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Ratos de Porão exorciza o bolsonarismo em “Necropolítica”

Necropolítica é o primeiro disco do Ratos de Porão desde Século Sinistro (2014)

Depois de comemorar seus 40 anos de serviços prestados ao hardcore o Ratos de Porão lança nesta sexta-feira (13) seu primeiro álbum desde 2014. Produzido pela própria banda, o álbum foi gravado no no estúdio Family Mob em São Paulo, durante outubro de 2021, e hoje ganha a luz escrachando as trevas e mazelas vividas durante o governo Bolsonaro.

A fome, a inflação, as ameaças de rompimento com a democracia, a corrupção generalizada, os retrocessos, a ascensão da extrema direita e a pandemia acabam entrando dentro das temáticas exploradas ao longo das oito faixas presentes em Necropolítica.

A sensação de estar revivendo o pesadelo econômico e social dos tempos da ditadura também serviram como combustível para o disco que até poderia levar o nome de “Brasil parte 2”, referência ao clássico do Ratos lançado em 1989, feito a podridão e o descaso instaurado no país que vive seu pior momento desde a democratização.

Com o mesmo espírito do começo da banda, o novo registro traz uma dura realidade e exorciza os males causados pelas políticas erráticas e o retrocesso visível instaurado pela gestão de Jair Messias Bolsonaro. Mostra como vivemos atualmente em um país cada vez mais desigual onde “castas” vivem as mordomias e outros tem que comer ossos de boi.


Ratos de Porão lança “Necropolítica” – Foto Por: Marcos Hermes

Ratos de Porão Necropolítica

“Alerta Antifascista” em sua introdução já traz o barulho do país respirando por aparelhos e guitarras ultrajantes como as do Anthrax que se juntam aos vocais secos e ríspidos de João Gordo. O vocalista em seus primeiros instantes já inicia os trabalhos soltando petardos para cima de Bolsonaro. Chama o presidente da república de “ser humano decadente”, “neo-besta”, “representante da mentira, dor e caos”, “fanfarrão” e “genocida”. As fake news no celular, que devem pautar o país nos próximos meses, também aparecem dentro da composição que abre as portas do inferno.

“Aglomeração” se concentra a falar sobre a pandemia em si, da não compra da vacina da Pfizer, kit covid e a fé cega de quem se deixa levar por falácias e mentiras, pilares da necropolítica instaurada durante a crise sanitária. Com solos curtos, e riffs acelerados, ela traduz o caos e o temor pela vida.

A crossover “Passa Pano Pra Elite”, por sua vez, relembra da prevaricação, off shores, vexames internacionais, o episódio da cocaína no avião e a insistência do governo Bolsonaro de passar por cima a constituição para favorecer os interesses das elites. A faixa título coloca os dois pés no acelerador e tem como tema central a injusta política do desprezo pela vida humana.

“Guilhotinado em Cristo” condena por sua vez a fábrica de fake news de sites que recebem dinheiro do governo para trazer “notícias” com conteúdo que não condiz com a realidade dos fatos, a famosa – e disfuncional – mídia paralela como ferramenta de “aparelhamento” de estado. Esta que acaba levando as pessoas a acreditar e disseminar notícias que prejudicam a própria vida do cidadão comum.

O País do Rei do Gado

“O Vira Lata” tem arranjos mais elaborados feito o de bandas como Dead Kennedys e Suicidal Tendencies e denuncia a compra de apoio de grupos de políticos sem escrúpulos para ter uma governabilidade precária (cita até mesmo o “Centrão”) e ainda relembra as bravatas direcionadas a China por parte da família Bolsonaro. Tiro no pé certeiro já que o país é um dos principais parceiros comerciais do país, além de escancarar o preconceito – e elucidar a falta de bom senso, uma das maiores características de um governo sem norte.

“G.D.O” fala sobre a desinformação, as mamadeiras de piroca, a milícia digital, o gabinete paralelo, os robôs do twitter e os grupos de “zap”, crimes cometidos, e assim como outros, são diariamente engavetados pela PGR num piscar de olhos. Na sequência temos “Bostanágua” que destila o ódio da forma mais literal possível; bem humorada, e juvenil, feito uma canção do DFC ou até mesmo dos Beastie Boys.

A dobradinha final fica por conta de “Entubado” com bateria clássica do hardcore, guitarras ritmadas com direito a cavalgadas e muita pressão. É daquelas para abrir a “rodinha punk” durante as apresentações do grupo há quase 41 anos em atividade. Na letra a carnificina, as propinas, a fila pela espera do oxigênio na UTI e outros shows horrores cometidos pela atual gestão na pandemia ganham os versos.

Quem fecha é “Neo Nazi Gratiluz” que resume os escândalos genocidas das políticas esdrúxulas do governo. Levantando questões graves como a falta de empatia e revelando o lado mais torpe do seu modus-operandi que na tomada de decisões em momentos de urgência: derrapa e prejudica a nação que tanto diz “amar”. O famoso patriotismo de penico.

Um disco com o espírito do Ratos e mais atual do que nunca.

As Versões Físicas de Necropolítica

Necropolítica será lançado no Brasil em CD pelo selo Shinigami (compre aqui) e em vinil pela Fuzz On Discos, com pré-venda a partir desta sexta (13) e entrega a partir de 29 de julho. O vinil também será lançado na Europa, Japão e EUA, além de CD e vinil na Itália e na também na Argentina.

São três opções de cores do vinil: vermelho (500 cópias), transparente esfumaçado (400 copias) e splatter (100 cópias).

Ratos de Porão no Kool Metal Fest

O show de lançamento do Necropolítica acontece no dia 29 de maio, na pesada edição 2022 do Kool Metal Fest.
O evento acontece em São Paulo, no Carioca Club, a partir das 14h. 

Além do RDP se apresentam a banda austríaca Belphegor e as nacionais Krisiun, Crypta, Nervochaos, Vazio e Cerberus Attack

Adquira o ingresso antecipado aqui, já no 3º lote no site do Clube do Ingresso.

Ficha Técnica

Gravado no Family Mob Studios por Davi Menezes em outubro de 2021
Assistente de gravação: Otávio Rossato
Mixado e masterizado no Estúdio El Rocha em fevereiro de 2022 por Fernando Sanches
Backing vocals Jão, Juninho, Gordo e Rafa Di Sessa
Produzido por Ratos de Porão em São Paulo
Todas as músicas por Ratos de Porão
Letras traduzidas por Pedro Carvalho
Arte e layout por Raphael Gabrio
Revisão e arte final por Rodrigo Chã


 

This post was published on 13 de maio de 2022 11:20 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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