Urgência, desesperança e peso. É assim que podemos definir o segundo EP do carioca Val Waxman, o artista por trás do Lonely Me. Também marca o primeiro lançamento da Jambre Records.
Gravado em colaboração com os amigos Leonardo Oliveira (Guitarras, backing vocal e baixo), Carlos Otávio Vianna (Ebow e backing vocals), Fabiano S. Cunha (Baixo) em suas respectivas casas ao longo do mês de maio de 2020; em plena quarentena durante a pandemia de COVID-19, crise e a negligência do governo federal. E é assim que o EP se apresenta logo no título: Quarantine Broken Ballads (For An Infected Dying Country).
São 4 faixas que descrevem a nova rotina imposta contra nossas vontades, os danos psicológicos, a desesperança e a insegurança de viver tempos sombrios. Essa temática vem embalada de uma sonoridade crua, pesada e curiosamente produzida em formato analógico mixado em fitas cassete; o que só contribuiu positivamente para a atmosfera do EP e a estética lo-fi/noise pop já existente em seu compacto de estria Twisted Sad Machines.
Mas o novo EP caminha com as próprias pernas, traça um novo caminho do Lonely Me e mostra a versatilidade de Val Waxman dentro do próprio gênero proposto e nos entrega uma sonoridade fresca, direta e equilibrada.
De Yuck até mesmo Bad Religion, como o próprio Val afirma como referência. O destaque fica para a faixa “Help You”, trazendo toda a identidade do Lonely Me entre riffs pesados, arranjos de violão e um refrão que pode ser cantarolado na sua cabeça por horas sobre todo o vazio e solidão que podemos sentir em momentos de crise.
Tudo dentro dessa obra tem um motivo, desde as colagens de notícias de jornais internacionais relatando a situação do Brasil frente a pandemia em passagem para novos riffs pesados e estridentes, baterias abafadas e a sensação claustrofóbica de faixas como “Last Breath”, que inclusive fecha o EP da maneira como tem que ser. Na escuridão.
“Curiosamente, a faixa que abre o EP foi a última a ser composta. Ela fala justamente da rotina da quarentena, da repetição, de não conseguir mais conviver consigo mesmo depois de um tempo e de começar a implicar com tudo que te cerca, os verdadeiros “Pet Peeves”, como pia suja, as intermináveis chamadas/reunião de vídeo, o teletrabalho e o smartphone governando tudo.”
“Shadowcaster pintou logo no início da quarentena e veio da desilusão com o
país, de ver logo de cara que o desgoverno iria reinar, que o vírus seria politizado e que a população mais uma vez pagaria o pato da “gripezinha”. Ver isso todo dia te desperta um sentimento brutal de raiva, frustração, e acho que o refrão dela deixa isso mais evidente.”
“Help You veio praticamente junto com “Shadowcaster”, de um sentimento parecido.
Também retrata o dia a dia da pandemia, mas de forma mais direta, urgente. Fala da morte, da perda de amigos, familiares, do luto pra quem fica. Da impossibilidade de cuidar/acompanhar delas no momento final de suas vidas. Uma despedida sem adeus.”
“Last Breath vem de um cenário de desesperança total. De atingir o fundo do
poço. De um “salve-se quem puder”, da falta de empatia, da polarização cada
vez mais forte na sociedade e da falta de alguém para nos guiar para fora de tudo isso.”
O single “Help You” também ganhou um lyric video.
Quarantine Broken Ballads (For an Infected Dying Country) by Lonely Me
This post was published on 21 de agosto de 2020 12:19 am
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