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Kanduras revela com exclusividade os bastidores do disco “Tudo Vira Moda”

No dia 30 de Junho a Kanduras lançou seu segundo álbum de estúdio, Tudo Vira Moda, no dia 30 de junho. O material com clima pós pandêmico conta com a participação especial de Samuel Samuca (Samuca e a Selva), Luiza Kolya e também da banda Vitrola Sintética.

O material conta com diversas mudanças na formação, 10 canções e observa seu arredor a partir de um ângulo bem intimista, repleto de crônicas sobre tudo aquilo que é ou ainda pode ‘virar moda’. Sendo por si só uma trilha para o cotidiano. Quando o assunto é musicalidade ele vai da MPB ao Pop, do Punk ao Reggae e do Rock ao Jazz.


Kanduras lança seu segundo álbum “Tudo Vira Moda” – Foto Por: Fernando Vianna

Kanduras “Tudo Vira Moda”

Quem assume a partir daqui é Raphael Thebas, o músico conta mais detalhes da produção, desde as mudanças na linha de frente da banda ao maior controle sobre cada detalhe presente e Tudo Vira Moda.

3 anos depois (mais velhos e mais ranzinzas)

Nosso primeiro disco foi lançado no início de 2020. Parece pouco, mas a impressão que tenho é que foi uma eternidade. 3 anos não é pouca coisa. 3 anos em pandemia é um tempo ainda maior. Eu não ligo, particularmente, de demorar pra lançar coisa nova, até me irrita esse modelo existente em que os artistas lançam uma música por minuto por causa das plataformas.

Nós da Kanduras costumamos demorar bem mais tempo, costumamos fazer quando faz sentido pra gente independentemente da conta comercial, do preço que se paga por ter esse tempo de observação. Penso que a observação é parte fundamental do nosso trabalho. Mas nesse caso, os três anos foram bem árduos, passamos pela pandemia, aprendemos muita coisa, sofremos com tudo o que ocorreu na quarentena e mudamos muito. A banda mudou. Estamos mais velhos, mais ranzinzas, mais criteriosos e com um som bem mais diverso do que antes por conta das mudanças que tivemos.

A pandemia induziu uma mudança drástica na formação do grupo. Dois integrantes saíram e dois integrantes novos fazem parte do time. Se você parar e olhar pras características de cada um de nós, vai perceber que há diferenças muito grandes e o nosso grupo está com características distintas na formação musical.

O que é Tudo Vira Moda?

Tudo vira moda é o primeiro trabalho dessa nossa formação nova e é o nosso trabalho mais coletivo justamente por causa das transformações da banda com a chegada do Bedurê e do Thomaz na formação. As canções, em sua grande maioria, foram compostas por mim (Raphael Thebas) e pelo Thiago Romaro (ex-integrante e parceiro de composição), mas os arranjos foram todos feitos de forma coletiva, conjunta, sob a direção do André Bedurê, produtor musical do álbum.

O André acabou entrando na banda ao longo desse processo, virou o nosso baixista. O nome do álbum é esse porque as músicas foram escritas de um ângulo bem intimista, são algumas crônicas sobre tudo aquilo que é ou ainda pode virar moda. Então, nesse ângulo de observação da escrita, tem amor, desamor, intolerância, guerra, sonhos, novos amores, esperança e até mesmo a maneira como qualquer coisa pueril conquista projeção. É um disco, em muitos momentos, com pitadas de ironia. Essas são essencialmente as temáticas do disco, que tem, por consequência, uma abordagem que vai do drama à ironia em diversos momentos e criam dúvidas em quem está escutando o álbum.

“Mas tudo vira moda, hoje criam cobras e comem maçãs”, diz uma das canções. E isso é bom ou ruim? Depende do ouvinte.

As mudanças e o poder da coletividade

As mudanças na formação também fazem parte do conceito que permeia o álbum também. Durante a pandemia, entraram André Bedurê (baixo) e Thomaz (guitarra). E, parando pra pensar, Tudo Vira Moda é um pouco do resultado do trabalho coletivo de artistas de gerações diferentes porque nós quatro temos formações e idades absolutamente distintas. Então, nesse sentido, quem escuta tem acesso a uma sonoridade que foi toda feita de forma livre.

Como somos diferentes e até de gerações diferentes, o álbum acaba por passear e explorar a diversidade das nossas referências. – Essa diferença de formação musical e diferença de faixa etária deixou o álbum livre, permeando estilos diferentes com cheiro de indie e até de timbres da década de 90. Tem MPB, tem Pop, tem Punk, tem ska, etc. E, por incrível que parece, me parece que esse é o disco com maior unidade em relação ao conceito.

As trocas entre Raphael Thebas e Che Romaro

Como eu citei rapidamente em algumas das respostas, eu e o Che temos uma amizade muito grande e somos parceiros de escrita há bastante tempo. É nítido o diálogo que há entre as composições dele e as minhas. Os trabalhos passados nossos sempre tiveram quase todas as composições feitas somente por mim, com algumas exceções. Dessa vez, existem músicas minhas, músicas dele e parcerias nossas ao longo de todo o álbum.

Claro que existem diferenças no modo de escrever, mas as nossas composições combinam tanto que o ouvinte tem dificuldade de distinguir de quem é a música x ou y. Isso também é interessante e cria a unidade que citei há pouco. Acho importante comentar aqui que no início da pandemia o Che Romaro entrou para a banda e saiu durante o processo de gravação para morar em Portugal. Mais adiante eu comento melhor.

O Processo de Produção

A decisão de guinar a banda para o cenário atual passa muito pelo Junior Breed, baterista e co-fundador desse projeto. Criamos a banda juntos e decidimos juntos fazer o convite ao Bedurê. Antes apenas produtor musical, Bedurê virou integrante fixo. E com a entrada definitiva dele, iniciamos a produção do álbum. Para criar os arranjos e até algumas composições, resolvemos ir até um sítio em Pilar do Sul, interior de São Paulo. Amplificadores, instrumentos e muita comida foi colocada dentro de dois carros e neste sítio produzimos o disco, que é solar, melancólico e irônico ao mesmo tempo.

Como citei rapidamente antes, é um disco infinitamente mais livre e mais coletivo. Aqui é importante dizer que o André continuou na direção musical do álbum e permitiu esse processo aberto de criação. A entrada dele colaborou pra deixar mais rica a nossa produção. O André tem o dobro da minha idade e tem uma trajetória que dispensa comentários, tocou com Luiz Melodia, Zeca Baleiro, gravou disco com Lô Borges, etc, etc. etc. Enfim, nesse sítio demos cara e cores ao álbum. Colocamos os amplificadores na parte externa da casa, num lugar onde batia vento e tinha telhado e ali produzimos as bases do disco. Depois, em São Paulo, alguns detalhes de arranjo foram mudando.

No final da produção, já no início das gravações, no estúdio, a banda teve de lidar com a saída do Thiago Romaro, que foi morar em Lisboa, Portugal. Nesse momento, por indicação do próprio Bedurê, o Thomaz Marra entrou na função de guitarra. E mesmo em meio ao caos, conseguiu imprimir e gravar várias músicas. As bases do disco foram gravadas na Casa Rockambole, antigo Centro Cultural Rio Verde, em SP.

A curiosidade é que o Thomaz também gravou algumas guitarras na sua própria casa e na hora da edição alguns arranjos foram inseridos na mixagem. Também na casa do Thomaz, tivemos a visita do Samuel Samuca, da banda Samuca e a Selva. Ele gravou participação na música “Intención”. A cantora Ana Clara Ficher participou nos corais de “Tudo Vira Moda”. Ela gravou da casa dela. A Luiza Kolya, cantora que participou da música “Mel da Liberdade”, também enviou a participação dela de casa. E a banda Vitrola Sintética, participante em “Bomba Por Aí”, enviou diversos arranjos do estúdio deles.

Então, as bases do disco e boa parte dos arranjos foram gravados na Casa Rockambole, várias guitarras foram registradas diretamente do quarto do Thomaz e o pessoal que participou também gravou de outros estúdios.

A mixagem foi feita pelo Gabriel Martini e a masterização pelo Carlos Bechet.

Ou seja, é um disco que tem no DNA a coletividade da produção e a diversidade.

Tudo Vira Moda ao Vivo

Estamos ansiosíssimos para o show de lançamento, que vai ocorrer no dia 10 de agosto no teatro do SESC 24 de maio, no centro de SP. Preparamos um show bem interessante, com uma banda de apoio pesadíssima. Vai ter naipe de metais, vai ter percussão, vai ter teclado, etc… O show terá também projeção de imagens. Enfim, estamos preparando algo bem legal para essa data.

Serviço:

Kanduras estreia o disco “Tudo Vira Moda” no Sesc 24 de Maio
Data: 10 de agosto, às 20h
Onde: SESC 24 de Maio
Disponível para compra online a partir de 01/08 às 17h00 no site do SESC
Valores: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada), R$12 (credencial plena)
Duração: 90 minutos



Faixa a faixa: “Tudo Vira Moda” por Kanduras

1 – “Vou Te Buscar”

Composição: Raphael Thebas

“Composta por Raphael Thebas durante tempos de pandemia, ‘Vou Te Buscar’ inicialmente era um samba rock, mas passou por mudanças no processo dos ensaios. Os arranjos tiveram nova roupagem graças ao baixista da Kanduras e produtor do álbum, André Bedurê, com influências extremamente diversas na música brasileira, Indie rock e no grupo Jackson 5.”.

2 – “Mel da Liberdade” part. Luiza Kolya

Composição: Raphael Thebas

“É uma canção sobre um amor despretensioso, em que se pode ter conclusões distintas sobre o que é e o que será”.

3 – “Bomba Por Aí” part. Vitrola Sintética

Composição: Thiago Romaro

“Uma canção de alerta sobre os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo. Uma crescente de pessoas cada vez mais cegas por uma ideologia de direita extremista, que estão dispostas a ir até as últimas consequências para fazer cumprir os desejos delirantes deles próprios.

4 – “Tudo Vira Moda”

Composição: Marco Antônio

“Narra de forma discreta como qualquer coisa pueril pode hoje alcançar projeção e cita o momento narcisista das relações humanas”.

5 – “Gaveta do Meio”

Composição: Raphael Thebas

“Primeiro veio o refrão e depois a ponte e verso, foi uma canção feita de trás pra frente. É sobre alguém que foi e não pôde voltar e também sobre a necessidade de enfrentar o desconhecido e a barbárie. É uma canção também política”.

6 – “Intención” part. Samuel Samuca

Composição: Raphael Thebas e Thiago Romaro

“Essa tem uma pegada latina, vários elementos de percussão interessantes, piano e sopros super marcantes. A voz e a interpretação do Samuca caíram como uma luva nessa canção que tem umas levadas de guitarra baseadas em brega paraense, calypso”.

7 – “Rei do Asfalto”

Composição: Thiago Romaro

“A música, que não é inédita, dá nome ao álbum solo de Thiago Romaro. Na versão ‘Kandureira’, a canção ganha uma roupagem SKA contrastando com a letra que fala sobre um alguém que, após perder a pessoa amada, vai viver na rua onde tudo tanto faz”.

8 – “No Ombro de Alguém”

Composição: Raphael Thebas e Thiago Romaro

“Fala sobre se contentar e seguir em frente, ou, se arrepender e tentar salvar aquilo que vale a pena ser salvo. Outra canção com metáforas imagéticas que vão ganhando forma em nossa imaginação enquanto a escutamos”.

9 – “Troco de Pista”

Composição: Raphael Thebas e Thiago Romaro

“Fala de um amor que, apesar das diferenças, vale a pena um investimento para que ele dê certo. A canção é uma crônica e traz imagens bonitas de uma relação a dois”.

10 – “Recife”

Composição: Thiago Romaro

“É uma homenagem a Recife e alguns de seus grandes nomes, a letra faz alusões à música ‘La Belle de Jour’, de Alceu Valença, e convida os poetas pernambucanos, Marcelino Freire, Miró da Muribeca e Bel Puã a tomarem uma cerveja antes do almoço, com o eu lírico da canção, que quer se mudar pra Recife”.

Ficha técnica

Kanduras:

Raphael Thebas – Voz, guitarra e violão
Junior Breed – Bateria e percussão
André Bedurê – Baixo, voz e piano
Thomaz Marra – Guitarra, violão, viola e voz
Thiago Romaro – Guitarras

Participações especiais:

Samuel Samuca – Voz em “Intención”
Vitrola Sintética – Vozes, guitarras, teclados, efeitos em “Bomba Por Aí”
Luiza Kolya – Voz em “Mel da Liberdade”

Sopros

Marcelo Monteiro – Sax tenor
Amilcar Rodrigues – Trompete
Simone Julian – Clarinete

Gabriel Martini – Mixagem
Carlos Bechet – Masterização
André Bedurê – Produção musical
Gravado na Casa Rockambole


This post was published on 26 de julho de 2023 10:00 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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