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Conheça New House, o novo selo do Kiko Zambianchi

Certa vez, Kiko Zambianchi precisou pegar o seu violão e ir de rádio em rádio tocar uma música autoral que acreditava ser um sucesso em potencial. O que parece ser uma atitude compreensível no contexto do mercado musical independente atual, foi feito na verdade em 1985 com a canção “Primeiros Erros”, que de fato se tornou um dos maiores sucessos da carreira de Zambianchi, ganhando novas proporções nos anos 2000 quando foi regravada pelo Capital Inicial. Mas no ano passado, o cantor, compositor e guitarrista idealizou a New House, um selo que pretende lançar artistas novos em um mercado totalmente diferente da época em que só as grandes gravadoras ditavam a regra.


Kiko Zambianchi lança o selo New House. – Foto: Divulgação

New House

A New House foi criada em 2021 com o objetivo de lançar os próprios trabalhos do Kiko e, principalmente, músicos promissores mas que não têm visibilidade nenhuma em meio a milhares de músicas sendo lançadas por dia em todo o mundo. Em entrevista para o Hits, Zambianchi explica:

“Eu acho que o que acontecia antes é que havia uma triagem, seja lá como ela fosse feita. Existia uma pessoa que fazia uma curadoria. Com o computador e com o YouTube, todo mundo lança música hoje em dia. Então hoje em dia a gente tem 60 mil músicas lançadas na internet por dia. E é humanamente impossível que alguém ache uma música específica de um artista, a não ser que ela siga o artista… Mas assim, um artista novo vai estar jogado entre essas 60 mil. Então o que era uma coisa de poucos artistas, de pessoas já numa pré-triagem, que iam pra gravadora, virou 60 mil músicas diárias.

Eu também fiz a New House porque tem muito artista novo e bom que não tem nenhuma gravadora que vai chamar. Porque hoje em dia o Brasil segue sempre uma tendência. É difícil você ver várias tendências de música tocando ao mesmo tempo no país, principalmente na grande mídia. É difícil quando ela escolhe um tipo de som, um tipo de coisa, é aquilo que rola e o resto desaparece. Praticamente ninguém chama, ninguém vai. Então é isso, pra isso que a gente veio aí, pra pegar esses artistas que estão sem condições de lançar coisa e também para apoiar eles.”

Em meio a tanta oferta acessível e a tão pouco tempo e disposição por parte dos ouvintes médios, a New House adotou uma estratégia que acaba sendo sua singularidade: é um selo apenas de singles. Kiko justifica trazendo uma perspectiva, de certa forma, realista:

“O cara entra no Itunes lá e escolhe uma música. Compra uma, não compra o disco inteiro. Então o disco inteiro é bom, mas não tem mais aquele impacto. O que causa esse impacto é uma música boa que toque. Aí com essa música boa provavelmente ele vai vender outras. Mas assim, o disco inteiro às vezes não acontece. Às vezes acontecem uma ou duas faixas. Aqui a gente procura músicas, dentro de vários estilos, que a gente acha que pode ser uma música que aconteça”, afirma o artista.

Além disso, Zambianchi busca também dar autonomia e liberdade para os músicos, já que as majors costumam exigir um vínculo mais a longo prazo.

O primeiro lançamento do selo foi uma parceria de Zambianchi com Gary O.C. e interpretada pela ex-finalista do The Voice USA Rose Short, a faixa “Trees That Fall”. A música foi produzida para o curta-metragem Leaves (Julia Rosengren e Paul Davis, 2021) e lançada meses após do lançamento do filme, em agosto de 2022. Já o segundo ocorreu no dia 11 de julho e é mais uma parceria de Kiko: dessa vez, com Abel Capella.

Abel Capella

Abel Capella é goiano de nascença, mas cresceu em Uberlândia (MG) e atualmente mora em Palmas (TO). Criado em um ambiente familiar muito musical (incluindo um bisavô luthier de violão e acordeon), Abel desenvolveu suas habilidades artísticas ainda na adolescência, se envolvendo também com teatro, literatura e street dance. Mas foi na música que seguiu carreira, já tendo feito parte de algumas bandas da região, como os Capelinos, La Cecilia e Cão de Rua.

Mas como não é fácil sobreviver de arte no Brasil, em determinado momento da vida Abel precisou trabalhar com outras coisas, e foi produzindo eventos que conheceu Kiko Zambianchi, de quem se tornou amigo e, futuramente, veio a se tornar também parceiro de composição. O artista contou, em entrevista ao Hits, como foi esse primeiro encontro:

“Eu o conheci alguns anos atrás  nessa época que eu era produtor de eventos aqui em Palmas. Tinha alguns artistas pra escolher produzir o show e acabei escolhendo o Kiko. Eu fui buscar ele no aeroporto e foi automático. Foi uma amizade que rolou. Quando a gente viu, já se entendeu. Ficou aquela impressão boa de brother e depois, na sequência, fui buscar ele pro show e a gente ficou horas e horas trocando ideia lá no hotel tocando violão, eu mostrando umas músicas minhas pra ele. Ele foi muito receptivo e a gente fez essa amizade automática.”

Após um tempo, os dois perderam o contato, mas ele foi retomado quando Beto Bruno, amigo em comum dos dois, fez uma postagem sobre Abel e Zambianchi viu e o reconheceu. O reencontro dos músicos resultou, além da retomada da amizade “de outras vidas”, como diriam eles, na canção “Bem Longe”.


Abel Capella – Divulgação do videoclipe “Bem Longe”

“Bem Longe”

Lançada no início de julho, “Bem Longe” é um pop rock sensível e muito afetuoso com pitadas de esoterismo. Abel detalha como foi o processo de composição da música, que foi feita em São Paulo em cima de uma melodia pronta de Kiko, e revela que envolve um fato delicado:

“Ele tava me mostrando algumas músicas, alguma coisa que faltava letra, aí chegou nessa que era só um violão, e achei perfeita. Mas era um dia que eu tava com um sentimento muito à flor da pele, porque tinha recebido a notícia de que a minha filha tava no hospital em Palmas, distante. Aí a gente deu um tempo, tava sem cabeça pra isso. Aí quando ela saiu do hospital, falei: agora vamo com tudo. E aí foi esse ping-pong: eu cantava, ele cantava, e assim a gente foi escrevendo a canção. Em poucos minutos, a música tava pronta. Essa voz minha e do Kiko é do momento da composição, por conta da energia do momento”

“Bem Longe” foi mixada por Guilherme Canaes e masterizada no Abbey Road Studios em Londres.

A música também ganhou um clipe dirigido por Roberto Giovannetti Pahim e roteirizado pelo próprio Abel. Ele faz referência ao Mito da Caverna, mas busca fazer uma versão atual, “trazendo elementos do nosso tempo, como a tecnologia dos óculos VR e o metaverso. A atriz está inconsciente em uma realidade simulada, enquanto sua mente é alimentada por uma ilusão de mundo. Mas aí o Kiko vai lá e a salva, por meio do seu avatar, que sou eu”, explica o artista.



Último lançamento: Zeu – “Na Cor”

No dia 22 de agosto, a New House lançou mais um de seus artistas. “Na Cor”, do cantor paulista Zeu, é um reggae com elementos pop, e sua letra preza pela valorização da positividade e dos bons momentos, tendo a natureza como grande fonte de inspiração. A música conta participação do percussionista Denny Conceição. Kiko, que também produziu a faixa, acredita que Zeu é uma das grandes promessas do reggae nacional.



ZeuFoto Por: Gilbert Spaceh

Os próximos passos da New House

A gravadora de Kiko Zambianchi está a todo vapor e não pretende parar. Além dos três singles lançados, a New House planeja lançar músicas de mais sete artistas e dos mais diferentes estilos, entre eles Begèt de Lucena, Matt Cavina, um projeto de black music com Nego Jam e Lino Krizz, entre outros.

Se você quer ser lançado pela New House ou ser produzido por Zambianchi, preencha o seguinte formulário para enviar seu material para a curadoria do selo.

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This post was published on 28 de agosto de 2023 9:01 am

Ananda Zambi

Mestranda em Comunicação, apresentadora do Ananda Entrevista, assessora de imprensa e cantautora. Também colabora com o site Scream & Yell.

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