1LUM3 olha para dentro na busca pela cura no intenso e lo-fi “FIDELIO”

 1LUM3 olha para dentro na busca pela cura no intenso e lo-fi “FIDELIO”

1LUm3 – Capa do EP FIDELIO por Olivia Yokouchi

Experimental para alcançar novas frequências, texturas e viéses sobre o modo de produzir foram os alicerces de FIDELIO, novo EP da cantora 1LUM3 que abre diversas portas explorando as camadas do lo-fi, pop, rap, downtempo e synthpop.

Ela ainda pode trabalhar durante o processo com diferentes produtores como Lucas Silveira (Fresno) e JLZ (selo 999 de Baco Exu do Blues), além de colaborar com o amigo de longa data Neira Galvez, da LAVOLTA.

O material que conta com pouco mais de 16 minutos de duração, muita introspecção e beats que nos transportam para seu universo, foi mixado e masterizado por Katia Dotto.

“Este é o meu processo de ferida e cura. Inicialmente me sentia afogada no meu próprio eu e, conforme a evolução das faixas, vou me libertando de sentimentos e sensações que já não me pertencem mais. Até que em “basta” (faixa 6), chego ao ponto alto de minha ascensão no espectro em que me coloco”, afirma 1LUM3.

A artista adianta em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos que já tem novo álbum a caminho, com direito a letras em inglês, mas que o lançamento do EP FIDELIO foi fundamental para explorar novas possibilidades e perspectivas para seu som.


1LUm3 Capa EP FIDELIO por Olivia Yokouchi
1LUm3 – Capa do EP FIDELIO por Olivia Yokouchi

Entrevista: 1LUm3

O nome do EP FIDELIO surgiu do filme “De olhos bem fechados” (Kubrick), é homônimo à ópera de Beethoven. Conte mais sobre sua experiência com a obra e como seu significado se relaciona com o que queria transmitir no EP.

1LUM3: “Eu estava assistindo ao filme, e em uma das cenas sabia uma das falas inteiras da Nicole Kidman e lembrei na hora que a fala estava em “lovecrimes” do Frank Ocean.

A partir daí, eu assisti ao filme várias vezes e fui conseguindo assimilar toda onda de desejo, de sonho e outros conceitos a minha vida e ao que eu estava vivendo e passando. quando a palavra surgiu, encaixou como uma luva. e a ópera também, tudo foi cabendo com o que eu queria dizer. Tudo é/foi pesquisa e vivência.”

O trabalho vem sendo produzido desde o fim de 2020. Muitos artistas têm tido dificuldade, e muitas vezes, optam por adiar o lançamento dos trabalhos mediante o cenário e as possibilidades de divulgar seu trabalho da maneira mais apropriada. Como foi esse processo para você?

1LUM3: “Fiz a maioria das coisas dentro de casa. Conceituei a ideia, compus todas as canções com o Neira em videochamadas, os visuais foram na casa da diretora em 3 diárias e um dia de estúdio pra gravar todas as vozes. Eu já costumo sempre produzir dentro de casa, na maioria das vezes sozinha, então não foi tão árduo. árduo foi conseguir tirar a ideia da cabeça, quando ela sai, vai ficando mais fácil manejar. Trabalhar com amigos PRINCIPALMENTE faz a coisa ter mais fluidez.”

Você teve a oportunidade de trabalhar com diferentes produtores como Lucas Silveira (Fresno) e JLZ (selo 999 de Baco Exu do Blues). Para você quais foram os maiores aprendizados do processo e como foi o período de composição?

1LUM3: “Bom, o Lucas tinha mostrado esse beat pra mim em 2019 quando gravamos a música com a banda LAVOLTA. Quando eu estava montando e buscando os beats, lembrei e pedi a ele. Encaixou muito bem com o fim alto que eu queria deixar.

O JLZ já tínhamos trabalhado juntos no meu primeiro single da pandemia, “extremo”. Ele sente que o beat pode ser pra mim e me manda. O beat de “de olhos bem fechados” foi tipo isso. É bom demais colaborar com quem a gente é fã.”



Inclusive, a música com o Baco Exu do Blues fez bastante sucesso, sendo uma das mais elogiadas do disco na época do lançamento. Como enxerga isso hoje? Abriu bastantes portas? Como enxerga a importância da escolha do feat. para o sucesso de uma faixa?

1LUM3: “Foi um dos momentos mais importantes de todos. nunca imaginei viver nada do que foi “Bluesman”, turnê, músicas e momentos que vão permear pra sempre na minha vida.

Esse trabalho ressoa até hoje e vou sempre ser honrada e agradecida. O sucesso (de verdade) de uma faixa vem quando a conexão entre os artistas existe. Ponto.”



Seu som também tem bastante preocupação em misturar universos desde o downtempo, o synthpop, o R&B, o rap e o pop, como tem sido para você a parte de busca por referências para acrescentar a estética do trabalho? Quais trabalhos mergulhou de cabeça durante o processo e o que busca quando está compondo as linhas? Para você o que faz um beat perfeito e qual gostaria que fizesse parte de alguma música?

1LUM3: “Ouvir música e buscar referências é tarefa vital e bem espontânea pra mim, como escrever. Então é impossível desconectar isso daquilo que eu quero produzir. Gosto de procurar banda nova, artista novo, ouço trilha sonora das séries que acompanho.

Fiz uma playlist no Spotify que chama FIDELIO JAMS, onde eu coloquei algumas músicas para exemplificar como eu queria que o EP soasse pra Katia, quem mixou e masterizou o trabalho.

Pra mim, meio que não existe um beat perfeito, existe o beat certo na hora certa (risos). Tem que encaixar com a velocidade dos pensamentos, das ideias e palavras que pretendo usar.”

O sentimento de descarrego, desprendimento e autoconhecimento como cura acaba sendo o ponto central da obra. Após o resultado materializado, como você se sente após colocar tudo para fora? E como foi gravar essas canções tão intensas em um momento como a pandemia onde os sentimentos estão à flor da pele e enxergar possíveis futuros é um desafio à parte?

1LUM3: “Sinceramente, parece que ainda não caiu a ficha. Estou sentindo tantos sentimentos bons e de alívio que nunca antes experimentei que sequer sei explicar. Foi um ponto de virada ver esse trabalho se concretizar e ter sido tão redondo e amarrado, que eu muitas vezes ainda duvido que aconteceu da forma que aconteceu. Um orgulho já misturado com sede do próximo também.”

A faixa Jay Vaquer, seria uma homenagem ao músico ou a alguma situação que o remete? O EP ainda teve a parceria nas letras com o vocalista da banda LAVOLTA, Neira Galvez, como foi a experiência de colaborar com ele?

1LUM3: “O Neira e eu nos tornamos grandes amigos depois da nossa colaboração em “há quanto tempo” que o lucas produziu. Convidei ele pra me ajudar nas composições, porque eu queria estruturar melhor as músicas, refrão, frases mais diretas. Minha composição as vezes tende a ser abstrata demais, e esse projeto eu queria fazer diferente.

Nós dois somos muito fãs do Jay Vaquer, e durante o processo percebi realmente a importância e influência que a obra dele teve na minha vida e forma de escrever. Decidimos nomear a música como uma homenagem mesmo, pensando nele como um caminho pra composição dessa música.”



Como visualiza que será a experiência de tocar este trabalho nos palcos quando isso for possível? Já pensou na experiência sensorial e estética que quer levar para os palcos para o público entrar na mesma frequência… como imagina?

1LUM3: “Infelizmente, esse EP não tem planos de ter um show. talvez a gente toque “lovecrime” e “basta” dentro do show completo. Como já temos o próximo disco em vias de produção, FIDELIO fica mais como um projeto mesmo que eu precisei passar pra dar os próximos passos. “antinomia” foi o nosso primeiro álbum em português e o próximo, o nosso primeiro em inglês. Pra esse projeto, volto a colaborar com o liev, que faz parte da 1LUM3 como duo, banda.

1LUm3 FIDELIO


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