensão transparece no novo single. Tem um baixo pressão à moda Joy Division? Claro! Podia muito ser uma canção do The Drums na fase Portamento (2011)? Com certeza.

Mas aí que o nome entra, “Nostalgia”. Toda essa saudade por se reconectar com aquela festinha mais trevosa, com aquele ar despretensioso da noite e da galera post-punk…emerge no obscuro. O próprio cantar relapso e a memória de um outro tempo reverberam desde a vibração dos acordes aos beats executados em loop. Pra discoteca, pra “indieoteca”, pra pistinha. É definitivamente o retorno às origens.

Ouça nas Plataformas Digitais

Letra

E eu tava me sentindo meio demais
E até o que eu pilho tava meio sem sal
E quando vi ninguém de nós amar mais
Até de longe, a treta fode normal

Eu sinto muito, eu to no meio, to down
Fita de crise, sem se pechar
Nóis dois de Vans, e muitos anos atrás
Aqueles dois já não existem mais

E A NOSTALGIA
É FODA

To copiando não, eu sei não to só
Sei tudo deu errado mais de uma vez
A gente tá sem vibe, é falta de sol
Tem tanto chato querendo nosso mês
Sabe, o nosso tempo passou
E eu sei, eu Menti, disse eu não te amo, tu vibrou

Ficha Técnica:

Música por Supervão
Letra, voz, baixo e bateria por Mario Arruda
Guitarra por Leonardo Serafini
Produção e mixagem por Mario Arruda
Masterização por Olimpio Machado

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