PRANADA, vai do Nu metal ao Grunge com altas doses de ironia, periculosidade e experimentalismo no EP de estreia, “Baladas”
Da esquerda para direita Porquinho (Guitarra) e Luiz Z (Bateria), Pranada lança o EP Baladas – Foto: divulgação
Nesta quarta-feira (03/05) a música pesada Made in BH ganha mais um representante de peso. Quem abre alas para muita experimentação, cruzamento de sonoridades, ruídos e texturas é o Pranada que já nasce repleto de histórias e vivências no underground brasileiro. Afinal de contas, o duo já nasce do encontro entre veteranos da cena de rock mineiro, Thiago Machado, o Porquinho (UDR, Grupo Porco, Fodastic Brenfers, Polly Terror) e Luiz Z Ramos (Miêta, Fodastic Brenfers, Agreste, Zonbizarro).
Parceiros de Fodastic Brenfers, o projeto nasceu de forma espontânea para dar vazão a uma sonoridade não contemplada nos outros projetos. Foi durante uma viagem aos EUA, que Porquinho começou a compor com um teclado, um microfone e uma placa de som em um quarto de hotel.
Já no Brasil, em encontros caseiros com Luiz, ambos concluíram quatro faixas com evocações sônicas que remetem a Deftones, TEST, ´68, Johnny Winter e Nas. O que já mostra desde os primeiros dias que a amplitude de misturas dá toda a tônica e vivacidade do projeto.
Assim nascia o Pranada! Segundo os integrantes um trocadilho que remete tanto à energia vital segundo antigas escrituras indianas (prana) quanto às ideias de vazio, falta e ausência (nada). Sem cobranças excessivas ou objetivos comerciais.
“É um trem nosso, de dois amigos que já tocaram juntos em outras bandas e que viram que tem um campo em comum pra explorarmos e fazermos algo diferente dessas outras bandas. Fora que a gente vai continuar tocando por essa vida e que bom que achamos esse espaço pra gente explorar outras referências e estéticas”, conta Luiz Z
“Claro que vamos tocar em outros rolês, mas a expectativa não é ser descoberto, a ideia é fazer sem cobrança, mas direito. A gente já passou da fase de descobrir como funciona, vamos aproveitar isso.”, completa o guitarrista Porquinho
Pranada Baladas (2022)
O peso, a dissonância, as ambiências, modulações, a dureza da rotina e as experiências compartilhadas acabaram entrando no gás inflamável das composições que tem a carga do peso nos mais diversos sentidos da vida. A luta contra a obsolescência programada, o amargo dos destemperos mundanos, a vontade de encontrar a luz na escuridão, entre a batalha iminente contra o sistema capitalista, o pessimismo e o medo pelo amanhã acabam entrando em combustão por meio de paredes sonoras e efeitos de pedais repletos de dissonância. Algo que fica muito explícito na terceira faixa, “o céu não existe”, que reverbera a angústia, as tentativas de “triunfar” e o lado roqueiro de ir contra o esperado pelas alcunhas da sociedade.
Quem acha que o trocadilho para no nome “gente Gandhi”, se engana, a faixa coloca a sufocante rotina em cheque e vai da catarse sonora do stoner rock/progressivo se chocando com o poder dos power chords. Tudo isso, por meio de uma vibe apocalíptica feito um infarto em pleno expediente.
Já conflitos e impasses com os parentes, sejam por expectativas, como por outros motivos como, por exemplo, a política, acabam equalizando na melancólica “desrelativos”, canção na qual o baterista Luiz Z assume os vocais e o protagonismo.
“amigo do fim” ironiza a inércia e vai do nu metal ao grunge com facilidade como se o Korn encontrasse o Silverchair e a melancolia das baixas frequências do Deftones. Algo impossível de acontecer na década de 90 por “n” fatores.
Ao todo entre ensaios de composição e arranjos, foram quatro meses até que todas as faixas do EP de estreia, baladas, estivessem prontas. A partir disso foi decidido que o lançamento seria realizado através de uma live session para dar vazão aos sentimentos em uma “tacada só” no melhor estilo nu e cru.
A crueza foi captada no Estúdio Mortimer em plano sequência, sem qualquer overdub ou efeitos pós-produção. O material ficou a cargo do Lucas Mortimer, responsável pela gravação, mixagem e masterização do material. Carlos Donald assina a gravação e edição do vídeo.
Já a capa foi idealizada e confeccionada pelo próprio baterista partindo de referências tipográficas e iconográficas do metal e do prog. Porquinho relata que a embalagem do EP foi um exercício criativo “dark e simplão”, o que catalisou a proposta do do Pranada.