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Às vésperas de lançar “My Soft Machine” e tocar no C6 Fest, Arlo Parks declara amor por Britney Spears e Nine Inch Nails em entrevista exclusiva

No dia 26/05 a artista britânica Arlo Parks lança seu segundo álbum de estúdio, My Soft Machine, via Transgressive Records. A cantora duas vezes indicada ao Grammy, vencedora do Mercury Prize e do BRIT Award, ganhando fãs ilustres como Billie Eilish, Florence Welch, Lily Allen, Michelle Obama, Angel Olsen, Phoebe Bridgers, Massive Attack e a renomada escritora Zadie Smith, entre muitas outras.

Do novo disco ela já adiantou 4 singles (“Pegasus” com Phoebe Bridgers, “Blades”, “Impurities” e “Weightless”).

“Pegasus é sobre experimentar o calor e a leveza de um amor bom pela primeira vez. Ela também explora como a ausência do caos e a presença de uma conexão real podem ser um pouco aterrorizantes depois de um longo tempo sem isso.”, conta a artista sobre o penúltimo lançamento antes do disco.

Sobre o clipe que acompanha ela conta: “A paisagem do deserto sempre teve um lugar especial em meu coração, a terra queimada, a poeira, a sensação de ausência. Filmes como Gerry, My Own Private Idaho e Paris, Texas usam o deserto como seu próprio personagem, representando o isolamento, a nostalgia e a jornada para um lugar fora de você. Bedroom fez um trabalho incrível ao mesclar paisagens surreais com intimidade real para criar um dos meus videoclipes favoritos que já fiz.”

My Soft Machine é um trabalho profundamente pessoal; uma narração das experiências de Parks enquanto ela navega na casa dos 20 anos e o crescimento se entrelaça. O álbum gravado entre Londres e Los Angeles, com os produtores Paul Epworth, Ariel Rechtshaid, Romil Hemnani (Brockhampton), Frank Ocean – colaborando com Buddy Ross e Carter Lang (SZA) – assim como alguma autoprodução da própria Arlo.



“A nossa visão do mundo é movida pelas coisas que experimentamos – nossos traumas, nossa educação, nossas vulnerabilidades quase como a neve visual. Este registro é a vida através do meu olhar, através de meu corpo – a ansiedade dos 20 anos , o abuso de substâncias dos amigos ao meu redor, as vísceras de estar apaixonado pela primeira vez, navegando pelo stress e pela dor e auto sabotagem e alegria, movendo-se por mundos com admiração e sensibilidade – o que é estar preso neste corpo em particular.

Há uma citação de um filme de Joanna Hogg chamado Souvenir, é um filme semi-autobiográfico A24 com Tilda Swinton – narra um jovem estudante de cinema se apaixonando por um homem mais velho e carismático como um jovem estudante de cinema sendo então atraído para seu vício – em uma cena inicial ele está explicando porque as pessoas assistem a filmes – ‘não queremos ver a vida como ela é representada, queremos ver a vida como ela é vivida nesta soft machine’. Então aí está, o registro se chama… My Soft Machine”, diz Arlo Parks no manifesto


Arlo Parks no Hotel Renassaince São Paulo durante entrevista exclusiva para o Hits PerdidosFoto Por: Beatriz Paulussen

Entrevista: Arlo Parks

Nesta sexta-feira (19/05) ela faz uma apresentação única em São Paulo no C6 Fest, ela toca na Tenda Heineken às 19:25h que acontece no Parque Ibirapuera. Saiba mais clicando aqui. Pudemos estar presencialmente no Renaissance São Paulo Hotel e conversar com a Arlo Parks sobre diversos assuntos, desde techno a possibilidade de uma futura colaboração com a Billie Eilish.

Eu vou começar com uma pergunta diferente. Você gosta de novelas?

Arlo Parks: “Novelas? Eu diria que eu não vejo muito televisão (risos), eu diria que eu sou mais uma pessoa que gosta de filmes, então eu não assisto muitas. Porque você pergunta?

Hits Perdidos: “Sim, essa é a pergunta engraçada…”

Arlo Parks: “Eu acho que eu sei..é por causa da telenovela?

Hits Perdidos: “Sim! Você já ouviu sobre a telenovela (“Vai na Fé” da Rede Globo)?

Arlo Parks: “É “Hope”, é “Hope” que toca, não? Eu soube por conta dos meus fãs brasileiros.”

Hits Perdidos: “Você acha que é algo legal, eu digo, porque 20 milhões de brasileiros assistem por dia.”

Arlo Parks: “É mesmo? Wow, isso é muita gente!”

Hits Perdidos: “E muita gente descobriu sua música por conta da trilha.”

Arlo Parks: “Sim, isso é incrível! É muito legal quando você tem esses momentos inesperados.”

Hits Perdidos: “Ouvi dizer que os produtores de “Vai na Fé” vão até ver o seu show no festival.”



“My Soft Machine” será lançado na próxima semana e ouvi você dizer que é um lançamento muito especial sobre seus 20 anos e enfrentando todos os seus demônios. Como foi produzi-lo?

Arlo Parks: “Eu trabalhei muito nele já tem um tempo em Londres. Eu tive muitas mais colaborações do que eu pude ter no primeiro álbum. Então é muito sobre estar em um quarto com pessoas fazendo jam sessions e nos conectando através da energia.

E honestamente, pessoas falam sobre a maldição do segundo disco, de ser mais difícil, mas eu achei bastante prazeroso. Eu tive uma boa experiência. E eu estive co-produzindo grande parte e participando ativamente das escolhas artísticas do disco, então eu estou muito orgulhosa do resultado.”

Um dos principais temas do álbum é a ansiedade. Além de produzir arte, você tem algum hobby para ajudar a acompanhar?

Arlo Parks: “Sim, eu tenho muitos hobbies. Eu amo a natureza então eu passo muito tempo indo para a praia, para o campo, fazendo camping nas montanhas. Honestamente a minha atividade favorita é apenas ouvir música e escrever, o que é muito chato, mas literatura é algo que amo, ler livros, ir ao Spa, qualquer coisa que seja relaxante.”

É sua primeira vez no Brasil? O que você procura conhecer quando vai para uma nova cidade?

Arlo Parks: “É a minha primeira vez na América Latina em geral. Eu amo ir nos mercados, ver as frutas e os temperos, o mel e comprar coisas para os meus amigos e a minha família. Ir para algum parque para caminhar estar em contato com a natureza. Amanhã iremos a praia. Todos os dias ter a oportunidade de ter um ótimo jantar, em uma diferente parte da cidade e de diferentes tipos de comida. Essa é meio que a minha coisa.”

Hits Perdidos: “E São Paulo tem uma excelente gastronomia.”

Arlo Parks: “Definitivamente, e café também, eu amo…”

Hits Perdidos: “E você ainda vai tocar em um parque…”

Arlo Parks: “Sim, eu voou!”

Hits Perdidos: “E lá é muito lindo.”

No single “Pegasus” você pode trabalhar com Romil de Brockhampton e Phoebe Bridgers. Você se lembra da impressão que teve ao ver o trabalho deles? Como funcionou a dinâmica de colaboração?

Arlo Parks: “Sim! Quando eu penso em Brockhampton, eu penso em como eles explodiram dentro da cena de um jeito parecido com o que rolou com o Odd Future fez naquela época. Esse coletivo era meio que caótico e cada um meio que trazia diferentes influências para a mesa…e Brockhampton foi meio que diferente de tudo que eu tinha visto ou experimentado e eu sinto que como uma adolescente foi tão inspirador. Ver esses caras em uma casa dedicando todo tempo da sua vida a produzir música e estarem ao mesmo tempo tão próximos. Então foi lindo conhecê-lo. No primeiro dia em que nos conhecemos nós fizemos “Impurities” que é uma canção do meu álbum e a gente se tornou grandes amigos. Hoje em dia ele é um dos meus melhores amigos. Agora, é muito bom trabalhar com alguém que você tem uma amizade de verdade e que você confia.

E com a Phoebe (Bridgers) eu conheci ela 2020, talvez? Obviamente eu era uma grande fã das suas músicas, canções como “Funeral” e “Georgia”, eu só senti que ela incrível. Gravamos juntas uma versão para “Fake Plastic Trees” (Radiohead) para uma rádio inglesa, cantamos juntas no Coachella, no Glastonbury, então foi muito natural como nos conectamos. Eu sinto como se nossas vozes realmente combinaram de forma muito interessante. E quando falei que gostaria de fazer algo com ela, ela disse sim.”

Hits Perdidos: “Então foi algo muito fácil para você.”

Arlo Parks: “Fácil (disse ela sorrindo).”



Você já pensou em se juntar ao boygenious?

Arlo Parks: “Sim! Isso também! Eu acho que se eu pudesse adicionar duas pessoas ao boygenius eu amaria estar nele e também adicionaria a Adrianne Lenker do Big Thief. E eu acho que isso ia ser perfeito. Eu amaria isso.”

Você disse em uma entrevista que pensou que era uma pegadinha quando seus amigos disseram que Billie Eilish, Lily Allen e Phoebe Bridgers eram na verdade suas fãs. Depois disso você dividiu o mesmo palco com Billie. Conte-me mais sobre isso e se você já pensou em uma futura colaboração?

Arlo Parks: “Sim! Eu penso que se tem alguém que você se espelha e admira como um artista é sempre chocante quando alguém olha para você e diz: “eu gosto de você”. Então foi realmente uma surpresa mas de certa forma me deu confiança porque eu penso que com meu primeiro álbum eu estava completamente sendo eu mesma. E deixar essas pessoas e ver elas vindo até mim dizendo “eu amo o que você está fazendo, por favor não pare” eu sinto como se eu estivesse indo na direção certa. Talvez no futuro (possa colaborar com a Billie), eu não sei, Billie é uma pessoa muito ocupada, talvez consigamos fazer isso no futuro.”

Hits Perdidos: “Deve ser interessante trabalhar com ela e o seu irmão…”.

Arlo Parks: “Yeah! Eu acho que ela é muito talentosa.”


Arlo ParksFoto Por: Beatriz Paulussen (@beaplssn)

Se tiver oportunidade, quais bandas do Festival C6 você gostaria de ver?

Arlo Parks: “Eu gostaria de ver Weyes Blood, e também amaria ver Christine and the Queens também e descobrir algo completamente novo. Eu ainda não tive a oportunidade de assistir o Dry Cleaning ao vivo ainda, então eu realmente gostaria de assistir eles. E só vagar pelo festival, eu gosto de só vagar quando vou a um festival e ver o que está rolando por aí.”

Eu sei que você ama Radiohead e Portishead. Existe algum artista, seja um “Guilty Pleasure” ou que as pessoas nem imaginam que você ama?

Arlo Parks: “Yeah! Eu não tenho “Guilty Pleasures”, eu só tenho prazeres mas eu diria que eu amo muito a Britney Spears. Britney Spears é um ícone para mim. Eu escuto muito techno e música eletrônica pesada…eu escuto muito um pouco de tudo. Eu escuto muito música pesada também, eu amo tanto Nine Inch Nails, mas amo muito, é uma das minhas bandas favoritas. É, eu amo muita coisa realmente.”

Hits Perdidos: E do Brasil, você ouve algo?

Arlo Parks: “Eu escuto muito Arthur Verocai, músicas como “Sylvia” e “Na Boca do Sol”. E escuto muito Caetano Veloso. Eu queria conhecer mais sobre a música brasileira, especialmente música moderna brasileira, eu sinto que eu escuto pessoas que fizeram música a muito tempo atrás. Eu gostaria de saber como a cena neste momento.”

Hits Perdidos: “Tem muita coisa acontecendo no momento.”

Você apresentou o programa de rádio “Dream Full” da BBC 6, entrevistando diferentes artistas. Como foi para você estar do outro lado? Existe algum artista que você passou a admirar mais depois dessa experiência? Alguma chance de uma nova temporada?

Arlo Parks: “Sim! Eu quis fazer um projeto que quando criança eu amaria consumir. Então eu sinto que quando você faz arte como uma pessoa jovem, você quer saber mais sobre esses artistas que você se espelha, seus processos, a vida e a forma com que eles produzem o que eles fazem. E era isso que eu queria fazer. E eu amei conversar com a St. Vincent, foi muito inspirador. Anne tem uma visão muito específica de mundo e ela é muito inteligente, a pessoa mais inteligente com que eu já conversei em toda minha vida. E poder ter tido a oportunidade para aprender sobre seu trabalho, sua jornada musical e as músicas que ela ama foi muito bonito. Eu gostei muito de conversar com a Sharon Van Etten, também.

Eu sinto que todo mundo que recebi no programa foi muito inspirador, porque eu também levei pessoas de diferentes expressões artísticas, recebi atores, músicos, pessoas do mundo da moda e ter uma gama diferente de pessoas foi muito inspirador. E quem sabe? Talvez faça uma segunda temporada no futuro. Eu sou uma pessoa muito ocupada, uma pessoa muito ocupada (risos), em algum ponto, talvez.”

Hits Perdidos: “E você ainda está na casa dos 20, é realmente muito impressionante, obrigado pelo seu tempo.”

Arlo Parks
: “Eu que agradeço!”


This post was published on 19 de maio de 2023 10:00 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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