O Imperfeito e de graça do Expedidor

 O Imperfeito e de graça do Expedidor

O que é imperfeito? Como qualificamos as coisas como imperfeitas? O que muitas vezes é imperfeito para alguns é perfeito para outros. Ou então o conceito de imperfeito te faz aberto a buscas e experimentações. Buscando esses conceitos, o Expedidor lançou no último dia 25 de março o seu primeiro disco – IMPERFEITO DE GRAÇA.

Uma salada sonora mental do próprio Lucas resumindo a trajetória dos últimos 3 anos. Composições que vão do instrumental ao lírico, do sujo ao limpo, mas que não se enrola demais. Batemos um papo com o Lucas Bellator (Expedidor) sobre o disco, processo de gravação, e o coletivo CIPHER. 

Expedidor e o Imperfeito de Graça  

Expedidor já é figurinha carimbada aqui no Hits, é aquela mistura sonora de tudo um pouco, principalmente o que vem da mente do próprio Expedidor. Enquanto aguardava o lançamento do disco, o sentimento de ansiedade, medo e cansaço se fazia presente.

Nunca é fácil passar por um processo de lançamento, ainda mais em tempos onde há disputa por espaço. Para Lucas, desde sempre o Expedidor era sobre colocar as coisas pra fora, soltar, lançar e ver como o mundo reage. O disco incorporou o conceito, ainda mais sendo de dentro da CIPHER, em uma escala muito maior.

Expedidor capa do álbum de estreia por Lucas “da Saveiro” Martins
Capa por Lucas “da Saveiro” Martins

O IMPERFEITO DE GRAÇA além de ser o resumo dos últimos 3 anos de Expedidor, traz uma experimentação sonora que te leva a algo indefinido. Sons, misturas, referencias que vão de JPEGMAFIA a BROCKHAMPTON, Lupe de Lupe e Drake. O estilo de produção foi inspirado em um Joji da vida ou até na banda Bring me The Horizon, que já fez trabalhos grandes e importantes durante a pandemia. 

A gravação, arranjo, seleção de repertório, mixagem e masterização ficaram por conta do próprio Expedidor. Para Lucas, o projeto é realmente imperfeito e de graça, e ele mesmo fez questão que fosse assim. A ideia era refletir o que ele mesmo gosta, além de também refletir o estado da arte no Brasil de um modo geral: muita gente fazendo a coisa imperfeita, de graça. 

A capa do disco foi feita pelo publicitário Lucas “da Saveiro” Martins, a mixagem e construção do coletivo/selo/espaço comunitário CIPHERcc. Não há nenhum feat em nenhuma música, mas todas elas têm colaborações de amigos em partes discretas, seja num sample ou algum vocal pontual. 

A facilidade do Do It Yourself

“Pra mim foi fácil gravar tudo, mas infelizmente tem sido muito difícil de produzir o audiovisual”, conta Lucas. Ele está envolvido em outros projetos (um deles com a banda Sound Bullet), então o tempo na rua foi total dedicados a eles. Porém o mesmo com todo o corre lançou o clipe de “Larissa” no último dia 30. 



Como já vem trabalhando a ideia de uma primeira mixtape há tempos, Lucas conta que o disco foi muito fácil de ser gravado sozinho e que não faltou repertório. 

“Eu acho também que de tanto ficar em cima desse processo de grava, mixa e masteriza com a quantidade de singles que tenho lançado, meu ouvido tava afiadíssimo e facilitou muito” 

O IMPERFEITO DE GRAÇA nasceu de outro projeto que seria a primeira mixtape, um projeto que deu errado na fase final e que fez Lucas repensar diversas coisas. Nesse momento de reflexão, o mesmo repensou tudo de novo que compôs. Dali em diante ele decidiu um repertório melhor e o processo foi mais rápido. O mesmo tem muita facilidade em estar sempre gravando. Produzir lo-fi hip hop abriu muito sua mente e hoje ele tem feito muitas coisas num ritmo quase que diário.  

“É fácil pra mim de um jeito que eu já tenho metade do próximo disco em um estágio bem avançado de composição” conta Lucas.  Ele vê a música como algo que ele quer, há muito tempo, que seja sua única profissão. O ritmo de trabalho é o único jeito de conseguir esse objetivo”, conta o músico.

A CIPHER 

A CIPHER é uma espécie de movimento criativo, mas também uma base, uma casa, um servidos no discord, pra reunir inquietos e inquietas que estão sempre trabalhando numa próxima demo, num próximo texto. De acordo com Lucas, não precisa ser um artista, pode apenas ser alguém interessado em ver como funciona ou alguém procurando amizades com os mesmos gostos.  

“Na minha vida criativa, seja com foto, com texto, com vídeo, ou com música, eu sempre gostei de mandar os projetos em andamento pros amigos assistirem/ouvirem, darem feedback e me alimentar daquilo ali pra tomar os próximos passos no que eu tava criando” 

Depois disso veio a perceber que muitos amigos não conseguiam entender o trabalho por trás de um som ou, por exemplo, que fosse mandado um rascunho de um roteiro para outro amigo e a pessoa não ter o trabalho de ler.   

“Eu sempre fui muito inspirado pela criação como ato coletivo, seja num enredo de banda ou num grupo como no Odd Future, BROCKHAMPTON e diversos outros que eu assistia e me inspirava”, menciona Lucas.

Com a pandemia, ele começou a mexer muito no discord, onde conheceu gente nova e que às vezes tinha o mesmo sentimento, as mesmas inspirações e frustrações. E daí surgiu a ideia do CIPHER, que além de estar no discord também está presente na twitch. 

“Recentemente muitos developers de jogos indie estão achando uma casa ali, se conectando com gente nova e tá até acontecendo um networking que eu não esperava. Hoje temos por volta de 200 membros no servidor e um core bem ativo. E é só o começo!”

Ouça o Expedidor no Spotify


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